Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

Drake, Lorde e Goldfrapp são apenas três dos artistas que chegaram arrasando na nossa lista.

Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

29 de nov. de 2011

Sobre… – Medo.

opiniao caio 1

Você já parou para pensar no que você teme? É estranho pensar assim, mas basta refletir para concluir que, na sociedade moderna, o medo se tornou algo tão natural quanto a respiração. Em meio ao medo da violência urbana, dos desastres naturais e de todos os outros males da nossa época, sentir-se intimidado é tão natural do ser humano no século XXI que assumimos certos medos sem nem mesmo perceber. Quando deixamos de dizer o que sentimos, quando decidimos manter a postura e a aparência mesmo naquele momento em que estamos quebrados em pedaços por dentro. Quando decidimos sorrir sem querer de verdade fazê-lo. O que dizemos, então, senão que temos medo de assumir nossa própria humanidade?

Temos medo do futuro. Temos medo do passado. E temos medo do presente, porque ele já foi futuro e um dia vai ser passado. Temos medo de nos arrepender e, por isso, medo de nos arriscar. Temos medo de abraçar, de olhar longamente, de sorrir sem motivo nenhum. Temos medo de parecer ridículos. Uma dica: não está funcionando muito bem. Temos medo da catarse, saia ela em forma de lágrimas, de palavras ou de um simples pedido de ajuda. Temos medo de precisar de ajuda e, por isso, ser julgados como dependentes. Temos medo de amar. Temos medo de não ser amados de volta. E, ao mesmo tempo, talvez por causa de todos esses medos, temos medo de ficar sozinhos. Porque no silêncio, no escuro, não sabemos mentir. Temos medo de ser sinceros, e machucar ou afastar alguém.

Temos medo do sobrenatural. Temos medo de morrer. Temos medo de nosso tempo acabar e de não ter vivido o bastante até lá. Temos medo do que vem depois. Temos medo de saber o que veio antes. Temos medo do que não conhecemos, e medo do que conhecemos bem demais. Temos medo da proximidade. Temos medo de mentir para nós mesmos e só perceber quando for tarde. Temos medo de errar. Temos medo das conseqüências.

E precisamos encarar que, no meio de tanto medo, não dá para simplesmente pedir que sejamos os seres mais destemidos do planeta. Aquele que não tem medo nenhum não é corajoso: é tolo. Mas que esse medo seja apenas mais um incentivo para que insistamos em passar por cima dele. Façamos do medo um combustível, não um freio. E que tenhamos um só medo justificado, e inescapável: o medo de parar de mudar. Porque um homem estático é um homem morto.

medo 1 medo 2

I don’t know what’s right and what’s wrong anymore/ I don’t know how I’m meant to feel anymore/ When do you think it will all become clear?/’Cause I’ve been taken over by the fear” (Lily Allen em “The Fear”)

26 de nov. de 2011

Bebé Ribeiro #4 - Rock Glam: Isto é BALMAIN!

semana de moda bebe 1

Meus queridíssimos leitores, enfim chegou à oportunidade que tanto queria: escrever sobre a minha amada, preferida, incrível, única, resumindo, meu eterno amor chamado Balmain. Desde Pierre a Cristophe Decarnin, a grife acolheu grandes estilistas, criou clássicos da moda e é uma das principais lançadoras de tendências da atualidade.

Muitos acham que a Balmain é uma grife recente, criada por Decarnin e que sempre teve a pegada Rockstar Glam: tachas, jeans skinny rasgado e as ombreiras e detalhes a la Michael Jackson. Porém, a trajetória fashion é bem maior. Não foi nada fácil achar sobre a história, já que nem o site oficial da grife a possui.

pierre_balmain-250x300 A Maison foi fundada em 1945 por Pierre Balmain, o qual acumulou experiência trabalhando na Maison de Edward Molyneux e na de Lucien Lelong. Nessa última, foi colega de Christian Dior. Segundo Charlotte Seeling no livro “Moda, Século dos Estilistas”, Dior e Balmain quase chegaram a se tornar sócios.

Seu lema era: “a elegância surge da simplicidade’’, buscando formas arquiteturais. O estilo de Pierre Balmain era notável. Apreciava tons suaves, acabamento com peles e bordados. Uma feminilidade clássica, que valorizava o corpo da mulher.

Balmain tinha sobretudo um ótimo faro para escolher seus assistentes. Primeiro foi John Cavanagh, que trabalhou por lá até 1952, quando fundou sua própria Maison. Em 1954 ele emprega Karl Lagerfeld, jovenzinho de grande talento que ganhara o prêmio do Secretariado da Lã (Yves Saint Laurent ficou em segundo). O Kaiser da Chanel ficou por lá até 1958 quando foi para o ateliê de Jean Patou.

Depois da morte de Pierre Balmain, em 1982, a grife sobreviveu. A partir de 1982 com Eric Morteson, em 1990 assumiu Hervé Pierre, em 1992 foi Oscar de La Renta o eleito. Em 2001 Laurent Mercier passa a assinar o pret-a-porter. Dois anos depois De la Renta sai e Mercier também assina a alta-costura. A Balmain não andava muito bem das pernas e quase chegou à falência.

Um grupo de investidores ressuscitou a marca em 2005, nomeando o jovem francês Christophe Decarnin (AMOR ETERNO <3). Esse trabalhou com Paco Rabanne e deu vida nova a casa. Sua coleção mais comentada foi a de verão 2009, a qual eu, como boa fã de Decarnin, sou TOTALMENTE apaixonada e fissurada por cada peça e tendência que foi estabelecida ali. Decarnin tornou a passarela rock chic eletrizada, dando uma adrenalina para a semana de moda parisiense daquela época. Foi nessa coleção que surgiram ombreiras, blazers, detalhes, tudo bem Michael Jackson (tudo muito maravilhoso, ainda terei uma peça dessas, haha), calças skinny destroyed, camisetas podrinhas, vestidos brilhantes curtérrimos, sem contar as famosas tachas, as quais até hoje aparecem nas coleções das nossas queridas fast-fashions.

OlivierRoustingEm abril desse ano, Decarnin anuncia sua saída (momento MUITO triste, todos choram). A versão não-oficial é o desentendimento entre o estilista e o CEO da marca Alain Hivelin a respeito das estratégias da empresa. Em 26 de abril, é anunciado o novo criador da Maison francesa: Olivier Rousteing ,o qual já trabalhava ao lado de Decarnin e era o responsável pelas coleções femininas do prêt-à-porter desde 2009. Antes da Balmain, ele integrou a equipe de Roberto Cavalli por cinco anos.

A partir daí, a grande dúvida: Olivier manteria o aspecto Rock’n roll glamouroso tão importante e que virou um sobrenome à marca? Sim, o criador permaneceu com o toque rebelde, porém mostrando que suas criações e estilo também mereciam atenção.

Na coleção Primavera 2012 , Olivier trouxe Las Vegas nas peças: a alfaiataria com modelagem masculina e ombros largos vem acompanhada de calças com cintura alta, casacos curtos e saias longas. Algumas peças trazem estampas e bordados geométricos em dourado, enquanto outras vêm com franjas, botões e outros detalhes brilhantes, como os cintos largos e os maxiacessórios. Jeans, couro e tecidos fluidos também aparecem. Olivier não fez feio, permaneceu com o toque rockstar mas de um modo mais clean, chamando a atenção na combinação de tecidos e materiais. Os ombros exaltados permaneceram assim como o couro e a atitude rockstar.

Bom, fiz um resumão básico sobre Balmain. Há ainda muitas outras curiosidades e informações sobre a Maison, porém, passaria horas e horas dissertando sobre, já que sou totalmente fissurada pela grife . Espero que tenham gostado da básica fashionpedia e que assim como eu, tornem-se um (a) Balmain Addict! Hahaha

Beijinhos <3

164799_125867044148826_114982095237321_175516_3781385_n_large tumblr_l8d3gb7XqF1qzcdj5o1_400_large

“Ela era conhecida por sua coleção de vestidos glamourosos de parar o trânsito, mas depois de estudar centenas de fotografias e livros, nós descobrimos que Marilyn na verdade se vestia pelo conforto” (Christophe Decarnin)

25 de nov. de 2011

Wild Fashion #6 – Prada

gabi semana de moda

Bom,essa semana foi um tanto problemática pra mim, tive que escolher minha grife favorita. Quase surtei entre escolher o dourado e clássico D&G, os decotes de Versace... foram tantas opções.

Mas devo dizer que meu gosto pessoal predominou, tenho uma obsessão por sapatos, e acabei optando por falar da grife PRADA.

Prada foi uma grife que já nasceu prometendo luxo, pois no começo produzia malas e bolsas, em couro apenas. Porém, quando a marca passou a direção de Miuccia Prada, sobrinha do até então dono da marca , PRADA ganhou um novo referencial.

Suas bolsas e os sapatos que mais a frente virariam o forte da marca se adaptaram a mulher contemporânea, que é sexy ao mesmo tempo em cuida dos filhos.

E Miuccia acertou em cheio: o primeiro desfile da marca com esse novo conceito na semana de moda de Milão foi um estouro, aclamado pelas mais importantes redatoras e criticas de moda. Eevistas como Vogue americana chegaram a dizer que PRADA foi a salvação daquela semana de moda de Milão.

Com um conceito que pode ultrapassar muitos anos, uma vez que se adapta a mulher contemporânea, PRADA vem enchendo nossos olhos e nossas mulheres de muita elegância, sensualidade e luxo.

gabi grifes 1gabi grifes 2

É uma questão de velocidade – as pessoas querem mais e mais, e as companias estão mais e mais agressivas… Agora estamos trabalhando num ciclo de dois meses, e se você gosta do que faz e quer ser o primeiro da classe, você precisa apressar as coisas” (Miuccia Prada)

24 de nov. de 2011

GuiAndroid #4 – Unindo o luxo ao agradável

guiandroid semana de moda

O tema dessa Fashion Week d’O Anagrama são as nossas grifes favoritas. Versace, Armani, Prada, Gucci, Dolce & Gabbana, Balmain, Chanel, Louis Vuitton, Balenciaga, Burberry são os nomes das marcas que fazem a nossa cabeça, vestem nossos corpos e nos proporcionam arte em troca de prazer e alguns milhares de dólares, reais ou euros.

O mundo da moda há muito tempo vem estampando cores, nomes, logotipos, cortes e formatos que nos servem como lembretes nos mostrando o que estamos comprando, transmitindo toda uma história de algo que é trabalhado minuciosamente para garantir a satisfação e o agrado do cliente.

Devo confessar que logo que me foi dito o tema dessa semana eu me animei, é algo de que quero falar desde que entrei aqui n’O Anagrama, portanto, separei duas grifes pelas quais meu respeito tem crescido ano após ano, assim como o meu amor e glorificação por elas. Escolhi duas pois ambas imprimem seu forte em gêneros diferentes, uma na moda masculina e outra na feminina.

grifes gui

The King of Jackets

Dono de uma marca símbolo de popularidade, elegância, luxo e capricho. A Armani desde 1970 vem criando arte nas passarelas de Milão e vestindo como deusas mulheres ricas e famosas ao redor do mundo. A Armani é uma das mais diversificadas grifes do mercado, possuindo vários segmentos como a linha de perfumes, a Armani Exchange, uma linha de peças básicas que são vendidas a preços mais acessíveis, a Armani Jeans, a linha teen de jeans da marca que também procura vender seus produtos a preços acessíveis, a Emporio Armani, linha de roupas femininas e masculinas abrangendo underwear e acessórios todos a preços também acessíveis e por fim no quesito vestuário, temos a Giorgio Armani juntamente com a Armani Privé, que em suas lojas vendem os belíssimos vestidos que vemos nas cerimônias do Oscar e nos Golden Globes. No pacote estão incluídos os sapatos, bolsas e jóias, e obviamente quando o assunto é a Giorgio Armani/Armani Privé dinheiro não é algo a se discutir.

grifes gui 2 Escolhi a Armani como a minha grife favorita no que se diz respeito as criações direcionadas ao gênero masculino, seus ternos de cortes sempre impecáveis, sapatos reluzentes não somente nas passarelas mas que podem ser avistados do espaço, cores sempre sóbrias e às vezes em tons metálicos que aumentam a masculinidade, classe e presença de qualquer homem do século XXI.

Giorgio A. vem investido recentemente em diferentes áreas como os setores de cosméticos, culinária e hotelaria, possuindo desde um Spa luxuoso em Tóquio ao Armani Dubai Hotel localizados em 10 andares do Burj Khalifa, atualmente a torre mais alta do mundo. O hotel possui uma Dubai Armani Suíte com 390 metros quadrados, Spa exclusivo para clientes, boutiques Armani, 144 residências e seus banheiros são forrados com o mais belo mármore bambu importado do Brasil.

Por fim, a Armani é um nome a ser lembrado e eternizado tanto por suas criações artísticas quanto pela sua enorme capacidade de abrangência e conforto, sendo assim Giorgio Armani torna-se um dos nomes mais respeitados e honrados no universo fashion.

grifes gui 5

Um nome, uma grife, um objetivo, dois irmãos

Gianni Versace, garoto de família italiana pobre, aprende a costurar com a mãe e em questão de poucos anos funda a VERSACE COMPANY, uma das maiores e mais endeusadas grifes da moda mundial. O estilo da marca rebuscado, com referências sempre no barroco, no vintage e na Pop Art fazem com que a Versace seja uma marca que cria peças atemporais, se fixando assim no cenário como um arauto de sensualidade, glamour e estilo. Em 1997 ocorreu a morte de Gianni e Donatella, sua irmã, tomou a diretoria da grife.

image As campanhas da Versace são seu forte, estampadas por ícones como Madonna, Bon Jovi, Courtney Love e Gisele Bündchen. A grife conta também com uma grandiosa linha de segmentos como a Versace, Versus a linha teen e acessível, Versace Jeans Couture, Versace Classic V2, Versace Sport, Versace Intensive, Versace Young, Versace Beauty e Palazzo Versace ,linha de hotéis.

As combinações exclusivas de seus materiais garantem a paixão de suas clientes, do metal ao couro, o vidro e a madeira, ouro e diamantes, cores uniformes e estampas inspiradas em movimentos artísticos principalmente no neoclassicismo fazem com que a Versace seja desejada e adorada pela maioria. Decotes e fendas, glamour escandaloso e sensualidade tornam Versace, receita de sucesso e consumo acelerado.

Conclusão

Ironicamente, neste artigo temos a união de duas grifes "rivais", Giorgio Armani e Gianni Versace costumavam trocar desavenças no passado, uma frase de Gianni exemplifica esta richa: "Armani veste as esposas, Versace as amantes". A batalha entre o clássico e o sensual sempre foi motivo de discussão, porém a sociedade mais do que nunca se mostrou maleável e hoje em dia é possível ver uma mulher vestindo Versace e Armani em um mesmo look, ou até mesmo um homem. O século XXI pela primeira vez na história tem colocado grandes nomes como estes cada vez mais perto de nós, pois o mercado do luxo não está mais tão restrito aos multimilionários e as grifes desse mercado tem feito de tudo para popularizar o seu trabalho e suas criações. Unindo o luxo ao agradável, Armani e Versace são o que há de mais clássico e mais bem inspirado no mundo da moda atualmente. Talvez em futuro próximo esses nomes serão populares entre todos nós.

grifes gui 3grifes gui 4

Eu amo coisas que envelhecem bem. Coisas que não passam do prazo de validade, que suportam ao teste do tempo e se tornam exemplos vivos do que há de melhor” (Giorgio Armani)

Eu tento usar muito contraste. A vida hoje em dia é cheia dele. Nós temos que mudar sempre” (Gianni Versace)

17 de nov. de 2011

O que não te mata, te torna mais forte.

o que não te mata 1

por GuiAndroid

A depressão ainda me aflige, as dores no peito cada vez piores. Me pergunto se algum dia irei me curar de tais males, mas pelo menos uma resposta para essas perguntas eu tenho: não existe cura para as memórias tristes, não há como sarar de algo que está impregnado em sua mente. Talvez causar uma amnésia fosse uma solução, temporária mas ainda uma solução, porém eu mal sei como causar isso e se sei não irei jamais tentar tal ato. Mas como me recuperar se esta mesma memória é a causadora das minhas dores e de todos os meus males? Causadora da minha vida fracassada, da minha moral destruída, da minha auto-estima devastada, do meu coração espatifado.

Será que ela não se dá conta da dor que suas duras palavras podem causar? A memória vivíssima em minha mente insiste em me lembrar das mesmas:

"Se você crescesse, se você fosse mais homem, mais bonito, mais alto e mais inteligente talvez eu lhe desse uma segunda chance, mas como você não é, jamais foi e jamais vai ser quero que você vá e não volte, jamais. O que está certo é que você a partir desse momento já não significa mais nada em minha vida".

E todas as frases, palavras, orações, sílabas e letras espancam meu consciente me deixando aturdido. Crescer, não foi ela quem disse que me amava da maneira como eu era e que adorava meu jeito criança de ser? Homem, em alguns momentos ela pareceu não duvidar nem um pouco disso. Bonito, quem se apaixonou por mim foi ela, deveria saber do risco que corria. Alto e inteligente, ficar mais alto jamais foi um objetivo e inteligência, quem se apaixonou por mim mesmo? Quem é menos inteligente agora?

Amar se tornou motivo de arrependimento, se tornou dor, motivo para tornar minha vida feliz por um tempo e infeliz pelo dobro, triplo, quádruplo. Algum dia, e eu espero que esse dia chegue, quero encontrá-la novamente e dizer obrigado por ter aberto meus olhos para ver o quanto as pessoas normalmente costumam valer: nada além de felicidade temporária e prazer momentâneo.

o que não te mata 2 o que não te mata 3

“..I hate to turn up out of the blue uninvited/ But I couldn’t stay away, I couldn’t fight it/ I hoped you’d see my face, and that you’d be reminded/ That for me it isn’t over…”

(Adele em “Someone Like You”)

15 de nov. de 2011

Tributo à Inspiração (ou “Um Melhor Amigo me Disse”)

tributo 2

por Caio Coletti

O dia frio era daqueles que instigava e provocava qualquer um a (re)encontrar aquele motivo meio longínquo, escondido na profundeza de tudo o que a gente deixa de dizer para nós mesmos, para ficar triste. Senão triste, melancólico pelo menos. Era um dia de blues, de jazz, de soul. De música meio empoeirada. As nuvens fechadas são conhecidas por inspirar poetas de beira de estrada, daqueles que cantam as desilusões sem grandes pretensões nem grandes conquistas, mas fazem sorrir de boca fechada, de canto de rosto, de relance, virando para seguir o caminho. Aquele sorriso que esconde um mundo de outras coisas por trás dele, e não faz questão de ser um disfarce muito bom, porque, afinal, os olhos falam mais do que qualquer camuflagem.

Nesse dia, naquela cidade cinza ainda mais árida por ser tão movimentada, ele sentava-se esperando a sua linha. O ouvido enterrado nos fones discretos, os olhos atentos a tudo ao seu redor, virando-se inquietos para observar melhor, sentir melhor, o que o cercava se misturar com a batida que entoava em seus ouvidos, fazendo vibrar as cordas certas em sua mente. E, claro, os cheiros. Ele sentia os perfumes de quem passava por ele. Doces, amadeirados, cítricos, aquela qualidade indefinível do perfume no ponto certo para ser simplesmente atraente. E, especialmente, o asfalto gelado rescendendo da marca da graxa nos lugares em que os carros costumavam passar e ainda passavam, no fluxo ininterrupto das seis da tarde de sol poente (e cinzento) no horizonte.

A claridade hesitante do crepúsculo não era aquele brilho intenso do verão, mas apenas um reforço aquela sensação de um dia que já acabou e, ao mesmo tempo, ainda pode dar muito sobre o que se pensar. É de fato impressionante como os dias nublados tendem a incitar as dúvidas, e todas elas. Ele duvidava, agora, e de muita coisa, a começar por si mesmo. Duvidava que pudesse chegar em casa e lidar com o que lhe esperava lá sem cometer nenhum erro. Duvidava que pudesse ir dormir sem pensar em mil coisas que o dia seguinte aguardava e dez pessoas de quem ele sentia falta ou que desejava que estivessem mais perto. Mas, acima de tudo, ele duvidava da surpresa. E se convencera a pensar que não mais a aguardava todos os dias, nem sabia apreciá-la. Talvez tivesse se convencido que não a merecia.

Ele ouviu o ônibus se aproximando antes de vê-lo. Bastou uma rápida olhada de esgueiro para a esquerda e ele soube que era naquele que deveria embarcar. Suspirou de leve e catou suas coisas, tirando os fones de ouvido justamente quando uma música acabava e colocando o aparelho de MP3 dentro da mochila que ajeitou nas costas no tempo certo do ônibus frear com um ruído característico bem a frente do ponto. Ele foi o primeiro a subir, o que era um lance de sorte, porque o ônibus estava a beira da lotação. Passou pelo motorista e pagou a passagem, só então levantando os olhos para procurar por um lugar. Passava o olhar pelos lugares ocupados sem nem pensar. Dormindo, lendo, mal-humorado, dormindo, lendo, mal-humorado, sorrindo... que sorriso! Ele disfarçou bem, mas seus olhos foram rápidos o bastante para registrar muita coisa.

Aquela aparição repentina era alta, e era possível notar mesmo no assento. Os ombros meio encolhidos, talvez arcados pelo cansaço, ostentavam uma jaqueta preta surrada que lhe caía bem, e o cabelo bem caído sobre a testa não deixava esconder o rosto lindo que tinha. Talvez fossem os olhos grandes, pretos, ou talvez fosse simplesmente o brilho que aquele sorriso, aquele leve enrugar no canto do rosto, lhe dava. A boca ligeiramente aberta o tempo todo, como que numa eterna expressão de dúvida, a qual só faltava o franzir de sobrancelhas. As covinhas na maça do rosto, ou só o jeito como a mão segurava o celular conectado a pessoa que havia provocado aquele riso. Ele não sabia explicar. Só era... um contraste. Com aquele dia, com aquele momento, com aquela rotina. Era a surpresa em forma de ser humano.

E ele escolheu lhe dar as costas, para não precisar encarar o tempo todo. Por vergonha, talvez. Por insegurança, ou por medo de simplesmente não ser o bastante. Ele sentou-se no único lugar vago que não lhe dava visão para sua surpresa. E ali ficou, tentando pensar em outra coisa, tentando observar outras pessoas, tentando se interessar de novo pelos odores ao seu redor. Mas só o que havia era o mormaço que desprendia daqueles que o rodeavam e muito provavelmente haviam tido um dia tão ordinário e extraordinário ao mesmo tempo quanto o seu. Ele só se perguntava se tinha sido o único a notar aquela figura tão contrastante. Ele virou a cabeça devagar, tentando não ser notado, mas quando conseguiu ver alguma coisa o olhar da surpresa estava tão perto do dele que não pode fazer nada a não ser voltar bruscamente a sua posição inicial.

Encostou a cabeça no vidro, enfim, e suspirou de novo. Encarou as nuvens do outro lado da janela e as amaldiçoou por tantos motivos diferentes que era preciso contar. Primeiro, por simplesmente não condizer com o Sol do sorriso que havia acabado de encarar. E então, logo depois, por ter simplesmente o feito pensar no fato de que não tinha algo assim na sua vida. Fechou os olhos por um instante, e deixou-se envolver na escuridão e no som do silêncio mortal dentro do ônibus, quebrado apenas pelo ronco do motor e pelo barulho do vento se chocando contra as janelas do veículo que seguia quase sempre em linha reta. Tentou não pensar em nada. E assim foi por um tempo, até que sua mente começou a deslizar por entre nomes e cores, sensações e vertigens, e pelo rosto que se encontrava a algumas fileiras... Estava tão cansado.

Ele recuperou lentamente a consciência, e sentiu de repente uma respiração que andava descompassada com a sua, mas tão próxima que ele podia senti-la como um movimento perto de si. Hesitou por mais de um momento, mas abriu os olhos enfim e deixou-os registrar o ônibus um pouco mais cheio, o céu um pouco mais escuro do outro lado da janela, o silêncio um pouco mais perturbado por um casal que cochichava confissões alto demais alguns assentos a frente dele. E foi isso, tudo isso, antes de notar que sua surpresa estava ao seu lado. E não só sentado ali, de repente, como se tivesse apenas sumido de um lugar e aparecido em outro, mas também com aqueles olhos negros fechados, aquele cabelo ligeiramente desarrumado para um dos lados. A cabeça encostada em seu ombro. Como se tivesse sido com sua permissão. Como se fossem, eles, os dois, um só. Ou algo assim.

Ele sentiu a própria respiração entrecortar, como se não houvesse oxigênio o bastante. Ele sentiu a música lenta dos dias nublados começar a soar em sua mente, mas não era mais aquela dos poetas melancólicos de beira de estrada. Era aquela balada despreocupada, do violão meio doce e talvez da voz grave que entoava as palavras certas, no tempo certo. Ou talvez fossem os toques mais agudos, meio colaterais, do piano. Os acordes mais simples. Era estranho ele ouvir aquela música. E era ainda mais estranho ficar ali, parado, simplesmente observando sua surpresa dormir em seu ombro. Perguntou-se se ele estava mesmo adormecido. Importava? Aquele sorriso de leve, de lado, com um milhão de coisas para esconder, se formou no rosto dele. E, em um instante, ele soube que deveria também fechar os seus olhos e fingir que não tinha notado. Não havia motivo pra simplesmente estragar o que havia acontecido. Encostou de novo a cabeça no vidro, e se deixou de novo envolver pela escuridão.

Mas não dormiu. Ou talvez tenha dormido. Só sabia que havia sentido o tempo todo a sua surpresa respirar ao seu lado. Até que, um tranco um pouco mais perceptível do ônibus, e ele sentiu que ia acontecer. O local onde a sua cabeça havia descansado ficou morno por um tempo. E ele enfim abriu os olhos, pra ver o lugar vago ser preenchido por um qualquer ao seu lado. Lá fora, por entre as nuvens, o Sol terminou de desaparecer do horizonte. A noite ainda era fria, daquelas que nos fazem ouvir músicas tristes e (re)encontrar aquele motivo esquecido para ficar melancólico. E daquelas que nos fazem escrever, e escrever, e escrever, e escrever... O que seriam das linhas sem a inspiração da vida?

tributo 1 tributo 3

“…And I dare you to let me be your one and only/ I promess I’m worthy/ To hold in your arms/ So come on, and give me a chance/ To prove I am the one who can/ Walk that mile/ Until the end starts…
I know it ain’t easy giving up your heart (Nobody’s perfect/Trust me I’ve learned it)”

(Adele em “One and Only)

12 de nov. de 2011

Year of 4 – A nova fase de Beyoncé

fauteuil-happy-hour-pop-art

por GuiAndroid e Caio Coletti

Talvez 2011 esteja sendo um dos melhores anos pelo qual a indústria da música tem passado: o mercado de vendas de discos quase estagnado pelas mídias digitais agora revive pela vontade do consumidor de ter o álbum físico e original, poder tocar e sentir a obra prima do seu cantor favorito. Para Beyoncé não tem sido diferente e nem para as várias outras grandes cantoras e cantores que lançaram seus álbuns esse ano. Há um reaquecimento dessa indústria que faz com que o ato de ouvir música volte a ser uma arte de apreciação e não um mecanismo automático da luxúria humana.

Beyoncé estreia o ano de 2011 com o lançamento do álbum 4, um álbum mágico e reconfortante para quem curte uma voz talentosa e melodias harmônicas que entram em contato com a nossa alma quando ouvidas. O 4 vem recheado de singles e seus mais novos videoclipes, que representam uma nova fase de B. são “Countdown”, “Love On Top” e “Party”.

year of 4 2

Countdown

Simples ou complexamente, um clipe cheio de referências que se completam e convertem este videoclipe de Beyoncé em arte de pura inspiração. Audrey Hepburn no coque alto no cabelo de Bey, Andy Warhol na inversão de cores e de collants de gola alta, uma pop art e um color blocking deliciosos, Brigitte Bardot quase no final do vídeo no figurino rosa e de pernas desnudas (mais a clássica bandana preta), e por fim Twiggy nos cílios. Um conjunto que monta figurinos historicamente artísticos e inspirados que nos transmitem toda uma energia vintage e nostálgica. A melodia repetitiva e envolvente de “Countdown” faz com que nossos pés comecem a dançar involuntariamente e em poucos minutos de música nosso corpo todo já está no embalo do ritmo. Trata-se de uma reedição da Beyoncé hip hop por vezes irritante que vimos em I Am... Sasha Fierce, mas uma que sabe abusar das opções instrumentais para que a repetição soe um convite a dança, e não simples desgaste.

year of 4 3

Love On Top

Remetendo a transição dos anos 70 aos 80, “Love On Top” é a máquina do tempo que nos leva ao passado, aos bares e danceterias que tocavam Whitney Houston e Michael Jackson (se você perceber é possível imaginar Michael na época dos Jacksons Five cantando esta música). Em um cenário simples e com a intenção de focar apenas na coreografia e na música, a bela vista da cidade de Nova Iorque se destaca. O clipe começa como um grande e perfeito ensaio, o último ensaio de uma grande apresentação que está por vir. Com duas trocas de figurino, Beyoncé troca o Collant por três conjuntos de terninhos: um dourado a lá Gucci e D&G e outro branco algo meio YSL ou Tommy Hilfiger (uma boa investida para premiações, ok Bey?); e por fim um conjunto parecido desta vez preto e que também reflete a luz, desta vez não em seda ou cetim, mas em paetê, e com direito a cartola e bengala. Durante as magníficas trocas a iluminação também se inverte dando uma atmosfera reluzente que imediatamente nos remete a década passada que me referi. E chega ao fim o glorioso ensaio de “Love On Top” por Beyoncé e seus talentosíssimos dançarinos. Como a apresentação do VMA nos adiantou, trata-se da música (e, por conseguinte, do clipe), que demonstram melhor a artista completa que Beyoncé se tornou: sua voz, sua dança, sua presença de palco e carisma sorridente. Beyoncé é a showwoman definitiva do século XXI.

year of 4 4

Party ft. J. Cole

Talvez “Party” seja a representação do estilo de vida da turma do hip hop e do R&B na qual Bey se encaixa como rainha, conservando o antigo estilo de vida dos artistas desses gêneros musicais. Sendo assim, Party é a rápida ascensão desses cantores e a introdução deles na fama e glamour. Uma introdução grotesca e meio desconcertada, ainda que nos apresente a essa elegância deslocada, extravagante e luxuriante que remete ao final dos anos 90, aos clipes de Aaliyah, Mary J Blige, entre outras. O visual do clipe apresenta muito colorido e figurinos como sempre muito bem encaixados no contexto (embora a maquiagem me assuste um pouco). O cenário de house party em algum subúrbio americano contrasta com o Bugatti Veyron estacionado na frente da residência (uma questão a ser discutida é se o valor do Bugatti está inserido no orçamento da produção, ou é propriedade de J. Cole). Carro de luxo mais rápido do mundo, de 1 milhão de dólares e menos de 300 unidades produzidas à parte, Party é um ótimo entretenimento musical, um colírio para os olhos, embora o ritmo da música quase nos faça dormir. É também a canção que menos destaca a voz de Beyoncé em todo o álbum, mas é imperativo observar que se trata de uma parte da formação da cantora, e portanto, não poderia ficar de fora do 4.

OgAAAOR5AdNJr_9YmVCrM1v1bM75O2ug-NINekRV16scsYo_xEAJjjPjjEQ6v7C_2GgdIsUlFpXcz0NBg5u92qAnRa0Am1T1UM5V5BR_OH1umiGC6c4PF13nnS05

Esta nova fase de Beyoncé é como uma grande onda, vintage, nostálgica, uma máquina do tempo pessoal de uma das melhores cantoras da atualidade, porém essa frenética investida em sua “nova fase” pode ter atraído olhares indesejados de algumas pessoas que a acusam de plágio: pela coreografia do final de “Countdown”, que segundo a coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker é de sua autoria. B. também está sendo acusada por plágio com os vídeos de “Love On Top” e” Party”.Em “Love On Top” o cenário e a coreografia lembram os de “If It Isn't Love” da banda New Edition, já em “Party” a praga da vez é da cantora Khia que viu semelhanças entre a produção de Bey e seu trabalhoMy Neck My Back (Lick It)”.

Grávida de de Jay-Z, Beyoncé está dando pouca importância para as acusações, porém as mesmas infligem a sua imagem. Quem será que vai acusá-la de plágio quando “End Of Time” sair? Em breve se inspirar em algo e criar alguma coisa vai ser considerado plágio, é o que dizem “Você tem a ideia, mas não é dono dela”. Como sabem os mais esclarecidos, arte (especialmente a pop) é nada menos do que uma colagem de referências e memórias do artista que são colocadas em um contexto pessoal. Trata-se, exatamente, do que Beyoncé vem fazendo nesse até agora incrível Year of 4.

year of 4 5 year of 4 6

Baby it’s you!/ You’re the one I love!/ You’re the one I need!/ You’re the only one I see!/ Come on baby it’s you!/ You’re the one that gives your all!/ You’re the one I always call!/ When I need you make everything stop!

Finally, you put my love on top!”

(Beyoncé em “Love On Top”)

10 de nov. de 2011

Evanescence e a maturidade.

Evanescence album art

por Rubens Rodrigues

Se existe uma banda singular dentro do metal nos últimos dez anos, essa banda é o Evanescence. Por mais que existam inúmeros grupos no gênero com vocal feminino, nenhuma outra se parece nos arranjos ou na inconfundível voz da líder Amy Lee.

Conhecida mundialmente em 2003 com o álbum Fallen, a banda enfrentou um caminho tortuoso até o lançamento do sucessor The Open Door, em 2007. Agora, com o terceiro CD de estúdio que leva o próprio nome da banda, o Evanescence mostra que está mais maduro e que já superou os problemas do passado.

Tão verdade, que as novas músicas confirmam o amadurecimento da letrista se comparado aos trabalhos anteriores. Fallen falava sobre amor e até passava mensagens de auto-ajuda em faixas como “Going Under” e “Bring Me To Life”, ao mesmo tempo em que trazia uma sonoridade densa e outro tanto de letras fantasiosas.

Totalmente diferente, The Open Door nasceu cheio de revolta e letras óbvias para quem conhece a história da banda. De cara, é possível identificar verdadeiras cartas abertas ao co-fundador da banda Ben Moody (ouça “Lacrymosa”) e ao ex-namorado da vocalista, Shaun Morgan (como em “Call Me When You’re Sober”). Entretanto, o álbum rendeu as melhoras músicas já compostas por Lee: a belíssima “Lithium”, a experimental “The Only One” e “Your Star”, que apresenta um piano exuberante.

É incrível notar a diferente sonoridade em “What You Want”, que abre o novo CD. Amy está mais energética e os instrumentos avisam que os músicos deixaram a tristeza de lado, apostando mais no rock ‘n’ roll. Mais assombroso ainda é conseguir identificar a essência do Evanescence na letra, com o teor de auto-ajuda uma vez visto no Fallen, mas já definindo a tonalidade que seguirá em “Made of Stone”.

Um detalhe interessante é que o disco tem músicas interligadas, como a dobradinha “The Change” e “My Heart is Broken”. Riffs e uma voz suave constroem base para a revoltada melodia da primeira, que logo soa suave novamente. Partimos para “My Heart is Broken”, mas não se engane com o título: a canção segue o peso estabelecido no início mesclado com a suavidade da música anterior em alguns momentos.

A ligação entre as músicas não é notável apenas instrumentalmente. “The Change” narra o fim de um relacionamento, enquanto a seguinte fala sobre o sentimento de perda e o processo de superação. Em “My Heart is Broken”, o piano estabelece a sensibilidade do tema.

Após a frenética “Erase This”, ouvimos “Lost in Paradise” - que te deixa como o título propõe, te fazendo esquecer tudo ao redor e apenas ouvindo a banda em uma harmonia relaxante. Mas a tranqüilidade não dura muito, pois “Sick” e “End of the Dream” seguem com riffs explosivos acompanhados de vocal e bateria poderosos, justificando a melhor formação do Evanescence.

Os sintetizadores perdem espaço quando ouvimos a voz de Amy em “Oceans”, que faz a diferença quando o restante da banda entra em ação. Aqui temos mais um momento de ligação com outras músicas. Apesar da letra introspectiva, a música é o prólogo para o último ato, estabelecendo-se como o melhor momento do álbum.

“Never Go Back” e “Swimming Home”, que fecham com maestria a versão standard do CD, falam do desastre natural que assolou o Japão no início deste ano, mas são contadas a partir de perspectivas diferentes.

É impossível ouvir “Never Go Back” e não se arrepiar, pois a faixa narra o último momento das vítimas do tsunami. O refrão é desesperador, e a banda está tocando com mais vigor do que nunca. Logo ouvimos “Swimming Home”, a calmaria depois da tempestade, desta vez da perspectiva de quem sobreviveu à catástrofe. Temos então mais três músicas que entram para a lista de melhores composições de Lee e seus rapazes.

A versão deluxe conta ainda com quatro faixas bônus. Assim como todas as anteriores, “Say You Will”, “A New Way to Bleed”, “Disappear” e “Secret Door” são totalmente diferentes de tudo que o Evanescence já fez. A última, composta na harpa, evidencia que Amy nunca esteve tão bem vocalmente, além de trazer uma das letras mais bonitas do álbum.

O Evanescence conseguiu fazer o impensável entre as bandas do cenário: o disco mais pesado e, ao mesmo tempo, o mais pop da carreira. A letrista sabe como desenvolver músicas para a rádio, tanto que neste, mais da metade das músicas poderiam ser escolhidas como singles – até mesmo as faixas bônus. Valeu a pena esperar cinco anos pelo novo trabalho da banda.

Evanescence 2011 brand new metal Ev em estúdio

Save yourself! Don’t look back! Tearing us apart untill is all gone, the only word I ever known sleeps beneath the waves, but I’m the one who is drowning without your love. I am lost and I can never go back”

(Evanescence em “Never Go Back”)

8 de nov. de 2011

Mais 05 bons álbuns do primeiro semestre

listas musica

por Caio Coletti

Enquanto ainda é preciso esperar por alguns lançamentos para cunhar uma lista definitiva para esse segundo semestre de 2011 no mundo da música, consertar alguns esquecimentos é sempre uma boa ideia. Entre divas consagradas da música pop que mudaram ligeiramente de direção mas não perderam o cacife, revelações indie e uma pérola surgida do YouTube, essas cinco preciosidades do semestre passado ficaram, por uma razão ou outra, sem entrar na nossa lista anterior. Nada que não possa ser revisado. Só para constar, essa lista aqui poderia contar, na verdade, com 13. Os outros 8 figuram ali embaixo para quem quiser conferir também. De uma forma ou de outra, aqui vão mais cinco bons álbuns do primeiro semestre.

albuns 1

1ª posição – 4 (Beyoncé)

Talvez a qualidade desse 4, elogiado e criticado na mesma medida, seja  a de ser o álbum que captura Beyoncé na essência mais crua (no melhor dos sentidos) da sua energia. É fácil ouvir isso em “1+1”, “Love on Top” e “I Was Here”, algumas das investidas mais diferenciadas do álbum, no sentido que ousam mexer em gêneros e peculiaridades musicais não muito afeitos a carreira da cantora. 4 não é só um grande álbum de R&B, como foram Dangerously in Love e B’Day, e não é só uma bela mistura de baladas e composições hip hop, como I Am… Sasha Fierce. 4 é a representação em estúdio da artista pop que se moldou de Beyoncé nesses anos de carreira.

Os singles: Run The World - Best Thing I Never Had1+1Countdown - Love on Top - Party

Ouça também: I Care - I Was Here

albuns 2

2ª posição – Lovestrong. (Christina Perri)

Você já ouviu a voz dela. Nos últimos tempos tem sido impossível passar incólume pelo sucesso de “Jar of Hearts”, o single de estreia dessa americana de 25 anos, compositora de canções quase sempre tristes que, não por acaso, servem bem ao seu timbre rouco e as suas interpretações intensas. Saída direto de um canal de covers muito popular do YouTube (vale a pena ver a sua rendição de Speechless, de Lady Gaga), Christina reuniu uma tracklist recheada de belas canções nesse seu primeiro álbum, um estudo dos gostos e desgostos do amor. Há a lamentação gratuita em “Sad Song”, uma pitada de vingança em “Bang Bang Bang”, e por aí vai.

Os singles: Jar of HeartsArms

Ouça também: The Lonely - Sad Song - Bang Bang Bang

albuns 3

3ª posição – Wounded Rhymes (Lykke Li)

Frequentemente descrita como “Björk encontra Florence + The Machine”, Lykke Li e o alcance que “I Follow Rivers” alcançou provam que 2011 foi o ano em que a revolução do indie pop realmente veio a tona. Até em Glee a canção figurou. Esse é o segundo álbum da cantora e compositora, um amálgama de referências (as batidas ressonantes realmente lembram Florence, e a entonação dos vocais de Li remete mesmo a Bjork, ainda que seu timbre seja dramaticamente diferente do da islandesa – o que não significa que Li cante mal) e ao mesmo tempo uma obra muito particular, trabalhada em tom sombrio sem sufocar o ouvinte.

Os singles: Get Some - I Follow Rivers - Sadness is a Blessing

Ouça também: Love Out of Lust - I Know Places

albuns 4

4ª posição – Adulthood (CocknBullKid)

Não é como se haja por aí algo com o que se comparar esse álbum de estreia da inglesa Anita Blay sob o pseudônimo de CocknBullKid. A semelhança com a excelente Marina & The Diamonds, que lançou o seu The Family Jewels (altamente recomendado) em 2010, se deve a Liam Howe, o produtor em comum, e também ao fato de ambas terem saído da mesma cena underground inglesa que esá dando as caras para o indie pop entre 2010 e 2011. Letrista ao estilo Morrissey, ao mesmo tempo direta e metafórica, frequentemente auto-depreciativa, Blay é uma cantora que não abusa do alcance que sabe ter, preferindo nos presentear com o deleite de seu timbre em modo suave.

Os singles: One Eye Closed - Hold on to Your Misery - Asthma AttackYellow

Ouça também: CocknBullKidHoarder - Happy Birthday

12JACK3mmSpine

5ª posição – Belong (The Pains of Being Pure at Heart)

Não vou mentir: não sou o maior conhecedor das bandas que figuram nas onipresentes listas de influências do The Pains of Being Pure at Heart nas críticas por aí. Smashing Pumpkins, My Bloody Valentine, Ride. O indie-rock dos anos 90 não é minha especialidade, mas não é preciso ter muito além de uma boa percepção musical para apreciar o tipo de música que esse quarteto de Nova York vem fazendo desde 2009, com o auto-intitulado primeiro álbum. A oposição entre o quieto, o melancólico, sintetizadores e vocais sussurrados com guitarras pesadas cria aqui um álbum de rock que vai ficar na sua cabeça tanto quanto qualquer  composição pop por aí.

Os singles: The Body - Heart in Your Heartbreak

Ouça também: Belong - Even in Dreams - My Terrible Friend

E, completando o semestre…

6ª posição – Angles (The Strokes) – Ouça: Under Cover of Darkness - Macchu Picchu

7ª posição – Torches (Foster The People)Ouça: Pumped Up KicksWaste

8ª posição – Tropical Splash (Copacabana Club)Ouça: Just do ItPeach

9ª posição – Find Me (Christina Grimmie) – Ouça: AdviceUgly

10ª posição – Love? (Jennifer Lopez) – Ouça: Papi - Until it Beats no More

11ª posição – When The Sun Goes Down (Selena Gomez & The Scene) – Ouça: Love You Like a LovesongWhiplash

12ª posição – All Things Bright & Beautiful (Owl City) – Ouça: Deer in The Highlights - Dreams Don't Turn to Dust

13ª posição – Matthew Morrison (Matthew Morrison)Ouça: Let Your Soul be Your Pilot

albuns 6 albuns 7 

She was the heart in your heartbreak/ She was the miss in your mistake/ And no matter what you say/ You’re never going to forget/ She was the tear in a rainstorm/ She was the promise that you would’ve sworn/ And no matter what you say/ It’s never gonna come back”

(The Pains of Being Pure at Heart em “Heart in Your Heartbreak”)

4 de nov. de 2011

Rubens Rodrigues #2 – TV | Fall season: O que vale a pena acompanhar?

\

Quem aqui gosta de seriados? Se você, assim como eu, ama as séries de TV já deve saber que estamos na fall season – aquela época do ano em que as séries de maior sucesso retornam com episódios inéditos.

Além de programas como Grey’s Anatomy, Glee, House e Dexter, que todo mundo conhece, muitos shows novos entram na programação da TV americana e precisam desenvolver boas histórias para que a audiência compre a ideia para assim ganhar temporada completa.

Em um ano de comédias medíocres (salvo Suburgatory), alguns dramas mostraram potencial e é justamente disso que eu vou falar na coluna de hoje. Vamos descobrir o que vale a pena acompanhar na temporada 2011/2012.

gifted_man

A Gifted Man

O renomado neurocirurgião Michael Holt vê sua vida mudar quando descobre que tem o dom de conversar com Anna Paul, sua ex-esposa que já morreu. O médico tem que ajudar a dirigir a Clínica Sanando, um projeto de Anna que atende pessoas sem condições de pagar um plano médico – além da sua própria clínica particular.

A série da CBS teve o piloto dirigido por Jonathan Demme, de O Silêncio dos Inocentes, e tem como protagonista o ótimo Patrick Wilson (Watchmen, O Fantasma da Ópera). Tá bom pra você?

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=eDtrCOeo7is

american-horror-story-banner

American Horror Story

Dos criadores de Glee e Nip/Tuck (Ryan Murphy e Brad Falchuk), AHS é diferente de tudo o que existe atualmente. Claramente inspirada em vários clássicos do Cinema de Horror, a série aborda a vida de uma família desestruturada que acaba de se mudar para uma casa mal assombrada. Aqui a casa é um dos personagens principais e tem uma mitologia que descobrimos pouco a pouco em cada episódio.

Se você é fã do gênero de terror e já viu filmes como O Iluminado, do genial Stanley Kubrick, certamente vai gostar de American Horror Story. Além do mais, a série é transmitida pelo canal pago FX, o que dá mais liberdade para os roteiristas ousarem como a história pede.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=wmzyPqvMTRY

Pan Am

Pan Am

Ambientada nos anos 60, a série aborda a vida dos pilotos e aeromoças da Pan American World Airlines, que chegou a ser a maior companhia aérea do mundo, mas faliu no final da década de 90.

A série do canal ABC apresentou o melhor piloto da temporada e os episódios seguintes conseguiram manter o nível de alta qualidade. Com 13 episódios encomendados até agora, vale a pena acompanhar as missões de uma espiã do governo americano e o drama de uma sobrevivente da 2ª Guerra Mundial. Pan Am é a tentativa de levar o estilo de Mad Men para a TV aberta.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=IyvcOlsYvmo

4d8a625c12c821fd4bfae6f20ebc6a13

Revenge

Sabe quando você assiste a uma série sem nenhuma expectativa? Foi exatamente como eu vi o piloto de Revenge, também da ABC, que vazou na internet semanas antes da estreia.

Livremente inspirada na obra O Conde de Monte Cristo, a série conta a história de Emily Thorne (interpretada por Emily VanCamp, de Everwood e Brothers & Sisters), que após ver o pai ser condenado injustamente promete vingança às pessoas que o fizeram parar na cadeia.

Se você já viu o piloto, não se engane com o clima de novela brasileira, pois a trama bem amarrada promete uma temporada cheia de reviravoltas.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=kHIaORMG-AM

suburgatory-tv-show-promo-image-01-600x337

Suburgatory

A única comédia que vale a pena acompanhar, Suburgatory lembra muito a série teen Awkward, da MTV. Os coadjuvantes surreais estão em perfeita sincronia com os protagonistas George (Geremy Sisto) e Tessa Altman (Jane Levy), que acabam de se mudar de Nova Iorque para o subúrbio. A série é garantia de boas risadas.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=zSAbpqEX-N0

terra_nova_ver4

Terra Nova

Produzida por Steven Spielberg, a série mais esperada da temporada não atendeu às expectativas da FOX, por causa da “decepcionante” audiência (os números são bons, mas não o esperado pelo investimento do canal).

Com uma atmosfera AVATAR, a série é focada na família Shannon, que vive no colapsado ano de 2149 e tem a oportunidade de voltar no tempo e fazer parte da colonização de Terra Nova – o planeta Terra na época em que os dinossauros ainda existiam.

Diferente da maçante Falling Skies, também de Spielberg, Terra Nova tem boas histórias, mas nada de muito novo. Parece que o diretor parou no tempo, apresentando roteiros previsíveis e efeitos especiais datados. Mas é de entretenimento que estamos falando, e isso a série faz bem.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=tUp6C5RLJAg

glee house

“Essa não é uma história sobre perdão. Quando eu era uma garotinha, o meu entendimento de vingança era tão simples quanto ‘dois errados não formam um certo’. Mas quando roubam tudo o que você ama, alguém tem que pagar”

(Emily Thorne em “Revenge”)