Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

Drake, Lorde e Goldfrapp são apenas três dos artistas que chegaram arrasando na nossa lista.

Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

31 de out. de 2012

O Green Day virou trilha de Amanhecer – Parte 2! Assista “The Forgotten”.

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por Caio Coletti
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De banda punk degenerada dos anos 90 a trilha-sonora da série adolescente mais popular desde o final de Harry Potter. O Green Day de Billie Joe e cia. percorreu uma longa estrada, mas se há algo que permanece imutável é o faro para boa música: “The Forgotten”, canção escrita para o filme dos vampiros, é uma balada lindíssima e ganhou videoclipe ontem (dia 31) entremeado shows da banda e cenas do filme.

A produção dirigida por Bill Condon (Chicago), que fez da Parte 1 da conclusão da saga o seu retorno aos trilhos depois das baboseiras de Chris Weitz (Lua Nova) e David Slade (Eclipse), o filme conclúi a história de Bella (Kristen Stewart), agora casada com Edward (Robert Pattinson) e mãe de uma filha meio-humana-meio-vampira – concebida antes de sua tranformação em sugadora de sangue – Renesme (Mackenzie Foy).

O filme estreia no dia 15 de Novembro no Brasil. Confira aqui o trailer, e aqui uma preview com trechos de todas as músicas da trilha, que ainda incluí Passion Pit, Ellie Goulding, Feist e Christina Perri.

Top 05: Halloween indie pop.

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por Caio Coletti

Eu tenho certeza que você reconheceu a imagem acima. Tenho certeza também que uma linha de baixo começou a tocar em sua mente, e talvez os passos da dança-zumbi mais famosa do mundo tenham vindo à sua memória. Michael Jackson é o rei do pop o ano todo, mas é nesse glorioso 31 de Outubro, Halloween, que ele e seu "Thriller" reinam ainda mais absolutos. A obra-maior do nome-maior da música pop está tão arraigada na memória coletiva que não é preciso mais que um detalhe dela para disparar uma série de lembranças e sensações. Seja você rocker, metaleiro, fã de música pop ou hipster-indie, “ninguém pode resistir à maldição do thriller”.

E é nesse espírito que chegamos com o nosso top 05 especial de Dia das Bruxas. Monstros, vampiros, zumbis e muita referência pop passam pelos nossos cinco eleitos do universo da música indie. Deleitem-se, e happy halloween pra vocês:

1ª posição – “Alive” (Goldfrapp)

Dançarinas aeróbicas, bandas de heavy metal usando simbologia satanista, vampiros que bebem sangue de purpurina: “Alive”, do Goldfrapp, é a coisa mais anos 80 produzida… bom, desde os anos 80. E é um pequeno deleite de Halloween. Segundo single retirado do último álbum do duo composto por Alison Goldfrapp e Will Gregory, o Head First de 2010, “Alive” tem melodia grudenta e humor afinadíssimo que pode passar despercebido por aqueles não-familiares com, entre outros, "Physical" e "The Number of The Beast".

2ª posição – “Dusk Till Dawn” (Ladyhawke)

Sem programação pro Halloween? A festa da neo-zelandesa Ladyhawke certamente é uma boa pedida. Se você for um nerd, é claro. A cantora e compositora de "My Delirium" dança ao lado de Freddy Krueger, Leatherface, Jason e Drácula em “Dusk Till Dawn”, de seu primeiro álbum de estúdio, o Ladyhawke de 2008. Mas ela também é perseguida pela casa assombrada de seu clipe pelo não menos temível “monstro do Cubo Mágico”, entre outras piadinhas que elevam o nível de nerdice a patamares inéditos.

3ª posição – “Something Else” (I Am Harlequin)

Em “Something Else”, a cantora, compositora e multiinstrumentista Anne Freier, sob o pseudônimo de I Am Harlequin, canta o refrão mais pegajoso (e saboroso) de sua carreira enquanto atua na pele de uma garota que foje de casa para ter um encontro com uma “criatura” peluda vítima de bullying. Quase um Frankenstein moderno com a “pelagem” emprestada do lobisomem. Mas grande mistério aqui não é “o que diabos são esses pêlos?” e sim “porque diabos a I Am Harlequin ainda não esoturou?”.

4ª posição – “Sleep Alone” (Two Door Cinema Club)

O mundo dos sonhos pode ser bastante assustador também. O Two Door Cinema Club misturou Poltergeist, Contatos Imediatos de Terceiro Grau (Spielberg um dia já foi digno de Halloween) e a mais pura viagem lisérgica em seu “Sleep Alone”. O primeiro single do segundo álbum dos norte-irlandeses, o Beacon, ganhou vídeo em que Alex Trimble viaja em uma cama voadora, foge com seus companheiros de banda de uma guitarra gigante, e cai da cama para descobrir que foi tudo um sonho.

5ª posição – “Vampire Smile” (Kyla La Grange)

Uma mistura curiosa de A Bruxa de Blair e horror tribal, “Vampire Smile”, o primeiro single por uma gravadora da talentosíssima Kyla La Grange (sua estreia, Ashes, é um dos álbuns que mais valem a pena ouvir no ano), ganha o posto de vídeo mais realmente assustador da nossa lista. Kyla deixa a dramaticidade da encenação crescer junto com a música, uma composição urgente de letra brilhante (“I want a scar that looks just like you”) enquanto é perseguida por monstros na floresta.

29 de out. de 2012

Jessie J é a trilha sonora de Silver Linings Playbook, com Jennifer Lawrence.

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por Caio Coletti
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Jessie J liberou o áudio de “Silver Linings (Crazy ‘Bout You)”, sua contribuição para a trilha sonora de Silver Linings Playbook, adaptação de David O. Russell (O Vencedor) para o livro de Matthew Quick. O filme conta com elenco que inclui Bradley Cooper (Se Beber Não Case), Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes), Robert DeNiro, Julia Stiles (A Identidade Bourne) e Chris Tucker (A Hora do Rush).

Cooper promete pagar a língua de seus detratores (entre eles, este que vos fala) no papel de Pat Solitano, um ex-professor que ficou anos internado em um hospício e retorna à casa dos pais (DeNiro e Jacki Weaver), tentando se reconciliar com a esposa. No caminho dessa jornada está Tiffany (Lawrence), que acaba de perder o marido e parece ser a única a realmente entender Pat.

Silver Linings Playbook (o título se refere a expressão americana para o “espaço entre as nuvens” de uma tempestade) tem estreia marcada para 01 de Fevereiro de 2013.

“Don’t Rush”: mais uma inédita do primeiro Greatest Hits de Kelly Clarkson.

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por Caio Coletti
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Comemorando dez anos desde sua vitória na primeira edição do American Idol, Kelly Clarkson lança no próximo dia 16 de Novembro a primeira coleção de Greatest Hits de sua carreira. Intitulada ambiciosamente de Chapter One, a coletânea conterá três canções inéditas. A primeira, que serve também de single promocional do álbum, foi lançada ainda no começo do mês: a ótima "Catch My Breath". Agora, é a vez de “Don’t Rush” (ouça no final do post).

A nova canção é parceria com Vince Gill, cantor e compositor de música country cujo início de carreira data de meados dos anos 80. “Don’t Rush” explora o lado country de Kelly que vemos muito pouco, talvez desde o Thankful, primeiro disco de estúdio da americana, de 2003. A setlist completa do Chapter One contem canções de cada uma das cinco gravações de Kelly:

1. Since U Been Gone (originalmente do Breakaway)
2.
My Life Would Suck Without You (originalmente do All I Ever Wanted)
3. Miss Independent (originalmente do Thankful)
4. Stronger (What Doesn’t Kill You) (originalmente do Stronger)
5. Behind These Hazel Eyes (originalmente do Breakaway)
6. Because of You (originalmente do Breakaway)
7. Never Again (originalmente do My December)
8. Already Gone (originalmente do All I Ever Wanted)
9. Mr. Know it All (originalmente do Stronger)
10. Breakaway (originalmente do Breakaway)
11. Don’t You Wanna Stay feat. Jason Aldean (originalmente do Stronger)
12. Walk Away (originalmente do Breakaway)
13. Catch My Breath (inédita)
14. People Like Us (inédita)
15. Don’t Rush feat. Vince Gill (inédita)
16. A Moment Like This (single de vitória do American Idol)
17. I’ll Be Home From Christmas (originalmente do EP iTunes Session)

Moda Masculina: Primavera/Verão 2013.

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por Vanessa Dias
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O inverno vai aos poucos acabando e com o calor fora de época, já é hora de se preparar para o verão. A moda masculina para esta estação promete ser simples, mas elegante. Uma das grandes apostas dos homens nesta estação são os modelos slim fit, que valorizam o corpo por serem mais ajustados – o que é uma boa pedida para os que querem exibir um pouco mais os músculos na estação mais quente do ano. As regatas com manga cavada também reaparecem com toda a força. Estampadas especialmente nas costas, as ilustrações remetem a temática do verão, como a praia e o sol.

Essas e outras tendências prometem fazer desta estação leve e descontraída. Confira:

Acessórios

O sapatênis é uma peça que volta com tudo. Nesta estação ele aparece em cores mais neutras, como cinza, cru e caqui. Pode ser usado tanto para compor um traje esportivo como um casual e mesmo esporte fino, deixando a produção mais despojada. As gravatas, por sua vez, apresentam estampas diversas, acompanhando a tendência do xadrez.

 

 

 

Social

Assim como o sapatênis, os ternos acompanham as mudanças do clima e aparecem em sua maioria em tons pastéis. A tendência da estação é o corte italiano com duas abas abertas atrás, que ajuda a modelar o corpo mesmo para os que estão acima do peso. Tons escuros ainda serão usados, mas desde que seja apropriado para a ocasião. As listras também aparecem de forma suave, aparentando um liso falso – o chamado ton sur ton. Para as camisas sociais, segue também a linha do slim fit, combinado a tecidos mais leves – como algodão egípcio e cetim de algodão – ajustando-se ao corpo e evitando aquele desconforto que os tecidos mais pesados podem causar no calor.

Estampas

O xadrez vem bem forte e em todos os tamanhos – micro, médios ou grandes, fica a sua escolha – e aparecem tanto em camisas como em bermudas, combinado aos tons coloridos. Além das estampas tradicionais, os rapazes podem apostar também nos florais. Seja em toda a peça ou fazendo a diferença nos detalhes, a estampa representa o espírito da primavera e deixa a combinação inteira com a casualidade e a vida que pede o clima, sem perder a elegância e o estilo, que acabam sendo esquecidos devido ao calor. Os florais aparecem bastante em camisetas e camisas, normalmente em estampas miúdas, conhecidas no mundo da moda como estampas liberty.

25 de out. de 2012

A banda McFly volta ao sucesso lançando novo clipe, “Love is Easy”.

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por Gabryel Previtale
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Pra quem sentiu saudades da banda britânica formada pelos 4 jovens mais charmosos do Reino Unido (Tom, Harry, Danny e Dougie), ela está de volta e apostando em novo single, “Love is Easy”. O grupo, que atingiu o auge do seu sucesso entre os anos de 2004 até 2007, conseguiu postos que antes eram dos Beatles e chegou até entrar para livro dos recordes por ser a banda mais jovem a ter o primeiro CD no topo das paradas britânicas. Assim foi até o contrato com a gravadora acabar. Felizmente, esse contrato foi reatado em 2010 e então só agora os garotos lançam essa faixa inédita que irá marcar a volta e entrará para uma coletânea de melhores singles da banda Memory Lane: The Best of McFly.

A música em si não remete nada aos trabalhos antes feitos pelo grupo. Apostaram em uma pegada mais “fofa e clean”, jogada bem para o lado Jason Mraz, sem muitos instrumentos no começo, marcado pelos acordes de um violão e assovios dando o fundo da canção, e depois entra um toque mais McFly, a guitarra finalmente aparece. Vocal também nada muito “rasgado” ou notas altas, só falsetes.

O videoclipe segue a mesma linha, onde são cenas de uma apresentação de teatro amador de escola. Os garotos, porém, continuam com o mesmo estilo e esbanjando simpatia, quem é fã da banda realmente vai gostar dessa volta e da nova aposta do grupo.

Gabryel Previtale escreve todo dia 24.

24 de out. de 2012

Review: O respiro de paz de Ellie Goulding em seu Halcyon.

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Ellie Goulding está no comando do seu jogo em “Anything Could Happen”, primeiro single oficial retirado de seu segundo álbum de estúdio, Halcyon. Para começar, os vocais são, na falta de um adjetivo melhor, impressionantes: em dois dos muitos ganchos pop da canção a cantora mostra que é capaz de doçura encantadora (“baby, I’ll give you everything you need”, em belíssimo soprano), mas também potência invejável (“I know it’s gonna be”). Ellie é o tipo de vocalista que é capaz de se tornar dona absoluta da música que canta quando – como aqui – está no seu auge. De quebra, a letra do single é um retrato refrescante e gigantesco do fim de um relacionamento, capaz até de se admitir egoísta (“but I don’t think I need you!”). E não somos egoístas, todos nós?

A visão da cantora britânica nessa segunda obra de estúdio certamente não parece otimista. “Figure 8”, por exemplo, é uma balada clássica de decepção com uma angulação que a leva para perto do dubstep com parcimônia e elegância (ao contrário do que os “críticos independentes” tem dito por aí, Halcyon não é um álbum inteiramente ditado por essa tendência, da qual o namorado de Goulding, o DJ Skrillex, é o principal representante). A canção é dona de um refrão brilhantemente escrito e conta com a força de Ellie nos vocais, soando identificáveis e atrativos, cheios de garra, sempre que realmente acreditam na composição da qual tomam parte.

Ela inclusive remete à Kate Bush na teatralidade dos vocais (uma referência cada vez mais presente na música pop contemporânea) quando retoma sua veia de cantora-compositora em “My Blood”, construída a partir do arpejar de um violão que se transfere graciosamente para o piano durante a canção, reminiscente de “Home”, do seu álbum anterior. O refrão que Ellie constrói é de puro faro pop, combinando linha melódica clássica e uma produção esperta que faz da multiplicação dos vocais da cantora um recurso usado na medida certa.

Se há uma armadilha na qual Halcyon não cai, é a de ser um álbum construído em cima do sucesso de “Lights”, mais bem-sucedido single da carreira da cantora. É uma obra própria, particular, mas que não escapa de seus vícios. “Don’t Say a Word” é uma canção que flerta com as experimentações tribais do Florence + The Machine (em certo do ponto do refrão, “Heartlines” vem à mente), combinando percussão pesada e sintetizadores aéreos. A letra remói o passado de um relacionamento, enquanto Ellie sugere ao ex-amante: “venha, mas não diga uma palavra”. Trata-se, ao lado do quase-mantra “Only You”, de uma produção hermética, ainda que sem sombra de dúvidas competente, e com pouco sangue humano correndo por suas veias.

Por outro lado, poucas vezes na recente discografia da música pop uma canção-título foi tão bem escolhida quando “Halcyon”. A faixa, que ganha tons de disco music na produção de Goulding e Jim Eliot (uma das metades do duo Kish Mauve), contem uma letra cardeal para o tema do disco (ao qual a própria cantora se referiu como um break-up album), uma coleção de expectativas frustradas e realidades dolorosas. “When we’re alone/ It could be home”, ela canta, emendando, após a quebra de instrumental, no refrão que diz justamente que o homem a quem Goulding canta foi incapaz de fazê-la se sentir em casa. O pós-refrão, por sua vez, cola um “it’s gonna be better” à história. A paz, o Halcyon (um pássaro lendário que era capaz de acalmar as ondas do mar revolto) de Goulding é o final de um relacionamento que não a fazia bem.

O pico do álbum, no entanto, vem em “I Know You Care”. Depois de “Someone Like You” e “Video Games”, virou regra: você vai achar pelo menos uma balada de piano-e-voz em todos os grandes álbuns pop desse ano. Mas você não vai achar uma como “I Know You Care”, e talvez nem mesmo as obras de Adele e Lana Del Rey se comparem a essa pedra preciosa que Ellie lapidou aqui. Seus vocais encontram tamanha ressonância com o ouvinte que é impossível passar incólume por eles. E sua letra amarga que parece se arrepender do passado e insistir em sonhar com o futuro é, ainda assim, de um agridoce raro e genuinamente machucado.

É emoção autêntica como a que ressoa nas melhores partes do álbum. E falta em suas piores, é verdade. Mas correm-se riscos quando assumem-se posturas tão ousadas quanto as que Ellie teve que sustentar aqui, saída de um grande sucesso e com as expectativas e holofotes em cima de si. Halcyon é um respiro de paz em meio ao hype de uma estrela que quer se mostrar algo além de uma posição nas paradas.

**** (4/5)

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Halcyon
Lançamento: 05 de Outubro de 2012.
Selo: Polydor.
Produção: Billboard, Jim Eliot, Ellie Goulding, Calvin Harris, MONSTA, Justin Parker, Mike Spencer, Starsmith.
Duração: 46m54s

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Notas (glossário):

Dupstep:
Tendência absoluta no mundo da música eletrônica atualmente, o estilo surgido em Londres se caracteriza basicamente por grandes quebras de ritmo, padrões de bateria reverberantes e fortes linhas de baixo. O expoente mais destacado do estilo hoje é Skrillex (ouça "Equinox (First of The Year)"), mas o dubstep tem forte influência também no último hit de Rihanna, "Where Have You Been".

Disco:
A disco music é um gênero de música pop que teve seu auge no final dos anos 70, tendo com ocaracterísticas os vocais produzidos com ecos, percussões de influência latina e o uso de instrumentos de sopro ao lado dos teclados e sintetizadores. A recentemente falecida Donna Summer é considerada uma das rainhas do gênero (vide"Bad Girls").

AV #15: As novidades que não podem passar em branco.

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A cantora, compositora e pianista russo-americana Regina Spektor é, quase sempre, um respiro. Minimalista quando a canção lhe pede que seja, com a habilidade vocal de jogar sombras de blues em algumas notas e, ao mesmo tempo, permanecer totalmente fiel a sua personalidade única, Regina poucas vezes escolheu um single que demonstra suas qualidades tão bem quanto “How”, belíssima balada que ganhou um clipe igualmente encantador. O clima é oposto ao single anterior, o também ótimo "Dont Leave Me".

Jason Mraz não está exatamente preocupado em se tornar o sucesso absoluto que o seu single "I'm Yours" prometeu: esperou quatro anos para lançar o sucessor do seu álbum-revelação, We Sing. We Dance. We Steal Things., mudou de tom para o primeiro single, "I Won't Give Up" (o que acabou sendo uma boa aposta, na verdade), e não fez questão de promover mais a gravação de estúdio nova, Love is a Four Letter Word, desde então. Mas ele permanece fiel a si mesmo, com o delicioso vídeo de “Living in The Moment” reafirma.

Fall to Grace, segundo álbum da cantora e compositora britânica Paloma Faith, vai ganhar reedição com faixas inéditas, e “Never Tear Us Apart” é o primeiro single retirado dessa leva de novas canções. Na verdade, trata-se de um cover da banda australiana INXS, que a gravou em 1988, sendo posteriormente registrada por Tom Jones e Carrie Underwood, entre outros. No vídeo, Paloma dá o tom dramático de sua performance, sempre bastante teatral, e deixa a bela música falar por si mesma.

Álbum do momento:

Glassheart (Leona Lewis)

É extremamente raro dizer, quando um álbum que passou por diversos adiamentos e várias remodelações finalmente sai, que se trata de uma obra pela qual valeu a pena esperar. Glassheart é a exceção da regra. Marcado originalmente para o final do ano passado, o terceiro álbum de estúdio de Leona Lewis deixou os fãs com água na boca desde 2010, quando anunciou o começo dos trabalhos para um sucessor do Echo. Depois de um single ("Collide") que acabou nem entrando na setlist final, Leona fez da ótima "Trouble", co-escrita por Emeli Sandé, a primeira música de trabalho para o lançamento efetivo. O que se ouve aqui é um álbum recheado de melodias bem cuidadas e arranjos interessantes, e Leona no topo de seu jogo vocal (que é um dos mais bem jogados da indústria, aliás). Destaque para "Lovebird", que tem a mão de Dr. Luke na composição, e para a belíssima "Fireflies".

Próximos lançamentos:

◘ 1 de Novembro – Infinito (Fresno) – Ouça: "Infinito".

◘ 9 de Novembro – Flume (Flume) – Ouça: "Holdin On".

Notas de rodapé:

◘ A vencedora da última edição do X-Factor britânico, Melanie Amaro, faz de "Don't Fail Me Now" seu single de estreia.

◘ Diamond Rings, pseudônimo do cantor e compositor canadense John O’Regan, lançou o segundo videoclipe do seu novo álbum, Free Dimensional: "Runaway Love".

O terceiro strike do Fun., um dos nomes do ano, em “Carry On”.

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por Caio Coletti
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É preciso de render a genialidade do Fun. Com um mega-hit emplacado esse ano ("We Are Young") e um single seguinte que, se não se igualou ao antecessor, também não fez feio ("Some Nights", atual 4ª posição do Billboard Hot 100), os nova-iorquinos lançaram ontem (dia 24) o videoclipe para “Carry On”, escolhido como terceiro single do Some Nights. O que impressiona, no entanto, é que a canção não fica devendo absolutamente nada a nenhuma de suas antecessoras, do refrão antêmico, passando pelo vocal brilhante e pelo instrumental orgânico, é (outra) candidata a hino.

O vídeo mostra o trio em uma noitada nova-iorquina, com direito a correria pela 5ª Avenida, casa noturna com abientação dark e até um mega-show performado pela banda. “Carry On”, cocmo boa parte das faixas do álbum do qual saiu, é co-escrita pelos três membros da banda e pelo também produtor Jeff Bhasker (você leu o nome dele aqui n’O Anagrama há pouco tempo, graças a “Girl on Fire”, de Alicia Keys).

Some Nights vendeu quase 700 mil cópias em solo americano, marca louvável para uma banda vendida ora como rock alternativo, ora como indie pop. É fato, no entanto, que o Fun. é na verdade uma das melhores expressões de boa música de 2012.

23 de out. de 2012

Estamos na fila: “Homem de Ferro 3”, com Robert Downey Jr e Ben Kingsley.

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por Caio Coletti
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Depois do 1 bilhão e meio de dólares de Os Vingadores, é hora do universo Marvel provar que ainda tem fôlego para carregar seus personagens, nas graças do público, para uma segunda mega-aventura. E o primeiro trailer de Homem de Ferro 3, lançado ontem (dia 23), é uma indicação que a editora-transformada-em-estúdio não vai deixar deixar o pique diminuir.

Agora sob o comando de Shane Black (Beijos e Tiros, Máquina Mortífera) em direção e roteiro, Tony Stark – papel de Robert Downey Jr, pela quarta vez – vai enfrentar seu nêmesis, o Mandarim (Ben Kingsley), um terrorista determinado a provar que “não existem heróis”. Mesmo afastado da direção do projeto, Jon Favreau retorna como o guarda-costas de Tony, Happy Hogan, que interpretou nos filmes anteriores.

O elenco ainda inclui as adições de Guy Pearce e Rebecca Hall (Vicky Cristina Barcelona), e o filme está marcado para 3 de Maio de 2013 no Brasil.

21 de out. de 2012

O branco e o preto.

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por Isabela Bez
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Na Idade Média, o preto era associado com o mal e o pecado. No século XI São Bernardo de Claraval declarou que o preto era a cor do inferno e da morte, enquanto o branco representava pureza e inocência.

O preto tem como definição a total ausência de luz. Já o branco é a luz. As duas cores são opostas. E na moda, elas se completam.

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Talvez tudo tenha começado quando o preto virou uma marca da nobreza na transição da Idade Média para a Idade Moderna. Corantes pretos de alta qualidade começaram a surgir no mercado, oficiais passaram a vestir mantos pretos para demonstrar seriedade, e foram criadas leis em algumas partes da Europa que proibiam o uso de certas cores por pessoas que não fossem da nobreza. Os europeus diziam que o preto era a cor da dignidade e do poder, e no final do século XVI, tinha se tornado a cor usada por quase toda nobreza da Europa.

O branco e o preto se contrastam como nenhuma outra cor. E é assim que se torna inteligente o uso dos mesmos na moda.

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O mix das duas cores mostrou presença constante nos desfiles de primavera verão 2013. É um tanto irônico. Estamos acostumados a ver muito floral e colorido nessa época do ano, e dessa vez as “regras” foram quebradas, e essa é a razão pela qual o uso de preto e branco juntos em dias nada frios se torna ainda mais interessante.

Corte a seriedade do preto com o branco, corte a suavidade do branco com o preto e desafie o verão.

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Isabela Bez escreve todos os dias 06 e 21.

Hit EnQuadrado: “One More Night”, Maroon 5.

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Vértice 1: As Influências

Com uma pitada de reggae na guitarra de James Valentine e a alquimia pop de sempre, o Maroon 5 emplacou em “One More Night” uma canção que pende para um dos rótulos que sempre foi associado à banda: o funk rock. Precedido, no final dos anos 60, pelas últimas experiências do lendário Jimi Hendrix ("Little Miss Lover", de 1967, é considerada a primeira canção a misturar elementos do funk primordial e do rock), o gênero nasceu na alvorada da década seguinte, graças ao pioneirismo de George Clinton.

Com um álbum, o clássico Maggot Brain, incluído na lista de 500 melhores álbuns da história da Rolling Stone nesse ano, uma das bandas de Clinton, a Funkadelic, se impôs como o primeiro clássico do gênero. Contando com o guitarrista Eddie Hazel, principal rival de Jimi Hendrix na época, eles criaram clássicos como a faixa-título do álbum mencionado e a mais característica "Can You Get to That", que trazia a batida funkeada e as guitarras elétricas norteadoras do funk-rock. O gênero passou para o outro lado do Atlântico ainda na mesma década, com a banda britânica Trapeze gravando canções que traziam uma abordagem mais suave da influência funk da música – um bom exemplo é "Black Cloud".

Nos anos 80, com a ascenção do synthpop e a experimentação geral de gêneros, o funk rock figurou diluído nas experiencias pop de Queen ("Another One Bites the Dust"), Rick James ("Give it To Me Baby") e Blondie ("Heart of Glass"), ampliando os horizontes e as influências do gênero dentro da cultura popular. E continuou sendo parte do cenário rock, tendo seu representante mais conhecido  no Jane’s Addiction, que seguia a escola do Trapeze e fazia rock alternativo com batidas e baixos emprestados da funk music. Dá pra ouvir um pouco dessa influência em "Jane Says", clássico da banda.

Os anos 90 viram surgir a banda de funk rock mais lôngeva da história: o Red Hot Chilli Peppers. "Suck My Kiss", um dos hits do clássico álbum Blood Sugar Sex Magik, mostra bem a fluidez funk rock, com elementos novos do hip hop, que caracterizam o som da banda, na ativa (e fazendo sucesso acima da média para o gênero) até hoje. Lenny Kravitz ("Always on The Run") e Audioslave ("Original Fire") também já experimentaram com a mistura de funk e rock.

Vértice 2: A Canção

“One More Night” abre com um gancho pop entoado por Adam Levine por cima de batidas com influência do funk, ditadas por Matt Flynn na percussão. A entrada do baixo de Mickey Madden nos versos e a riffagem reggae de James Valentine completam a alquimia pop da banda numa canção descrita como “uma imersão de gêneros efetiva, criando algo novo como resultado”. O vocal de Levine, muito elogiado, traz o falsete que é a assinatura do americano, e canta sobre as idas e vindas de uma relação na qual o cantor espera ter forças para permanecer “por apenas mais uma noite”.

Vértice 3: O Artista

O Maroon 5 vem sendo um empreendimento único no cenário pop há mais de dez anos. Em 2002, com o lançamento do nascido-clássico Songs About Jane, os cinco rapazes californianos apenas confirmaram uma tragetória que incluia um álbum lançado sob o nome de Kara’s Flowers em 1997. As canções escritas pelo vocalista Adam Levine para o que ele considera a grande paixão de sua vida renderam hits como "She Will Be Loved", "This Love" e "Sunday Morning", e fizeram do pop rock adulto (da música adulta, na verdade) uma fórmula rentável novamente.

Cinco anos depois, os americanos voltaram com o igualmente bem sucedido It Won’t Be Soon Before Long, uma ligeira abertura maior do grupo para as influencias da black music em suas composições (a mais audível é Prince). "Makes me Wonder" se tornou o primeiro #1 do Maroon 5, se mantendo três semanas no topo da Billboard Hot 100, e os outros quatro singles do álbum também mantiveram o nome da banda no topo do jogo pop – com destaque para o dueto com Rihanna em "If I Never See Your Face Again". Mais três anos e foi a vez de Hands All Over, um esperimento pop cheio de força e vitalidade, mas ofuscado por singles que não funcionaram (com exceção da ótima "Misery" e, claro, de "Moves Like Jagger", da versão deluxe do álbum, segundo #1 da carreira da banda).

Overexposed é o nome da nova fase do grupo, trazendo produção mais pop, por vezes voltada para a pista de dança. Mas ainda é o Maroon 5, como o terceiro #1 dos californianos, essa “One More Night”, bem demonstra.

Vértice 4: O Impacto

A canção estreou na parada da Billboard em Julho, após o lançamento do videoclipe dirigido por Peter Berg (O Reino, Hancock), na modesta 42ª posição. Começou então uma lenta escalada da parada, atingindo o número 30 em meados de Agosto, o número 8 no começo de Setembro e, à beira do começo do mês de Outubro, finalmente alcançando o topo da parada, na 13ª semana depois da estreia. Atualmente, “One More Night” está em sua terceira semana reinando no topo da Billboard, igualando o número de “Makes Me Wonder” e ameaçando as seis semanas de “Moves Like Jagger”.

19 de out. de 2012

Wibbly Wobbly Timey Wimey Stuff: Whovians e terrestres, Doctor Who chegou ao O Anagrama! (Parte 2)

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por Andreas Lieber
(Tumblr)

Uma guerra aconteceu. Gallifrey, lar dos Time Lords, lutou bravamente contra os Daleks, mas sucumbiu e desapareceu no tempo. Um sobrevivente, no entanto, conseguiu escapar: Doctor, o último dos Time Lords. Adquirindo renovado apreço pela Terra e seus habitantes, sendo humanos todos os companions dessa nova fase, embora haja rumores de que a próxima será algum tipo de inteligência não humana, esse viajante galático foi trazido de volta em 2005 pela BBC. As aventuras do último Gallifreyan se tornam mais intensas e várias coisas sobre o passado do Doctor são reveladas (embora tenhamos vivido esse passado na fase antiga, nada era totalmente claro) e em vários episódios recebemos informações sobre a guerra que devastou seu planeta e sobre o futuro da humanidade. Outra novidade é o retorno do sonic screwdriver, uma ferramenta usada pelo Doctor para abrir portas, fazer leituras sônicas, descobrir origem de ondas de radares, etc., que estava sumida nas últimas temporadas da série, a ligação muito mais forte entre o Doctor e seus companions e uma TARDIS totalmente nova e remodelada por dentro.

Conhecendo os novos Doctors:

9º Doctor (Christopher Eccleston)

O retorno da série é marcado pela tentativa de invasão à Terra por um ser alienígena chamado Nestene Consciousness, que dá vida a materiais de plástico (principalmente manequins, os Autons que foram introduzidos na época do terceiro Doctor) e os transformam em seres maléficos. No meio dessa confusão toda, o Doctor (obviamente presente) salva Rose Tyler (Billie Piper), uma atendente de loja, e oferece a ela a possibilidade de viajar na TARDIS. O Doctor de Eccleston é marcado por comentários sarcásticos feitos em um pesado sotaque do norte inglês e uma impulsividade infantil que geralmente os mete em confusão. Sempre vestido em uma jaqueta de couro, ele imortaliza a expressão “Fantastic!” (Fantástico!), dita com um sorriso de orelha a orelha.

Juntamente com Rose, a primeira companion da fase nova, corajosa e impulsiva, sempre acreditando no melhor das pessoas, eles visitam Charles Dickens, a Segunda Guerra Mundial, onde conhecem o capitão Jack Harness (que se torna recorrente durante a série), lutam contra uma raça meio reptiliana que quer dominar a Terra e até veem a explosão do planeta daqui a cinco bilhões de anos. Eccleston permanece na série por apenas uma temporada, sofrendo ferimentos mortais no último episódio em decorrência de uma luta contra os Daleks, seus inimigos mortais e que ele pensava estarem extintos desde a batalha que destruiu seu planeta, tendo que regenerar-se em outro corpo. Nesse final, nos é apresentado a imensa importância de Rose para a salvação do planeta; ela é também a primeira companion da série moderna a presenciar uma regeneração.

10º Doctor (David Tennant)

Com a regeneração celular completa, o Doctor resurge na forma magrela e espevitada de David Tennant, que caracteriza o personagem usando ternos, gravata e Converse, ocasionalmente óculos redondos e um cabelo fantástico, imortalizando a frase em francês “Allons-y!” (Vamos!) e cunhando expressões como “Brilliant!” (Brilhante!), “Well...” (Bem...) e “Beautiful!” (Lindo!). De movimentos rápidos e raciocínio mais ainda, o décimo Doctor é geralmente conhecido como o melhor de todos, sempre conversando com um tom amigável e despreocupado, fazendo piada com todos a qualquer momento. Embora tenha uma personalidade leve e um coração mole, ele frequentemente mostra seu lado vingativo e que não presenteia as pessoas com uma segunda chance. Tennant permanece na série por três temporadas, além de um ano com episódios apenas especiais de datas comemorativas¹ e viaja com três companions, respectivamente.

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Rose Tyler (primeira companion) ◘

Ainda levando consigo a que muitos consideram a melhor companion de todos os tempos², Rose Tyler (Billie Piper), nessa nova temporada o relacionamento dos dois floresce, ganhando tons de romance entre as tramas enfrentadas por eles, que passam por bonecos assassinos em Versailles, onde conhecemos Madame de Pompadour, uma figura histórica real, um lobisomem na corte da rainha Victoria, onde o Doctor ganha o título de Sir e Rose de Lady, e uma dupla de episódios em que os dois ficam presos em uma nave espacial que orbita com sua tripulação infinitamente na sombra de um buraco negro (sendo esses alguns dos episódios mais assustadores da série e que mostram a verdadeira natureza dos sentimentos de Rose pelo Doctor), entre várias outras peripécias.

Acabam por viajar com eles, às vezes, Jackie e Mickey, a mãe e o ex-namorado de Rose; nos dois últimos episódios da temporada, a velha raça de inimigos do Doctor, os Cybermen, inteligências robóticas sem espectro algum de emoção que querem dominar a Terra passando de uma dimensão a outra, retornam. Nesse ínterim, há a partida de Rose da série, sendo considerada uma das melhores (e mais desesperadoras) cenas de toda a nova geração.

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Martha Jones (segunda companion) ◘

Tendo derrotado mais esse perigo, o Doctor agora sofre com a partida de Rose e logo encontra Martha Jones (Freeman Agyeman), sua nova companion, quando um hospital em Londres é, repentinamente, transportado para a Lua. Sendo ela mesma uma médica, iria viajar com o Doctor apenas uma vez, mas acaba permanecendo a temporada inteira ao conseguir do Doctor a promessa de que ele a retornaria a Terra no mesmo ano para que pudesse terminar sua residência. Martha é considerada uma das companions mais técnicas de todas e é muitas vezes vista apenas como uma substitua de Rose, embora também possua grande inteligência e controle de situações perigosas.

Juntos eles enfrentam algumas das melhores tramas da série, como uma visita a um Shakespeare assombrado por bruxas, uma dupla de episódios onde há novo encontro com os Daleks que estão construindo um império em Manhattan (esses episódios também são estrelados por Andrew Garfield, o Peter Parker de O Espetacular Homem-Aranha), uma experiência do doutor Lazarus, um humano que busca a juventude eterna, onde somos apresentados à família de Martha. Também vamos para o ano pré Primeira Guerra Mundial, onde o Doctor perde a memória e se torna humano, cabendo a Martha a restauração de sua origem; nos é apresentados, ainda, um novo vilão, os Weeping Angels, em um episódio de tirar o fôlego estrelado por Carey Mulligan (Educação), e é nesse episódio que o Doctor tenta explicar o tempo não como uma linha reta, mas sim como algo meio... Wibbly wobbly, timey wimey.

Na dupla de episódios finais há a descoberta de que outro Gallifreyan ainda vive: o Master. Sendo um inimigo já recorrente do Doctor, que o acreditava morto há muito tempo, ele consegue dominar a Terra e infligir uma ditadura do terror. A resistência se molda na forma do Doctor, Martha e alguns aliados recrutados pelo mundo, como a mãe de Martha, que marcham para a batalha.

Donna Noble (terceira companion)

Donna Noble (Catherine Tate) é a última companion de David Tennant como Doctor, e sem sombras de dúvidas, a mais divertida e compassiva. Sua primeira aparição é no especial de Natal entre a segunda e a terceira temporada, logo depois da partida de Rose. Ela aparece na TARDIS do nada, vestida de noiva, berrando e exigindo ser levada de volta à Terra para o seu casamento. Durante esse especial, eles enfrentam a temida Imperatriz dos Racnoss, uma raça parecida com aranhas gigantes que estava adormecida no interior da Terra desde a sua formação e que tem uma estranha ligação com Donna. Ao fim, a Imperatriz é derrotada, o Doctor continua sofrendo por Rose e Donna fica sem noivo e, quando oferecida uma vaga na TARDIS, resolve permanecer na Terra.

Depois de uma temporada inteira (com Martha como companion), o Doctor reencontra Donna, que havia formado uma espécie de clube com apenas ela de membro para procurar pistas do viajante misterioso, em uma das cenas mais engraçadas de toda a série: Donna está olhando para uma sala através de um vidro na porta enquanto o Doctor está pendurado em um andaime do lado de fora da janela, começando a conversar silenciosamente entre si com 100% de toda a graça nas expressões de Tate e Tennant. Donna é relativamente mais velha que as outras companions e vive com a cabeça na Lua, é forte e destemida, com uma compaixão e senso de humanidade aflorados que entram em embate com algumas características do Doctor. Ela vivia apenas com sua mãe, com quem não se dá bem, e com seu avô, que acaba por viajar com eles em alguns episódios.

Juntos, eles passeiam por Pompeia na véspera da erupção do Vesúvio, vão ao planeta dos Ood, uma raça feita para servir, ficam presos entre uma guerra de humanos e Hath num futuro distante onde uma máquina acaba lendo o DNA do Doctor e dando origem a uma outra pessoa: a filha do Doctor. Encontram Agatha Christie e a ajudam a solucionar assassinatos, ficam presos em um planeta-biblioteca que contem os registros escritos de todas as galáxias e enfrentam os temíveis Vashta Nerada, alienígenas invisíveis que se alimentam de luz e energia. É nesse episódio que há a introdução da professora de Arqueologia River Song, personagem importante do desenrolar da série.

A dupla de episódios que formam o season finale da quarta temporada é uma das mais aclamadas pelos fãs de toda a série. Quando o novo líder dos Dalek, Davros, transporta vinte e sete planetas para o buraco no tempo e espaço conhecido por Medusa Cascade com a intenção aparente de destruir todo o universo, o Doctor precisa recrutar uma gangue à la Scooby-Doo: Donna, Martha, a mãe da Martha, Mickey, Jackie, Capitão Jack Harkness, Sarah Jane Smith e seu filho³, Ianto e Gwen⁴ e, rufem os tambores, Rose Tyler! Com uma mega operação dividida entre a nave dos Dalek, a Terra e a TARDIS, contando com muitas cenas de perder o fôlego e euforia, somos encaminhados para a guerra final e a salvação da Terra. Com um misto de lágrimas pela volta de personagens e a ansiedade pelo desfecho da trama, a série desenrola vários mistérios de temporadas antigas. Depois do grand finale, com vitória obviamente pró-universo, há a despedida de Donna, que desempenhou papel extremamente importante na luta; juntamente com a despedida de Rose, é uma das cenas mais tristes da série, arrancando lágrimas até dos Whovians (codinome para os fãs da série) mais corações de pedra.

Notas:
¹Conhecidos por “Especiais de 2008-2010”, eles marcam a passagem da quarta para a quinta temporada e a mudança do Doctor de David Tennant para o de Matt Smith.
²Há um impasse quanto a melhor companion, o título fica entre Rose Tyler e Sarah Jane Smith.
³Sarah Jane Smith ganhou um spin-off chamado The Sarah Jane Adventures onde, juntamente com o filho e outros personagens, investiga fenômenos alienígenas na Terra, com base em suas aventuras com o Doctor.
⁴Ianto e Gwen são dois personagens do spin-off Torchwood, uma UNIT comandada pelo capitão Jack Harkness que luta contra a invasão alienígena.

11º Doctor (Matt Smith)

“Geronimo!”, terninho de tweed marrom, suspensório, gravata borboleta (sim, porque elas são legais!), calças pretas, sapatos no meio do caminho entre social e hipster e um topete inconfundível são algumas das características que tornam Matt Smith inesquecível no papel do décimo primeiro Doctor. Tendo uma regeneração um pouco complicada, essa encarnação aparece pela primeira vez saindo de uma TARDIS meio tombada e cheia de fumaça, com as roupas ainda do décimo Doctor rasgadas e o cabelo fumegante, ganhando, assim, o apelido de “The Raggedy Doctor” (Doctor Esfarrapado) por Amy Pond, sua companion. De temperamento leve e felicidade muitas vezes infantil, sempre gentil com todas as raças que encontra pelo caminho e considerando Amy sua melhor amiga, o Doctor de Smith conquistou o público rapidamente. Mas como todos os outros Doctors, o décimo primeiro pode se enfurecer rapidamente e mostrar seu lado manipulador que, em alguns episódios, tem que ser controlado por seus companions. Ao longo da série ele demonstra o gosto por chapéus, usando um fez no final da quinta temporada (porque fezzes também são legais!) e um chapéu de cowboy no começo da sexta porque, adivinha? Chapéus de cowboy também são legais! Ele viaja com três companions ao mesmo tempo.

Junto de seus companions eles vivem algumas das aventuras mais alucinantes já vistas em temporadas que servem para oficializar a nova geração de Doctor Who, como uma visita a Churchill no meio de um bunker em plena Segunda Guerra Mundial, um encontro de vampiros em Veneza, uma ajudinha a Van Gogh em seus quadros, a invasão romana a Stonehenge, piratas amaldiçoados e bonecos assassinos, uma tentativa de assassinato a Hitler e cavalgam em dinossauros dentro de uma nave espacial.

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Amelia (Amy) Pound

Amelia Pond (Karen Gillan), a garota que esperou! Quando o Doctor estaciona uma TARDIS meio descontrolada e com resquícios de um incêndio no quintal de uma casa em Leadworth, Inglaterra, ele interrompe uma garota de sete anos que pedia ajuda aos céus sobre uma rachadura em sua parede. A ajuda, realmente, veio dos céus. Amy vê o estranho homem no quintal e, estando sozinha em casa, o convida para entrar e o ajuda no processo de adaptação ao novo corpo, onde o Doctor procura comida, declara que feijões são malignos e acaba se assentando com palitos de peixe e custard (um molho meio doce que serve de sobremesa).

Prometendo ajudar Amy com a rachadura em sua parede logo após consertar um problema na TARDIS, ele acaba se perdendo na diferença de tempo e retorna apenas vinte anos depois, encontrando uma Amy já adulta. Tendo vivido essa experiência e nunca ter ouvido do Doctor novamente fez Amy crescer com uma atitude desconfiada e um tanto quanto cínica, ela é vista como uma das companions mais wild com quem o Doctor já viajou. Amy é atrevida e ousada, com uma atitude audaciosa e muitas vezes briguenta.

Nas reviews da primeira temporada, Amy não foi vista com os melhores olhos pelos críticos, tenso sido considerada “inadequada para um programa voltado ao público infanto-juvenil”, devido a cenas em que ela tenta seduzir o Doctor. Mais tarde, com o desenvolver da personagem, foi explicado que ela agia como uma criança no corpo de um adulto, extrapolando todas as emoções que ficaram contidas quando criança e adquirindo atitude mais adulta a partir da segunda temporada, e Rory, seu noivo, passou a viajar com eles permanentemente.

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Rory Williams

Rory Williams (Arthur Darvill) nos é apresentado como alguém que cresceu na sombra de Amy Pond, amando-a desde sempre. Completamente apaixonado por ela, que sempre achou que tinha coisas mais importantes na vida a fazer antes de admitir que o amava também, passou grande parte da adolescência falando de um certo Doctor, o que fez Rory virar um enfermeiro. No começo da série, ainda noivo de Amy, ele se sentia deixado de lado e acreditava que sua amada gostava mais do misterioso viajante que dele próprio.

Após a decisão de que ele seria um companion permanente e do casamento com Amy, Rory começa a mudar de perspectiva na série, o personagem de Darvill se torna algo como um herói atrapalhado que sempre quer salvar e proteger Amy, se tornando, ao longo da série, mais confortável com seu novo estilo de vida e adepto a aventuras cada vez mais arriscadas.

River Song

“Hello, sweetie!”, parece ser uma das frases prediletas de serem ditas ao Doctor pela professora de Arqueologia River Song (Alex Kingston), apresentada na série ainda com o décimo Doctor e caracterizando uma personagem envolta em mistérios. Ao aparecer na quarta temporada, ela alegava já conhecer o Doctor e diz que nunca o tinha visto tão jovem; o mistério começa, no entanto, quando o Doctor não a reconhece, mesmo ela sabendo vários fatos de sua vida. Ao longo da série, descobrimos que ela própria é uma viajante do tempo, embora não seja uma Time Lady, e que seus encontros com o Doctor acontecem fora de sincronia, sendo ela uma companion futura.

River Song é uma versão feminina de Indiana Jones, com coragem de sobra e segredos guardados a sete chaves em todos os cantos do universo. Em seu retorno à série, na quinta temporada, descobrimos que ela está presa por um crime que, aparentemente, é grave, mas sendo River a mulher que é, nenhuma cadeia é capaz de prendê-la e ela sai a seu bel prazer quando vê que a hora é certa. O personagem de Kingston é considerado pelos produtores um dos mais importantes da série e fundamental para a vida do Doctor e, apesar de ser uma companion fixa em todos os episódios, ao longo da sexta temporada descobrimos exatamente o porquê, é de deixar todos de queixo aberto. Mas, como diria a própria River: “Spoileeeers!”.

JENNA-LOUISE COLEMAN

Oswin Oswald/Clara Oswald ◘

Pouco se sabe da nova companion do Doctor, que será interpretada por Jenna-Louise Coleman, a garota-abacate. Contam que quando ela ficou sabendo que tinha ganhado o papel na série, estava segurando um abacate nas mãos, deixando-o cair na euforia e ploft, o resto vocês já podem imaginar. No primeiro episódio da sétima temporada, Asylum of the Daleks, Coleman interpreta uma humana já morta, Oswin Oswald, cuja mente ficou presa no corpo de um Dalek, sacrificando-se no final para salvar o Doctor e seus companions.

Nenhum dado oficial foi divulgado sobre ela, apenas que deverá chamar-se Clara Oswald, e o mistério de como os roteiristas irão explicar sua semelhança em aparência e sobrenome com Oswin permanece oculto.

Conheça alguns vilões:

Weeping Angels

“Não pisque! Nem sequer pisque! Pisque e você está morto.”, essa frase foi utilizada pelo décimo Doctor para introduzir os Weeping Angels, que são, talvez, um dos alienígenas com o melhor mecanismo de defesa do universo: são estátuas de pedra que, quando olhadas, se encontram petrificados quanticamente, mas ao se encontrarem livres de qualquer par de olhos, se tornam anjos devoradores de energia. Essa energia é derivada da alteração do tempo e espaço que acontece quando eles tocam em uma pessoa, que é mandada pra o passado e fica presa por lá, gerando assim uma quantidade enorme de energia temporal. Por essa razão, eles são conhecidos por “Lonely Assassins” (Assassinos Solitários) e, pra piorar um pouco a situação, eles ainda podem entrar na sua mente e a controlar se você os olhar nos olhos por muito tempo.

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The Silence

Os Silence são uma raça de alienígenas bem difícil de pegar: eles usam de um controle pós-hipnótico na mente humana que te faz esquecer que viu qualquer coisa relacionada a eles em milésimos de segundos após desviar os olhos, meio parecido com os Weeping Angels. Eles se encontram escondidos na Terra desde o princípio do princípio de sua formação e tem manipulado os eventos históricos e o rumo da humanidade para próprio benefício, que é reclamar o planeta para si. Eles preferem passar despercebidos pela humanidade até o seu grand finale, mas são capazes de matar em um segundo controlando qualquer fonte de energia ao redor.

Daleks

Se você ouvir uma voz robótica, metálica e rouca berrando “EXTERMINATE! EXTEEEEERMINATE!” por aí, pode sair correndo porque os Daleks estão por perto e vão passar por cima de você. Essa raça é o inimigo número 1 do Doctor e são os responsáveis pela destruição de Gallifrey. Eles são umas coisinhas gosmentas e repugnantes totalmente sem forma e com um olho só que rastejam dentro de uma armadura de metal em forma de... bem, Dalek. Não possuem qualquer espectro de emoções saudáveis, cultivando apenas o ódio e clamando a destruição de tudo, inclusive do universo (o que é uma coisa meio contraditória já que eles estão no universo). Eles utilizam uns raios que saem de algo parecido com bracinhos para matar seus inimigos e possuem um olho/câmera protuberante no meio da “testa”. Evoluíram de acordo com a série e agora são capazes até de tomar corpos humanos

Cybermen

Os Cybermen, originalmente humanos que trocaram seus corpos fracos e mortais por armaduras de aço e metal como medida de sobrevivência, são originários de Mondas, o planeta gêmeo da Terra. Durante esse processo de substituição das partes corporais, eles começaram a perder o senso de humanidade e se tornaram frios e calculistas, com todas as suas emoções deletadas da mente, tentando instituir uma ditadura do metal.

Na série moderna, eles retornam como agentes de um universo paralelo que invadem e tentam dominar a Terra quando o Doctor sem querer abre uma janela entre os mundos. Cada cybermen possui a força de dez humanos e utiliza raios lazer para matar seu inimigos, berrando em voz metálica seu jargão preferido “DELETE! DELETE!”.

The Master

Master é um dos vilões recorrentes na série e um “arqui-inimigo” do Doctor. Sendo ele mesmo um Time Lord, possui a capacidade de viajar pelo tempo e espaço em sua TARDIS e sempre entra no caminho do Doctor. Na série moderna, ele conta que quando criança olhou para o vortex do tempo e espaço e seu poder o deixou abalado, passando a escutar desde então o som de tambores em sua cabeça.

Sendo capaz de regenerar-se também, ele foi vivido por oito atores e seus planos circulam nos já conhecidos: dominação universal, destruição do Doctor, escravização da Terra e dos humanos, entre outras coisas iluminadas. Ele é descrito como imensamente sagaz e inteligente, com um nível de perversidade alto e sem problemas em passar por cima de quantos planetas forem necessários para atingir seus objetivos.

Review: 30 anos de “Blade Runner – O Caçador de Andróides”.

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Blade Runner é um filme sobre controle. Melhor ainda, sobre a ilusão de controle. Em certo ponto da obra de Ridley Scott, o Dr. Eldon Tyrell (Joe Turkel) descreve ao caçador de andróides do título, Rick Deckard (Harrison Ford), o mais novo subterfúgio tecnológico usado por sua empresa: implantar memórias de terceiros nas mentes dos replicantes – criaturas artificiais com absolutamente todas as características humanas –, lhes prover com um passado, um “travesseiro” para as reações emocionais que os andróides passaram a desenvolver. A justificativa? “Assim nós podemos controlá-los melhor”. Durante suas quase duas horas, Blade Runner se dedica a provar que não é possível controlar um ser que pensa por si próprio.

Lançada originalmente em 1982, essa adaptação livre de uma obra do mestre da ficção científica distópica Philip K. Dick foi repudiada pelo público da época, o que a maioria dos atuais adoradores do filme diz ser culpa da campanha publicitária equivocada da Warner, que vendeu o filme como um blockbuster de ação futurista. Classificação essa que passa longe da produção de Scott, que vinha direto da ascenção à fama com Alien – O Oitavo Passageiro. Ele fez da história de Deckard, que é recrutado para tirar das ruas um grupo de replicantes fugitivos liderados por Roy Batty (Rutger Hauer), um diamante de paranóia e distopia, inserindo elementos dignos de David Lynch ou Ingmar Bergman e coordenando uma encenação detalhista e certeira.

Isso tudo porque o mestre inglês trabalha com um roteiro reconhecidamente longe do ideal. Hampton Fancher, um ator que não deu certo, e David Peoples, que viria a escrever Os Doze Macacos, outra pérola da ficção científica, criam uma trama simples, conduzida de maneira pouco inovadora, que investe em conceitos poderosos e em um clímax brilhante para conquistar o espectador. E conquista, não me entenda mal. Mas é claramente no trabalho de Scott, do diretor de fotografia Jordan Cronenweth (mais tarde indicado ao Oscar por Peggy Sue) e do elenco que Blade Runner encontra sua força.

Para início de conversa, ainda que a sua indicação ao Oscar tenha vindo só três anos depois por A Testemunha, é aqui que Harrison Ford mostra que é mais do que o herói bronco dos filmes de aventura. Seu Deckard parece minimalisticamente calculado, notavelmente frio e conflitante, e é possível ver nos olhos do ator essa perturbação do personagem. Não é a toa que os fãs do filme teorizem que Deckard é, ele mesmo, um replicante: combinaria com a paranóia dominante da história, com os meandros da trama, e principalmente com a impassividade proposital e fragmentada de Ford. Scott e companhia, espertamente, deixam isso em aberto.

No restante do elenco, outro óbvio destaque é Sean Young, que seguiu longa carreira após o filme, mas nunca brilhou tanto quanto na pele da replicante Rachael. É nela que a trama encontra o seu centro nervoso, a sua delicadeza e quebra emocional. Young faz uma ingénue com alma e força de espírito, construindo uma atuação que desmorona aos poucos para a fragilidade da personagem. O outro ponto feminino da trama fica com Daryl Hannah, sexy como nunca na pele de Pris. E, por fim, é claro, há Rutger Hauer. O ator holandês foi escolhido por Ridley Scott sem nem mesmo realizar um teste, e a aposta valeu a pena: Hauer é talvez o que fez de Blade Runner um clássico. Seu Roy Batty é escrito como o centro da trama, e sua atuação cheia de maneirismos e absolutamente insana causa choque quando, nos momentos finais, entrega uma das cenas mais comoventes e brilhantes da história do cinema.

Faz 30 anos desde a primeira vez que Roy Batty fez o público encarar a inevitabilidade da morte e, especialmente, a insignificância cósmica da vida (a dele, mais humana que a de muitos de nós). Blade Runner é um filme sobre controle, sim. Controle corporativo, controle governamental, controle do homem sobre a tecnologia que ele cria. Mas, especialmente, sobre tomar controle de nossa própria jornada.

***** (5/5)

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Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner, EUA/Hong Kong/UK, 1982)
Direção: Ridley Scott.
Roteiro: Hampton Fancher e David Peoples, baseados em conto de Philip K. Dick.
Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Edward James Olmos, M. Emmet Walsh, Daryl Hannah, William Sanderson.
117 minutos.

Alicia Keys e sua “Girl on Fire” em clima de A Feiticeira.

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Alicia Keys está pegando fogo com a aproximação do lançamento de seu quinto álbum de estúdio, Girl on Fire, marcado para o dia 27 de Novembro. A faixa-título e primeiro single da nova gravação ganhou clipe ontem (dia 19), com a cantora em clima de seriado televisivo dos anos 60/70 – a referência principal é, claro, A Feiticeira – como uma dona de casa que precisa lidar com tudo que qualquer dona de casa precisa lidar. A ode feminista da canção ganha ressonância na força de espírito da interpretação de Keys.

“Girl on Fire” foi escrita por Alicia, seu habitual parceiro Jeff Bhasker, e Salaam Remi (“Teard Dry on Their Own”, de Amy Winehouse). A produção também ficou por conta do trio, e a cantora gravou três versões para o novo single: a do oficial, usada no clipe; a Inferno Version, que contém versos de Nicki Minaj; e a Bluelight Version, com vocais regravados de forma mais suave e um instrumental que se resume a linha de baixo da canção.

Segundo a cantora, compositora e produtora, “Girl on Fire” foi escrita à época do nascimento de seu filho, Egypt, fruto do casamento com o produtor Swizz Beatz.

Wibbly Wobbly Timey Wimey Stuff: Whovians e terrestres, Doctor Who chegou ao O Anagrama! (Parte 1)

tardisA TARDIS, cabine telefônica onde o Doctor Who viaja no tempo.

por Andreas Lieber
(Tumblr)

Nada de saudação vulcaniana, “a verdade está lá fora”, sabres de luz ou “ET... Call... Home.” (ou ainda as alterações fofas que o Spielberg fez na edição de 20 anos do filme), o séquito de fãs do tv show britânico Doctor Who se identifica através de palavras como TARDIS e sonic screwdriver, ampliando o horizonte nerd desde 1963. No dia 23 de novembro desse ano, o primeiro episódio da série foi ao ar no Reino Unido pela clássica emissora BBC e passou despercebido por muitos devido à extensa cobertura da morte do presidente americano John F. Kennedy, ocorrida na véspera, e a uma série de apagões que assolou o país naqueles meses. Insatisfeita com o resultado, a BBC retransmitiu o episódio no dia 30 e a série logo alcançou um status de adoração pública e grande audiência para a emissora; a série costuma ser dividida em duas fases, nessa primeira parte da coluna você vai ficar conhecendo o período clássico.

Nessa fase, que vai de 1963 a 1996, somos introduzidos ao Doctor, um alienígena humanoide do planeta Gallifrey, na constelação de Kasterborous, que viaja através do espaço e tempo, visitando inúmeros mundos e galáxias, utilizando sua máquina do tempo/espacial no formato da famosa cabine telefônica para emergências azul com uma luzinha em cima, a TARDIS, sigla inglesa que significa Time and Relative Dimensions in Space (algo como Tempo e Dimensões Relativas no Espaço em português), e que sempre leva junto um companion, alguém que viaja com ele e o ajuda. Sua missão é incerta, flutuando entre a proteção da Terra contra ameaças de outras raças planetárias, a visita à planetas combatendo injustiças universais e a viagem a momentos da nossa história, encontrando sempre algum foco de confusão. Durante esse período clássico nos são apresentados várias particularidades de ser um Gallifreyan, como a regeneração corporal e, durante esse processo, a encarnação do Doctor em outro corpo quando vítima de um ferimento mortal, daí a interpretação do personagem ser feita por oito atores durante esse período, cada encarnação do Doctor é marcada por particularidades, mas sempre guardando a mesma essência e memórias.

Conhecendo os Doctors clássicos:

1º Doctor (William Hartnell)

William Hartnell foi o primeiro ator a interpretar o Doctor e um dos mais velhos no papel. Ele era caracterizado pelo cabelo branco nos ombros, puxados para trás, roupas sempre impecáveis e por ser um resmungão inveterado. Sempre dando uma aparência de “velhinho frágil”, se revelava um verdadeiro atleta e gênio das artimanhas. Juntamente com vários companions, como sua neta e Time Lady Susan Foreman e uma dupla de professores, Ian Chesterton e Barbara Wright, entre vários outros, percorrem principalmente momentos marcantes de nossa história como uma visita aos homens das Cavernas, um encontro com Marco Polo na China, a República do Terror na fase jacobina da Revolução Francesa, os Astecas, a Noite de São Bartolomeu e, claro, nos são introduzidos seus dois primeiros e mais importantes vilões: os Dalek e os Cybermen.

2º Doctor (Patrick Troughton)

A segunda encarnação do Doctor é vivida por Patrick Troughton, um ator levemente mais jovem que Hartnell, mas não menos cheio de surpresas. Sendo a regeneração celular e encarnação em outra pessoa um recurso novo e estando acontecendo pela primeira vez, os fãs estavam entusiasmados para ver como se daria essa passagem, e não se decepcionaram. O Doctor de Troughton continua bancando o lerdo e bobão, fazendo todos subestimarem suas verdadeiras habilidades, como a extrema inteligência e raciocínio rápido, estando sempre um passo a frente de seus inimigos. Mas como seu antecessor, o segundo Doctor também apresenta algumas características sombrias, a principio seu poder de dedução e manipulação pode apenas parecer uma brincadeira, mas quando necessário, a parte negra desse Doctor vem à tona e ele se torna um manipulador frio e sem escrúpulos. Ficou apelidado de “Cosmic Hobo”, algo como “mendigo cósmico”.

Tendo uma notável preferência por chapéus e mostrando principalmente grande apreço por cartolas, ele imortalizou frases como “Oh, my giddy aunt!” (Ai, minha mãezinha!) e “When I say run, run!” (Quando eu digo pra correr, corra!) e viveu aventuras com companions como Polly, Ben Jackson, James McCrimmon, Victoria Waterfield e Zoe Heriot, visitando Qin Shi Huang, o primeiro imperador da China, passando pela Revolução Gloriosa na Inglaterra, inaugurando o primeiro elevador espacial, correndo da Gestapo francesa durante a Segunda Guerra Mundial e sendo forçados a procurar fundos no GalactiBank por causa de uma infração cometida pelo Doctor ao estacionar a TARDIS.

3º Doctor (Jon Pertwee)

O terceiro Doctor traz uma grande revolução à série: foi a primeira vez que as aventuras do Time Lord foram ao ar em cores! Em 1970 a tecnologia sofria um grande avanço e isso, sem dúvidas, não passou despercebido pelos roteiristas. Pertwee encarna um Doctor mais elegante e com personalidade mais suave, extremamente ligado à tecnologia, ele adora montar dispositivos e dirigir qualquer tipo de automóvel (inclusive espaciais). Ele foi exilado na Terra pelos Time Lords e trabalhava como conselheiro científico da UNIT (uma organização militar), mas não perdia a chance de sair por aí viajando pelas estrelas, levando junto companions como Liz Shaw, Jo Grant e a famosa e preferida de muitos Whovians, Sarah Jane Smith!

Sempre usava casacos de veludo, calças combinando, botas, chapéus e vários acessórios e tinha um cabelo grisalho meio caído na testa; possuía um tom meio autoritário, mas se indignava rapidamente com a burocracia e a demora em processos terrestres, cunhando expressões como “Now listen to me!” (Agora escute aqui!) e a famosa “Reverse the polarity of the neutron flow” (Inverta a polaridade da corrente de nêutrons) que, embora só tenha sido usada duas vezes na série, virou símbolo da cultura geek. Pela sua forma de se vestir e atitudes sempre carismáticas, ficou conhecido como “The Dandy Doctor” (Doctor Almofadinha) e é na estada de Pertwee que vários dos vilões clássicos são introduzidos, como o Master, Omega, os Sontarans, os Silurians e os Autons.

4º Doctor (Tom Baker)

Abram alas que o Doctor favorito da série clássica chegou! O excêntrico Doctor de Baker é considerado um dos melhores de todos os tempos (perdendo apenas uma vez para o de Sylvester McCoy (o sétimo) e duas vezes para o de David Tennant (o décimo)). Possuindo sempre um sorriso maníaco no rosto e uma expressão de louco que muito se assemelha a de um sátiro, ele foi um dos Doctors favoritos nos Estados Unidos e sempre usava um cachecol colorido no pescoço, calças de tweed, coletinho marrom, sobretudo combinando com as calças, cartola, cabelos encaracolados voando para todas as direções, enfim, o serviço completo! Ele é um dos líderes de cosplay entre todas as encarnações dos Doctors e tem uma verdadeira paixão por jelly babies, uma espécie de bala em formato de bebês, o que o ajudou a cunhar a famosa expressão “Would you like a jelly baby?”, que pode ter duas interpretações: “Você gostaria de uma bala, baby?” ou “Você gostaria de uma jelly baby?”.

Ele é o ator que ficou mais tempo no papel de Doctor, foram sete anos interpretando uma das encarnações mais imprevisíveis de todos os tempos. Baker apresentou um Doctor mais alienígena em essência, embora tenha sido o primeiro a considerar os companions seus “melhores amigos”. Ele é considerado um dos mais altivos e sombrios Doctors, podendo ficar irritadiço rapidamente e mostrando um lado perverso e inescrupuloso, como quando descobriu uma armação feita pelo Master, um de seus inimigos Time Lords, para incriminá-lo do assassinato do chefe do Conselho de Gallifrey.

Baker viaja com Sarah Jane Smith por mais um período, juntamente o cachorro mecânico K-9, e depois com companions como Harry Sullivan, Tegan Jovanka, Leela, Adric, Nyssa e a famosa Romana, outra Time Lady e única das companions a sofrer regeneração (ela foi interpretada primeiramente por Mary Tamm e depois por Lalla Ward) e juntos enfrentam mistérios com múmias nas Pirâmides do Egito, mutações genéticas no espaço, fazem uma visita a Frankenstein e ao doutor Jekyll e Hyde, entre outros.

5º Doctor (Peter Davison)

Peter Davison foi uma escolha acertada para seguir os outros Doctors cujas aventuras estavam ficando um pouco sinistras demais. Com um rosto jovial e sendo considerado o Doctor mais bonito da geração clássica, ele encarnou uma personalidade leve e amigável, se tornando o primeiro Doctor em que o peso da indecisão se torna visível. Sempre de bom humor e gentil com todos os companions e personagens que encontrava ao longo de suas aventuras, ele sempre tentou ao máximo salvar todos em seu caminho, mesmo os que não mereciam. Ele era vulnerável, sensível e introspectivo, odiando qualquer tipo de violência e entregando, muitas vezes, o poder de decisão nas mãos de algum companion.

Ele continuou viajando com as companions Tegan Jovanka e Nyssa, e devido a sua compaixão, aceitou que Vislor Turlough e Kamelion viajassem com ele, embora ambos fossem, inicialmente, ameaças. Mais tarde Adric e Peri também passam a viajar com ele. O Doctor de Davison é, talvez, um dos que sofrem mais em tela: ele enfrenta a morte de Adric, o quase breakdown emocional de Tegan e percebe que, para salvar salva a vida de último companion, Peri, ele terá de se sacrificar e perder essa encarnação. Junto com seus companions, Davison viaja pela Guerra Civil inglesa, conhece o verdadeiro mal de Deva Loka, encontra Terileptils em 1966, participa de um baile de máscaras na famosa Cranleigh Hall, desmascara um impostor no lugar do Rei João I de Inglaterra entre várias visitas a planetas distantes.

A imagem do Doctor de Davison condiz com a sua personalidade, ele usava calças claras e um terno claro com detalhes vermelhos, inspirado no uniforme de cricket, um chapéu Panamá e, por incrível que pareça, um aipo na lapela. Ele foi o último Doctor da série clássica a usar o sonic screwdrive e tem importante ligação com o décimo Doctor, de David Tennant. Quando criança, Tennant assistia a essa encarnação de Doctor, adotando vários maneirismos e características. Outro fato curioso é que a filha de Davison, Georgia Moffett, é casada com David Tennant e participa de um episódio onde interpreta a “filha do Doctor”, que na época é interpretado por seu marido.

6º Doctor (Colin Baker)

Se há alguns Doctors favoritos dos fãs, também é preciso que haja um menos querido e ele se encontra na encarnação vivida por Colin Baker. Usando roupas coloridas e espalhafatosas ao extremo, como calça listrada, sobretudo xadrez, pontos de interrogação nas golas da camisa, guarda chuva colorido, lenços e um cabelo bagunçado, ele era egoísta, egocêntrico, se achava superior a todos e possuía um amor exacerbado para com gatos. Baker deu vida a um Doctor petulante e que possuía um ego inimaginável, se gabando constantemente de ter sido o único a conseguir consertar o Chameleon Circuit, sistema de camuflagem da TARDIS, e era geralmente rude com os companions; não é a toa que só teve dois, Peri e Mel, e passou apenas dois anos no papel.

Destruindo a imagem amigável que o último Baker contruira (embora os atores não sejam parentes), o sexto Doctor possui um grande apreço pela violência e pelas armas, característica extremamente criticada pelos fãs e que gerou um hiato na série. Não é claro se o molde desse personagem foi feito pelos roteiristas ou pelo próprio Colin Baker, que se recusou a filmar a cena de sua regeneração.

7º Doctor (Sylvester McCoy)

O Doctor de McCoy foi eleito em 1990 pelos fãs como o melhor Doctor até aquele ano. McCoy é marcado, no entanto, por outros acontecimentos como o cancelamento da série após 26 anos e por ser conhecido como o Doctor que mais sofreu alterações na personalidade. Começando como alguém extremamente bobo e ingênuo, ao ponto de se colocar em risco, e se transformando em alguém bastante manipulador, escolhendo suas batalhas com cuidado e inteligência, preferindo mexer seus pauzinhos por detrás dos panos e esconder as informações que possuia. Apesar dessa grande mudança, ele manteve certas características como a idiossincrasia na fala, a referência a trechos de literatura, restaurantes, comidas e bebidas ao acaso, o apreço por provérbios e ditados populares e uma grande empatia com os amigos e até mesmo alguns inimigos.

McCoy marcou seu Doctor pelo uso de um suéter cheio de pontos de interrogação, blazer clássico, gravata, chapeuzinho e guarda chuva, tinha um sotaque escocês e viajou também com apenas duas companions, Mel e Ace, e juntos passam pela lenda Arturiana, tendo que lutar contra Mordred e Morgaine, pela ditadura nazista e vários planetas nas galáxias encontrando no caminho antigos vilões como os Dalek e os Cybermen.

8º Doctor (Paul McGann)

O Doctor de McGann foi, com certeza, o que ficou menos tempo no papel, apenas uma hora e meia. As aventuras desse Doctor charmosão foram ao ar no formato de um filme em 1996 voltado para o público americano. Sabendo do sucesso que a série já tinha feito originalmente, a Fox Network pretendia ressuscitar as aventuras do viajante no tempo e embora tenha conseguindo altos índices de audiência não só nos Estados Unidos, mas também na Inglaterra e na Austrália, não foi o suficiente para reacender a faísca de interesse pela continuação.

Assim como outros Doctors, o de McGann era jovial e entusiasmado, gostando de dar dicas para as pessoas sobre seus futuros. Uma característica no mínimo... interessante, era a mania de colecionar objetos “roubados” de outras pessoas durante seus encontros, como pequenos adereços ou objetos deixados para trás. Ele possuiu apenas uma companion, a médica Grace Holloway, com quem manteve um ar romântico e, causando controvérsia, trocou beijos; esse foi a primeira demonstração de afeto romântico entre um Doctor e sua companion. Ele ficou conhecido por usar um casaco de veludo verde, camisa social branca, uma echarpe no pescoço e sapato social. Um estilo bem clássico para o final do século XX.

Quanto ao plot, o filme apresenta a difícil regeneração do sétimo para o oitavo Doctor e um plano do Master para a destruição do mesmo. Ao se encontrar no meio de um tiroteio de gangues em San Francisco, o sétimo Doctor é baleado e levado ao hospital, vindo a falecer quando os cirurgiões tentam operá-lo sem levar em consideração a anatomia diferente dos Gallifreyan, como a existência de dois corações.

Sendo levado para o necrotério, sua regeneração se complica e atrasa devido ao grande número de anestésicos usados durante a cirurgia, tempo que é suficiente para os restos mortais do Master (que estavam sendo levados para Gallifrey) se regenerarem, formando uma nova encarnação do inimigo. Quando o Doctor finalmente se regenera e entra em sua oitava encarnação, conta com a ajuda da Dra. Holloway para vencer os planos do Master, que quase causaram a destruição da Terra quando ele abriu o Eye of Harmony da TARDIS, que é o buraco negro artificial que os Time Lords criam para gerar energia para suas viagens.

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Doctor Who é uma das séries de ficção científica mais antigas da televisão e conta com um recorde no Guiness Book como “série de ficção científica no ar por mais tempo”: são mais de 25 anos. Ela é considerada um dos projetos que revolucionaram em muitos aspectos as artes da filmagem e produção e um deles, que não pode passar despercebido, é o tema de abertura. Em 1966, com o nascimento de novas técnicas de áudio, Delia Derbyshire produziu um dos primeiros theme tunes eletrônicos para a série, utilizando-se de diversos materiais corriqueiros. O toque, que logo ganhou status de adoração entre os fãs, mantém-se na série até os dias atuais, sofrendo apenas alterações de Doctor para Doctor.