Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

Drake, Lorde e Goldfrapp são apenas três dos artistas que chegaram arrasando na nossa lista.

Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

31 de mai. de 2013

Review: Hannibal, 01x10 – Buffet Froid

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por Andreas Lieber

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

O inglês tem uma expressão, “gone berserk”, que significa que algo, antes puro, se contaminou do mais profundo sentido malévolo de destruição. Do dicionário, “berserk” quer dizer possuído, endemoniado, mas sua origem remonta os Berserkers, guerreiros nórdicos com juramento à Odin que entravam em fúria assassina antes das batalhas. No décimo episódio de Hannibal, “Buffet Froid”, – que dispensa explicações de sua origem francesa, sendo apenas um bufê frio – temos justamente um contos de fadas “gone berserk” quando Beth LeBeau é atacada por algo embaixo de sua cama em sua casa na floresta e afastada da cidade.

Aprofundando-se ainda mais em Will e seu estado mental cada vez mais precário, nesse episódio o temos atingindo o seu extremo ao perder horas de consciência e acordar enquanto faz a reconstrução do assassinato no quarto da moça. O único problema é que ele acorda em cima dela, contaminando assim a cena do crime. Após falhar em um teste cognitivo feito por Hannibal (Teste do Relógio), Will é encaminhado para um neurologista amigo do Dr. Lecter, Dr. Sutcliff (John Benjamin Hickey, da já finalizada The Big C) a fim de ser realizada uma ressonância magnética. Após análises, conclui-se que Will sofre de encefalite, uma inflamação aguda no cérebro.

Outro fator intessante em “Buffet Froid” é mais uma vez as veias manipuladoras de Hannibal: convencendo o neurologista a não contar a ninguém e mentir sobre os resultados de Will, vemos um Dr. Lecter empurrando e esticando as barreiras mentais de Will ao limite. Quando o próprio Dr. Sutcliff é encontrado morto de modo semelhante ao de Beth LeBeau – com o famoso “Glasgow smile” –, somos apresentados ao monstro do contos de fadas: Georgia Madchen (Ellen Muth). Sofrendo de uma rara doença mental, Síndrome de Cotard, a moça acredita que está morta e que seus órgãos internos estão em estado de putrefação, além de perder a capacidade de reconhecer as feições de pessoas e se encontrar em um estado de depressão psicótica.

Quando descobrimos, em instantes finais, que na verdade o assassino do Dr. Stucliff é Hannibal tentando fazer com que a culpa recaia sobre Georgia, uma vez que ela seguia Will, percebemos a que ponto o Dr. Lecter pode chegar para continuar seus planos; o que não fica claro, no entanto, é quais são esses planos em relação a Will. Em uma das cenas finais, que começa digna de filme de terror com Will encontrando uma Georgia catatônica embaixo de sua cama, termina com uma ternura inesperada quando o mesmo busca pela mão da garota-zombie, dizendo que ela não está só. Talvez em um de seus episódios mais densos e pertubadores, Hannibal mostra ao público o porquê mereceu ser renovada. E como merecia! Um viva para a NBC!

Em última nota, vale ressaltar um interessante easter egg em “Buffet Froid”: Ellen Muth, que viveu Georgia Madchen nesse episódio, foi a estrela de Dead Like Me, antiga série da Showtime do mesmo criador de Hannibal, Bryan Fuller. Em Dead Like Me, Ellen também se chamava Georgia, só que com o sobrenome Lass… e onde já vimos uma Lass? Isso mesmo, Miriam, a trainée morta de Jack.

5/5(*****)

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Próximo Hannibal: 01x11 – Rôti (06/06)

30 de mai. de 2013

Mais uma parceria para impulsionar Lauriana Mae: “Chandelier”, com B.o.B

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por Caio Coletti

Essa já é a terceira vez que Lauriana Mae dá as caras aqui n’O Anagrama. Aqui, no nosso primeiro artigo sobre a moça, dá pra conhecê-la bem, principalmente através das três deliciosas faixas de seu único EP até hoje, o Love Mae. Embora ainda estejamos no escuro quanto a vinda de um primeiro álbum de estúdio, Lauriana lançou hoje (30) seu segundo vídeo de parceria em alguns poucos meses: “Chandelier”, com B.o.B.

Embora saia perdendo em relação a parceria com CeeLo Green, “Only You” (tema do nosso segundo post sobre Lauriana, aqui), “Chandelier” é uma pérola para quem, como este que vos fala, é apaixonado pelo timbre e pela eterna delicadeza do fraseado da moça. “Chandelier” é o quinto single oficial do Strange Clouds, álbum de B.o.B. lançado no ano passado.

Diana Vickers nos lembra o quão jovem ela é no novo clipe, “Cinderella”

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por Caio Coletti

A pouco mais de um mês nós aqui n’O Anagrama demos destaque para o retorno da Diana Vickers (vem ver o post aqui) com o single “Cinderella”, precedente do segundo álbum da moça, marcado para 21 de Julho depois de três anos de adiamentos e troca de gravadora. Hoje (30) é a vez da moça entregar o clipe para a faixa, e nos lembrar que: (1) Julho está chegando! (2) Diana tem só 22 anos.

Às vezes é fácil esquecer a pouca idade da moça simplesmente porque, aos 19 anos em 2010, ela estava cantando música de gente grande. Mas até Diana precisa deixar a maturidade de lado um pouco e agir de acordo com a sua idade, então temos, em “Cinderella”, uma reencenação do clássico conto de fadas num contexto moderno. O vindouro novo álbum é intitulado Music to Make Boys Cry.

Nós fomos: Marisa Monte – Verdade Uma Ilusão Tour 2012/13 (Campinas/SP)

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por Gabryel Previtale
(@gabryel55)

Gente do céu! Eu fui ao show da Marisa Monte (SIM!!!!), muito raro e muito belo “Verdade uma Ilusão tour 2012/13”e vou contar um pouco como foi tudo por lá. Fui no dia 17 de maio (teve uma apresentação também no dia 18, pela grande procura) no auditório do colégio Liceu, aqui em Campinas, interior de SP. Sobre o preço dos ingressos: eu paguei bem barato, tem muita gente reclamando dos preços em outros lugares do Brasil, mas aqui estava muito acessível, fui de cadeira normal e me arrependi porque não achei que o show seria tão bom e tão bem produzido, achei que ia ser algo mais simples e intimista, mas não, queimei a língua porque foi uma enorme produção, com muita luz, muita cor e tudo que a gente gosta. Mas deu pra ver tudo de onde eu estava, e nossa, foi muito bom. Marisa como sempre muito simpática e muito animada sambou e dançou durante as músicas e sempre dizendo que ama vir cantar em Campinas. O publico também muito animado, cantando bem alto seus maiores sucessos, em suma ocorreu tudo bem durante todo o show.

Marisa cantou muitas músicas do seu álbum novo, O que você quer saber de verdade, que foi a base do show, lançado em outubro do ano passado, daí então foi intercalando com grandes hits da sua carreira, desde Tribalistas até “amor i Love you”, passando por “Beija eu”, “Não vá embora”, “Depois” entre outras. É a primeira turnê de Marisa em 5 anos, e a sétima de toda a sua carreira, o CD é o oitavo lançado pela artista, premiada com três Grammys Latinos. Na turnê, que também foi internacional com shows em Portugal, Espanha, Londres e etc, Marisa optou por fazer só essas duas apresentações no interior paulista, e as duas em Campinas.

Sobre a produção, só vendo mesmo, mas teve muita luz formando desenhos nas paredes (projeções) atrás do publico; nas paredes do lado do palco “completando” e expandindo o desenho do show, muito movimento de figuras e cores, espelhos gigantes se movendo e etc. Os vídeos e fotografias que acompanharam as músicas foram muito bonitos, tanto que ao final do show Marisa dá uma lista dos artistas que compuseram as obras para a apresentação. Só um adendo para o final do show quando Marisa se despede com a banda, que tem integrantes da banda Nação Zumbi que acompanharam ela na turnê, enfim, ela volta a pedidos do público para cantar “Bem que se quis”, começa cantando os primeiros versos e vai embora, sem dizer nada, deixando o palco. Todos continuaram a cantar com a esperança que ela voltasse, mas não, achei engraçado, porém vi muita gente reclamando com o “descaso” da cantora.

Review: A polêmica (para os fãs de quadrinhos ou não) de Homem de Ferro 3

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ATENÇÃO: esses reviews contem spoilers!

por Gabryel Previtale
(@gabryel55)

O leigo dos quadrinhos, eu (que não sou tão leigo assim, digamos que não compartilho das milhões de histórias e personagens existentes da Marvel e etc), irei dar meu parecer do filme Homem de ferro 3.

De início deixo claro que não espero muita coisa de filmes da Marvel além de entretenimento no geral, e pra chutar o balde de vez o Tony Stark não é nem de longe meu herói favorito. Mas diferenças a parte vamos aos pontos bons e ruins do filme em si. Bom, pelo que percebi nesta terceira adaptação para os cinemas do Homem de ferro, o longa focou em certa regressão de Tony, regredir no aspecto de ter só sua inteligência como arma, “humanizar” mais o herói e deixar ele sem muitos elementos de combate e sem seus superitens tecnológicos e milhões de dólares. Tem muita gente dizendo por aí que o filme tem a receita clonada de Batman, mesmo enredo, mesmo estereótipos de vilão, de mocinha, de herói e etc. Sinceramente, eu gosto muito mais de Batman, mas não achei “clonado” (claro que tem coisas parecidas, porém não me incomodou e nem se fez menos do filme por isso, pelo contrário, como eu adoro Batman tudo que se “parecer” com ele, vou gostar também). Daí existem alguns fatores que eu gostei muito e em contrapartida coisas que odiei.

O filme começa com um flashback de Stark em 1999 em uma festa de Réveillon onde é bem óbvia a marcação do futuro vilão e a aparição de Dr. Wu, que apareceu por 4 segundos e eu não entendi o porquê (talvez quem seja fã dos quadrinhos saiba) e da cientista nerd que era pra ser feia, no entanto não é nem um pouco feia. Nesta festa nasce o vilão do filme, Aldrich Killian, que é rejeitado/leva um bolo do Stark. A premissa é interessante, por dar valor ao “anonimato”, Killian percebe que é mais vantajoso viver sem que as pessoas soubessem quem ele é, ao contrario do nosso herói. O vilão segue financiando projetos terroristas com a cientista até chegar ao Extremis, que faz com que as pessoas explodam e se regenerem. Acho que não é nessa ordem, mas o fato é que eu achei original. Aí o filme não tem reviravolta nenhuma porque todo mundo sabe quem vai ser o vilão, até entrar o Mandarim na historia, que sinceramente deve ter deixado os fãs de HQ’s emputecidos de raiva, uma vez que o Mandarim no filme é um ator, criado por Killian para amedrontar os EUA e nos quadrinhos ele realmente é um vilão bem foda (pelo que me disseram).

Sinceramente, pra mim não mudou muita coisa, achei meio óbvio também, mas original para o cinema ao mesmo tempo e bom para a proposta do longa (digo óbvio porque logo no começo eu já tinha sacado que o Mandarim possivelmente era uma invenção). Mas aí está o pulo do gato, minha gente! Um filme norte americano jogar na cara da sociedade que o país precisa de um vilão, precisa de uma mira e ainda mais que ele precisa ser combatido pelas forças supremas dos EUA (o Patriota no caso, amigo do Stark, meio que um auxiliar) fez a premissa ficar mais sensacional ainda. Achei boa essa mudança para o filme porque, primeiro, bate mais com a proposta do filme que é muito calcada na realidade, temas políticos, tráfico de armas, poder, dinheiro e etc, e ao mesmo tempo reflete temas atuais que os EUA vêm sofrendo. E as cenas de ação não vou nem comentar porque são realmente muito, mais muito boas mesmo, muito caprichadas (a do avião, nossa).

Agora vou falar do que eu não gostei: o filme é tão bom nas cenas de ação que os buracos de roteiro ficaram quase que imperceptíveis, quer dizer “quem liga se a historia faz sentido quando se tem robôs voando e atirando bombas”. News flash: eu ligo. Ouvi gente dizendo que não gostou da participação de uma criança que ajuda Stark em uma grande etapa do filme, eu não liguei, achei até bom essa aproximação dele com o “publico infantil” até porque né, gente, é um filme de herói, não é só pra nerds com 20 e tantos anos. Mas me incomodou demais o humor excessivo e desnecessário do Tony com a criança e com o resto do elenco, eu não achei graça; na verdade quebrava a cena que podia ser legal com uma piada ridícula. Eu virava o olho no cinema e pensava: “BITCH SAY WHAT?”. Outro ponto, no inicio do filme a cientista bonitinha vai para a casa de Stark quando a mesma é bombardeada: ora, a cientista estava junto de Killian, o vilão, portanto sabia que iam derrubar a casa que ia explodir tudo ali, e porque mesmo assim ela foi? Pra se suicidar? E pra falar a verdade nem sei como ela sobreviveu, já que só a Pepper usava a armadura (falando nisso adorei a Pepper, achei ela bem boa no filme). Daí o lance do Extremis que faz as pessoas explodirem, mas em certa parte do filme o povo infectado com esse experimento viram uns X-Men, meio que faltou uma explicação, como eles passaram a controlar esses “poderes”? Ficou meio vago aí. Outro ponto: o Tony parece chamar a armadura em certos momentos que a gente achava que ele não podia ou não tinha mais armadura de ferro, digo, se ele podia ter feito isso, porque não o fez antes?

Fez-me desgostar mais do filme a cena bem no final em que Tony deixa a Pepper cair e choca a todos dando a impressão que ela morreu, mas logo em seguida ela sobrevive e etc. Sei que ela é uma personagem importante, mas a cena foi tão boa, que se ela de fato tivesse morrido ia agregar bastante ao filme, principalmente em enredo. O ajudante dele, o Patriota, é bem vago também, quando mais se precisou dele, ele não estava com a armadura, ela passou maior parte do tempo “vazia”. A cena em que Tony chama os outros 42 homens de ferro, era para ser algo sensacional: achei mal aproveitada, não levantou quase nada o clima no filme. No final ele faz uma micro-operação no tórax para retirar aquele circulo de energia que Stark possuía, também não entendi: se era tão fácil porque não fez antes? Talvez quem seja fã do herói saiba melhor responder essas duvidas do que eu, mas, diga-se de passagem, o filme não é só para os fãs.

por Marlon Rosa
(@Marlon_r)

Vai ver Homem de Ferro 3 nos próximos dias? Então fique com esses três conselhos:

1. Esqueça a coerência com o primeiro filme do Homem de Ferro.

2. Se você acompanha ou já acompanhou Homem de Ferro nos quadrinhos, esqueça o Mandarim que você conhece.

3. Costuma prestar atenção em roteiros? Bom, dessa vez talvez você tenha que dar uma relevada.

Falando assim, até parece que o filme é ruim, mas não, o filme é até bom, ouso dizer que é o melhor da trilogia. Tony Stark ainda continua sendo aquele Tony Stark que a gente conhece, só que agora com crises de ansiedade devido aos eventos ocorridos no filme d’Os Vingadores. Ele também está muito mais humano, e preocupado com a vida das pessoas que ama, o que se resume a Pepper Pots (que na minha opinião foi a que mais brilha em todo filme).

O filme tem as melhores sequências de ação que eu já vi na vida - ainda estou com a do avião na cabeça <3 – cenas estas que fazem com que as falhas de roteiro possam ser deixadas um pouco de lado.

Como fã de quadrinhos, o filme realmente não foi feito pra mim por um único motivo: o vilão que eles apresentam no filme e nos cartazes, é um dos maiores vilões da Marvel, e um dos que mais deu trabalho ao Homem de Ferro. A forma como trouxeram ele no filme é até legal e uma boa sacada em prol da ambientação para os dias de hoje (vocês irão entender ao assistir o filme), mas, ao meu ver, não compensa fazer essa adaptação em troca de um ótimo Mandarim que Ben Kingsley teria sido. É a mesma coisa que tirar todo vilanismo e poder mutante do Magneto e fazer dele apenas um rosto e/ou uma bandeira para que os mutantes se escondam atrás pelos seus atos terroristas.

A conclusão a que se chega, é que o filme foi feito para quem conheceu o Homem de Ferro nos cinemas, não nos quadrinhos, esses sim vão encontrar uma sequência a altura de suas expectativas, porque as minhas foram massacradas a cada minuto do filme.

original

Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, EUA/China, 2013)
Direção: Shane Black
Roteiro: Drew Pearce, Shane Black
Elenco: Robert Downey Jr, Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Guy Pearce, Rebecca Hall, Jon Favreau, Ben Kingsley, William Sadler
130 minutos

Você precisa conhecer: Bo Bruce

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por Caio Coletti

A escorpiana de 29 anos Bo Bruce é mais uma das preciosidades um tanto escondidas que surgem do The Voice UK. A participação meteórica da moça no programa britânico em 2012 lhe rendeu a tração que sua carreira precisava para decolar: embora já tivesse lançado o EP Search The Night de forma independente, foi ao se tornar a segunda colocada do The Voice que Bo assinou contrato com a Mercury Records e viu a gravação anterior alcançar o #2 nas paradas britânicas.

Essencialmente uma cantora-compositora, com crédito de autoria por todas as canções do seu álbum de estreia, o Before I Sleep, Bruce tem admiradoras célebres como o ícone do pop experimental Kate Bush, que a parabenizou pela performance de “Running Up That Hill” no The Voice. Bush, aliás, é uma das referências claras na gravação de estreia, que empresta da pioneira oitentista as letras pungentes e o instrumental que passeia entre o tribal e o pop rock.

O novo clipe de “Alive” ilustra bem o estilo e a visão artística de Bo:

29 de mai. de 2013

Ke$ha ultrapassa todos os limites da bizarrice no clipe de “Crazy Kids”

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por Caio Coletti

Que Ke$ha é desbocada o bastante para tirar sarro de si mesma a gente já sabe, mas “Crazy Kids” é o tipo de videoclipe que leva as coisas alguns quilômetros além de qualquer limite pré-estabelecido de bizarrice. No melhor sentido, é claro, Ke$ha segue empurrando as fronteiras do pastiche pop, faz rap com versos como “I’m fresher than that Gucci” (alô, Kreyshawn! Recado pra você!), consegue tornar will.i.am suportável de novo e ainda tem tempo de se mostrar uma das melhores compositoras melódicas pop da atualidade.

Com clima de subúrbio, misturando pitbulls, look gangsta, pinball e até um homem tatuado ao lado de um burro dentro de um banheiro (pois é), “Crazy Kids” é o auge da estética cigana/fashion/decadente do Warrior. O álbum pode ter sido um fracasso de vendas, mas é um triunfo na missão de brincar com o kitsch e o trash para compor uma das obras pop mais envolventes dos últimos tempos. Quem sai perdendo, se não comprar a ideia, é o público.

28 de mai. de 2013

Kelly Clarkson faz propaganda para um mundo mais colorido (e não só pra isso) no clipe de “People Like Us”

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por Caio Coletti

Depois da excelente “Catch My Breath” ter melhor desempenho na Billboard que o próprio terceiro single do Stronger (“Dark Side”), Kelly Clarkson resolveu aproveitar mais uma das inéditas incluidas em seu Greatest Hits: Chapter One. A boa, mas nunca surpreendente, “People Like Us” ganhou vídeo hoje (28), no mesmo estilo de apelo coletivo e auto-ajuda que dominou a última fase cantora.

No clipe, Kelly intepreta uma cientista que, num mundo todo em preto-e-branco, investiga junto com uma equipe o caso de uma “garota colorida”. A Dra. Clarkson se afeiçoa da menina e resolve fugir com ela, com direito a correria, efeitos especiais de videogame e propagandas descaradas da Nokia e da BMW. Genérico, “People Like Us” tem a sorte de contar com o carisma de Kelly, vocalmente e em frente a câmera.

Hoje é aniversário da Kylie, e tem até música nova pra comemorar!

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por Caio Coletti

A popstar australiana que mais influenciou (e mais foi negada essa influência) na música pop do século XXI está de volta! Como hoje é aniversário da moça, que completa 45 anos e parte para o décimo segundo álbum de estúdio da carreira, o podutor Nom de Strip resolveu liberar no seu Soundcloud uma nova canção, que diz-se estar presente na nova gravação de Kylie. Belíssimo presente de aniversário para quem gosta de música pop boa de verdade.

“Skirt” pode não ter o apelo imediato de uma “All The Lovers” ou uma “In My Arms”, mas é essencial e inalienavelmente Kylie, e é isso que importa. O refrão delicioso faz esse trabalho, enquanto a batida fragmentada no verso e a produção flertam com o dubstep sem cair no óbvio (é claro, estamos falando de Kylie). Além de Nom de Strip, o álbum, que é o primeiro da australiana sob o selo Roc Nation, tem produções de Fernando Garibay, Pharell, Darkchild, Sia, Nervo e Jay-Z.

27 de mai. de 2013

Review: A Dama de Ferro, uma crítica emocional a inflexibilidade

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por Caio Coletti

A Dama de Ferro é um filme extremamente sutil em sua colocação principal, e talvez por isso tantos críticos e espectadores tenham perdido o seu ponto. Há alguma verdade nas argumentações de que o filme de Phylida Lloyd não toma um posicionamento político em relação ao tempo extraordinário (e polêmico) em que Margaret Thatcher esteve no cargo de Primeira Ministra da Inglaterra, entre 1979 e 1990, mas isso ocorre principalmente porque Lloyd e a roteirista Abi Morgan não tem intenção alguma de fazer de A Dama de Ferro um filme sobre política. Sem dúvida foi isso que a maioria do público esperou da obra, mas não é isso que ela nos oferece: ao invés de analisar a validade das decisões de Thatcher, A Dama de Ferro é um estudo sensível e uma sentença emocional pungente sobre a própria filosofia de vida da personagem-título.

O retrato que o filme pinta de Thatcher é o de uma mulher que baseou sua vida (e conquistou coisas extraordinárias) no princípio de nunca comprometer a própria visão de mundo em razão de circunstâncias externas. Esse é um pensamento que, quando se é o líder máximo de um país, pode levar a consequencias devastadoras: a morte de milhares de soldados na guerra contra a Argentina pelas Ilhas Falkland; um longo período de greves, desemprego e agitações urbanas graças a uma política economica que quase destruiu a indústria britânica antes de fazê-la se recuperar fenomenalmente. A Dama de Ferro nos mostra tudo isso sob a lente de uma Thatcher envelhecida que relembra glórias e desgraças do passado, então é claro que, em última instância, mantem uma atitude respeitosa em relação aos benefícios que essas políticas rígidas e imutáveis de sua protagonista trouxe ao país que governou. Mas não é um filme Tatcherista, simplesmente porque seu ponto principal está longe, e bem longe, do âmbito político.

O coração do filme está nas cenas em que Meryl Streep aparece como a Tatcher octagenária e, especialmente, em sua dificuldade de se relacionar com a as alucinações que tem do marido falecido, interpretado por Jim Broadbent. Nessas cenas, e em sua eventual conclusão, o filme parece nos dizer que, por mais que se busque nunca comprometer certos princípios, a vida nos quebra a todos. São simbólicos o diálogo da velha Tatcher com o seu médico e a cena derradeira do filme. Houve críticas quanto ao fato de mostrar Tatcher a beira da demência enquanto a ex-primeira-ministra ainda vivia, mas o fato que que A Dama de Ferro, enquanto fala de Tatcher, quer falar de todos nós. E, por isso, embora não seja uma biografia que dê ao espectador um retrato amplo e equilibrado das forças políticas que se moveram na época retratatada, é um pedaço de drama excepcional que quer nos mostrar que até a Dama de Ferro se curva ao mundo, no final das contas.

Tecnicamente, A Dama de Ferro é um filme perfeitamente louvável. A maquiagem vencedora do Oscar é fenomenal, especialmente em Streep, e a fotografia de Elliott Davis (Aos Treze) empresta crueza e técnina a direção sempre incansavelmente criativa e fluida de Lloyd (Mamma Mia!), um talento ainda a ser reconhecido. Claro, o ponto fundamental da narrativa é a atuação de Meryl, e a terceira estatueta do Oscar foi mais do que merecida. Seu retrato de Thatcher não é só excepcional no sotaque e na linguagem corporal perfeitamente mimetizada, mas principalmente na missão de infiltrar a mais profunda essência da personagem e trazê-la para a atuação. Muito similarmente ao trabalho de Michelle Williams em Sete Dias com Marilyn, Streep nos faz deixar o filme com a sensação de ter experimentado a convivência e dividido as angústias e particularidades de Thatcher. É essa personagem humana, cuja epxeriência de vida lentamente se fez mais forte que sua própria (e formidável) determinação, que A Dama de Ferro quer mostrar. E, inegavelmente, consegue.

***** (4,5/5)

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A Dama de Ferro (The Iron Lady, Inglaterra/França, 2011)
Direção: Phyllida Lloyd
Roteiro: Abi Morgan
Elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Alexandra Roach
105 minutos

26 de mai. de 2013

Jessie J no caminho para o novo álbum com o single “Wild”

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por Caio Coletti

Sem esperar muito depois do lançamento de seu álbum-revelação, Who You Are, Jessie J provou que sabe como continuar nos holofotes, seja como mentora no The Voice UK, seja roubando o show na abertura das Olimpiadas de Londres, seja raspando o cabelo por uma boa causa. O novo visual é parte integrante de “Wild”, clipe do novo single da cantora, primeiro de um segundo álbum ainda sem título ou data de lançamento revelados.

Com particpação dos rappers Dizzie Rascal e Big Sean, a canção traz uma pegada eletrônica bem ao gosto do público que abraçou Skrillex e o dubstep, mas enfatiza os sintetizadores e a melodia no refrão cantado com a excelência e a personalidade de sempre por Jessie. O clipe, por sua vez, tem uma edição esperta e a cantora e seus convidados contra um fundo branco.

Veja (e ouça o single em melhor qualidade) aí embaixo:

Cannes 2013: Dia 11 – Os premiados, enfim!

624_341_e47f68384abe60d7fcf20eeee678fe84-1369591171Abdellatif Kechiche entre Adèle Exarchopoulous (esquerda), Lea Seydeux (direita), suas estrelas em La Vie d’Adèle, e sua Palma de Ouro

por Caio Coletti

Pela primeira vez em cinco anos, um filme francês foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes. La Vie d’Adèle, também chamado Blue is The Warmest Color, era o preferido de boa parte das revistas e críticas que acompanharam o Festival, e venceu também o prêmio da crítica estrangeira (FIPRESCI Award) e o do Júri Ecumênico, que dá o troféu para filmes que reforçam causas sociais. O conto de amor entre duas mulheres do diretor Abdellatif Kechiche, em sua primeira seleção para o Festival, foi recebido calorosamente pelo público no nono dia de Cannes, mesmo com as cenas sexuais gráficas adaptadas da graphic novel de Julie Maroh. O filme é estrelado pela surpreendente Adèle Exarchopoulus e por Lea Seydoux (A Bela Junie), com os cabelos pintados de azul.

O júri de Steven Spielberg distribuiu os prêmios restantes da seguinte forma: Bruce Dern, desde já uma das apostas certas para o Oscar 2014, venceu Melhor Ator por Nebraska, de Alexander Payne; Berenice Bejo ficou com Melhor Atriz por Le Passé, de Asghar Farhadi.; Melhor Roteiro foi para A Touch of Sin, de Zhangke Jia; e Melhor Direção caiu nas mãos do mexicano Amat Escalante, pelo ultra-violento Heli. O filme dos irmãos Coen, Inside Llewyn Davis, ficou com o famoso “prêmio de segundo lugar” de Cannes, o Grand Prix do Júri.

panhO diretor cambojano Rithy Pahn vence a mostra Un Certain Regard

Veterano de quase 20 títulos lançados, o cambojano Rithy Panh levou o prêmio máximo da mostra paralela mais importante de Cannes, a Un Certain Regard. Anunciada um pouco antes da Palma de Ouro, a premiação da mostra que incluia em sua competição As I Lay Dying de James Franco e The Bling Ring de Sofia Coppola é conhecida por premiar diretores emergentes com ideias revolucionárias. L’Image Manquante, filme de Panh, é encenado com pequenos bonecos de barro em forma de stop motion, e conta como a família do próprio diretor sucumbiu ao regime totalitário cambojano do Khmer Vermelho. O presidente do júri da mostra, o diretor dinamarquês Thomas Vinterberg, declarou que a escolha foi unânime.

A segunda colocação do Un Certain Regard ficou com o israelense Hany Abu-Assad e seu Omar, um thriller romântico ambientado na linha de fogo entre Palestina e Israel. O prêmio de melhor direção foi para o francês Alain Guiraudie, pelo drama gay L’Inconnu du Lac. Já no elenco, o vencedor foi La Jaula de Oro, filme mexicano estrelado por atores amadores.

25 de mai. de 2013

Review: Hannibal, 01x09 – Trou Normand

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por Andreas Lieber

Um trou normand, do francês, é mais um costume do que um prato em si. Composto por uma taça de eau-de-vie, conhaque destilado feito a partir de frutas, ele é tomado entre um prato e outro para ajudar na digestão e abrir o apetite. O nono episódio de Hannibal serve, em momentos, justamente para isso. Recobrando o plot meio esquecido nos últimos episódios de Hobbs e Abigal, “Trou Normand” se aprofunda na paranóia de Will e ajuda, mais uma vez, na construção da personalidade de Alana.

Quando um enorme quebra-cabeça composto por partes mutiladas de vários corpos é encontrado em uma praia montado em forma de totem, Will utiliza de sua empatia para reviver a cena e, logo após, experimenta uma perda de tempo bastante significativa, “acordando” na porta do consultório de Hannibal. Enquanto isso, Abigail retorna cada vez mais perturbada e cheia de segredos, confiando a Freddie Lounds, que também andava sumida, a tarefa de escrever um livro contando a sua versão dos acontecimentos.

Se de um lado “Trou Normand” serve para a série como uma ajuda à digerir os fatos que circulam nossos personagens – como a desconfiança absurda de Jack quanto a Abigail vir, finalmente, se provar verdadeira com a confissão da mesma ao final que sim, ela ajudava seu pai a assassinar as garotas –, do outro ele se vê perdido no excelente plot que se propôs, mas não aproveitou. Com uma fotografia digna de nota no começo, o nono episódio gasta alguns minutos com o totem de corpos bizarro, mas a impressão que fica é que foi apenas um artifício visual para o telespectador, pois, nos finalmentes, a história foi relegada ao acaso.

Como todo bom episódio de Hannibal, “Trou Normand” foi uma obra de arte completa, uma atenção especial para todas as cenas envolvendo o totem e Abigail acordando de seu pesadelo, e nos ajudou a entender mais sobre as complexas ligações entre personagens como Alana e Will, com seu caso de amor amaldiçoado pela instabilidade. Em mais uma nota digna de “bromance” na série, Hannibal diz a Will que agora “eles são os pais de Abigail”… isso foi um pedido de casamento, Dr. Lecter? Ou um pedido de adoção conjunta? Com o plot de Abigail agora totalmente exposto, aguardaremos qual rumo ele tomará enquanto, com certeza, nos surpreendemos com o próximo episódio, que promete se aprofundar mais ainda nos distúrbios de Will em um cenário de contos de fadas possuídos.

4/5(****)

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Próximo Hannibal: 01x10, Buffet Froid (30/05)

Cannes 2013: Dia 10 – Polanski, vampiros e curtas brasileiros

Emmanuelle-Seigner-et-Roman-Polanski-le-25-mai-2013-a-Cannes_portrait_w674Roman Polanski e a esposa, Emmanuelle Seigner, na coletiva de Venus in Fur

por Caio Coletti

Prestes a completar 80 anos, Roman Polanski ainda não pode visitar os EUA, mas esteve em Cannes para estrear Venus in Fur, seu novo filme. Depois da polêmica quanto a sua prisão na Suiça, o diretor franco-polonês está concorrendo a Palma de Ouro pela primeira vez desde a vitória por O Pianista, em 2002. Seguindo a tendência de Carnage, que apresentava apenas 4 personagens, Venus in Fur é o primeiro filme falado inteiramente em francês do diretor, e apresenta apenas o casal de protagonistas feito por Emmanuelle Seigner e Mathieu Almaric. Ela é uma atriz que chega atrasada para uma audição e tem que convencer ele, o diretor, que ela é a única e melhor escolha para o papel.

Promovendo o filme junto com a esposa desde 1989, Emmanuelle Seigner (34 anos mais nova), Polanski e seu jeito rabugento conquistaram os repórteres. Ao ser perguntado se teve que “dominar” seus atores, o diretor brincou: “Claro que sim. É um filme sobre dominação. Mas na maior parte do tempo eles gostavam. Pelo menos nunca reclamaram”, disse. A peça para a qual a personagem de Seigner está sendo testada no filme é a homônima ao título, de autoria de Leopold Sacher-Masoch, a quem devemos o termo masoquismo. Modesto, Polanski relembrou a Palma de Ouro por O Pianista: “Apresentei o filme em Cannes e voltei para Paris. No dia da premiação, meu produtor disse que eu devia voltar pra cá. Achei muito estranho, porque já vivi o suficiente para saber que não sei dirigir um filme”, disse. A gente pode argumentar que as evidências cinematográficas te contradizem, Roman.

tildaTom Hiddlestone e Tilda Swinton (de cabelos ao vento) promovem Only Lovers Left Alive

“Ouvimos dizer que podiamos ganhar dinheiro com vampiros”, brincou Jim Jarmusch, cineasta que caminha nos becos escuros do independente americano (e atrai astros para lá) há mais de 30 anos. Only Lovers Left Alive é a nova investida do diretor, justamente sua primeira no gênero vampiresco. No filme, que marca a sexta seleção do diretor para a competição pela Palma de Ouro (nunca ganha), Tom Hiddlestone e Tilda Swinton são um casal de vampiros apaixonados há séculos. O elenco ainda tem Mia Wasikowska, John Hurt e Anton Yelchin. “Para algumas pessoas é um filme de vampiros, para outras um conto de fadas, e para algumas um documentário”, brincou Tilda, enigmática.

Only Lovers Left Alive foi o último filme da competição oficial pela Palma de Ouro exibido ao público de Cannes. Apesar da boa recepção desse e de Venus in Fur, exibido pouco antes, os favoritos nessa reta final da competição seguem sendo o americano Inside Llewyn Davis, dos Irmãos Coen, e o francês La Vie D’Adèle, de Abdellatif Kechiche. Embora sejam os preferidos da crítica, ainda existem boas chances do júri de Steven Spielberg preferir A Touch of Sin, do chinês Zia Zhangke, La Grande Bellezza, do italiano Paolo Sorrentino, Nebraska, do americano Alexander Payne, e até Le Passé, filme francês do iraniano Asghar Faradi.

Dois curtas brasileiros estiveram representando o país em Cannes esse ano. Pátio, de Aly Muritiba (o trecho acima é só um trailer), retrata as atividades de presos no local-título de uma cadeia. Com a câmera colocada atrás da grade, o diretor brinca com o voyeurismo do espectador enquanto os presos jogam futebol e capoeira e tem diálogos sobre a liberdade. Pouco Mais de Um Mês, por sua vez, retrata o cotidiano de um casal que se conhece há pouco tempo, abusando de fotografia e iluminação para mostrar de que forma esse tempo os moldou. A realização de André Novais Teixeira concorre ao prêmio de curtas da Quinzena dos Realizadores.

Top 5: Preciosidades escondidas em álbuns de 2013 (edição #3)

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De um dos álbuns pop mais esperados do ano a recepção morna que recebeu, DEMI, o quarto álbum de estúdio da senhorita Lovato, percorreu um longo caminho. É cômodo dizer que a moça apenas se limitou ao que lhe podia trazer êxito comercial, bem mais cômodo do que tentar enxergar a expressão de uma artista através de determinadas escolhas no álbum, mais isso é papo para um review mais completo. O que importa é que Demi lidera essa nossa 3ª edição do top 5 que escolhe músicas que não são singles e ninguém entende o porquê, simplesmente porque ela pode.

Edição #1
Edição #2

4ª posição – “Without the Love” (Demi Lovato, DEMI)

A recepção mista de DEMI, quarta obra de estúdio de Demi Lovato, pode atacar o que quiser, mas o faro da moça para melodias e viradas de tempo criativas continua intacta. “Without the Love” é a delicinha da vez, aos moldes de “Give Your Heart A Break” no Unbroken e “Everytime You Lie” no Here We Go Again. Com uma letra que pode ser considerada bobinha, mas tem boas sacadas, e um vocal perfeito como de costume, a canção conquista no refrão delicioso levado pelo violão.

Do mesmo álbum, atenção para: "Nightingale", "Shouldn't Come Back"

2ª posição – “Jewels & Sapphires” (Owl Eyes, Nightswim)

Pseudônimo da finalista do Australian Idol de 2008 Brooke Addamo, Owl Eyes surpreendeu a cena independente com seu álbum de estreia, o experimental mas ainda pop Nightswim, cheio de melodias interessantes e direções eletrônicas inesperadas. “Jewels & Sapphires”, penúltima faixa do álbum, sumariza sua musicalidade, com um refrão que valoriza o encantador registro agudo de Addamo e sintetizadores sequenciais que mostram que, com alguma adaptação, o synthpop não precisa morrer ainda.

Do mesmo álbum, atenção para: "Diamonds in Her Eyes", "Love Run Dry"

3ª posição – “Crescendo” (Little Boots, Nocturnes)

Difícil eleger só uma canção do excelente Nocturnes para destacar, mas “Crescendo” sumariza bem as qualidades do aguardado segundo álbum de Little Boots. A britânica é ao mesmo tempo mestre em melodias grudentas (video o refrão aqui) e uma artista sensível com as sensações que quer passar para o ouvinte. Os teclados noventistas e as orquestrações disco que dominam o álbum estão aqui também, usados em um contexto moderno e delicioso de se ouvir.

Do mesmo álbum, atenção para: "Strangers", "Motorway"

4ª posição – “Kiss of Fire” (Hugh Laurie, Didn’t It Rain)

Em seu segundo álbum, Hugh Laurie mostra que sua curiosidade e competência musicais vão bem além do blues. “Kiss of Fire” é uma versão em inglês do clássico tango argentino “El Choclo”, originalmente escrito por Ángel Villoldo. Laurie comanda os pianos e canta ao lado da guatemalteca Gaby Moreno, num delicioso clima de homenagem que nunca se leva a sério demais e é um deleite para quem se encanta com os compassos marcados do ritmo argentino. Laurie, como sempre, acertou em cheio.

Do mesmo álbum, atenção para: "The Weed Smoker's Dream", "Send Me to The 'Lectric Chair"

5ª posição – “Amen” (Bon Jovi, What About Now)

O Bon Jovi tentou voltar as origens e manter-me moderno no novo álbum, What About Now, mas continua bom mesmo quando aposta na melodia e nos vocais de Jon para criar uma peça acertadíssima de música como essa “Amen”. O refrão estratosférico é saciado perfeitamente pelo vocalista, enquanto o instrumental passeia entre o acústico e o rock de arena. Para fechar a conta, a letra é uma das mais lindas que o Bon Jovi compôs em um bom, bom tempo.

Do mesmo álbum, atenção para: "Thick as Thieves"

24 de mai. de 2013

Cannes 2013: Dia 09 – Jerry Lewis, o vencedor da crítica e Joaquin Phoenix

169323502-jpg_150033Jerry Lewis diverte fotógrafos na coletiva de Max Rose

por Caio Coletti

Jerry Lewis está de volta aos cinemas depois de 18 anos de afastamento. O responsável por tirar da aposentadoria a lenda vida da comédia é o diretor e roteirista estreante Daniel Noah, que o guia em Max Rose, comédia dramática sobre um pianista de jazz que, após a morte da esposa, resolve embarcar em uma exploração do seu próprio passado. Octogenário, Lewis é dono de uma carreira extaordinária que data do final dos anos 40, fez fama com comédias co-estreladas por Dean Martin e depois, sozinho, provou ser capaz de criar clássicos como O Professor Aloprado e Boeing Boeing, ao qual deve sua única indicação do Globo de Ouro, em 1966.

Sempre pronto para fazer rir, mesmo que seu novo filme seja mais dramático do que cômico, Jerry fez Cannes quebrar protocolo (a entrevista coletiva do ator ocorreu antes da estreia do filme) e provocou risadas com as respostas aos repórteres. Ele chamou Max Rose de “o melhor roteiro que recebi nos últimos 40 anos”, e rebateu com classe quando pediram-no para comentar sobre o novo humor americano: “Não existe humor americano. Humor é humor, riso é riso. Se você faz um humor engraçado, as pessoas vão rir. Se você esticar muito a corda ou se esforçar demais, as pessoas não vão rir”.

salvo_cannesCena de Salvo, vencedor da Semana da Crítica em Cannes

Com o fechamento do Festival se aproximando no domingo, os primeiros prêmios de mostras paralelas em Cannes vão sendo divulgados. E o primeiro laureado é o italiano Salvo, romance dos estreantes em longa-metragem Fabio Grassadonia e Antonio Piazza, que levou o prêmio da Semana da Crítica, mostra paralela organizada pelo Sindicado de Críticos de Cinema da França. Salvo conta uma história de amor vista de dentro da máfia siciliana, protagonizada por Saleh Bakri (A Banda) e a estreante Sara Serraiocco. O primeiro curta-metragem premiado no Festival foi o russo Come and Play, da diretora Daria Belova.

Jeremy-Renner-director-Ja-001Da esquerda para a direita: Jeremy Renner, o diretor James Gray e Marion Cotillard na coletiva de The Immigrant

Com quatro de seus cinco títulos na direção tendo concorrido a Palma de Ouro, James Gray é um habitué em Cannes, talvez o diretor americano mais celebrado da riviera francesa. Seu novo The Immigrant, que chega cinco anos depois de Amantes, é um thriller épico passado nos anos 20, sobre uma imigrante polonesa (Marion Cotillard) que desembarca nos EUA com a ajuda de Bruno (Joaquin Phoenix, que não apareceu para divulgar o filme em Cannes), chefão de um negócio de exploração sexual de mulheres que não hesita em colocar a recém-chegada no esquema. O conflito surge quando tanto Bruno quanto Orlando (Jeremy Renner), seu irmão mágico, se apaixonam pela moça.

Na ausência de Phoenix, os dois astros e o diretor entreteram a imprensa na coletiva realizada após a recepção calorosa (mas nem tanto) do filme na primeira exibição.Marion contou que entrou no projeto sabendo muito pouco de polonês: “É uma língua bem complicada de aprender. Eu tinha 20 páginas de roteiro em polonês e apenas duas palavras que eu entendia”, disse ela. Já o diretor Gray contou como escolheu a estrela francesa para o papel: “Estávamos jantando e Marion jogou um pão na minha cara quando eu disse que não gostava de certo ator. A expressão no rosto dela era incrivel”, brincou.

1916736_608_608_0_51_1000_562_2Mads Mikkelsen posa para os fotógrafos em Cannes

“Um ano depois, é muito gratificante estar em Cannes, deveria virar uma tradição”. O ator dinamarquês Mads Mikkelsen, que saiu de Cannes 2012 vitorioso do premio de Melhor Ator, por sua performance em A Caça, está de volta a riviera frances com outro projeto na corrida pela Palma de Ouro: o épico Michael Kohlhaas, em que o atual Dr. Hannibal Lecter intepreta um vendedor de cavalos do século XVI que, injustiçado por um homem poderoso, monta um exército e planeja sua vingança. Baseado em uma novela de Heinrich von Kleist, o diretor Arnaud des Pallières conta, além de Mads, com David Kross (O Leitor), Bruno Ganz (A Queda), Dennis Lavant (Holy Motors) e Sergi Lopéz (O Labirinto do Fauno) no elenco.

Estamos na fila: Don Jon, com Joseph Gordon-Levitt e Scarlett Johansson

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por Caio Coletti

É um sinal de que a transição televisão-cinema não é mais um tabu quando alguém como Joseph Gordon-Levitt nem é mais lembrado como um caso bem-sucedido da mesma. Lembrei ou não, o californiano de 32 anos esteve em todas as cinco temporadas de 3rd Rock From The Sun, entre 1996 e 2001. Difícil apontar exatamente quando ele se tornou um astro depois disso, mas a gente gosta de pensar em (500) Dias com Ela, claro. Isso fazem só quatro anos. Agora, em 2013, Joseph estreia na direção com Don Jon, previsto para Outubro nos EUA.

Levitt também escreve o roteiro sobre um cara de New Jersey que tem apenas algumas preocupações na vida: seu corpo, sua casa, seu carro, sua família, sua Igreja, seus amigos, suas garotas… e seu pornô. Isso muda quando ele conhece Barbara (Scarlett Johansson), que idealiza como a mulher da sua vida. O problema é que, como a maioria das mulheres, Barbara não tem a melhor das opiniões sobre a fixação do seu namorado com a pornografia. O elenco também tem Julianne Moore, além de participações especiais de Channing Tatum, Anne Hathaway e Cuba Gooding Jr.

23 de mai. de 2013

Cannes 2013: Dia 08 – Robert Redford, amor lésbico e candidatos ao Oscar 2014

robert-redford-cannes-2013-10918766ehced_1713Robert Redford divulga o seu All is Lost em Cannes

por Caio Coletti

Aos 76 anos, Robert Redford segura sozinho All is Lost, que estreou na noite de ontem (22) em Cannes, fora de competição. Sozinho literalmente, já que o ator intepreta o protagonista e único personagem do drama de sobrevivência sobre um homem perdido no meio do oceano tentando sobreviver. Na coletiva de imprensa, Redford, que atua sem ser sob sua própria direção pela primeira vez desde 2005, e que já esta em processo de produção do seu próximo filme atrás das câmeras, declarou: “A pressão de ser diretor e ator ao mesmo tempo é enorme e me encanta, mas também gosto de vez em quando de só atuar”. Aqui, o ator é guiado por J.C. Chandor, conhecido pelo complexo drama financeiro Margin Call.

Enquanto isso, nos cofres de Cannes…

Depois do roubo estimado em US$ 1 milhão em um dos primeiros dias do Festival, mais uma vez a segurança da riviera francesa foi testada hoje pela manhã. A joalheria suiça De Grisogono, que fica nos arredores de onde ocorrem alguns eventos do Festival, reportou o roubo de um colar de pedras preciosas avaliado em US$ 6 milhões. A polícia francesa ainda investiga a primeira ocorrência, tendo determinado que três ladrões executaram o roubo. “Pelo menos três homens entraram no quarto de uma funcionária da empresa quando ela não estava no hotel, passando pelo quarto contíguo, que ao que parece estava vazio”, foi a declaração oficial.

2305cannes-540x403As protagonistas Adèle Exarchopoulus (esquerda) e Lea Seydoux (direita) posam com o diretor Abdellatif Kechiche

Mais competição séria para Le Passé, La Grande Bellezza e Inside Llewyn Davis em Cannes: produto da casa, mas do gênio do diretor turco Abdellatif Kechiche (um dos destaques em Veneza alguns anos atrás com seu Vênus Negra), La Vie d’Adèle conquistou o público na sua primeira exibição hoje no Festival. O principal burburinho é que a atuação da jovem e quase novata Adèle Exarchopoulus como a personagem título homônima a ela pode lhe render a Palma de Melhor Atriz. No filme, que tira sua trama de uma história em quadrinhos francesa, a jovem Adèle se apaixona pela garota de cabelos azuis interpretada por Léa Seydoux (Bastardos Inglórios).

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Cena de Nebraska, de Alexander Payne

Concorrendo pela segunda vez a Palma de Ouro (a primeira foi em 2002, por As Confissões de Schmidt), Alexander Payne foi aplaudido com entusiasmo por seu modesto e agridoce Nebraska, que estreia em Novembro nos EUA e, portanto, já é um pré candidato forte ao Oscar 2014. Filmado em preto-e-branco e cobrindo a viagem de pai e filho em busca de um prêmio de loteria que provavelmente nem é real (o pai resolve acreditar num daqueles SMS promocionais) que passam pela cidade de onde vieram e começam uma pequena confusão, Nebraska é o tipo dramédia simples e comovente que Cannes às vezes gosta de premiar.

Bruce Dern, que interpreta o pai, foi o foco das atenções na coletiva de imprensa do filme. Com 76 anos, meio século de carreira e quase 150 filmes no currículo, Dern ainda é mais conhecido por Amargo Regresso, sua única indicação ao Oscar, e por ser pai da atriz Laura Dern, que hoje brilha na série Enlightened. Graciosa, Laura foi prestigiar o pai e até sentou em meio aos jornalistas para ouvi-lo durante a coletiva, na qual Bruce e o diretor Alexander Payne, que pela primeira vez dirige sem um roteiro próprio, trocaram elogios: “Ao longo da minha carreira, eu trabalhei com seis gênios: (Elia) Kazan, Hitchcock, Dalton Trumbo, Coppola, Tarantino e agora Alexander Payne”, disse Dern. “A melhor coisa de Bruce é que ele é um grande ser humano. Qualquer um pode aprender a atuar, mas é o ser humano que faz o ator se destacar”, respondeu o diretor.

Charli XCX, seus cachos e sua festa esfumaçada no clipe de “Take My Hand”

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por Caio Coletti

Se você quer seguir de perto só um nome da música pop internacional em 2013, siga Charli XCX. Entre as divas estabelecidas que lançaram ou ainda prometem álbum para esse ano, Charli representa o futuro do pop, um trabalho em construção fascinante de acompanhar, sua personalidade moldando seu som assim como este molda a sua imagem. É arte pop in the making, como se costuma dizer. “Take My Hand”, lançado hoje (23), é o quinto videoclipe tirado do álbum de estreia, True Romance.

Dirigido por Ryan Andrews, que a acompanhou também nas loucuras de "You (Ha Ha Ha)" e "Cloud Aura", “Take My Hand” tem Charli como a diva eletrônica indie que ela pode se tornar, tropeçando pelos corredores de uma festa movimentada e esfumaçada com seus longos cabelos cacheados jogados de um lado para o outro a qualquer oportunidade. A composição visual distintamente presa entre os anos 80 e 90, como uma espécie de resgate simultâneo de elementos das duas décadas, segue sendo, junto com a composição sempre acertada da melodia, o maior atrativo de Charli.

22 de mai. de 2013

Cannes 2013: Dia 07 – Ryan Gosling e o ranking dos críticos

3.-Ryan-Gosling-embrasse-Nicolas-Winding-Refn-sur-le-tapis-rouge-de-Cannes_portrait_w858Ryan Gosling e o diretor Nicolas Winding Refn no tapete vermelho de Cannes

por Caio Coletti

A dupla queridinha do público indie, Ryan Gosling e Nicolas Winding Refn, dividiu Cannes na exibição de Only God Forgives, novo e violento épico criminal dirigido por Refn e estrelado por Gosling. Vaias e aplausos foram ouvidos na mesma medida após a estreia do filme, que também tem Kristin Scott Thomas no elenco e se passa em Bangkok, cidade com a qual o diretor declarou ter uma relação especial: “Para mim, Bangkok tem a mesma loucura de Los Angeles. Só consegui visualizar o filme depois de passear pela cidade à noite. Eu queria me colocar numa posição diferente dos meus outros filmes”, disse ele. Refn também admite que para ele, “a arte é um ato de violência, tem a ver com penetração”.

A trama de Only God Forgives segue Julian, personagem de Gosling, um traficante que luta para prosperar em Bangkok e vê sua vida ficar ainda mais complicada quando sua mãe (Kristin Scott) o convence a vingar a morte recente do irmão. O destaque do filme, para a crítica, é a atuação de Kristin Scott, que encarna um tipo mais vulgar e violento do que está acostumada. A própria admite que esse é um projeto pouco usual para a sua carreira: “Filmes violentos não fazem minha cabeça, eu não consigo assistí-los. Mas fiquei empolgada em viver uma mulher diferente da elite inglesa. Crystal se torna cada vez mais desprezível. Levei oito dias para conseguir dizer a palavra ‘cunt’ em cena”, disse.

the-title-character-of-inside-llewyn-davis-mdash-and-the-cat-thats-not-actually-hisOscar Isaac em cena de Inside Llewyn Davis

Curtinhas de Cannes:

De acordo com o ranking diário da conceituada revista Screen, que faz a média das notas de nove críticos internacionais para os filmes de Cannes, Inside Llewyn Davis é o mais cotado da competição oficial pela Palma de Ouro até agora, com média de 3,3/5. A Touch of Sin, do chinês Jia Zhangke, tem 3/5; Le Passé e Behind The Candelabra dividem a terceira posição, com média de 2,8/5.

O cinema italiano apareceu não só com A Grande Beleza em Cannes esse ano, mas com dois outros filmes que também retratam uma Itália contemporânea que provoca insatisfação. Un Chateau en Italie é uma co-produção ítalo-francesa dirigida por Valeria Bruni Tedeschi sobre a decadência de uma família aristocrática, e Miele tem a estreia da atriz Valeria Golino na direção contando a história de uma mulher que ajuda pacientes terminais a cometerem suicídio. Un Cheateau está na disputa pela Palma, enquanto Miele é exibido na mostra Un Certain Regard.

Você precisa conhecer: Betty Who

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por Caio Coletti

21 aninhos nas costas, visual estilo P!nk e o som mais anos 80 desde que o Black Kids deixou de ser relevante. Essa é a ficha técnica de Betty Who, pseudônimo de Jessica Anne Newham, australiana que é simplesmente a melhor novidade da música pop em 2013. A moça, que aprendeu a tocar violoncelo aos 4 anos e é autodidata em piano e guitarra, lançou recentemente o primeiro EP, depois que dois singles soltos impactaram o cenário pop com força no ano passado. Aí embaixo dá pra ver o vídeo de “Somebody Loves You”, que começou o hype todo.

O refrão é contagiante, e o visual pouco convencional da moça certamente não deve ser obstáculo para que essa e outras composições de sua autoria se tornem verdadeiros hits, hinos de pista de dança para os próximos anos. O dito EP, intitulado The Movement, foi eleito pelo conceituadíssimo site britânico Popjustice como o melhor do ano, e tem “Somebody Loves You” e mais três canções: o novo single “You’re In Love”, a suave “Right Here” e a deliciosa “High Society”. Só ficou de fora mesmo a ótima "Fire With Fire", lançada anteriormente como single solto.

Ouça o EP e veja o novo vídeo para “You’re In Love” aí embaixo:

A velha polêmica dos casacos de pele

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por Isabela Bez

A PETA vai se lamentar, mas segundo as coleções mais marcantes do inverno 2013, os casacos de pele voltaram a ser tendência: Prada, Louis Vuitton, Gucci e Emporio Armani, só para citar algumas das grifes que o adotaram como peça chave no look. No entanto, o assunto pode ter ficado um pouco mais sério. Marcas como Fendi e Jeremy Scott usaram peles de animais também no sapato, na bolsa, no cabelo… E, sim, são peles reais de animais, que a cada ano crescem a demanda de 30% no mercado. Assim, milhões de animais são mortos só para suprir a necessidade humana de se vestir de um animal morto. Ou deveria dizer agressivamente assassinados?

As focas, por exemplo, são mortas com pauladas na cabeça para que a pele não seja danificada. Já alguns animais são estrangulados e outros eletrocutados através do ânus. Há animais que ainda não morrem depois de tudo isso, mas não existe compaixão: a pele é arrancada cruelmente de seus corpos, ainda estejam vivos. Sem contar os que passam a vida inteira em cativeiros para acabar sofrendo o mesmo final.

Mas, quem segura? É tendência. No passado, quem normalmente comprava casacos de pele eram pessoas mais velhas, mas agora a moda tem como alvo um público bem mais jovem, o que aumenta e muito o consumo deles – passa de um bilhão de vendas. E não pensem que matam um animal para cada casaco não: em média, é necessário mais de trinta do mesmo animal para confecção de somente um casaco. E todos querem um verdadeiro, não importa quanto os pobres animais tenham que sofrer para isso. A situação é tão grave que virou notícia até na CNN.

Para ao menos tentar combater essa crueldade, a PETA vem, ao longo dos anos, criando campanhas com celebridades nuas, declarando que “é melhor posar nu do que usar pele de animais”. É um simples ato para tentar chamar a atenção dos jovens do mundo todo, já que é muito mais fácil consegui-la quando as pessoas estão sem roupa.

Ficou curioso? Acesse o site do PETA e se informe mais. Lá, você encontra vídeos chocantes de como os animais são cruelmente mortos. E, lembre-se: não ignore as tendências - compre pele falsa.

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21 de mai. de 2013

Maroon 5 faz a dança das tintas no vídeo de “Love Somebody”

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por Caio Coletti

Tinta, sensualidade e uma das melhores canções do Overexposed são as armas da nova aposta do Maroon 5, “Love Somebody”. O clipe, lançado na madrugada de hoje, traz a original e visualmente impressionante ideia de ter os integrantes da banda (e outros atores) se “revelando” aos poucos na tela através de uma tinta que cobre seus corpos, até então invisíveis no fundo branco. Do vocalista Adam Levine, que sensualiza com o artifício e com uma modelo, as teclas do piano manchadas de PJ Morton, a banda toda se diverte com o conceito e produz um clipe impressionante.

“Love Somebody” é co-composta por Ryan Tedder, frontman do OneRepublic e nome por trás de canções como “Halo” de Beyoncé e “Bleeding Love” de Leona Lewis. É o quarto single do Overexposed, e tem a responsabilidade de continuar os bons números que “Payphone” (#2 na Billboard), “One More Night” (#1) e “Daylight” (#7) alcançaram. O vídeo é dirigido por Rich Lee, que já trabalhou com vídeos de Norah Jones, Natasha Bedingfield, Willow Smith e Eminem.

Review: Bates Motel, Season Finale (01x10)

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por Caio Coletti

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Durante as últimas 10 semanas, este crítico que vos fala tem sido uma das poucas vozes a falar com alguma gentileza de Bates Motel. A questão, no decorrer dessa inegavelmente bagunçada primeira temporada, a mim pareceu muito mais a de uma série que precisava ainda se encontrar do que a de uma que já estava perdida desde o princípio. No último punhado de semanas, principalmente, Bates tem se tornado uma série mais divertida de se assistir do que poderia se esperar, com o lado kitsch de seu repertório dominando uma parte dos plots e subplots, e o suspense escalando em conjunto. Em “Midnight”, o season finale desse primeiro ano da trama, o fato é que nem tudo ainda está em seu devido lugar.

Retomando de onde o episódio da semana passada nos deixou, o derradeiro capítulo da temporada mostra Norma pedindo socorro ao Xerife Romero depois que Jake Abernathy lhe pediu pelo dinheiro que era devido a ele por Keith Summers. A dona do motel, que não tem o dinheiro, recebe do sempre enigmático xerife a promessa de que “ele vai lidar com isso”. Obviamente desconfiada, Norma pede a Dylan que lhe arranje uma arma e, quando chega a meia noite do dia marcado por Abernathy, comparece ao encontro. Enquanto isso, Norman está tendo uma noite terrível, com Emma explodindo em pleno baile escolar quando o garoto não consegue parar de olhar para Bradley, e o namorado dessa última lhe aplicando um belo murro na cara. Voltando para casa, ele topa com Miss Watson, sua professora, que se oferece para levá-lo para casa e curar o corte aberto pelo soco.

É preciso dizer, primeiramente, que um dos grandes motivos para a trama de Norman funcionar é Keegan Connor Tracy, que tem se provado uma coadjuvante de valor durante a temporada e, ao se tornar a primeira vítima (fora do âmbito familiar) do Bates mais novo, aplica algum significado e uma boa dose de tensão a cena. Nós não vemos Norman matá-la, o que mantem de certa forma um dos charmes de Psicose. Já do lado de Norma, para variar, quem segura as pontas é Vera Farmiga (com uma pequena ajuda de Nestor Carbonell, sempre ótimo em ser misterioso, há de se admitir). Há todo um leque de cenas que poderiam ser escolhidas como o “momento Farmiga da semana”, embora nosso preferido seja mesmo o começo do episódio, com a atriz berrando com a secretária de Romero (“are you kidding me? you don’t know my name?”).

“Midnight”, assim como Bates ultimamente tem sido, é uma coleção de momentos que se equilibram bem entre o instigante, o levemente tocante (nesse sentido, a conversa de Dylan com a mãe e bem mais sutil e eficiente do que a confissão do passado familiar sombrio da mesma para Norman), o culpadamente delicioso e o acertadíssimo de tom (destaque para o diálogo em que Norman chama Emma para o baile, palmas para Olivia Cooke como sempre). O problema é que essas partes não estão coesamente costuradas em torno de uma trama que nos envolva o bastante para que nos importemos para onde vai. Ao menos não o bastante, e ao menos não ainda.

**** (3,5/5)

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A segunda temproada de Bates Motel já está confirmada!

Cannes 2013: Dia 06 – Liberace, James Franco, franceses e italianos

getMicahel Douglas e Matt Damon, amantes em Behind The Candelabra, posam para fotógrafos

por Caio Coletti

Uma das estreias mais aguardadas do Festival de Cannes 2013 aconteceu hoje pela manhã. Behind The Candelabra, além de ser o filme de aposentadoria de Steven Soderbergh (segundo o próprio), é a biografia polêmica de uma fatia da vida do lendário pianista Liberace, que entreteu o público por anos tanto com sua virtuosidade no intrumento quanto com suas extravagâncias no palco e fora dele. Morto em 1987 vítima da AIDS, sem nunca ter saído do armário, Liberace foi uma inspiração e um ícone de estilo para os popstars extravagantes como Elton John, Madonna e Lady Gaga. O filme de Soderbergh conta o caso entre o pianista e o bem mais jovem Scott Thornson.

Intepretados respectivamente por Michael Douglas e Matt Damon, Liberace e Scott tiveram um relacionamento conturbado de seis anos, e o filme não economiza nas cenas de beijo e sexo (embora este seja filmado com a devida elegância e delicadeza por Soderbergh). Na coletiva de imprensa, Damon brincou: “Agora tenho algo em comum com a Sharon Stone, a Glenn Close, a Demi Moore… Posso trocar algumas histórias com elas”, se referindo as ex-parceiras de cenas quentes de Douglas. O interprete de Liberace contou da dificuldade em produzir o filme, que passou de estúdio em estúdio até acabar sendo financiado pela HBO: “Acho que o problema dos estúdios não foi com a questão gay. Eles simplesmente não querem perder tempo com filmes pequenos”.

James-Franco-le-20-mai-2013-a-Cannes_portrait_w674James Franco na estreia de seu filme em Cannes

Charmoso de sua forma gaiata de sempre, James Franco monopolizou os flashes da imprensa na estreia do seu Enquanto Agonizo, ambiciosa adaptação de uma obra de William Faulkner escrita, dirigida e protagonizada pelo astro. A novela colossal do escritor americano sobre irmãos que passam por cima de tudo e de todos para realizar o último desejo da mãe falecida é tranformada em uma narrativa mais linear, sem os incontáveis monólogos e múltiplos narradores da fonte original, por Franco. Concorrendo na mostra Un Certain Regard, Enquanto Agonizo (As I Lay Dying) recebeu aplausos moderados na sua primeira exibição.

Duas curtinhas de Cannes:

Os Irmãos Coen querem fazer um filme sobre a música brasileira, mais especificamente a bossa nova setentista. Em entrevista ao UOL, Joel, o irmão falante, declarou: “Há todo esse interesse de artistas do mundo todo pela música brasileira desde os anos 1970. Tantos cantores gravaram versões em inglês e outras línguas dos compositores brasileiros. Mas é uma ideia para o futuro, com certeza não será nosso próximos projeto”.

Embora ausente da seleção desse ano, o sempre polêmico Lars Von Trier novamente provovou frisson em Cannes ao revelar detalhes da produção de seu épico pornô em duas partes Nymphomaniac. Contando com Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgard, Shia La Beouf, Christian Slater, Uma Thurman, Jamie Bell e Willem Dafoe no elenco, o novo filme do dinamarquês aparentemente usou dublês de corpo para que as cenas de sexo entre os astros não tivessem que ser simuladas. O filme está marcado para Dezembro.

Marion-Cotillard-Guillaume-Canet-et-Zoe-Saldana-le-20-mai-2013-a-Cannes_portrait_w674Guillaume Canet entre a esposa Marion Cotillard (a direita) e a atriz Zoe Saldana

Galã do cinema francês já com vinte anos de carreira, Guillaume Canet chega a Cannes pela primeira vez como diretor em sua terceira investida atrás das câmeras, a co-produção franco-americana Blood Ties, uma homenagem ao cinema dos anos 1970, como afirmou o próprio cineasta: “Tinha o desejo de produzir um filme que me fizesse sonhar, assim como o cinema dos anos 70 americano, seja Cassavetes, os primeiros filmes de Scorsese, Sidney Lumet, Sam Peckinpah e Jerry Schatzberg, que é uma grande inspiração para mim”. Blood Ties foi exibido fora de competição.

Depois das bem recebidas experiências no thriller de ação (Não Conte a Ninguém) e na comédia romântica (Até a Eternidade), Canet se arriscou no drama policial e dividiu opiniões. A saga de um mafioso (Clive Owen) e seu irmão policial (Billy Crudup) na Nova York de 1974 incomodou por sua longa duração (2h24) e foi chamado de “uma saga estéril” pela Variety. A publicação francesa Le Figaro, por sua vez, o saudou com o “um sucesso” para a carreira de Canet. Blood Ties também tem Zoe Saldana, Mila Kunis, Marion Cotillard (esposa do diretor, diga-se de passagem, um belo casal), James Caan e Noah Emmerich no elenco.

ALeqM5icFXqFidNJp4bH5H0Vp7oo_eyllgO diretor Paolo Sorrentino (esquerda) e o astro de La Grande Bellezza, Toni Servillo, na photocall da estreia do filme

Aplausos ensurdecedores para La Grande Bellezza, filme de Paolo Sorrentino que está na competição para a Palma de Ouro e agora se destaca, junto com o francês Le Passé, como um dos favoritos. É a quinta vez que o diretor Sorrentino concorre na seleção principal do Festival, tendo ficado com o “prêmio de consolação” (o Jury Prize) duas vezes, por Il Divo em 2008 e Aqui é o Meu Lugar, sua aventura no cinema americano, em 2011. De volta a terra natal, talvez seja a hora de conceder ao cineasta sua recompensa com o filme que conta a história de um jornalista/escritor envelhecido que analisa a atual situação de Roma sob olhos nostálgicos.