por Caio Coletti
ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
É usual ouvir-se dizer que determinada série, filme, livro ou qualquer produção cultural “é melhor quando não é levada a sério”. Na opinião desse humilde escriba que vos fala, trata-se de uma presunção muito grande de poder do espectador frente ao produto artístico colocado a sua frente. Não está nas mãos de quem assiste levar ou não a sério aquilo que está assistindo, nós somos meras bóias em alto-mar, levados para onde a maré nos empurra. Portanto, talvez, o correto seria dizer não que Bates Motel, para a instância desse review, é tão melhor quanto menos é levado a sério, mas sim que é tão melhor quanto menos se leva a sério.
Mas semânticas a parte, há vários pontos que fazem de “Underwater” um dos melhores exemplares da temporada de estreia de Bates. É mais fácil concentrar-se nas atuações e nos talentos individuais envolvidos na trama, assim como no eventual suspense sério que se infiltra em meio a ela, quando temos uma série de subplots como os que vemos aqui: de Norma lidando de sua maneira particular com os convidados drogados trazidos por Dylan ao motel (a cena toda passada na varanda entre ela e os hóspedes é sem nenhuma dúvida o nosso “momento Farmiga da semana”, especialmente o close-up em que a atriz destila todo o seu veneno e frustração com a cidade de White Pine Bay) até, acreditem, uma storyline toda envolvendo Emma comendo um cupcake de maconha. “Underwater” é uma hora de televisão mais divertida do que se poderia esperar.
A profundidade psicológica da proposta do show, quando ela consegue ser produzida, fica nas mãos do roteiro, de Freddie Highmore e do diretor Tucker Gates. O script dessa semana é assinado pelos criadores e developers Carlton Cuse e Kerry Ehrin, e além dos deliciosos prazeres culpados que nos proporciona, acha o equilíbrio certo para lidar com as sombras da psiquê do jovem Norman. A ótima Keegan Connor Tracy no papel da professora do garoto, Miss Watson, é sempre um elemento bem-vindo nesse sentido, e há uma cena lindamente filmada em que Norman sonha estar afogando Bradley em uma banheira. O próprio Highmore, embora nem sempre bem servido pela própria série, vem fazendo um trabalho excelente de pequena cena em pequena cena. O destaque aqui é o diálogo entre ele e Dylan no quarto do mais novo: “I’ve never wanted to hurt anyone… Except you once in a while”.
Bates consegue pela segunda semana seguida, aqui, e talvez até melhor do que o anterior “A Boy and His Dog”, ser suspense intrigante, drama psicológico interessante e uma série que incansavelmente borra as linhas entre o kitsch e o “regular”. E tudo isso sem se levar a sério demais. De todos os seus subplots, o único que não funciona tão bem é o da estranha relação que está se formando entre Dylan e Bradley, muito embora tanto Max Thierrot quanto Nicola Peltz se esforcem para dar sentido a uma combinação de personagens feita, obviamente, para despertar engrenagens futuras na trama. De uma forma ou de outroa, a gente mal pode esperar pelo finale semana que vem.
***** (4,5/5)
Próximo Bates Motel: 01x10 – Midnight SEASON FINALE
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