Review: Dirty Computer (álbum e filme)

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Review: Me Chame Pelo Seu Nome

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Review: Lady Bird: A Hora de Voar

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Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

7 de abr. de 2014

Kyla La Grange: ouça mais duas músicas do álbum novo, Cut Your Teeth!

por Caio Coletti

Lá em Janeiro, apresentamos pra vocês a Kyla La Grange (veja o post com um resuminho da carreira da moça até o momento aqui), e deixamos link do primeiro vídeo retirado do novo álbum da moça, que agora tem data de lançamento definida. Cut Your Teeth sai no dia 03 de Junho, e tem essa capa aí de cima. Como a espera ainda é de dois meses, Kyla nos deu mais duas outras músicas pra ouvir até lá.

O single promocional "Fly" deixa a cantora soltar a voz única que tem, enquanto "The Knife" serve como o segundo single oficial. Bem no clima que parece pautar o álbum, a canção é levada por um piano ritmado e por uma produção eletrônica discreta. Cit Your Teeth promete, como tudo que Kyla faz, ser um capítulo a parte no cenário pop atual.



6 de abr. de 2014

Review: Person of Interest, 03x19 - Most Likely To...

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Para aqueles bastante acostumados a acompanhar temporadas completas de séries de TV, é bem óbvio que boa parte delas tem algumas semelhanças estruturais de narrativa. Existe por exemplo um período, no qual Person of Interest parece ter entrado agora, de uma ou duas semanas em que os roteiristas precisam acelerar o processo de montar o cenário para o season finale, mas produzir mesmo assim episódios interessantes o bastante para não deixar cair o nível da temporada. "Most Likely To.." é um dos episódios mais bem sucedidos em cumprir esse papel na memória recente.

O procedimento para sê-lo é bem simples: como tem sido de praxe para Person, a "trama da semana" é amarrada firmemente aos grandes arcos temáticos da temporada, os múltiplos vilões que os escritores colocaram em ação nos últimos episódios são usados nos momentos certos e, principalmente, a série não se contenta em jogar o jogo que já conhece. Especialmente no final do episódio, fica claro que a grande bússola dos roteitristas de Person é a vontade de virar o tempo todo o tabuleiro, e observar com muito cuidado onde as peças ficam depois disso.

O número da semana é Matthew Reed (Nestor Carbonell, yes!), um advogado criminal que está comparecendo a sua reunião de 20 anos da turma do high school. Reese e Shaw, disfarçados de ex-estudantes da turma, também comparecem, e logo topam com um mistério envolvendo a ex-namorada de Matthew, que foi encontrada morta na época da escola - morte essa que todos acham ter sido obra do próprio advogado. A trama em si mantem essa qualidade pessoal e dramática, com pinceladas temáticas sobre vingança e muitas brincadeirinhas conceituais, especialmente envolvendo Jim Caviezel e Sarah Shahi lidando com as particularidades de uma reunião de high school.

"Most Likely To..." é relevante para a temporada porque mantem as engrenagens virando e aplica uma reviravolta de trama nos seus momentos finais, provavelmente definindo um cenário que vai ressoar nos quatro episódios restantes do ano para Person. Ainda é cedo para tentar adivinhar como, especialmente porque a série gosta tanto de nos surpreender, mas é extremamente excitante ver que, numa temporada que já arriscou tanto (e se deu tão bem), Person of Interest mantem o espírito de não se acomodar. É definitivamente isso que a faz uma das melhores tramas no ar atualmente.

Observações adicionais:

- Camryn Mainheim merece mais atenção na pele de Control. Sua atuação traz uma pitada quase imperceptível de kitsch para essa vilã governamental com motivos pérfidos e retidão moral hipócrita.

- "AC/DC or Dixie Chicks?"

- "Most Likely To..." é a estreia do diretor Kevin Hooks (Lost, Prison Break) na série, e o moço faz um trabalho lindo na fotografia - a cena de Reese e Shaw desfazendo as malas é uma pequena pérola.

✮✮✮✮ (4/5)


Próximo Person of Interest: 01x20 - Death Benefit (22/04)

4 de abr. de 2014

Review: Bates Motel, 02x05 - The Escape Artist

A partir dessa segunda temporada, ao invés de fazer uma cobertura detalhada de cada episódio de Bates Motel, O Anagrama vai trazer uma review por mês, de preferência de episódios marcantes para a continuidade da série, checando a quantas anda um dos nossos suspenses preferidos.

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Mais ou menos um mês atrás, quando trouxemos ao Anagrama o review do primeiro episódio da segunda temporada de Bates Motel ("Gone But Not Forgotten"), a promessa que ficou com a estreia foi de uma storyline mais bem pensada, com mais senso de direção e mais noção de como mexer seus elementos, do que a do primeiro ano. Não dava para prever que os três episódios seguintes expandiriam essa promessa para um dos começos mais arrasadores da atual temporada de televisão: a trama não foi só expandida e carregada com muito cuidado e elegância, como conseguiu encaixar novas perspectivas sobre personagens principais e secundários, e centralizar ainda mais o jogo na relação Norma-Norman.

Dito isso, perto da excelente sequencia que Bates Motel engatou, "The Escape Artist" é o menos sólido dos episódios até agora. Com um roteiro bagunçado que joga muitas conclusões e descobertas em uma única hora de televisão, essa quinta entrada da temporada mostra pela primeira vez que a pressão de ter apenas 10 episódios por ano para contar sua história faz mal a Bates. Não que seja impossível, uma vez que muitas séries da TV fechada se dão muito bem com um número semelhante de capítulos por temporada, mas talvez o planejamento de Carlton Cuse e Kerry Ehrin precisasse ser um pouco mais refinado para funcionar em um prazo tão curto.

Culpar apenas os developers, porém, é injusto, uma vez que o roteiro é assinado por Nikki Toscano, colaboradora frequente de Revenge que parece trazer um pouco do "novelão" da série da ABC para Bates. No episódio acompanhamos Norman tendo um momento decisivo na sua relação com Cody (a ótima Paloma Kwiatkowski, que tem uma breve cena com Vera Farmiga e consegue o feito de não ser ofuscada), quando a garota-problema o leva para uma "cana na árvore", seu refúgio da relação complicada com o pai, que vemos em um breve flash. Norman não é o único que "get lucky" no episódio, e isso diz algo sobre a carga de trama que existe em "The Escape Artist": a relação fofa entre Emma e Gunner (Keenan Tracey, encantador) também chega aos finalmentes.

Paralelamente, acompanhamos Norma aceitando ajuda do misterioso Nick Ford - que, não vamos esquecer, é pai da professora Watson, que Norman matou no final da temporada passada - para parar as obras da estrada que prejudicará seu motel. E por fim, o Xerife Romero, agora hospedado no motel (o que significa mais tempo de tela para Nestor Carbonell, yay!), tenta acertar as contas com o responsável pelo incêndio em sua casa: o chefão das drogas e chefe de Dylan, Zane. Muitos dos detalhes dessa última trama, que também envolve o personagem de Max Thieriot, não fazem o mínimo sentido lógico, embora produzam cenas extremamente impactantes.

"The Escape Artist" não é ruim. É uma mistura estranha de kitsch com testosterona e diálogos nada sutis, cujo resultado é uma hora de televisão bastante divertida. O único problema é que, graças aos quatro episódios passados, Bates Motel mostrou que pode ser muito, muito mais.

Observações adicionais:

- É preciso dizer que, no início da temporada, a impressão foi que Emma ia ser jogada para escanteio, em completa coadjuvância, mas a trama que ela estrela está se mostrando cada vez mais um respiro de doçura para Bates. Ajuda que Olivia Cooke venda a personagem tão bem, adicionando bom humor a ótima atuação que já mostrou na primeira temporada.

- Momento Farmiga da semana: a expressão no rosto da atriz na longa pausa antes de responder Emma quando esta a pergunta sobre a sensação de uma primeira transa é absolutamente preciosa.

✮✮✮✮ (3,5/5)


Próximo Bates Motel: 02x06 - Plunge (07/04)
Próximo review: 02x10 (12/05)

3 de abr. de 2014

Review: Mom, 01x21 - Broken Dreams and Blocked Arteries

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Em suas muitas facetas de um memo tema (arrependimento e novas tentativas), Mom está numa posição ideal para trazer perspectivas diferentes sobre um "efeito colateral" desse tipo de storyline: a culpa. Durante o começo da temporada, o jogo da culpa foi uma marca muito forte do relacionamento entre Bonnie e Christy, e ainda é parte integrante da série por meio dos diálogos entre as duas em que a personagem de Anna Faris relembra as faltas e ausências da mãe. Com a entrada de Alvin, o pai de Christy que abandonou Bonnie durante a gravidez, Mom parece querer fazer novos retratos desse mesmo processo.

Essa intenção fica clara nas interações entre Kevin Pollak e Allison Janney, ele em sua mais plena forma quando troca diálogos com ela, e ela sempre em seu estado dominante de cena. A série encontra nesses momentos, e nessa relação antagônica e ambivalente (ambos tem motivos para "culpar" o outro por problemas em suas vidas), um dos primeiros paradigmas de sua premissa, mesmo que em "Broken Dreams and  Blocked Arteries" a trama envolvendo os dois seja a mais fraca do episódio.

Pré-season finale, o capítulo da semana prefere dar prioridade, como Mom tem feito já há alguns episódios, para a storyline de Violet. A moça passa por dramas adolescentes quando o dia de sua formatura do high school se aproxima, mas também passa por reflexões bem adultas: em especial, a cena em que Christy convence a filha de que ela tem muito a comemorar naquela noite, mesmo que esteja desistindo de um bebê para conseguir uma vida melhor, é tocante de um jeito simples que só Mom consegue ser. O mesmo acontece com a breve cena de Violet com Luke na festa de formatura, contendo algumas das melhores piadas já dadas a Spencer Daniels pela série.

Não é que Bonnie e Alvin sejam coadjuvantes, mas o protagonismo de Violet, Christy e Luke se impõe aqui pela importância emocional e temática que esses personagens construiram em suas tramas. Nesse momento, Mom é muito mais sobre eles do que qualquer coisa, e tudo indica que vai continuar nesse ritmo no finale.

Observações adicionais:

- "Yolo"
- "Please tell me that's a sandwich"

✮✮✮✮✮ (4,5/5)


Próximo Mom: 01x22 - Smokey Taylor and a Deathbed Confession (14/04)

Review: The Blacklist, 01x18 - Milton Bobbit

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Na sua sequencia de abertura, antes do logo da série e o nome do episódio aparecerem na tela, "Milton Bobbit" retrata um homem chegando em seu apartamento para encontrar um enorme estoque de plantas e cogumelos psicotrópicos, que ele bate em um liquidificador antes de se sentar, ligar luzes artificiais de bronzeamento, colocar óculos de proteção e... retirar o nariz protético. O último take dessa abertura, focado no grotesco rosto e o corpo cheio de machucados do personagem-título, é uma das mais grotescas, pulp e excitantes introduções de blacklister da semana em um bom tempo.

Tudo isso para dizer que, essencialmente, "Milton Bobbit" é The Blacklist entendendo que pode ser o melhor de dois mundos: espirituoso, com Red em sua melhor forma satírica (e James Spader se divertindo como nunca), o último capítulo antes do hiatus que vai durar até o próximo 21 de Abril mostra que a série nunca esteve tão consciente de suas forças e da forma certa de contar uma história. Depois de Liz descobrir o segredo de Tom (ou melhor, descobrir que Tom tem um segredo, que nem ela nem nós, espectadores, sabemos exatamente qual é) no episódio passado, nessa semana a série prova que sabe lidar com as consequencias emocionais e práticas desse desenvolvimento.

O resultado é que ficamos com duas tramas paralelas. Enquanto Liz investiga, ao lado de Red, para descobrir mais sobre os superiores de Tom e suas verdadeiras intenções, e precisa manter a encenação de casal feliz dentro de casa, o personagem de Spader dá ao FBI mais um caso a título de distração. Milton Bobbit, conhecido como The Undertaker, é o homem para se contratar quando se quer um assassinato perfeito: ele encontra pacientes com doenças terminais e os convence, através da promessa de que as famílias vão receber muito dinheiro, a matar os alvos dos seus clientes e, em seguida, cometer suicídio.

Como de costume em The Blacklist, existe uma nobreza torta nos atos desse criminoso, assim como existe uma hipocrisia disfarçada nos atos das instituições em geral, mais especificamente o sistema de saúde nesse episódio. Essa lógica toda acaba conduzindo o episódio a uma conclusão violenta e um tanto amarga, mas sem dúvida nenhuma satisfatória. Uma das coisas que a série melhor aprendeu nesse tempo no ar é como fechar as jornadas de personagens mesmo que eles não estejam em tela por mais de um episódio. Interpretado por um ótimo Damian Young (Californication), Milton é sem dúvida um dos blacklisters mais memoráveis até agora.

Observações adicionais:

- Sobre as datas do final dessa primeira temporada: o episódio 19 vem no dia 21 de Abril, e em seguida temos mais três episódios. O finale vai ao ar no dia 12 de Maio.

✮✮✮✮✮ (4,5/5)


Próximo The Blacklist: 01x19 - The Paviovich Brothers (21/04)

2 de abr. de 2014

Review: The Americans, 02x05 - The Deal



ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Há uma mão cheia de cenas fortes em "The Deal" que almejam definir o tom emocional do episódio em e por si mesmas. Esse não é, geralmente, o procedimento de The Americans, mas exisite um motivo muito simples pelo qual ele funciona nesse capítulo em específico: "The Deal" é o retrato mais cruel de seus personagens que a série de Joe Weisberg e cia já ousou fazer. Com uma prerrogativa forte e um julgamento moral muito determinista (embora não maniqueista, são coisas diferentes), essa quinta entrada da segunda temporada mostra o casal Jennings e seus coadjuvantes como seres humanos tão esmagados pelas circunstâncias que, às vezes, precisam agir como se nem mesmo fossem capazes de sentir.

Isso fica bem claro na trama principal da semana, que lida com consequencias dos acontecimentos de "A Little Night Music": depois de perderem de vista o cientista judeu que estavam tentando repatriar a força, Phillip e Elizabeth encontram uma safehouse para manter o agente do Mossad que capturaram durante a luta. O personagem de Matthew Rhys acaba ficando responsável por fazer companhia ao prisioneiro, e a partir disso o roteiro de Angelina Burnett (Boss) explora a relação antagônica entre eles de forma brilhante, brincando com a compaixão que Phillip mostrou em momentos anteriores da série e o teste moral pelo qual o prisioneiro o faz passar.

Ao mesmo tempo, vemos Elizabeth em dois disfarces: como a "irmã" de Clark, o pseudônimo de Phillip para Martha, ela visita a "cunhada" e tenta acalmar os ânimos na crise do casamento dos dois (e impedir que a secretária exponha Phillip devido a essas brigas); e como a inocente vítima de estupro que interpreta para o militar Brad (o estreante Jefferson White, que merece muitos elogios), conseguindo as informações que queria dele e tendo que "terminar" breve relação que os dois tiveram. Keri Russell está brilhante na pele dessas três personalidades encarnadas pela mesma personagem, imbuindo um pouco do heartbreak de da verdadeira Elizabeth em cada uma delas.

Num episódio inteiramente calcado na oposição entre humanidade e política, buscando mostrar de formas sutis os conflitos e os paralelos entre os dois, Keri é uma jogadora ainda mais fundamental que o normal para o xadrez de The Americans. Mesmo sendo mais um capítulo assinado por uma roteirista estreante na série, "The Deal" nos coloca em xeque-mate porque combina intensidade e delicadeza para mostrar um lado desses personagens que ainda não havia sido explorado: é doloroso perceber o quanto eles são capazes de fazer "acordos" consigo mesmos para decidir que parte de suas vidas eles podem viver, e que partes é melhor ignorar.

Observações adicionais:

- A terceira trama da semana envolve o FBI e a Rezidentura, mais pontualmente o Agente Beeman e o esperto Oleg Burov, que decide usar as informações que conseguiu sobre o caso de Nina com Stan para negociar favores com o agente americano. Ver a interpretação de Costa Ronin passar do carismático para o ameaçador em uma mesma cena, e observar a reação de Noah Emmerich, é uma preciosidade que só The Americans nos traz.

- Conhecemos a nova handler de Phillip e Elizabeth, e ela é uma jovem ansiosa para provar seu valor, que ganha o rosto de Wrenn Schmidt, conhecida dos fãs de Boardwalk Empire.

✮✮✮✮ (4/5)


Próximo The Americans: 02x06 - Behind The Red Door (02/04)