Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

Drake, Lorde e Goldfrapp são apenas três dos artistas que chegaram arrasando na nossa lista.

Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

30 de nov. de 2012

Conhecendo a Equipe #4: Ícones de comportamento.

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Pra quem não acompanhou o mês passado, a coluna Conhecendo a Equipe (de nome auto-explicativo, mas vamos re-explicá-lo) coloca todos os colunistas, colaboradores e construtores, enfim, todo mundo que faz O Anagrama, para responder uma mesma pergunta (que você, leitor, também pode responder nos comentários!).

Esse mês a gente quer saber quem são as pessoas de verdade que influenciam, inspiram e servem de ícones e exemplos para o pessoal da nossa equipe (ao contrário do mês passado, em que perguntamos quais personagens ficcionais traziam esse identificação). Sem mais demora, vamos ao que interessa:

Cite um ícone de comportamento: uma pessoa que te inspira, te serve como exemplo, e diga o porquê.

por Caio Coletti – editor
”Provavelmente haverá toda uma geração que vai olhar para Tina como sua referência de inspiração cômica”, “ela está na linha de frente da comédia atualmente”. As palavras, incluídas no vídeo acima, vem de Jon Hamm (dono de um Globo de Ouro por Mad Men) e Steve Carell (também vencedor do prêmio, por The Office) quando pedidos para falar sobre Tina Fey. Nascida em uma cidadezinha americana em 1970, a garota dos cabelos negros e “olhos de tubarão” se tornou uma referência no mundo cômico depois de entrar para a equipe de escritores e performers do Saturday Night Live em 1997 e escrever uma das comédias mais afiadas e lembradas do século XXI, Meninas Malvadas, em 2004. Daí para 30 Rock, que entra em sua sétima e última temporada este ano, foi um pulo. Contracenou com Carell no delicioso Uma Noite Fora de Série, e com Steve Martin no ótimo Uma Mãe Para o Meu Bebê.

Mas por que Tina é uma referência para mim, pergunta o leitor, se eu não escrevo comédia? Explico: eu sempre a vi, na verdade, como uma quebradora de regras. Sou sumariamente apaixonado por 30 Rock (e estou absolutamente arrasado com a notícia de seu encerramento) porque não é sua sitcom comum, nem mesmo sua comédia contemporânea cínica padrão. É uma mistura de humor cínico, humor físico, humor auto-depreciativo, comédia de costumes e buddy show, mas é, acima de qualquer coisa, humor inteligente. Inteligente na forma que usa auto-referência, cultura pop, desenvolvimento de personagem e simplesmente a força rítimica que impulsiona a narrativa, para fazer rir. E consegue. Tina fez algo que estava em falta na comédia atual: quebrou fórmulas. O resultado, como disse Carell, foi “estar na linha de frente da comédia”. E, mais do que isso, ser um dos nomes mais respeitados de Hollywood, e não por sua beleza, por seu parceiro fotogênico ou por seus números de bilheteria/audiência: simplesmente por ser, indiscutivel e indubitavelmente, genial.

por iJunior – designer - veja os textos dele aqui
Entre tantas midias atuais que acabam claramente nos influenciando, e de alguma forma nos construindo, seja por comportamento, idealizações ou estilo de vida, na minha opinião, a musica é a que mais influência. E eu tive a sorte de conhecer ao acaso uma das artistas mais magnificas da musica atual, e por consequência ela acabou se tornando um ícone pra mim, por tanta admiração e paixão que me ganhou. Falo de Jonna Lee, a cantora sueca das musicas calminhas, meio folk, até se envolver em um dos melhores projetos musicais (se não o melhor) que já conheci na vida. O iamamiwhoami. E por quê? porque a ousadia da artista pra enfrentar o anonimato afim de conseguir fazer sua arte sem tantos devaneios foi um dos pontos principais de tanta admiração.

Não bastando ter começado tudo no anonimato e ganhado reconhecimento com uma obra audiovisual completamente autosuficiente que levantou uma fanbase bem selecionada e dedicada, Jonna e sua equipe fez uma das obras artísticas mais magnificas que já vi. Estanhas até, destaco. Mas estranhas o suficiente para atingir o meu gosto em cheio, não apenas na musica como na arte. E acabou então por ser alguém ao qual eu admiro muito. Toda a subliminaridade do projeto aliada a um extremo bom gosto e forte levantamento cultural investido em uma arte é o que eu espero levar para os meus trabalhos, talvez não hoje mas um dia eu quero que seja assim aliado em um pensamento de criar uma arte pura sem pensar muito no externo e sim no que é meu e vem de mim.

por Andreas Liebertodo dia 05 e 20 – veja os textos dele aqui
e. e. cummings disse que “É preciso muita coragem para crescer e se tornar quem você realmente é”, e eu não poderia concordar mais; mas antes mesmo de encontrar toda essa coragem, é preciso uma dose maior ainda para descobrir quem somos. Poucos poetas do modernismo americano se aprofundaram tanto nas questões que compõem os acontecimentos da vida humana como Edward Estlin Cummings, mais conhecido pela abreviatura em minúsculas e. e. cummings (podendo ser grafado ainda como E. E. Cummings). Sendo um dos precursores da poesia concretista e um famoso utilizador de neologismo, cummings tem uma forte ligação com os estilos de avant-garde e uma sintaxe idiossincrática em seus poemas, embora grande parte de sua obra seja escrita em sonetos. Exposto a um ambiente mutável e moderno, sofreu grande controversia quanto ao seu estilo livre e até críticas ferrenhas em poesias em que usa palavras degradantes para designar os negros e judeus, embora tenha explicado que aquela não era sua visão pessoal, e sim uma crítica ao povo do próprio país.

cummings superou as barreias conservadoras da sociedade norte-americana da década de 30 e 40 e inspirou-se em renomados poetas modernistas como Gertrude Stein e Ezra Pound, utilizando também conceitos dadaístas e surrealistas para compor uma coleção impressionante de 2.900 poemas, dois livros autobiográficos e vários desenhos e ensaios retratando o amor, a natureza e a ligação do homem com o próprio mundo. Revolucionando a língua inglesa, cummings teve a coragem para se tornar quem ele sempre foi, um dos grandes nomes da literatura moderna, consagrando poemas como “i carry your heart with me(i carry it in” e “since feeling is first”.

i carry your heart with me(i carry it in, por e. e. cummings

i carry your heart with me(i carry it in 
my heart)i am never without it(anywhere 
i go you go,my dear;and whatever is done 
by only me is your doing,my darling) 
     i fear 
not fate(for you are my fate,my sweet)i want 
no world(for beautiful you are my world,my true) 
and it's you are whatever a moon has always meant 
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows 
(here is the root of the root and the bud of the bud 
and the sky of the sky of a tree called life;which grows 
higher than soul can hope or mind can hide) 
and this is the wonder that's keeping the stars apart 
i carry your heart(i carry it in my heart)

por Isabela Bez – (todos os dias 06 e 21) - veja os textos dela aqui
Lady Gaga é uma pessoa tão óbvia para ser usada como ícone de comportamento hoje em dia. Mas não vi outra opção: ela é quem mais me inspira em termos de ser a pessoa que desejo ser e não ligar para o que os outros dizem. Talvez porque ela mesma tenha passado por tudo isso. Cinco anos atrás, Stefani era uma mulher comum. Pagava aluguel e cozinhava sua própria comida. E só depois de ouvir muito não e ser desencorajada por pessoas próximas em sua vida, ainda não desistiu e conseguiu realizar seu maior sonho.

Há tantas pessoas por aí passando por situações sociais frustrantes, e ela mais do que ninguém ajuda todos a acreditarem em si mesmos e nunca desistirem. E não importa quem você seja, não importa de onde você veio, não importa para onde deseja ir. Gaga tenta passar uma ideia de igualdade e diferença ao mesmo tempo, onde todos são diferentes, individualistas, e ao mesmo tempo são iguais, ninguém é melhor do que ninguém. Todos nós somos capazes. Ela usa sua vida como exemplo disso. E é assim que ela me inspira cada dia mais, querendo mostrar para o mundo que todos nós podemos atingir os desejos do nosso coração.

por GuiAndroid – (todo dia 11) - veja os textos dele aqui
É difícil, escolher um ícone de comportamento, porque são muitas as pessoas que me inspiram, mas os principais são dois, Coco Chanel e Elvis Presley. Coco porque ela sempre soube como agir e como subir na vida, desde o orfanato ela já sabia como ganhar seu dinheiro e sempre sonhava alto, com todas as respostas na ponta da língua e acima de tudo sua devoção ao trabalho é o que mais me inspira. Nunca se casou ou teve filhos, morreu em seu escritório, trabalhando, em um domingo, dia que detestava. Acho que a Coco é um modelo de comportamento eterno, ao analisar a vida dela, ela te ensina a nunca abaixar a cabeça para ninguém, te ensina que por pior que seja a sua situação, ninguém jamais vai ser melhor do que você.

O meu segundo ícone é o Elvis. Tenho um quadro dele emoldurado bem acima da cabeceira da minha cama, para sempre me lembrar do homem que apesar de sua fama, foi um bom homem, marido e pai. Elvis é para mim como um pai, onde eu busco carinho em suas letras, conforto em suas melodias e compreensão em seus discursos antes dos shows.

565523_4511877728822_735115036_npor Fernanda Martins – (todo dia 13) – veja os textos dela aqui
Aos que me conhecem, já aviso: serei previsível. Mas, tenho uma informação não conhecida por todos: não, eu não me inspiro na Katy Perry pelo fato dela ter composto “I kissed a girl”. Kathryn Elizabeth, mais conhecida como Katy Perry, nasceu no dia 25 outubro, o que faz de nós cúmplices do signo de Escorpião. Esse fato, é claro, vai da crença de cada um, mas, no meu caso, faz muito sentido, e temos, sim, um jeito muito parecido. A inspiração começa pelo fato dela ser considerada a “ovelha negra” da família. A verdade é: isso pode significar várias coisas, no caso, algo bom.

Ela tem um modo de viver muito festivo e muito positivo. Assim como eu, se despe de qualquer tipo de preconceitos e limites impostos por terceiros. A cantora, em sua fase de criança, levava as meninas de sua igreja para lugares escondidos e fazia piercing’s em suas orelhas. Claro, muito ousado isso para a realidade dela, entretanto, tive uma realidade parecida, não que tenha feito piercing’s nas garotas, mas participei, por conta de regras familiares, de ambientes religiosos que, na realidade, minha vontade era de sair gritando. No caso, ela saiu do ambiente religioso e permaneceu com uma fé que é só dela, e, assim como eu, não se limita a fazer certas coisas por regras. Ela escolheu uma maneira de viver que condiz ao que ela acha necessário para ser feliz, beijando ou não garotas, espirrando chantilly pelos seios e até ficando nua em uma nuvem de algodão doce. Algo mais inspirador que isso eu jamais encontrarei.

por Gabis Paganotto – (todo dia 15) - leia os textos dela aqui
Foi dificil escolher apenas um ícone que me influência. Muitas personalidades tiveram essa função na minha vida. Mas com certeza, quem vem a mais tempo fazendo isso, e com maior excelência é minha querida Miley Cyrus. Ela me inspira pois apesar da pouca idade Miley tem uma coisa que é quase ausente hoje em dia: PERSONALIDADE.

Miley, assim como eu, superou o bullying na adolescência, e apesar de todas as dificuldades que sofreu, hoje apoia todas as pessoas que sofrem com esse tipo de conflito. Além disso, com ela aprendi o autruismo. Ela pensa em quem precisa sem se importar com a opinião alheia, ela faz o que dá na telha, mas sempre pensando em quem ama, e em quem tem nela um modelo, como eu. Por isso Miley com certeza é minha inspiração, o lema dela assim como o meu é 'fazer o bem, sem ver a quem'.

por Bebé Ribeiro – (todo dia 19) - veja os textos dela aqui
Há vários clichês sobre esse assunto e a minha inspiração e exemplo acaba sendo um clichê pra quem é do mundo da moda, porém, a admiração que tenho por essa personalidade não é só apenas por seu estilo e elegância, mas também pela sua delicadeza, solidariedade e carinho. Estou falando de Audrey Kathleen Ruston, mais conhecida como Audrey Hepburn. Graças a seu talento e beleza simplória, a atriz e modelo conquistou o mundo em seu clássico tubinho preto vivendo a divertida e linda  Holly Golightly em Bonequinha de Luxo, o qual virará musical em 2013.

O que mais me encanta em Audrey é seu lado humanista: a atriz era  Embaixadora Especial para o Fundo UNICEF das Nações Unidas de Ajuda às Crianças, tendo participado de missões no Sudão, El Salvador, Somália, México, Equador, Venezuela, Vietnã, Tailândia e Etiópia. Além disso, Audrey possuia uma doçura e simplicidade que eram também marcas registradas. Em suas citações mais famosas, Audrey sempre ressaltava a importância da felicidade, de ajudar ao próximo, de aproveitar cada dia de nossa vida, mesmo que tenhamos momentos difíceis e de que a verdadeira beleza está no sorriso e nos atos de bondade.

por Marlon Rosa – (todo dia 04 e 16) - veja os textos dele aqui
Quando se trata de religião, política, existência ou não de espíritos e óvnis, qualquer discussão é passível de briga, desentendimentos e até intolerância, devido a uma palavra simples: crença. Questionar algo que alguém toma como verdadeiro é totalmente indelicado, eu sou do tipo que acredita em qualquer coisa (menos em gnomos) e por acreditar em qualquer coisa, eu aceito e respeito a crença de outras pessoas. Mas e quando essa crença não aceita alguém que você ama, por ele simplesmente amar alguém? Toda essa justificativa serve como uma introdução explicativa do porquê escolhi ♥Anne Hathaway ♥ como meu ícone de comportamento.

Assim como eu disse que acredito em tudo, eu também tenho uma fácil capacidade de desacreditar, sou de gêmeos, mudo de opinião fácil, não consigo evitar. Bom, voltando... lá no começo de 2010, Hathaway deu uma entrevista para a GQ onde disse que toda sua família havia abandonado o catolicismo depois de seu irmão ter se assumido homossexual. Na reportagem, ela disse que "A família inteira se converteu à Igreja Episcopal depois que o meu irmão mais velho se revelou. Como poderia apoiar uma organização que tem uma visão limitada do meu amado irmão?”. Alguns podem achar o comportamento um pouco drástico ou exagerado, mas eu não, eu achei foi é fofo! Quem não quer uma irmã/família que vai contra toda uma religião para apoiar quem você realmente é? Não contente em ser só fofa, ela, recentemente, ainda doou o dinheiro das fotos de seu casamento para algumas instituições, dentre elas, uma que apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Eu só tenho uma coisa contra ela: o fato de ela não ter me escolhido como noivo.

por Amanda Prates – (todo dia 18) - veja os textos dela aqui
Citar UMA pessoa que inspira é crueldade. Até simples pessoas te inspiram de alguma forma, por mais insignificante que possa parecer aos olhos alheios. Muitas me são belos exemplos, e a cada dia surgem uma, duas, cada qual com sua característica própria. Nada mais justo do que citar a primeira pessoa que me inspirou de tal forma que julgo mais significativa: Arlette Pinheiro Esteves Torres, nome verdadeiro do maior ícone da dramaturgia brasileira e sinônimo de força, Fernanda Montenegro. Admiro-a pelo simples motivo de ser a mulher que ama as artes mais do que qualquer outra pessoa.

Mulher que fez-se exemplo pra mim quando a vi em, talvez, seu mais sublime trabalho, Central do Brasil. Capaz de se transformar de forma tão esplendorosa, mas que carrega um pouco de cada personagem vivida, e nunca aceitou o rótulo de “dama da dramaturgia”, pois acha “uma merda”. Influenciou-me e influencia ainda hoje na maneira como vejo as artes, em geral. Ela vive a arte, espalha arte e contamina com arte quem a vê nos palcos de um teatro, nas telas de um cinema, ou em grandiosos papéis nas novelas.

por Gabryel Previtale – (todo dia 24) - veja os textos dele aqui
Dentre muitas cantoras ou atrizes que eu agrego algo em minha vida, escolhi Elizabeth Grant ou como é mais conhecida, Lana Del Rey, como artista que me inspira e tenho como exemplo porque nela, como pessoa e artista, eu me vejo por completo, de um modo difícil de me visualizar em outras pessoas. Quero dizer que a beleza misturada com a voz forte e peculiar já bastava, entretanto ainda existe uma visão poético-melancólica que é colocada no seu jeito de se vestir/cantar/performar, é antiga e ultrapassada ao mesmo tempo é moderna e ousada. Não consigo achar uma definição de como a visão de mundo que esta mulher possui se a semelha á minha. Não digo ter ideias e convicções parecidas, mas o jeito que se expõe e externa tais ideias, criando seu próprio mundo onde cada coisa tem um significado, é de um modo tão sutil e agressivo que faz com que as pessoas que apreciam seu trabalho acabem entrando nessa realidade produzida, e acreditando em cada palavra e gesto como se o mundo dela fosse um mundo mais interessante que o nosso.

Não sei dizer também quais sentimentos suas musicas provocam, é um misto, é irônico e muito amável. Talvez ela mude a linha de comportamento e o gênero musical, mas hoje, ela é o ícone midiático que mais me identifico, tanto com personalidade psicológica, tímida; misteriosa; poética, dramática, confusa e autentica. Como em personalidade física (moda) o estilo inegável “retrô” é apaixonante, pelo menos pra mim é intrigante e muito bem tematizado. É admirável sua inteligência para as composições mesmo sendo filha de milionário não se deixou abater pelos estereótipos, domina muita bem a imagem que quer passar sempre com um ar nostálgico e pesado quando quer. É invejável essa sua insegurança-segura, a tal elegância trágica, sutileza e garbo, mas sem ser bobo, com fundo sentimental. Qualquer amante de literatura se apaixonaria fácil por suas canções, que nada mais são do que poesias em arranjos musicais, querendo transformar tudo em obra de arte.

Você precisa conhecer: Sofia Talvik (Especial com novo single e entrevista!)

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

“Eu sinto que percorri um longo caminho e eu realmente aprendi bastante com [a experiência de] tocar tão frequentemente ao vivo, e eu espero poder continuar a fazer isso no futuro”. Não é tão comum uma artista com cinco álbuns e sete anos de carreira no showbusiness admitir que ainda está aprendendo. Mas quem conhece a discografia de Sofia Talvik sabe que ela faz dessa humildade seu maior triunfo: desde 2005, quando lançou o álbum de estreia Blue Moon (hoje disponível na íntegra no YouTube), Sofia só vem evoluindo e crescendo musicalmente aos olhos de quem a acompanha.

De um primeiro álbum gravado em take único, ela passou ao melodicamente sofisticado Street of Dreams, e para os complementares Jonestown e Florida. Os vídeos dessa época, entre "It's Just Love" e "King of The Willow Tree" (que a própria cita como sua canção favorita), comprovam esse amadurecimento, do qual o álbum seguinte, o brilhante The Owls Are Not What They Seem, é testemunha (vocês devem se lembrar que ele figurou na nossa lista de 10 capas mais bonitas dos últimos três anos e pode ser ouvido em uma série de versões acústicas aqui).

A moça está lançando hoje (dia 01) o single de Natal que virou tradição para os fãs desde 2007. A canção da vez se chama “One Last Wish For Summer”, e é descrita pela equipe da cantora como “uma história de amor, perda e arrependimento de Natal”. Ela nos concedeu o single adiantadamente e, podemos dizer, é uma pérola folk-pop nos melhores moldes do que ela sabe fazer. A história cantada com a voz de soprano de Sofia é um tanto triste, proclamando o amor de uma vida perdido, usando o velho clichê d’”aquela que escapou” e usando violão e violino como base de instrumental.

One_Last Wish_For_Christmas_1400O single está disponível para download gratuito no site da moça, aqui!
(é só clicar em “Buy Now”, colocar “00”, e colocar seu e-mail para receber a canção)

Sofia concedeu também entrevista a O Anagrama! A moça foi simpática o bastante para nos responder quatro perguntinhas por e-mail, pra vocês conhecerem ela melhor. A gente garante que vale a pena, mesmo.

O Anagrama: Qual é a sua história com a música? Como você começou a cantar, compor e tocar? E como sua família respondeu a esse interesse?

Sofia: Eu comecei a tocar piano quando eu tinha em torno de 8 anos de idade. Minha avó era uma professora de piano então foi a escolha lógica para mim. Meu irmão também tocou por um tempo, mas eu fui a única que continuei. Eu toquei piano até uns 18 anos e quis aprender algo diferente. Eu peguei a guitarra e comecei a escrever canções para aprender a tocar. Ambos meus pais são artistas, meu pai é um pintor e minha mãe é uma artista têxtil, então eles sempre me deram muito apoio.

O Anagrama: Quais são suas principais influências? Cite um álbum ou um artista que realmente fale com a sua sensibilidade.

Sofia: Eu acho que tudo na vida é inspiração, música, TV, livros, todas as impressões que você tem. Eu amo todos os tipos de música, então é dificil dizer um que tenha realmente me influenciado. Eu sou uma grande fã de Neko Case e seu álbum Fox Confessions Bring The Flood. Eu acho que ela tem um som incrível e letras lindas. Mas eu acho que sou moldada por toda a música que ouvi durante os anos. Quando era uma adolescente eu era fã de Janis Joplin e eu ainda acho que o The Doors é uma das melhores bandas de todos os tempos, mas eu também ouço o rock de bandas como Kings of Leon e The Killers. Desde que haja boa melodia e letras, eu estou convencida.

O Anagrama: Você tem um trabalho próprio favorito? Uma música que você escreveu que é especial para você?

Sofia: É difícil escolher uma canção especial, mas eu realmente gosto da minha “King of The Willow Tree”. Eu só acho que tem um ótimo som e eu nunca me canso de cantá-la. Eu não diria que tenho uma grande conexão emocional com ela, mas eu gosto do jeito que ela soa.

O Anagrama: Como você se sente com o que alcançou até agora na sua carreira? E como você vê o futuro? Há projetos à caminho?

Sofia: Esse último ano eu estive fazendo tour pelos Estados Unidos e fiz bem mais de 200 shows em todo lugar do país, então isso tem sido uma grande aventura. Eu estou animada para fazer o mesmo na Europa mais tarde no próximo ano, quando minha turnê americana tiver acabado, e eu também planejo lançar um álbum ao vivo ano que vem. Eu sinto que percorri um longo caminho e eu realmente aprendi bastante com tocar tão frequentemente ao vivo, e eu espero poder continuar a fazer isso no futuro.

Em Dezembro eu estou fazendo um Calendário de Natal com coisas relacionadas ao tema sendo lançadas todos os dias de 01 de Dezembro até o dia 25. Você pode acompanhar no meu site ou em minha página do Facebook. Vou lançar um single de Natal que vai ser free para download, e muito mais coisa legal! Você pode se inscrever no meu Calendário de Natal aqui.

Review: Lianne La Havas vem para completar o aclamadíssimo time britânico com seu “Is Your Love Big Enough?”

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por Amanda Prates
(Twitter - Blog pessoal)

Não bastasse a grande onda de talentos britânicos surgida nos últimos anos (leia-se Adele, Emeli Sandé, Joss Stone), nos aparece Lianne La Havas pela primeira vez no Late with Jools Holland, para encantar, instantaneamente o mundo com sua doçura e sua forma eclética de fazer música. Filha de pai grego e mãe jamaicana, ambos músicos, La Havas sofreu forte influência de seus pais em sua música e compôs sua primeira canção aos onze anos de idade. A moça é um misto de tudo o que há de bom na música. Misture uma voz doce a uma grave, a levada envolvente do soul ao folk, jazz e R&B e saberás do que eu estou falando.

A sul-londrina de 23 anos lançou seu primeiro EP em novembro do ano passado e já conquistou uma gama de admiradores com seu talento. Lost & Found, com 5 faixas, duas delas remixes da faixa-título, foi disponibilizado apenas para download digital. Além deste, outros dois EP’s foram lançados logo após, Live in LA e Forget. Em julho último foi a vez de lançar o ótimo Is Your Love Big Enough? e mostrar que sabe fazer música tão bem quanto suas aclamadas conterrâneas. Um álbum deliciosamente jazz-soul e de uma profundidade emocional em suas 12 faixas, em que se pode sentir níveis que vão de Janelle Monaé até Beyoncé.

“Don’t Wake Me Up” abre harmoniosamente o disco com uma melodia doce embalada por coro, não escondendo em nenhum momento os graves de La Havas. A letra fala sobre o medo de se perder de um amor, como o acordar de um sonho, por exemplo. Toda essa intimidade emocional nas letras é bem característica de todo o disco. “Is your love big enough for what's to come?” desafia na faixa-título (e o quarto single do álbum), outra canção que mostra o quão perfeito é o potencial de La Havas. “Lost & Found” é a típica música para uma pós-separação, preenchida com auto depreciação e reflexões. “You broke me and taught me to truly hate myself / Unfold me and teach me to be like somebody else”, canta a moça.

Talvez a faixa mais bem trabalhada seja “No Room for Doubt”, um dueto com Willy Mason em que suas vozes se contrastam perfeitamente, e tão íntima quanto as demais. “Forget”, toda animada, ousada e um tanto incomum ao álbum, despede sem ressentimentos de um amor que não tenha lhe causado bem. “Gone” abrilhanta o disco com toda a doçura na voz de Lianne, acompanhava apenas por um piano melódico. “Love is not blind/It's just different/It is done”, canta ela com todo um amor autobiográfico, capaz de te deixar na função repeat por muito tempo. “They Could Be Wrong” encerra o belo trabalho com uma melodia de guitarra limpa interpretada por La Havas, e parece ser outro destaque por sua sofisticada instrumentação.

A videografia da moça não pode nunca ser comparada à qualidade do disco, por suas produções simplórias e que pouco exploram as ricas letras, mas eu não estaria exagerando se dissesse que Lianne La Havas foi a melhor voz feminina que ouvi esse ano. Ela é uma dessas raridades que não se deve nunca deixar de ouvir, encantadora pela sensual rouquidão. Is Your Love Big Enough? é, essencialmente, um álbum regado a pianos, guitarras suaves e uma voz inconstante, o que o torna envolvente e inédito, já alvo de ótimas críticas.

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Is Your Love Big Enough?
Lançamento: 09 de Julho de 2012.
Selo: Warner Bros. Records.
Produção: Matt Hales.
Duração: 45m31s

Estamos na fila: Anna Karenina, com Keira Knightley e Jude Law.

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Joe Wright fez tanto um dos filmes de maior bom gosto estético do século XXI (Orgulho e Preconceito, de 2005) quanto uma das narrativas mais brilhantes e intrincadas do mesmo (Desejo e Reparação, 2007). Depois de incursar pelo drama contemporâneo e pelo cinema de ação (O Solista e Hanna, respectivamente), é de se comemorar que ele esteja de volta ao clima vitoriano que fez sua fama. E a uma adaptação de uma obra clássica também: Anna Karenina, a obra seminal de Leon Tolstoy, vem sendo adaptada para o cinema desde 1911.

O papel principal, que já passou por Greta Garbo (1935), Vivien Leigh (1948), Sophie Marceau (1997) e Helen McCrory (2000), caiu no colo da musa do diretor, Keira Knightley. Ela interpreta Anna, aristocrata russa do final do século XIX que, casada com Karenin (Jude Law) desde os 18 anos, não sabe o que é o amor até encontrar o Conde Vronsky (Aaron Johnson, o Kick-Ass). Mas o adultério da moça choca a sociedade conservadora da época e coloca em cheque a credibilidade de seu marido, ligado ao governo.

Com roteiro de Tom Stoppard (Shakespeare Apaixonado, Império do Sol), Anna Karenina estreia dia 01 de Fevereiro de 2013 no Brasil.

28 de nov. de 2012

Os melhores álbuns do semestre: Votação – Eletrônica

4217-owl-cityAdam Young, o Owl City, que lançou o seu The Midsummer Station em Julho.

Já virou tradição O Anagrama publicar, todo final de semestre, uma lista com 15 álbuns que realmente fizeram a música dos últimos seis meses valer a pena ser ouvida. Mas esse ano a concorrência é tanta que a gente resolveu colocar nas suas mãos, caro leitor, a responsabilidade de escolher esses 15 álbuns.

Como? A gente dividiu os candidatos do semestre em seis categorias (os “indicados” da primeira você conhece hoje), e toda semana uma ou duas dessas categorias vai estar aberta para votação no Facebook do blog. Para cada uma delas, os dois álbuns mais votados vão ser selecionados para o post final com os escolhidos (por vocês) nesse semestre.

PS 1: Vários álbuns estão concorrendo em mais de uma categoria. Logo, a gente resolveu que vai priorizar a categoria em que eles tiverem mais votos, dando lugar para o terceiro colocado naquela em que tiveram menos.

PS 2: Dá pra votar via comentários no post também, e é permitido votar em mais de um álbum, assim como será na enquete. Mas dêem preferência ao voto no Facebook mesmo. No final de cada post relacionando os indicados da categoria vai ter o link para a enquete por lá.

PS 3: Sentiu falta de algum álbum aqui? Comenta com o nome que a gente adiciona à lista de opções da enquete do Facebook!

Mas essa semana é para conhecer os nossos 7 indicados à categoria Eletrônica. São eles (em ordem de lançamento):

The Midsummer Station (Owl City) – 17 deJulho

Quarto álbum de estúdio em cinco anos do projeto de música eletrônica Owl City, do cantor, compositor e produtor Adam Young. É o mais pop da carreira. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Dreams and Disasters
2. Shooting Star (clipe)
3. Gold
4. Dementia
5. I’m Coming After You
                                                                 6. Speed of Love
                                                                 7. Good Time (clipe)
                                                                 8. Embers
                                                                 9. Silhouette
                                                                 10. Metropolis
                                                                 11. Take it All Away
                                                                 12. Bombshell Blonde

Gossamer (Passion Pit) – 20 de Julho

Segundo álbum da banda inglesa formada em 2007. Estreou nos EUA com 37,000 cópias vendidas na primeira semana, se tornando o maior sucesso da banda até hoje. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Take a Walk (clipe)
2. I’ll Be Alright (clipe)
3. Carried Away
4. Constant Conversations (clipe
                                                                5. Mirrored Sea 
                                                                6. Cry Like a Ghost 
                                                                7. On My Way 
                                                                8. Hideaway 
                                                                9. Two Veils to Hide My Face 
                                                                10. Love is Greed 
                                                                11. It’s Not my Fault, I’m Happy 
                                                                12. Where We Belong

Motel (Banda UÓ) – 04 de Setembro

Os goianos da Banda UÓ estão à frente da primeira explosão da música pop brasileira desde o Cansei de Ser Sexy e o Bonde do Rolê, meia década atrás. E isso não é pouco. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Faz UÓ (clipe)
2. Búzios do Coração
3. Castelo de Areias
4. Vânia
                                                                   5. Gringo
                                                                   6. Cowboy
                                                                   7. Malandro
                                                                   8. Nega Samurai
                                                                   9. I ♥ Cafuçu
                                                                   10. Cavalo de Fogo
                                                                   11. Show da Rita
                                                                   12. Chorei
                                                                   13. Shake de Amor (Whip My Hair) (clipe)

The 2nd Law (Muse) – 28 de Setembro

Na ativa há 13 anos, o Muse vem alcançando reconhecimento recentemente, e o The 2nd Law parece ser o seu auge. E é um álbum e tanto. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Supremacy
2. Madness (clipe)
3. Panic Station
4. Prelude
5. Survival
                                                                   6. Follow Me
                                                                   7. Animals
                                                                   8. Explorers
                                                                   9. Big Freeze
                                                                   10. Save Me
                                                                   11. Liquid State
                                                                   12. The 2nd Law: Unsustainable (clipe)
                                                                   13. The 2nd Law: Isolated System (clipe)

18 Months (Calvin Harris) – 26 de Outubro

O DJ, produtor, compositor e cantor escocês Calvin Harris lança o primeiro álbum depois de ter os holofotes voltados para si graças a colaboração com Rihanna em “We Found Love”. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Green Valley
2. Bounce (clipe)
3. Feel So Close (clipe)
4. We Found Love (clipe)
                                                                  5. We’ll be Coming Back (clipe)
                                                                  6. Mansion
                                                                  7. Iron
                                                                  8. I Need Your Love
                                                                  9. Drinking From the Bottle
                                                                  10. Sweet Nothing (clipe)
                                                                  11. School
                                                                  12. Here 2 China
                                                                  13. Let’s Go (clipe)
                                                                  14. Awooga
                                                                  15. Thinking About You

Flume (Flume) – 09 de Novembro

O DJ australiano é o equivalente hipster de Calvin Harris e Swedish House Mafia, então espere muito sintetizador e muitas participações especiais de artistas desconhecidos. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Sintra
2. Holdin On
3. Left Alone
4. Sleepless (clipe)
                                                                   5. On Top
                                                                   6. Stay Close
                                                                   7. Insane
                                                                   8. Change
                                                                   9. Ezra
                                                                   10. More Than You Thought
                                                                   11. Space Cadet
                                                                   12. Bring You Down
                                                                   13. Warm Thoughts
                                                                   14. What You Need
                                                                   15. Star Eyes

Warrior (Ke$ha) – 30 de Novembro

Três anos depois de “Tik Tok” e um tempo sumida, Ke$ha volta com Warrior, um álbum pop que é discretamente punk – mas, claro, distintamente Ke$ha. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Warrior
2. Die Young (clipe)
3. C’Mon
4. Thinking of You
5. Crazy Kids
                                                                    6. Wherever You Are
                                                                    7. Dirty Love
                                                                    8. Wonderland
                                                                    9. Only Wanna Dance With You
                                                                    10. Supernatural
                                                                    11. All That Matters (The Beautiful Life)
                                                                    12. Love Into The Light

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ENQUETES ANTERIORES:
Indie/Alternativo - Parte 1
Inde/Alternativo - Parte 2

Cultura pop à flor da pele em “Cloud Aura”, de Charli XCX.

Charli-XCX-Cloud-Aura

por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Você precisa ouvir Charli XCX para se considerar alguém por dentro da música pop atual. E não só porque a britânica é uma das musas hipsters a surgirem nos últimos anos, mas principalmente porque ela é uma das mais habilidosas artesãs da cultura pop atual. “Cloud Aura”, videoclipe lançado hoje (dia 28), é mais uma prova desse brilhantismo. A parceria com a rapper americana Brooke Candy gerou uma das faixas (e um dos vídeos) mais ligados com a cultura pop e com o gosto jovem atual.

“Cloud Aura” é uma faixa retirada da segunda mixtape de Charli nesse ano, intitulada Super Ultra (ouça e faça o download – fornecido de graça pela moça – aqui). Sua antecessora, Heartbreaks and Earthquakes (disponível da mesma forma aqui), tinha ainda mais influência do hip hop sobre o synthpop gótico/angelical da cantora.

Os versos da nova música citam de Bonnie & Clyde até Beyoncé & Jay Z, passando por Exterminador do Futuro, enquanto as imagens mostram Miley Cyrus, Emma Stone, Demi Lovato, Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, entre outros.

27 de nov. de 2012

Necessidade e existência.

por Fabio Christofoli
(Twitter - Clube do Camaleão)

Dia 19 de novembro resolvi publicar esse texto no Facebook:

“Negros têm um dia. Negros têm um mês. Negros têm cotas. Negros têm uma página nos livros de história - quando o que têm não é um pequeno quadro no rodapé da página. Negros têm pequenos espaços em novelas e comerciais. E são sempre os mesmos negros. Você já viu negros protagonistas (a muito custo), mas nunca viu uma história sobre negros. A não ser que o tema gire em torno de preconceito ou escravidão.

O fato é que negros são visto como negros sempre antes de serem vistos como pessoas. Obama, por exemplo, sempre vai carregar o rótulo de "presidente negro". Ele é mais do que isso. Então, apesar do preconceito já não ser tão escancarado, ele existe. E muitas vezes acontece de forma velada ou sutil, como no caso citado. O grande problema é a distinção entre negros, brancos, índios e etc. Uma separação feita por homens do passado, que acreditavam que a Terra era quadrada e que a cor era um diferencial na composição do caráter. Pois bem, Copérnico e Galileu descobriram que a Terra é redonda, mas nenhum deles foi capaz de indicar algo que fizesse a sociedade entender que cor de pele não torna alguém mais ou menos capaz. Ou será que não queremos entender? Eu tive a sorte ser criado com negros e por negros. De ter lido a segunda parte da história do Malcom-X. De descobrir que antes de imperadores brancos, existiram faraós de pele escura no Egito. E de saber que, apesar de poucos falarem, nossa raça veio da África e um dia toda essa raça foi negra. Eu entendo o dia 20 de novembro, mas me permito discordar da existência dele. Negros não precisam de um dia, negros precisam que a sociedade esqueça que eles são "apenas" negros.”

Agora uso esse espaço para, além de ratificar o que falei, ir um pouco além, pois esse texto foi compartilhado por alguns amigos e gerou polêmica com os amigos deles.

Quero esclarecer algo importante: não sou contra cotas. Muito menos a favor. Não tenho absolutamente NENHUMA posição sobre isso. Se eu tivesse, seria uma posição ignorante. A única certeza que tenho é que a existência de cotas denunciam um preconceito. Isso é FATO. Agora, está muito além do meu alcance definir se é certo ou errado. Eu acho triste o recurso, mas será que ele não é necessário? Pelo menos até as coisas se alinharem? Não sei. Precisaria ler mais sobre o assunto, debater com os lados envolvidos. Não fiz isso. Portanto não posso me opor ou não e nem ir muito além.

Outro ponto importante. Muita gente questiona o dia da Consciência Negra usando a seguinte falácia: mas não existe a “consciência branca”. Eu refuto essa ideia. Explico. Ser negro era quase um crime há pouco tempo atrás. Negros tinham vergonha de ser negros, pois sofriam perseguições que nem imaginamos. A consciência negra é algo que precisa ser resgatado sim. Aí aquele babaca que escreveu “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” diz que existiram escravos brancos e que negros escravizavam negros. E isso te diz alguma coisa? Brancos não eram escravos por serem brancos. Eram por outros fatores, que foram SUPERADOS com o tempo. E negros escravizavam negros sim, por dinheiro. Eram seres humanos desprezíveis, com certeza, mas isso em momento algum alivia pro lado do racismo. O dia da Consciência Negra existe por uma razão bem específica.

Eu não questiono o DIA e sim o fato dele ainda precisar existir. Será que fui claro?

Fabio Christofoli escreve todo dia 29.

Os melhores álbuns do semestre: Votação – Indie/Alternativo

510129-angus-stoneAngus Stone, que lançou esse semestre o seu Broken Brights.

Já virou tradição O Anagrama publicar, todo final de semestre, uma lista com 15 álbuns que realmente fizeram a música dos últimos seis meses valer a pena ser ouvida. Mas esse ano a concorrência é tanta que a gente resolveu colocar nas suas mãos, caro leitor, a responsabilidade de escolher esses 15 álbuns.

Como? A gente dividiu os candidatos do semestre em seis categorias (os “indicados” da primeira você conhece hoje), e toda semana uma ou duas dessas categorias vai estar aberta para votação no Facebook do blog. Para cada uma delas, os dois álbuns mais votados vão ser selecionados para o post final com os escolhidos (por vocês) nesse semestre.

PS 1: Vários álbuns estão concorrendo em mais de uma categoria. Logo, a gente resolveu que vai priorizar a categoria em que eles tiverem mais votos, dando lugar para o terceiro colocado naquela em que tiveram menos.

PS 2: Dá pra votar via comentários no post também, e é permitido votar em mais de um álbum, assim como será na enquete. Mas dêem preferência ao voto no Facebook mesmo. No final de cada post relacionando os indicados da categoria vai ter o link para a enquete por lá.

PS 3: Sentiu falta de algum álbum aqui? Comenta com o nome que a gente adiciona à lista de opções da enquete do Facebook!

Mas essa semana é para conhecer os nossos 12 indicados à categoria Indie/Alternativo. São eles (em ordem de lançamento):

Broken Brights (Angus Stone) – 13 de Julho

Primeiro álbum solo da metade masculina da dupla Angus & Julia Stone. Influência de nomes como Bob Dylan e The Eagles. Ouça-o na íntegra aqui.

Tracklist:
1. River Love
2. Broken Brights (clipe)
3. Bird on The Buffalo (clipe)
4. Wooden Chair (clipe)
5. The Blue Door
                                                                   6. Apprentice of a Rocket Man
                                                                   7. Only a Woman
                                                                   8. The Wolf and The Butter
                                                                   9. Monsters (clipe)
                                                                   10. It Was Blue
                                                                   11. Be What you Be
                                                                   12. Clouds Above (clipe)
                                                                   13. End of The World

Gossamer (Passion Pit) – 20 de Julho

Segundo álbum da banda inglesa formada em 2007. Estreou nos EUA com 37,000 cópias vendidas na primeira semana, se tornando o maior sucesso da banda até hoje. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Take a Walk (clipe)
2. I’ll Be Alright (clipe)
3. Carried Away
4. Constant Conversations (clipe)
                                                                  5. Mirrored Sea
                                                                  6. Cry Like a Ghost
                                                                  7. On My Way
                                                                  8. Hideaway
                                                                  9. Two Veils to Hide My Face
                                                                  10. Love is Greed
                                                                  11. It’s Not my Fault, I’m Happy
                                                                  12. Where We Belong

Ashes (Kyla La Grange) – 30 de Julho

Álbum de estreia da cantora e compositora britânica que vem lançando singles soltos desde o ano passado. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Walk Through Walls (clipe)
2. Courage
3. I Could Be
4. To Be Town
5. Vampire Smile (clipe)
6. Woke Up Dead
                                                                  7. Been Better (clipe 1 - clipe 2)
                                                                  8. Heavy Stone (clipe)
                                                                  9. You Let it Go
                                                                  10. Catalyst
                                                                  11. Lambs (hidden track: “Sympathy”)

A is for Alpine (Alpine) – 10 de Agosto

Os australianos mais hypados do momento estreiam em um álbum dois anos depois do EP Zurich. Ouça uma parte do álbum aqui.

Tracklist:
1. Lovers 1
2. Lovers 2
3. Hands (clipe)
4. Villages (clipe)
5. Softsides
6. Seeing Red
                                                                 7. Gasoline (clipe)
                                                                 8. All for One
                                                                 9. Too Safe
                                                                 10. In The Wild
                                                                 11. The Vigour
                                                                 12. Multiplication

Beacon (Two Door Cinema Club) – 31 de Agosto

Os irlandeses ganham profundidade com o segundo álbum, primeiro da banda a entrar nas paradas americanas (na 17ª colocação). Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Next Year
2. Handshake
3. Wake Up
4. Sun (clipe)
5. Someday
                                                                 6. Sleep Alone (clipe)
                                                                 7. The World is Watching
                                                                 8. Settle
                                                                 9. Spring
                                                                 10. Pyramid
                                                                 11. Beacon

See You on The Ice (Carice van Houten) – 28 de Setembro

A atriz holandesa conhecida como a protagonista de A Espiã de Paul Verhoeven lançou um álbum que mostra que atuar não é seu único grande talento. Infelizmente, não encontramos link para ouvi-lo na íntegra, mas vale a pena baixar.

Tracklist:
1. Siren or The Sea
2. Something Funny
                                                                3. Time
                                                                4. Particle of Light (clipe)
                                                                5. Emily (clipe)
                                                                6. Recovery Mission
                                                                7. Broken Shells
                                                                8. I’m Here
                                                                9. You. Me. Bed. Now.
                                                                10. End of The World
                                                                11. Still I Dream of It

All Our Favourite Stories (Dog is Dead) – 08 de Outubro

“Uma mistura de indie pop no meio de música disco, com um toque de jazz”, é como os britânicos se definem. É o álbum de estreia da banda depois de três EPs. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Get Low
2. Do The Right Thing
3. Teenage Daughter (clipe)
4. Talk Through The Night (clipe)
                                                                 5. River Jordan (clipe)
                                                                 6. Two Devils (clipe)
                                                                 7. Hands Down (clipe)
                                                                 8. Glockenspiel Song (clipe)
                                                                 9. Heal It
                                                                 10. Any Movement

Pines (A Fine Frenzy) – 09 de Outubro

O terceiro álbum de Alison Sudol sob o nome de palco A Fine Frenzy é umanova direção em relação aos anteriores. Mas a voz continua encantadora. Dá pra ouvir os samples das canções do álbum aqui.

Tracklist:
1. Pinesong
2. Winds of Wander
3. Avalanches (Culla’s Song)
4. Riversong
                                                                 5. The Sighting
                                                                 6. Dream in the Dark
                                                                 7. Sailingsong
                                                                 8. Sadseasong
                                                                 9. They Can’t if You Don’t Let Them
                                                                 10. Dance of The Grey Whales
                                                                 11. It’s Alive
                                                                 12. Now is The Start (clipe)
                                                                 13. Untitled (Grasses Grow)

The Haunted Man (Bat for Lashes) – 12 de Outubro

A anglo-paquistanesa Natasha Khan, conhecida como Bat for Lashes, chega ao segundo álbum como uma mezzo-Joni Mitchell moderna, mezzo-experimentadora de ritmos. O resultado pode ser conferido em snippets aqui.

Tracklist:
1. Lilies
2. All Your Gold (clipe)
3. Horses of The Sun
                                                                  4. Oh Yeah
                                                                  5. Laura (clipe)
                                                                  6. Winter Fields
                                                                  7. The Haunted Man
                                                                  8. Marilyn
                                                                  9. A Wall
                                                                  10. Rest Your Head
                                                                  11. Deep Sea River

Free Dimensional (Diamond Rings) – 22 de Outubro

John  O`Regan é provavelmente o artista canadense no qual você deveria mais prestar atenção no cenário atual. Ele se arrisca em tons de hip hop no segundo álbum como Diamond Rings. Ouça os na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Everything Speaks
2. All The Time
3. Runaway Love (clipe)
                                                                  4. Put me On
                                                                  5. I’m Just Me (clipe)
                                                                  6. Hand Over My Heart
                                                                  7. (I Know) What I’m Made Of
                                                                  8. A to Z
                                                                  9. Stand My Ground
                                                                  10. Day & Night

Who Needs Who (Dark Dark Dark) – 22 de Outubro

Com oito integrantes fixos e três álbuns no currículo, o Dark Dark Dark caminha aos poucos para se tornar uma insituição do indie folk americano. Ouça o álbum na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Who Needs Who
2. Tell Me (clipe)
3. Last Time I Saw Joe
4. Patsy Cline
                                                                  5. Without You
                                                                  6. How it Went Down
                                                                  7. It’s a Secret
                                                                  8. Hear Me
                                                                  9. Meet in The Dark
                                                                  10. The Great Mistake

Flume (Flume) – 09 de Novembro

O DJ australiano é o equivalente hipster de Calvin Harris e Swedish House Mafia, então espere muito sintetizador e muitas participações especiais de artistas desconhecidos. Ouça na íntegra aqui.

Tracklist:
1. Sintra
2. Holdin On
3. Left Alone
4. Sleepless (clipe)
                                                                   5. On Top
                                                                   6. Stay Close
                                                                   7. Insane
                                                                   8. Change
                                                                   9. Ezra
                                                                   10. More Than You Thought
                                                                   11. Space Cadet
                                                                   12. Bring You Down
                                                                   13. Warm Thoughts
                                                                   14. What You Need
                                                                   15. Star Eyes

Enquete: PARTE 1PARTE 2