Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

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Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

30 de set. de 2013

Review: Mom, 01x02 – A Pee Stick and an Asian Raccoon

MOM

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Quando Mom estreou, na semana passada, sua grande qualidade, alardeada pelo nosso primeiro review, era não negar os defeitos de seus personagens e, ainda mais especificamente, não pedir a eles que tentassem mudar. Aqui, essa característica redentora enfrenta o desafio de se moldar a Mom como uma série, e não como uma ideia. A estrutura da televisão serializada, especialmente em um contexto da TV aberta americana, não é exatamente a que mais facilita o desenvolvimento de uma história sólida e coerente consigo mesma. A interferência dos números de audiência, a exigência por certos conceitos formulaicos e até a necessidade de se entregar 20 minutos de comédia semanalmente não são o melhor ambiente para a mente de um escritor aflorar.

“A Pee Stick and an Asian Raccoon” poderia ser um episódio mais uníssono, e até mais fiel à Mom promissora que vimos na semana passada, mas continua tendo ideias bem interessantes, ainda que não exatamente surpreendentes. É possível detectar um pensamento mais ou menos cuidadoso por trás de decisões como fazer o susto de gravidez de Violet (Sadie Calvano) ser mais do que justificado, triplicando assim o jogo de espelhos que compõe a temática principal da série: ao invés de duas protagonistas fortes que representam a maternidade, agora temos três. Calvano segura bem esse posto e se coloca a altura de Faris e Janney.

As duas continuam pegando fogo quando estão juntas, mesmo quando o texto não exatamente ajuda. Os melhores momentos, invariavelmente, vem de diálogos entre Christy e Bonnie, e mesmo que o roteiro favoreça Mrs. Janney com as melhores falas, a performance feroz de Faris é mais do que o bastante para equilibrar o jogo. Há certo pathos na relação das duas que o restante da série ainda está tentando arquivarem outros campos, e está no caminho certo! Outras três boas decisões: inserir crise no relacionamento de Christy com Gabriel (Nathan Corddry), dar mais espaço para o chef de French Stewart (“Stay strong, waitress whose name I do not know!”), e aprofundar o personagem do namorado de Violet.

Mom, como quase toda série iniciante, está lutando para encontrar sua regularidade. Quando o fizer, tem o potencial para ser uma das sitcoms mais bem-desenvolvidas no ar. É só seguir exatamente no caminho em que está agora.

**** (3,5/5)

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Próximo Mom: 01x03 – Courtship in the Age of Chlamydia (07/10)

Caio

A trilha de “Jogos Vorazes: Em Chamas”: novas de Aguilera, Coldplay, Lorde e mais!

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Como de costume para virtualmente todas as adaptação de YA (young adult) no mercado de Hollywood atualmente, Em Chamas, continuação da saga Jogos Vorazes que estreia no próximo dia 22 de Novembro aqui no Brasil, vai ganhar trilha-sonora apoteótica. O primeiro destaque chegou algumas semanas atrás: “Atlas”, canção do Coldplay para a coletânea, ganhou lyric video com uma brincadeira linda com estrelas e símbolos que remetem à história. Digno da beleza melódica de sempre da banda.

Outra faixa que foi recentemente disponibilizada na íntegra foi “We Remain”, contribuição de Christina Aguilera para o disco. A diva não destoou do clima geral e fez uma balada de piano e batida eficientes, que explora bem a voz gigantesca sem tantos exageros quanto estamos acostumados.

A trilha-sonora chega as lojas três dias antes do filme aportar nos cinemas, ou seja, no dia 19 de Novembro. Ainda tem muitas faixas que estamos ansiosíssimos para ouvir na tracklist de 15 canções:

1. “Atlas” – Coldplay
2. “Silhouettes” – Of Monsters and Men
3. “Elastic Heart” – Sia (ft. The Weeknd & Diplo)
4. “Lean” – The National
5. “We Remain” – Christina Aguilera
6. “Devil May Cry” – The Weeknd
7. “Who We Are” – Imagine Dragons
8. “Everybody Wants to Rule The World” – Lorde
9. “Gale Song” – The Lumineers
10. “Mirrors” – Ellie Goulding
11. “Capital Letter” – Patti Smith
12. “Shooting Arrows at The Sky” – Santigold
13. “Place for Us” – Mikky Ekko
14. “Lights” – Phantogram
15. “Angel on Fire” – Antony & the Johnsons

UPDATE: O produtor Diplo liberou no seu Soundcloud hoje (01) sua faixa na trilha, com vocais divididos entre a badalada Sia e o cantor de R&B The Weeknd. A canção combina batida quebrada com melodia de balada romântica e toques de reggae.

Caio

Katy Perry revela mais uma canção do seu “Prism”, a dançante “Walking on Air”

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por Caio Coletti

As cores do Prism, vindouro novo álbum de Katy Perry, estão ficando cada vez mais interessantes. Apesar do sabor requentado de “Roar”, o primeiro single, já tivemos uma prova que a diversidade de estilos fez bem a Katy com a ótima “Dark Horse”, usada como single promocional, e agora encontramos a dance music à la anos 90 com a nova “Walking on Air”. E não é que a moça se dá bem como diva da eletrônica?

A produção de Klas Ahlund (Robyn, Ke$ha, Madonna) faz muito bem a canção escrita por Perry depois de se deparar com um grupo de patinadores dançando ao som de um hit noventista no Central Park de Nova York. O clima ficou mesmo bem nostálgico e os sintetizadores fazem a coisa toda soar bem dançante.

29 de set. de 2013

Descobrindo livros: “Cira e o Velho”, de Walter Tierno

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Olá galerinha do mal!

Pra quem ama livros e acompanha o lindo d’O Anagrama, aqui vai uma pequena, porém espirituosa NOVIDADE: vou iniciar uma espécie de coluna literária (a pedidos do meu querido amigo Caio Coletti). Poucos sabem, mas eu leio muita coisa, de tudo (até bula de remédio), mas não porque quero ser cult ou coisa do tipo, simplesmente porque não tenho muito o que fazer e acho que ler é uma forma, no mínimo, interessante de se gastar o tempo livre.

De antemão se tem alguém que se interessa também por livros e gostaria de alguma indicação ou resenha específica, eu peço que comentem. Se eu já tiver lido eu faço um review, caso não, eu vou atrás do título, leio e faço aqui para vocês, sem problemas. Enfim, ajudem com temas etc. Acho que estes textos não vão ter muita periodicidade, mas tentarei fazer um por semana ou até 15 dias. Depende de como estiver as coisas na minha vida acadêmica (AI GOSH).

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Livro: Cira e o Velho
Autor: Walter Tierno
Editora: Giz Editorial

Para abrir os trabalhos dessa coluna literária, quero deixar claro que não vou falar só de livros que eu gosto ou de autores internacionais, pelo contrário, vou tentar mesclar tudo e tentar agradar a maioria dos gostos. Resolvi começar então com “Cira e o Velho”, que é um livro de fantasia NACIONAL, sim minha gente! Eu sei que tem pessoas que não gostam de fantasia, outros não gostam de livros nacionais, mas, e se misturar tudo? Bom, não custa dar uma chance, eu mesmo fiquei meio assim no começo, mas acabei queimando a língua.

Quando pensamos em fantasia nacional, logo vem à cabeça o famoso Folclore; Mula-sem-cabeça, Curupira etc. Acreditem vocês ou não, mas é isso mesmo que Walter decidiu colocar no seu livro. A premissa da história é o seguinte: Cira é filha de uma feiticeira com a Cobra Norato (é, você vai ter que ler para saber que rolo é esse e o que é a Cira), ela é uma figura bem mística e desconhecida, o que me faz pensar que ela então seria uma criação do autor?

Anyway, um garoto brincava de bater figurinhas quando acaba ganhando a da Cira, ele por sua vez fica fascinado por aquela figura e cresce querendo saber quem é esse tal personagem folclórico. Ele cresce então desbravando o Brasil atrás de pessoas e personagens que teriam convivido com essa tal Cira ou que saibam alguma informação atual. Então sim, personagens famosos do folclore brasileiro, vão aparecer de formas inusitadas e dar seus depoimentos sobre a tal personagem misteriosa.

Em paralelo, o livro vai alternando entre a busca atual do rapaz e também conta a história da Cira no passado, muito sofrida por sinal, se passa na época do Brasil colônia, os portugueses perseguiram sua mãe feiticeira e coisas do tipo.

O começo do livro se passa em primeira pessoa, deixando parecer que o próprio autor conversa com quem está lendo. O livro tem uma história muito interessante e muito boa de se ler, o final é MUITO surpreendente (tanto é que não vou contar, porque sério, é demais). O autor propõe uma discussão mesmo que bem sutil afirmando de que antigamente as pessoas falavam muito sobre essas lendas folclóricas como se elas tivessem vivido ou visto, a mula-sem-cabeça etc. E ainda em certo momento ele diz que talvez hoje nós de fato ainda vemos tais figuras, mas de tanta coisa ruim no mundo nós nos recusamos a acreditar e acabamos achando que é outra coisa.

As ilustrações e a capa são feitas pelo próprio autor, o que é bem legal e vou deixar aqui o link em que o Walter fala sobre seu livro; a criação e ele mesmo vende os livros, então caso não acharem para comprar, é só entrar em contato com ele. O livro custa em média R$ 29,90, pelo menos estava na época em que eu li. Espero que tenham gostado, e que alguém tenha se interessado pela tema. O livro vai agradar com facilidade amantes da cultura brasileira, folclore e claro, fantasias em geral.

**** (3,5/5)

Você pode entrar em contato com o autor através deste e-mail:
waltertierno@gmail.com

Gabryel

Review: Sleepy Hollow, 01x02 – Blood Moon

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Na sua semana de estreia, Sleepy Hollow nos proporcionou uma nova e divertida abordagem da famosa lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. Embora seja uma obra ficcional, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça se tornou peça central no folclore não só americano, bem como em vários outros países. O que poderia preocupar alguns após o episódio de estreia era se a série conseguiria se manter no nível que propôs: uma mistura de terror, mistério e comédia. No fim, essa mistura pode ser difícil de controlar. Qualquer dúvida, no entanto, é apagada após o segundo e bem direcionado episódio, “Blood Moon”.

Quando Ichabod e Abbie descobrem que os policiais que suportavam sua história sobre o Cavaleiro Sem Cabeça misteriosamente retiraram suas declarações e veem um vídeo onde Andy se mata em sua cela, a série dá uma guinada para o mundo real. Um dos pontos interessantes que foi explorado até agora em Sleepy Hollow é justamente o não esquecimento geral da realidade. Metade das personagens ignora o fator sobrenatural, enquanto a outra metade – mais precisamente Icahbood e Abbie – lutam para assimilar as duas realidades. Uma salva de palmas para os roteiristas quando criaram Abbie: é difícil ver, hoje em dia, uma personagem que é levada ao sobrenatural, mas não esquece que o mundo ainda gira sem demônios, bruxas e cavaleiros apocalípticos.

E falando em bruxa, temos uma convidada especial nesse episódio. Katrina bem que tenta avisar para Ichabod no início, mas sem muito sucesso; o demônio sem rosto ressuscita Andy (yay!) e esse traz de volta a vida uma antiga bruxa do “coven maligno”. Enquanto ela anda pela cidade de Sleepy Hollow coletando os descendentes de quem a mandou para a fogueira e assim retornar ao seu poder total, o moço Crane e a sargento Mills tentam impedi-la em mais uma correria por vezes engraçada e cheia de química por parte dos dois.

Ainda sem uma definição exata de rumo para seu plot principal, Sleepy Hollow garante mais 45 minutos de diversão e alguns sustos – os efeitos especiais e a maquiagem são surpreendentes. Metade da força da série vem, com certeza, da atuação de Tom Mison e Nicole Beharie. Um passo em falso, no entanto, é a mania dos roteiristas em matar personagens que poderiam crescer logo no começo: Andy, no primeiro, e agora a bruxa que poderia dar o que falar. Mas Andy retornou, então quem sabe! Enquanto explora sua mitologia, Sleepy Hollow costura sua história e apresenta novos personagens – Jenny, a irmã de Abbie, promete entrar para o elenco mais regular –, firmando sua estreia e dando possibilidades de uma boa temporada.

**** (4/5)

SLEEPY HOLLOW: A Revolutionary-era Ichabod Crane (Tom Mison, R) is resurrected and awakes in present day Sleepy Hollow, in the"Blood Moon" episode of SLEEPY HOLLOW airing Monday, Sept. 23 (9:00-10:00 PM ET/PT) on FOX. ©2013 Fox Broadcasting Co. CR: Brownie Harris/FOX

Próximo Sleepy Hollow: 01x03 – For The Triumph of Evil… (30/09)

Andreas

28 de set. de 2013

Estreia: Showtime aposta na elegância (!) com a nova “Masters of Sex”

MASTERS OF SEX (SEASON 1)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Manual do espectador do Showtime, regra número 1: nunca confunda elegância com sutileza. Não há nada de sutil nos dramas produzidos pelo canal a cabo americano, conhecido por títulos como Homeland, Shameless e a recente Ray Donovan, mas quando acerta os pontos na equação de um programa, é possível encontrar bastante elegância no tratamento de roteiro e de personagem. Masters of Sex, a grande aposta do canal para a fall season de 2013, é sem dúvida nenhuma uma das produções mais elegantes já elaboradas pelo Showtime, mas não faz questão de ser nem um pouco sutil. A combinação às vezes vira uma bagunça na percepção do espectador, e às vezes incomoda, mas as costuras da série são tão bem delineadas que fica difícil elaborar alguma crítica séria. Principalmente porque, no final das contas, Masters of Sex ainda é o drama mais provocativo e relevante da temporada.

O piloto que estreia hoje (29), mas vazou online há algumas semanas, é dirigido por John Madden, indicado ao Oscar por Shakespeare Apaixonado, e apresenta de cara as ambições de retrato social e análise psicológica explícitas no roteiro de Michelle Ashford, em sua primeira investida como escritora principal de uma série (no currículo, episódios de The Pacific e Anjos da Lei). A perspectiva feminina é bem forte, a ambientação de época é ao mesmo tempo oportuna e previsível, e o que se destaca no trabalho da moça é mesmo a habilidade de construir seus personagens em cima de estereótipos e aos poucos quebrar cada pretensão e barreira deles e do espectador. Essa provavelmente será a grande força de Masters of Sex: usar-se de conflitos com os quais o espectador se identifica facilmente para ilustrar sua história de lenta e progressiva iluminação científica e emocional.

O que se desenha aqui é um colossal arco de revelação que parece abranger todos os personagens da série e fazer paralelo com a história real que tem para contar. O Dr William Masters (Michael Sheen) é um renomado obstetra que se vê fascinado pelas reações do corpo humano ao sexo e a estímulos de libido. Ele apresenta a proposta de um estudo dessa ordem para o seu superior, o Dr Barton Scully (Beau Bridges), que a princípio o rejeita. Em certo ponto do vai-e-vem das decisões do médico-administrador, Masters é obrigado a mover seus equipamentos para um prostíbulo, onde sua ex-cobaia Betty (Annaleigh Ashford) trabalha. Enquanto isso, ele tem que lidar com a esposa Libby (Caitlin FitzGerald), que há dois anos tenta engravidar, e com sua atração por Virginia Johnson (Lizzy Caplan), ex-cantora de jazz, mãe solteira e dona de comportamento sexual modernino, que ele contrata como sua secretária.

Não me entendam mal, Masters of Sex tem alguns problemas para conviver (não vou dizer corrigir, porque há uma grande chance de que eles nunca o sejam). O principal é o estranho sentimento de que a série está mudando de tom o tempo todo, e o tratamento constrangido e meio cômico que o roteiro dá ao próprio assunto que figura em seu título. Não adianta, caro Showrtime, estar disposto a mostrar o sexo em tela se não está disposto a tratá-lo da forma madura que pede aos seus personagens para fazer. Já como comentário social, Masters of Sex triunfa, e não há o que possa contradizer isso. Ashford está pronta para desenhar as linhas de personagens em posições bem diferentes nesse mosaico de perspectivas em relação ao avanço sexual da época retratada, e não há falha na sua caracterização dos personagens masculinos como figuras coloridas e complexas, mas bastante “perdidas”. No final das contas, é a posição deles na sociedade e na relação homem-mulher que está sendo questionada e derrubada, e não a delas.

O elenco feminino completa esse bom trabalho de estruturação de Ashford com primazia. Caplan é um achado, vinda direto da cancelada Party Down e injetando a dose certa de inocência e olhar de aço a sua Virginia, peça central e inestimável do sucesso da série;  ela só não está mais impressionante que as divinas Annaleigh Ashford e Caitlin FitzGerald, embora as duas entregem performances bem diferentes em tom: a primeira enche Betty de astúcia e consciência de mundo, arrancando algumas lágrimas garantidas em um monólogo no segundo episódio, “Race to Space” (que também vazou antes da estreia); a segunda é um tratado sobre a fragilidade e a prisão social no corpo de Libby, e sua performance é constantemente de quebrar o coração de qualquer um. Perto delas, até o sempre brilhante e sempre bem-vindo Michael Sheen empalidece, embora ele dê contornos simpáticos e compreensíveis a um personagem que muitos atores achariam fácil tornar repugnante.

As grandes “prisões” de Masters of Sex, que o impedem de ser a série verdadeiramente brilhante e ousada que poderia ser, ainda estão aqui devido ao “modelo Showtime” de televisão, como um tratamento específicio de cenas de sexo e um molde bem rígido de construção de um protagonista. Brilha através da burocracia, no entanto, a tentativa de escrever aquele drama provocativo e relevante que eu coloquei no primeiro parágrafo. Por esses flashes de brilhantismo, e pelas mulheres formidáveis que passam pela tela (as personagens e as atrizes), vale muito a pena acompanhar.

***** (4,5/5)

Pra quem gosta de: Mad Men, Top of The Lake, Ray Donovan

Beau Bridges as Barton Scully, Nicholas D\'Agosto as Dr. Ethan Haas, Michael Sheen as Dr. William Masters, Lizzy Caplan as Virginia Johnson, Teddy Sears as Dr. Austin Langham and Caitlin Fitzgerald as Libby Masters in Masters of Sex (season 1) - Photo: Erwin Olaf/SHOWTIME - Photo ID: MOS1_PR04_WAITSIX_4C_300

“Masters of Sex” estreia hoje, dia 29. Os reviews d’O Anagrama voltam a partir do terceiro episódio, “Standard Deviation” (13/10)

Caio

Review: Person of Interest, 03x01 – Liberty

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Person of Interest está de volta com a classe de uma série que entra em sua terceira temproada sabendo qual é o campo em que faz suas melhores jogadas. “Liberty”, o episódio de estreia desse terceiro ano da criação de Jonathan Nolan, não perde tempo com reapresentações ou stunts narrativos para colocar o público no clima da trama. Pelo contrário, somos logo jogados um mais um dos criativos cenários típicos de Person, enquanto acompanhamos em que ponto andam os personagens depois dos momentos finais da temporada passada. Com dois roteiristas e um diretor com experiência já extensa na série, é uma reestreia desenhada para matar as saudades e estabelecer o tom, mas não perde tempo para isso.

Está aí justamente o triunfo de “Liberty”: reconhecer que o melhor aspecto de Person é o quão bem lida com as tramas confinadas semanais, que sempre trazem uma perspectiva inédita na premissa, sem deixar de desenvolver os arcos paralelos que desenham a figura maior da temporada. Aqui, Reese e Finch (agora com a adição de Shaw à equipe de “ajudantes” que já contava com Carter e Fusco, claro) recebem o número de um recruta da Marinha, justamente no dia em que todos os marinheiros aportam em New York e tem seu dia de folga para aproveitar a cidade. O moço entra em apuros ao tentar defender um amigo sem saber exatamente o quão envolvido em um esquema de contrabando de diamantes ele está.

Nessa trama semanal, Person assume o seu caráter de entretenimento puro, não se investindo muito emocionalmente no guest star da semana (talvez também porque o jovem Rey Valentin não é exatamente material de primeira) e atirando algumas das frases de efeito mais divertidas da série até hoje. Desnecessário dizer que Jim Caviezel se diverte a beça, e aos poucos Sarah Shahi está deixando uma personificação inescrutavelmente série de Shaw em favor de uma abordagem mais leve. Toda essa brincadeira faz bem e suaviza os vícios sempre irritantes de Person, especialmente o diálogo expositivo que diz exatamente aquilo que o espectador com certeza deduziu sozinho.

O mais bacana é que tudo isso é só distração para Person se deliciar com o material importante de verdade, que inclui: entregar linhas de diálogo que só Michael Emerson seria capaz de entregar com a convicção e a verbalidade certas; nos atualizar sobre os dramas de Taraji P. Henson, uma das melhores atrizes que esse programa usa mal, o que dessa vez inclui a sempre bem vinda aparição do Elias do ótimo Enrio Colantoni; e acompanhar a Root de uma maravilhosa Amy Acker enquanto ela discute com um psicólogo questões que dialogam com o próprio conceito e lógica da série (a tecnologia como divindade, a paranóia justificada, a “vastidão” da verdade).

O ponto de Person of Interest, afinal, sempre foi que este é um mundo muito grande, muito perverso e muito complexo. Não é a filosofia mais profunda, mas que Acker a vende com prestatividade exemplar, isso não dá para negar.

**** (4/5)

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Próximo Person of Interest: 03x02 – Nothing to Hide (01/10)

Caio

27 de set. de 2013

“Higher Than The Sun” é o single do Keane para o seu primeiro Greastest Hits

Keane The Best Of Keane

por Caio Coletti

Para comemorar 10 anos de carreira enormemente bem-sucedida, os britânicos do Keane vão lançar The Best of Keane, primeira compilação de singles e b-sides da banda. O álbum está marcado para lançamento no próximo dia 11 de Novembro, e revelou hoje a primeira de duas canções inéditas incluídas nele: “Higher Than The Sun”.

Com uma vibe positiva que remete ao Keane do Perfect Symmetry com toques da sonoridade do mais recente Strangeland, tudo numa abordagem bem mais orgânica e descomplicada, a canção traz o piano e o vocal particularíssimo de Tim Rice-Oxley que são a marca registrada do Keane.

UPDATE: Saiu hoje (02) o clipe para “Higher Than The Sun”. O Keane apostou em uma animação combinando diferente técnicas para contar a história da banda desde o Hopes & Fears, de 2003, até hoje.

Existe amor em Las Vegas, e é claro que ele está no novo clipe do The Killers!

The-Killers-Shot-at-the-NightSim, essa é a capa do single

por Caio Coletti

Lançada na terça-feira passada, “Shot at The Night” é a canção escolhida pelos moços do The Killers para divulgar a primeira coletânea de singles da carreira, o Direct Hits 2003-2013. O vídeo para o single saiu hoje (27) com uma história de amor inusitada passada na cidade natal da banda, Las Vegas.

Brandon Flowers é o único integrante da banda a aparecer no vídeo, cantando os versos emoldurados pela produção do M83 enquanto acompanhamos o caso de amor entre uma camareira de hotel e um padrinho de casamento, que passam uma noite mágica juntos na cidade do pecado americana.

26 de set. de 2013

Estreia: Referências pulp e protagonistas fascinantes ganham o jogo para “The Blacklist”

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

“É por isso que estamos todos aqui, é claro. Minha lista de desejos. Uma lista que eu estive cultivando por vinte anos. Políticos, mafiosos, hackers… espiões”. Assim, em quatro frases que tomam pouco mais de 10 segundos do episódio, James Spader resume perfeitamente em sua entrega de fala todo o espírito de The Blacklist, que a NBC estreou na última segunda-feira (23). Em muitos sentidos, o piloto da série criada por Jon Bokenkamp, dono de créditos hollywoodianos como A Estranha Perfeita e Chamada de Emergência, é a estreia dessa temporada que mais e melhor colocou suas cartas na mesa logo no primeiro episódio. Um pouco de trabalho é necessário – e para a construção de qualquer contexto é –, mas no final dos 43 minutos de piloto, nós sabemos muito bem o que estamos assistindo.

A fala do personagem de Spader é tão importante especialmente por aquela deixa final que confirma uma tendência para o glamour criminoso com a qual a série brinca o tempo todo na figura de seu protagonista. É uma inclinação inocente, pelo bem do entretenimento, e é impossível negar que esse e outros pequenos takes do personagem desfrutando de seu estilo de vida luxuoso, além da constante implicação do roteiro de que “é preciso pensar como um criminoso” (o pessoal primeiro, o geral depois), são divertidos a beça. Quem gosta de boa literatura pulp não pode passar em branco por The Blacklist, que tem a audácia de misturar essas referências com um programa policial muito bem-produzido (a cena de ação principal da semana é genuinamente impressionante) e com um estudo de personagens pungente, amargo e muito confiante na capacidade de seus dois protagonistas.

A trama envolve o criminoso de carreira Raymond Reddington (James Spader), que ficou conhecido por fazer favores a outros companheiros de crime, não se comprometendo a nenhum ideal e aceitando sempre a melhor oferta – o que lhe valeu o apelido de “o concierge do crime”, how very cheesy. Na primeira cena do piloto, ele entra em um prédio do FBI e se entrega às mãos do governo, que o havia colocado na lista de mais procurados, depois de 20 anos em fuga. Ele clama ter uma lista contendo todos aqueles criminosos “perigosos de verdade, porque vocês nem sabem que eles existem” (o monólogo totalmente awesome dessa cena termina com Spader se comparando com o Capitão Ahab de Moby Dick, porque é claro que termina), mas entre suas exigências está falar apenas com a agente novata Elizabeth Keen (Megan Boone).

Durante os primeiros 10 ou 15 minutos de episódio, a câmera do diretor Joe Carnahan (Narc, A Última Cartada) evita de todas as formas filmar a performance de Spader diretamente. Nós o vemos através de câmeras de segurança do FBI e no reflexo do vidro de sua cela improvisada, mas não é até o momento em que ele e Megan Boone estão frente a frente que damos uma boa olhada na performance de ambos. Carnahan não poderia ter feito uma escolha melhor. Aquele diálogo tenso é realçado tanto por essa revelação, e tão mais pelas atuações diametralmente opostas e brilhantes de ambos, que se torna uma das sequencias mais fascinantes da nova temporada de televisão até agora.

Spader é um deleite de maneirismos bem dosados, presta a medida certa de homenagem ao Hannibal Lecter de Anthony Hopkins e encarna o protagonista perfeito para o lado pulp de The Blacklist. Boone, por outro lado, encontra uma visceralidade inédita para uma heroína de televisão, esconde um lado sombrio por trás de uma aparência bem controlada e ainda mantem uma relação de igual para igual com Spader em cena. A química entre os dois é instantânea e um tanto perturbadora, no sentido de que um testa o outro em maneiras explícitas e subliminares. Mesmo com todas as qualidades que poderiam fazê-la digna de ser assistida, The Blacklist encontra seu verdadeiro triunfo quando coloca esses dois protagonistas frente a frente. E essa talvez seja a vitória mais fundamental que uma série poderia almejar.

***** (4,5/5)

Pra quem gosta de: The Following, Hannibal, The X Files, Person of Interest

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Próximo The Blacklist: 01x02 – The Freelancer (30/09)

Caio

Charli XCX explora a noite de Tóquio no clipe da nova “SuperLove”

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por Caio Coletti

Seguindo o padrão de rapidez dos outros artistas de sua geração, Charli XCX lançou hoje oficialmente o vídeo de “SuperLove”, suposto primeiro single de um segundo álbum, sendo que o primeiro, True Romance, saiu ainda esse ano. Ainda bem que a moça é rápida sem perder a eficiencia: “SuperLove” é uma delícia dançante e animada, trazendo as influências dos anos 80 e 90 e misturando com a atual obsessão pela cultura moderna oriental.

O clipe dirigido por Ryan Lewis se passa em Tóquio, onde Charli e algumas amigas visitam vários lugares onde a noite é agitada na capital japonesa. De boates com paredes psicodélicas a lugares em que é possível dançar com robôs e clubes de motos a moda antiga (com algumas plaquinhas de neon, é claro).

Estreia: Os clichês e o moralismo de “Hostages”

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Uma das estreias mais alardeadas do maior canal aberto americano, a CBS, nessa temporada, Hostages tem o nome do mega-produtor Jerry Bruckheimer no topo do cartaz, encimando até os dos astros Dylan McDermott (AHS) e Toni Collette (United States of Tara). É baseada em uma série israelense que vai estrear algumas semanas depois dessa versão americana, onde está nas mãos de Alon Aranya (Red Widow) e Jeffrey Nachamanoff (Chicago Fire) como developers. Nachamanoff, que teve experiência cinematográfica como diretor de O Traidor, com Don Cheadle, assume as câmeras do piloto veiculado nessa segunda-feira (23). E os primeiros 45 minutos da série destróem toda e qualquer esperança de que essa mistura possa dar em algo além de um enorme clichê ambulante.

Os primeiros 20 minutos ou um pouco mais não pecam nem por serem ruins, mas principalmente por serem absolutamente triviais. Conforme somos apresentados ao cotidiano, às personalidades e aos papéis desempenhados por cada membro da família Sanders, o roteiro de Aranya e Nachamanoff se arrasta por frivolidades e soa quase o tempo todo artificial, tentando fabricar uma tensão que a princípio não existe através de uma trilha-sonora exagerada. Mesmo que já não tenha um currículo tão pequeno, a direção de Nachamanoff não traz nada de bom a série: se é que traz alguma coisa at all, uma vez que até os atores parecem perdidos com a falta de momentum da narrativa. Esse é o tipo de coisa que uma produção não-americana faria muito melhor, simplesmente porque boa parte dos profissionais do entretenimentos dos EUA esqueceram como criar tensão palpável sem recorrer a correria.

Não é a toa que Hostages melhore substancialmente quando a trama é finalmente posta em marcha: o agente do FBI de motivações misteriosas Duncan Carlisle (Dylan McDermott) invade a residência dos Sanders com uma equipe e faz dos quatro membros da família reféns. Seu interesse mais é na Dra. Ellen Sanders (Toni Collette), cirurgiã designada a uma operação simples no pulmão do presidente americano (James Naughton), e a condição para que ele deixe a família da moça em paz é que ela mate o comandante-em-chefe da nação, fazendo parecer um acidente médico. Uma vez que o suspense e a premissa tomam conta da direção narrativa, todos os elementos de Hostages parecem se ajeitar um pouco mais a vontade, o que não significa que aqueles primeiros 20 minutos tenham sido só uma introdução a uma série muito melhor do que parecia.

Hostages é uma produção com lógica moralista, dessas que hoje em dia só se vê na CBS, assumindo uma posição de elevação moral em relação a todos os seus personagens ao invés de tentar entender os dramas deles. Os segredos de cada membro da família Sanders estão ali para mostrar que eles não são tão inocentes assim, mas o problema é que no caminho para evitar o maniqueismo, a série tropeça num julgamento muito simplista das motivações de cada personagem. Aranya e Nachamanoff podem não querer dividi-los claramente entre “bem” e “mal”, mas o faz através de uma inversão de valores que não desmonta o jogo do preto e branco – só o coloca em negativo.

Outro problema é pensar de que forma uma premissa como essa é capaz de encher uma temporada inteira, que dirá várias. A não ser que se mova para uma situação em que o personagem de McDermott passa a aterrorizar várias famílias em vez de usar apenas os Sanders como isca devido a uma motivação ainda não revelada (mas que parece bastante pontual), Hostages em algum momento vai se tornar um eterno looping de enrolação e vai se virar para as explicações menos plausíveis para fazê-lo. Aqui no piloto, as cenas finais são o maior triunfo de todo o episódio, principalmente porque o roteiro é de fato engenhoso com a virada-surpresa, e graças a uma Toni Collette inspirada (ou só agarrando a oportunidade de finalmente expressar alguma emoção não-artificial depois de 45 minutos de material que não está a sua altura como atriz).

Hostages não começou particularmente bem, e ainda tem pela frente a prerrogativa de pertencer a uma rede de televisão que vai esticá-la até quando o público se cansar de verdade dela. Enquanto todas as séries costumam se estruturar mais solidamente a partir de alguns episódios depois do piloto, a nova produção de Jerry Bruckheimer tem tudo para ficar cada vez pior.

*** (2,5/5)

HOSTAGES

Próximo Hostages: 01x02 – Invisible Leash (30/09)

Caio

25 de set. de 2013

Nós fomos: John Mayer – Born and Raised World Tour 2013 (Arenha Anhembi/São Paulo, SP)

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É comum ouvir que qualquer artista que coloca os pés no Brasil pela primeira vez se apaixona não só pelo país, como principalmente pelo público daqui. Exemplos não faltam: Will.I.Am é um apaixonado assumido, assim como Laura Pausini, Shakira e, mais recentemente, Jessie J. Com quinze anos de carreira e uma legião de fãs respeitável para um artista que não e´confessamente pop, John Mayer pareceu mais do que disposto a entrar nesse clube depois de alguns minutos do show na Arenha Anhembi ontem (19), primeira apresentação do moço por aqui, que este que vos fala viu de bem perto, a poucos metros do palco.

Testemunho de primeira mão, então: o homem é mesmo incrível. Na guitarra, cantando, e com o público, mesmo que este último jogo já estivesse ganho assim que ele entrou ao som de “No Such Thing”, música do primeiro lançamento de Mayer, Inside Wants Out, de 1999. A abertura teve a participação do grupo de percussão Meninos do Morumbi, e mesmo datando de 14 anos atrás ganhou coro afinadíssimo do público. O mesmo se repetiu em todas as músicas, mesmo nas do último álbum, Paradise Valley, que tem só um mês de lançamento.

“Wildfire” fez a platéria dançar (na medida do possível, se me permitem dizer), e a viagem pela carreira de Mayer continuou: teve “Half of My Heart”, do Battle Studies de 2009, “I Don’t Trust Myself (With Loving You)”, do Continuum de 2006, e sessão acústica liderada pelo hit absoluto “Your Body Is a Wonderland”, do Room for Squares de 2001. O delicioso cover de “Free Fallin’”, originalmente de Tom Petty, deveria fechar a sessão voz-e-violão, mas o público pediu e John não resistiu a tocar “Stop This Train”, também do Continuum.

Já encantado com a recepção do público, o moço se surpreendeu mais ainda ao tocar “Dear Marie”, do álbum novo, e não ver a animação diminuir. Pelo contrário, a platéia puxou coro de um gancho sem letra da música e gritou alto quando Mayer emendou um de seus solos de guitarra mais inspirados da noite (e isso não é uma competição fácil!). Depois dessa recepção calorosa, o moço se rendeu: “As vezes você se preocupa depois de 10, 15 anos, se as pessoas ainda se importam com o que você faz. Se alguém ainda quer te ouvir. É lindo ver o quanto vocês amam e se importam com cada canção que eu escrevo”. Mais tarde, ele emendou: “Está decidido: eu vou voltar para cá todos os anos para o resto da minha vida”.

Esperamos que a promessa seja cumprida, porque no equilíbrio entre canções novas e antigas, o que mostrou que John é muito confortável com seu repertório, o que brilhou na Arenha Anhembi na noite de ontem foi mesmo a conexão do artista com seu público. Poucas coisas são mais bonitas de ver, e uma delas com certeza é o solo maravilhoso no final de “Gravity”, que fechou a noite com chave de ouro. Em uma palavra: épico.

Caio

por Fernanda Martins
(COLABORADORA CONVIDADA)

Quem não se impressionou com a abertura do show de John Mayer que atire o primeiro solo de guitarra. “No Such Thing” foi a música escolhida para abrir o que estava prestes a ser uma apresentação incrível – quase pleonasmo para John.

O cantor norte- americano soube usar muito bem o seu repertório e selecionou as melhores músicas, de fato, para serem tocadas. Gostos pessoais à parte, a mistura da “velha” geração de fãs com a nova foi o toque mais do que especial para uma noite tão esperada.

Confesso que sou fã assídua e que “Heartbreak Warfare” fez falta, porém os solos de guitarra e a mistura das músicas novas com as mais antigas abafaram qualquer música que o publico tenha esperado que tocasse. Para uma fã da velha geração, não poderia deixar passar o momento ímpar que foi escutar “Daughters” e “Your Body is a Wonderland”, e ainda assim se emocionar com a introdução de “Slow Dancing in a Burning Room” – quem não?

O show de John Mayer foi imensuravelmente incrível. Além de cantor de alta potência – o que é perceptível, também mostrou que é músico, a cima de tudo. Solos de guitarras prenderam a atenção do publico do início ao fim em praticamente todas as músicas. John selecionou um acervo de música de sucesso. Nada mais esperado para um cantor como ele.

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O aguardado “secret project” da Madonna chegou, e ela quer começar uma revolução

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Meses de suspense e 17 minutos de vídeo em parceria com o fotógrafo Steven Klein: esse é o promissor começo do #secretprojectrevolution (assim mesmo!) de Madonna, muito provavelment o projeto mais ambicioso da carreira da cantora. Com uma linda encenação em preto e branco, o vídeo ilustra e vende a ideia de uma “revolução do amor”, indo em confronto a cultura cada vez mais conflituosa e menos pacífica do nosso tempo.

O voice-over da cantora por cima das imagens marcantes professa que através da criatividade de milhares de pessoas (essa é a parte mais bacana da ideia) é possível mudar a percepção de mundo do planeta todo – ou pelo menos de boa parte dele. O vídeo é a porta de entrada do projeto, e cumpre bem o papel de nos incitar a visitar o ArtForFreedom.com, site em que é possível contribuir com o projeto através de seu próprio trabalho artístico.

Essa noção de interatividade e colaboração é contemporânea e é também a base de todos os movimentos que vem surgindo nos últimos tempos para denotar uma nova forma de revolução se estruturando na mentalidade do século XXI. É muito inteligente da parte de Madonna se colocar como o rosto de uma dessas movimentações sem fazer com que tudo gire em torno dela.

O #secretprojectrevolution, no final das contas, é construído para ser sobre quem colaborar com ele, e essa é a gente jogada da Rainha do Pop, finalmente descobrindo que na época da internet, para ser relevante é preciso aceitar que se é só mais um.


Caio

24 de set. de 2013

Estreia: Chuck Lorre acerta as notas (e tem Anna Faris pra ajudar!) na nova “Mom”

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Chuck Lorre é um caso para se estudar na televisão americana. Criador das duas sitcoms mais icônicas da atualidade (The Big Bang Theory e Two and a Half Men), esse nova-iorquino de 51 anos destaca-se no cenário em que se insere não só pela audiência exorbitante de suas criações, mas principalmente por conseguir incutir nelas qualidades sutis que as colocaram na vanguarda do formato, sem nunca fugir dele. Mom, a nova investida de Lorre na CBS, como suas outras séries, dá aos personagens uma direção e uma motivação tão claras que é impossível negar a solidez do trabalho de roteiro. Essas jornadas são conduzidas sem comprometer aquilo que esses personagens tem de mais fundamental: seus defeitos.

Christy (Anna Faris) é uma mãe solteira de dois filhos, a adolescente Violet (Sadie Calvano), que odeia a mãe e está começando a mostrar sinais de vida sexual ativa, e o caçula Roscoe (Blake Rosenthal). Trabalha em um restaurante, onde se envolve com seu superior Gabriel (Nathan Corddry, de Harry’s Law) mesmo o moço sendo casado com a filha do dono do estabelecimento Para completar, Christy é uma alcoólatra e party girl que informa em uma reunião do AAA que deve todos esses vícios a sua própria mãe, Bonnie (Allison Janney) – mas que está sóbria a mais de 100 dias. Claro, como essa é uma sitcom americana, a reunião que assistimos é justamente aquela em que Christy reencontra Bonnie, e a matriarca jura estar também caminhando nos trilhos agora.

Ao construir esse mundo bem amplo, com uma variedade de cenários bem interessante para uma sitcom (além da casa de Christy, do restaurante e da sala do AAA, vemos hoje a escola de Roscoe e um café onde mãe e filha tem a primeira conversa de reconciliação), Mom estabelece um padrão alto para seguir nos próximos episódios. A qualidade das piadas não é exatamente proporcional à da produção, mas é preciso admitir que o roteiro do piloto arranca algumas boas risadas (nossa preferida pessoal: “While other mothers were cooking dinner, you were cooking meth!” “Otherwise known as working!”), e a atuação de Anna Faris, por si só, transforma algumas mais fracas em bons momentos, vide qualquer diálogo entre Christy e os filhos (“Oh God, would you? That’d be awesome!”) e na verdade qualquer oportunidade em que a atriz tem a oportunidade de deixar escapar um pouco de sarcasmo.

Se é isso que faz Faris uma protagonista tão perfeita para Mom, Allison Janney é uma história completamente diferente. Enquanto a intérprete de Christy tira graça de sua própria performance, Janney faz um trabalho maravilhoso com o texto de Lorre e injeta tempo cômico e elegância a cada frase proferida por sua Bonnie. Tudo sem estragar a charmosa irremediação que impregna todos os personagens da sitcom, é claro. Sem tentar ser uma viagem de redenção, Mom reconhece que a dificuldade da convivência humana está justamente no fato de que não podemos mudar tudo em nós. O que Lorre sabe melhor do que ninguém, e esse pode ser o segredo de todo o seu sucesso, é que é muito mais divertido acompanhar personagens num formato tão engessado quanto a sitcom quando eles são maduros o bastante para aceitar suas imaturidades.

**** (4/5)

Pra quem gosta de: The Big Bang Theory, Two and a Half Men,The New Adventures of Old Christine, My Name is Earl, Raising Hope

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Próximo Mom: 01x02 – The Unstoppable March of Multi-Generational Dysfunction (30/09)

Caio

Skylar Grey estrela divertido clipe para seu cover de “Get Lucky”, do Daft Punk

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por Caio Coletti

A performance menos que sensacional do primeiro álbum sob o pseudônimo de Skylar Grey não foi o bastante para desanimar (de novo!) a cantora-compositora Holly Brook. Ainda usando o nome, ela provou que pelo menos se tornou um nome reconhecido o bastante para ser a primeira escolhida da VEVO para protagonizar uma série de vídeos promocional em parceria com a marca de carros Nissan.

Acontece que o clipe é uma engraçada encenação de um dia muito sortudo na vida de Skylar, tudo ao som de um cover dubstep-hip hop-acústico de “Get Lucky”, a canção mais ouvida do verão americano. Só pra ouvir a moça cantar a música do Daft Punk já vale dar uma olhada.

Você precisa conhecer: Yuna

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A música pop muito provavelmente nunca teve uma estrela malaia de proporções internacionais. Mas é justamente desse país da Oceania que vem a diva, cantora, compositora e instrumentista Yunalis Mat Zara’ai, conhecida singelamente como Yuna. Grande estrela em seu país, a moça começou a investir na carreira internacional no ano passado, quando lançou o Yuna em terras americanas, com o aval de ninguém menos do que Pharrell Williams, que produziu o lead single “Live Your Life”.

Para uma estreante com uma raiz étnica tão incomum, o #23 na parada de Heatseeker Albums com o Yuna não foi nada mal. Isso animou a gravadora FADER a colocar a moça para trabalhar, e o segundo disco sai agora no próximo dia 29 de Outubro. Intitulado Nocturnal, o álbum promete um som mais urbano, mas ainda distintamente autoral, e com a voz marcante da moça. Duas canções da nova safra já foram divulgadas:


Caio

23 de set. de 2013

Zedd, Hayley Williams e o balé doméstico do clipe de “Stay The Night”

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por Caio Coletti

O DJ russo Anton Zaslavski, mais conhecido sob o pseudônimo Zedd, está cada vez mais perto de virar realeza da música eletrônica internacional: responsável pela produção de parte do novo álbum de Lady Gaga, o ARTPOP, o moço emplacou seu single “Clarity” no top 10 da Billboard Hot 100. “Stay The Night”, em parceria com Hayley Williams, vocalista do Paramore, vai pelo mesmo caminho.

Primeiro porque a canção é um hit nato, empolgante e grudenta com um refrão romântico bem similar aquele de “Clarity”. Segundo porque o vídeo lançado hoje (23) toma proveito não só do star power de Hayley como também de uma produção bem apurada e bacana, com um casal de bailarinos encenando a dança do relacionamento diário em cenários bem elaborados.

22 de set. de 2013

Emmy 2013: mais um ano da premiação que o Oscar devia tentar ser

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O Emmy Awards cresceu junto com a mídia que celebra, e o resultado é o seguinte: assim como a TV americana é tudo o que Hollywood devia tentar ser, mas não o faz porque prefere jogar seguro, o Emmy é tudo que o Oscar devia tentar ser, mas não o faz pelos mesmos motivos. A começar pelo anfitrião da noite, o sempre charmoso, sempre franco e engraçado, e sempre espetacular Neil Patrick Harris, dono de dois Emmys (nenhum pelo papel que o tornou famoso, o Barney de How I Met Your Mother). O moço abriu a cerimônia em tom brilhante e contemporâneo: “Hoje nos reunimos para celebrar o melhor da televisão. Para a nossa audiência mais jovem: aquela coisa que você assiste em seu telefone”.

As coisas só ficaram mais engraçadas a partir daí, com ex-anfitriões do prêmio subindo no palco para tentar dar dicas ao apresentador (Jane Lynch, Jimmy Fallon, Jimmy Kimmel, Conan O’Brien!) e a intervenção da sempre impagável dupla Tina Fey e Amy Poehler. Em termos de espetáculo, palmas também para a decisão de individualizar a já naturalmente comovente parte do in memoriam, trazendo ex-colegas de trabalho de Cory Monteith (Lynch novamente), James Gandolfini (Edie Falco), Jean Stapleton (Rob Reiner) e Gary David Goldberg (o sempre bem-vindo Michael J. Fox) para falar sobre seus amigos falecidos. As apresentações musicais ficaram por conta de Elton John, que apresentou uma faixa inédita em homenagem a Liberace, e Carrie Underwood, que cantou “Yesterday” para comemorar os 50 anos da primeira aparição dos Beatles na TV americana.

Isso sem contar os dois números musicais estrelados por Harris. O primeiro, em tom de comédia, contou com a participação de Nathan Fillion (Castle) e da comediante Sarah Silverman. O segundo, montado pelos indicados a categoria de Melhor Coreografia, trouxe instalações que lembravam todas as séries mais celebradas na lista do Emmy e proveu um espetáculo que o prêmio da Academia não traz já há algum tempo.

emmy-awards-20120923-08-size-620Bryan Cranston, o Mr. White da aclamada Breaking Bad

A premiação também devia servir de exemplo para o Oscar, mostrando uma votação mais focada e menos pulverizada (na esperança de agradar a todos). Nas categorias de Minissérie/Filme para TV o dia foi de Behind The Candelabra, que levou Melhor Ator para Michael Douglas, Melhor Diretor para Steven Soderbergh e Melhor Minissérie/Filme. Para a antes favorita American Horror Story: Asylum restou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante para o excelente James Cromwell, uma vez que Jessica Lange não levou Melhor Atriz, prêmio cedido a sempre brilhante Laura Linney, que fez sua última temporada da comovente The Big C este ano. Fechando essa seção de minisséries e filmes para TV do Emmy, a incrível Ellen Burstyn levou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por sua matriarca ousada em Political Animals.

No campo das séries a grande favorita Breaking Bad ficou com o grande prêmio da noite, Melhor Série Dramática, e com o aguardado troféu de Melhor Atriz Coadjuvante em Drama para Anna Gunn. Melhor Ator Coadjuvante em Drama foi para Bobby Carnivale por Boardwalk Empire, o segundo da carreira do ator (o primeiro foi como Ator Convidado, na sitcom Will & Grace). Melhor Atriz em Drama ficou pelo segundo ano consecutivo com Claire Danes por Homeland, enquanto Jeff Daniels surpreendeu quem dava a vitoria de Bryan Cranston por Breaking Bad como certa e levou Melhor Ator em Drama por The Newsroom.

No campo cômico brilhou a ótima Veep, que rendeu o prêmio de Melhor Atriz em Comédia para Julia Louis-Dreyfuss, também pelo segundo ano seguido, o que soma quatro vitórias ao todo na carreira da atriz, que já foi indicada 14 vezes ao Emmy. Seu companheiro de cena Tony Hale também ganhou Melhor Ator Coadjuvante em Comédia por Veep, a primeira indicação e primeira vitória para o moço conhecido como o Buster de Arrested Development. Apesar dos dois prêmios de elenco, Veep foi derrotada por Modern Family em Melhor Série Cômica, dando a série seu quarto Emmy consecutivo na categoria. Jim Parsons levou o terceiro troféu em cinco indicações por The Big Bang Theory na categoria Melhor Ator em Comédia, enquanto Merritt Wever ganhou seu primeiro por Nurse Jackie em Melhor Atriz Coadjuvante em Comédia.

modern-family-emmy (1)O elenco e equipe de Modern Family recebem o quarto Emmy de Melhor Série Cômica

Caio

21 de set. de 2013

De olho no Oscar 2014: Saiu o teaser de “Grace of Monaco”, com Nicole Kidman

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por Caio Coletti

Behold, concorrentes a categoria de Melhor Atriz! Atenção, Naomi Watts! A única mulher que irá ameaçar o posto de todas as outras no Oscar 2014 chegou: Nicole Kidman se prepara para um segundo auge em sua carreira ao vestir os trajes reais de Grace Kelly em Grace of Monaco, que ganhou primeiro teaser (lindíssimo!) essa semana. O filme do diretor de Piaf está marcado para 27 de Novembro nos EUA.

No teaser, uma narração em off é ouvida enquanto acompanhamos algumas cenas escolhidas a dedo e breves flashes de Nicole como Grace. O texto vai mais ou menos assim: “Muito depois da Casa de Grimaldi ter caído, o mundo vai lembrar do seu nome, Vossa Alteza. Você é o conto de fadas, a serenidade a qual todos nós aspiramos, e a paz virá quando você abraçar os papéis que você foi destinada a desempenhar. Porque não importa onde você estiver nos anos que vierem, eles vão continuar sussurrando seu nome. A princesa Grace”.

Tinie Tempah lança segundo álbum em Novembro – ouça os dois singles!

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por Caio Coletti

Um dos representantes mais bem-sucedidos de uma geração de rappers ingleses que explodiram nos últimos três anos, Tinie Tempah está se aproximando do lançamento de seu segundo álbum da carreira, Demonstration, que tem a responsabilidade de seguir a estreia meteórica do disco de estreia, Disc-Overy, de 2010, que alcançou o topo das paradas britânicas. O álbum, que terá a capa aí em cima, está marcado para 4 de Novembro.

Até agora, dois singles já foram lançados: o primeiro, “Trampoline”, ganhou clipe super divertido e tem a assinatura de Diplo na produção, apresentando um hip hop eletrônico mais nos moldes do último álbum; o novo “Children of The Sun” já ganhou uma vibe mais “Written in The Stars”, com participação de John Martin, colaborador costumeiro do Swedish House Mafia. Veja os dois vídeos aí embaixo:

20 de set. de 2013

James Blunt revela mais de Moon Landing, incluindo o novo single “Satellites”

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por Caio Coletti

O novo álbum Moon Landing, quarto da carreira de James Blunt, está marcadíssimo para sair no próximo dia 18 de Outubro, e aos poucos o moço revela mais dessa nova empreitada. Depois do primeiro single, a lindíssima “Bonfire Heart”, ganhar clipe a altura (destacamos o lançamento aqui), a capa do álbum, essa aí em cima, foi revelada: a gente aconselha a prestar bastante atenção a tipografia da capa, se você conseguir desviar os olhos do olhar de James.

Também foi liberada versão acústica da faixa “Miss America”, que vai soar bem mais familiar para os fãs antigos de Blunt do que o segundo single, “Satellites”, que agora ganhou lyric video. Com batida contagiante, sabor pop e tratamento visual bem polido e futurista, como quase tudo no Moon Landing até agora, não dá pra dizer que a canção não surpreende.

Tegan and Sara dizem “Goodbye, Goodbye” de todas as formas no clipe

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por Caio Coletti

O tribulado e delicioso álbum mais recente das gêmeas Tegan e Sara Quin, Heartthrob, rendeu as moças o primeiro gostinho de reconhecimento mainstream depois de 14 anos de carreira e sete discos lançados. O álbum chegou ao topo da US Alternative da Billboard, e o single “Closer” foi líder na US Dance. Depois da baladinha “I Was a Fool”, as românticas moças agora apostam em “Goodbye, Goodbye” como terceiro single.

A canção, que segue a tendência synthpop com pegada rock e ecos de Cyndi Lauper do álbum, ganhou vídeo na quarta-feira (18), mostrando as irmãs e uma série de outras pessoas às voltas com o momento de dar “adeus” a um relacionamento. Como estamos no século XXI, o clipe não deixa de fora aplicativos de celular, SMS, chats e comentários de Facebook, misturando a letra ao vídeo de maneira deliciosa.

“TKO”, o novo single do Justin Timberlake, é a “Mirrors” do segundo 20/20 Experience

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por Caio Coletti

O segundo volume do The 20/20 Experience, projeto mais recente de Justin Timberlake, tem data marcada para sair: 30 de Setembro. Com o dia se aproximando, o moço resolveu lançar o segundo single e, assim como aconteceu na primeira “fatia” do álbum, esse segundo lançamento abandona um pouco o sabor nostálgico que domina essa era do artista e vai de encontro a uma abordagem contemporânea do pop.

Um pouco mais mirada para o hip hop que “Mirrors”, no entanto, a nova “TKO” traz Timbaland em sua melhor e mais tradicional forma, enquanto Justin mostra que ainda tem desenvoltura quando quer caminhar pelo hip hop de instrumentação pesada. O denominador comum mesmo é a duração, que bate nos 7 minutos mais uma vez.

Review: “Círculo de Fogo” e a união pelo bem maior

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A internet parece ter um novo amor. No estranho mundo dos fandoms, nunca se sabe qual será a próxima febre que dominará o Tumblr e outras redes sociais pelas semanas vindouras. Após o inusitado acolhimento da violenta Hannibal, cá se encontra outro choque: a atual cisma é nada menos que um filme sobre robôs gigantes lutando contra aliens igualmente enormes. Círculo de Fogo, dirigido pelo aclamado Guillermo del Toro, é uma homenagem a produções como Godzilla e Ultraman. Mas o que será que o longa-metragem tem de tão bom a ponto de criar uma legião de adoradores?

Diversão é a palavra-chave. Apesar das fortes emoções que envolvem os personagens, Círculo de Fogo realiza o que se propõe sem aparente esforço, agradando não só fãs de suas inspirações ou os amantes de ficção científica, mas também os sedentos por uma boa dose de entretenimento. Alienígenas surgiram de uma ruptura no fundo do Pacífico, forçando uma busca dos terráqueos por uma defesa contra os monstros. Tal mecanismo foi encontrado nos Jaegers, robôs pilotados por humanos que dividem uma conexão cerebral para lutar contra os Kaijus. E no que pode ser descrito como um orgasmo de efeitos visuais, Del Toro lidera uma aventura inesquecível.

O inteligente roteiro, parceria de Travis Beacham e Guillermo, sabe bem o que faz. O ritmo, que oscila entre ação e emoção, consegue prender o espectador quase que imediatamente, mostrando a que veio logo nos primeiros segundos. E é impossível não se importar com os personagens da trama, mesmo que alguns não tenham tanto destaque. Também é necessário apontar que a história não gira em torno de um país magnânimo que soluciona todos os problemas sem precisar de ninguém; precisamente o contrário, sendo que a própria tecnologia Jaeger não foi criação norte-americana. É lindo de ver, de forma literal. Todo o trabalho visual só precisa de um comentário: Oscar de fotografia e efeitos especiais, por favor.

Charlie Hunnam, estrela da ótima Sons of Anarchy (e quem assiste a série do FX sabe o quão bem o moço atua), cumpre seu papel de herói devidamente com seu grande carisma e físico. Apesar de Raleigh Beckett não exigir tanto do ator, Hunnam consegue manter-se grande de qualquer forma, sendo adorável quando necessário e chutando bundas com maestria, tanto dentro quanto fora do Jaeger. Tais características também se aplicam a indicada ao Oscar Rinko Kikuchi, intérprete da aparentemente frágil Mako Mori, cuja face jovial lhe serve como grande trunfo ao quebrar a primeira impressão que o público tem de sua personagem. Mas quem realmente rouba a cena é Idris Elba e seu Stacker Pentecost. A já imponente figura do ator parece exalar autoridade, dominando as atenções sempre que se encontra no quadro. Além disso, uma faceta não muito vista nos trabalhos de Elba se mostra nas expressões duras do Marechal, provando a versatilidade de sua atuação, que vem conquistando seu merecido espaço em grandes produções hollywoodianas. Charlie Day, Burn Gorman e Max Martini precisam ser mencionados também, visto que fazem parte de um fortíssimo elenco de apoio.

Outro destaque aqui é a belíssima trilha sonora composta por Ramin Djawadi: embora por vezes ofuscada devido à constante ação na tela, as faixas fazem seu trabalho de forma brilhante, explicitando emoções e complementando cenas de luta que definitivamente não seriam as mesmas sem o ótimo trabalho de Djawadi. Alternando o uso de guitarras para animar e vozes unindo-se à orquestra quando um ar mais sério se faz necessário, não é exagero dizer que Ramin, que assina as composições de Game of Thrones, criou uma das trilhas sonoras mais interessantes do ano. A música-tema, “Pacific Rim”, que pode ser ouvida diversas partes do longa, sintetiza toda a empolgação e badassery presentes em Círculo de Fogo. Cá fica a esperança, mais uma vez, de que a Academia reconheça seus méritos.

A moral da divertida saga comandada por Del Toro é clara: a salvação do mundo não está nas mãos de um país, e sim na união entre eles. E dando esta belíssima lição, o mexicano entrega um dos melhores filmes do ano e o que talvez seja o mais divertido de 2013. Definitivamente duas horas da sua vida que não serão desperdiçadas.

PACIFIC RIM

Círculo de Fogo (Pacific Rim, EUA, 2013)
Direção: Guillermo Del Toro
Roteiro: Travis Beacham e Guillermo Del Toro
Elenco: Charlie Hunnan, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Charlie Day, Burn Gorman, Maz Martini, Ron Perlman
131 minutos

Samela