por Amanda Prates
(@donadoolores)
ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
Para um dos três episódios que marcam a season finale de uma série, “Lights Out” se saiu um belo episódio-meia-boca-de-meio-de-temporada. Se nas últimas semanas os roteiristas quase extrapolaram os limites da criatividade, na semana do 04x20 eles esqueceram o conceito da palavra e fizeram uma sequência quase indigna de “Sweet Dreams”. No último review eu até questionei se essa sucessão de ótimos episódios era um aspecto comum a finais de temporadas ou um tiro certeiro dos roteiristas, porém, depois deste episódio, eu prefiro ficar com a segunda opção.
“Lights Out”, se comparado ao episódio anterior, sofreu um retrocesso muito grande. Dessa vez, a falta de luz no McKinley High foi motivo para que Will se desapegasse dos aparelhos eletrônicos dando a chance aos membros do clube Glee de trabalharem com músicas acústicas. Em Nova York, Rachel e Kurt se mostram preocupados com a falta de rumo e objetivos de Santana, que ainda se encontra perdida na vida. Novamente em Ohio, Ryder continua investigando a garota misteriosa com quem ele tem falado – e confessado seus mais íntimos segredos – virtualmente.
Toda essa história envolvendo Ryder e sua amiga Katie tem se saturado desde as últimas semanas, porém o plot foi um pouco melhor desenvolvido neste episódio. Os roteiristas resolveram adicionar uma pontinha de drama à história de Ryder, quando o moço decide confessar ao clube Glee que foi molestado por sua babá quando criança. Os rapazes, entretanto, afirmaram que aquilo não era motivo para que ele sentisse vergonha, afinal, era o sonho de 9 em cada 10 meninos. É nesse ponto que a trama se torna mais delicada, não só pelo enredo em si, mas pela evolução contínua que Blake Jenner vem nos mostrando.
Quando o garoto se sente mal por ninguém entender tudo aquilo, Kitty revela que passou pelo mesmo problema com o irmão de uma amiga. Becca Tobim é tão surpreendente quanto o próprio Jenner e a química entre os dois no momento da confissão desta primeira são um deleite aos nossos olhos. Toda essa história e a questão da pedofilia são entregues ao telespectador sem aviso prévio, como os roteiristas sabem melhor fazer, e a dimensão dada aos dois personagens aqui em destaque é o diferencial do episódio, já que estes e outros têm estado constantemente à mercê da trama.
De resto, “Lights Out” só apresentou plots que surgiram do nada e performances mais secas e nada emocionantes (com exceção de “Everybody Hurts”). Em Nova York saiu até parceria entre Rachel, Kurt, Santana e Isabella numa das performances que tinha tudo para ser uma das melhores da série, mas que por surtos comuns aos roteiristas quanto à continuidade na construção dos personagens fez com que coloquemos em dúvida a esperança de uma season finale que se preze.
◘ “You’ve Lost That Lovin’ Feelin’”, de Elvis Presley, interpretada por Sam (Chord Overstreet); veja aqui;
◘ “We Will Rock You”, do Queen, interpretada pelo New Directions; veja aqui;
◘ “Little Girls”, do musical Annie, interpretada por Sue (Jane Lynch); veja aqui;
◘ “At The Ballet”, do musical A Chorus Line, interpretada por Santana (Naya Rivera), Rachel (Lea Michele), Kurt (Chris Colfer) e Isabella (Sarah Jessica Parker); veja aqui;
◘ “Longest Time”, de Billy Joel, interpretada pelo New Directions; veja aqui;
**** (3,5/5)
Depois de um episódio consideravelmente razoável que foi “Lights Out”, era impossível não ficar com um pé atrás para “Wonder-ful”. Mas como todo bom musical que se preze, Glee não poderia fazer um tributo diferente dos demais. Ryah Murphy e companhia aproveitaram o penúltimo episódio para prestar suas homenagens a Stevie Wonder e desenvolver e dar um desfecho a alguns plots, sem indícios mínimos de prolixidade.
Pois bem, a notícia do call-back para o musical Funny Girl dada por Rachel a Will foi motivo para que o professorzinho fizesse da tarefa da semana uma celebração às coisas maravilhosas da vida, usando Stevie Wonder como inspiração. A partir daí, canções como “Signed, Sealed, Delivered I’m Yours” e “Superstition” ganharam a performances incríveis pelo clube Glee e até pelo elenco antigo, que apareceu para auxiliar o Mr. Shue e o New Directions nas preparações para as Regionais.
Em meio às subtramas que se formaram e foram desenvolvidas, posso dizer que a de Artie foi a mais inspiradora. O moço havia sido aceito numa universidade de cinema, mas este não aceitaria com a desculpa que sua mãe exercia muita pressão sobre si, porém descobrimos mais adiante que era o próprio Artie quem se pressionava. E é aí que o lado “doce” de Kitty entra em ação novamente quando ela “abre os olhos” do moço para a oportunidade que ele estaria deixando passar e para encarar seus próprios medos. Becca Tobim mais uma vez surpreende pela incrível capacidade de fazer de Kitty um personagem sarcástico com reflexos da maldade de Santana e, concomitantemente, um que consegue, com seus discursos momentâneos, inspirar seu telespectador.
Do outro lado, em Nova York, Rachel era ameaçada pelo “mal Cassandra July”. Por ter sido aceita para disputar um papel para o musical da Broadway, Funny Girl, a moça estaria sujeita a ter de recusar, porque precisaria da autorização de algum professor. Mas o que ninguém esperava era que a professora maléfica apoiasse Rachel e a parabenizasse com direito a festinha e tudo. Essa mudança na personagem pode até ter sido abrupta e repentina, mas, se essa for a despedida da Kate Hudson da série, pode-se dizer que o trabalho foi digno, principalmente na cena final das duas.
De volta a Ohio, uma sucessão de fatos ocorre. Burt Hummel descobre que estava livre do câncer. Mercedes volta para dar suporte ao coral e anunciar o lançamento de seu primeiro álbum, porém, no desenrolar da trama, a moça é induzida a outros caminhos pela gravadora. E é aí que entra a grande alfinetada de Ryan Murphy às grandes gravadoras que prezam mais os atributos físicos do artista e não o talento em si. Blaine resolve pedir a mão de Kurt em casamento a Burt e, doa a quem doer, esse foi o momento mais ilustre do episódio. Há muito que eu sentia falta dos discursos inspiradores do personagem de Mike O'Malley que, desde meados da primeira temporada, vem mostrando uma das melhores e conceituais composições da série.
“Wonder-ful” tinha tudo para ser um dos melhores episódios da temporada, não fosse a ausência de naturalidade na interação do elenco antigo com o novo. Talvez seja o momento de Ryan finalmente dar um rumo definitivo à vida desses personagens mais antigos e deixar que as novas estrelas brilhem por si só, porque a comunicação entre esses dois lados da série nunca existiu de fato e este episódio só serviu para reforçar que isso nunca vai existir.
Mais do que um tributo a um grande músico/cantor/compositor, “Wonder-ful” foi sobre encarar medos interiores, abraçar oportunidades e celebrar as coisas maravilhosas e simples da vida – e que premissas como essa apareçam no episódio final da temporada! Será que Rachel irá conseguir o papel de Fanny nas audições? E os principais casais ficarão, finalmente, juntos? Brody reaparecerá? Will finalmente se casará com Emma? E o elenco antigo, permanecerá na série? A resposta para essas e outras inúmeras perguntas a gente só vai conferir nesta semana com o episódio final “All or Nothing”. E que venham as Regionais!
◘ “Signed, Sealed, Delivered I’m Yours”, interpretada por Kitty (Becca Tobim); veja aqui;
◘ “You Are The Sunshine Of My Life”, interpretada por Kurt (Chris Colfer); veja aqui;
◘ “I Wish”, interpretada por Jake (Jacob Artist); veja aqui;
◘ “Uptight (Everything’s Alright)”, interpretada por Cassandra (Kate Hudson); veja aqui;
◘ “Higher Ground”, interpretada por Mercedes (Amber Ryler); veja aqui;
◘ “For Once In My Life”, interpretada por Artie (Kevin McHale); veja aqui
**** (4/5)
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