Robin Wright filma sua atuação para uma das cenas animadas de The Congress
por Caio Coletti & Andreas Lieber
O aclamado diretor israelense Ari Folman retorna a Cannes cinco anos depois de Valsa com Bashir seu “documentário em animação” sobre o conflito do Oriente Médio que concorreu a Palma de Ouro. Dessa vez, ele está na disputa da Quinzena dos Realizadores, mostra paralela a competição principal que celebra diretores de destaque do mundo todo. E o novo filme é The Congress, uma complexa fantasia de ficção científica baseada em um livro de Stanislaw Lem (Solaris), mais uma vez misturando animação e live-action.
No novo filme, a protagonista é Robin Wright, que interpreta a si mesma em um futuro em que é possível “vender” sua imagem aos estúdios, que a usam por 20 anos, durante os quais é pedido que o “cliente” desapareça do mapa. Essa é a parte live action, que conta ainda com Harvey Keitel com oum chefão dos estúdios. A segunda metade do filme utiliza a técnica de captura de performance (uma evolução da usada em Beowulf, com a mesma Robin Wright) para retratar a atriz, depois dos tais 20 anos, comparecendo a um congresso de atores pintado com cores fantasiosas pelo diretor Folman.
O elenco é completado por Jon Hamm (Mad Men), Paul Giamatti, Kodi Smit-McPhee (A Estrada), Danny Huston (30 Dias de Noite), Sara Shahi (Person of Interest) e, claro Tom Cruise interpretando a si mesmo em forma de animação. Imperdível, sim ou com certeza? Uma pena que o filme ainda não tem data de estreia no Brasil.
Vencedora de duas Palmas de Ouro e uma das primeiras cineastas mulheres a ser indicada ao Oscar de direção (por O Piano, em 1993, que ainda lhe rendeu o prêmio de roteiro), Jane Campion foi homenageada nessa edição do Festival de Cannes, levando a Carruagem de Ouro da Quinzena dos Produtores. A descrição do prêmio celebra “a independência, ambição e ousadia” dos premiados. Definição mais do que merecida para a diretora de 59 anos, conhecida por filmes sexualmente carregados como o próprio O Piano e Em Carne Viva. Seus últimos projetos foram o romance vitoriano Bright Star e a minissérie televisiva Top of The Lake.
Enquanto isso, nos cofres de Cannes…
O escândalo dessa edição do Festival (porque Cannes não é Cannes sem um) já está estabelecido: em uma operação à la Ladrão de Casaca, o cofre contendo as jóias valiosíssimas que algumas atrizes usariam no tapete vermelho foi assaltado durante a noite. De acordo com a polícia local, o prejuizo pode chegar a mais de US$ 1 milhão de dólares, enquanto os organizadores do Festival se preocuparam mais em assegurar que a Palma de Ouro, a ser entregue no final dos 15 dias de Cannes, está a salvo.
O diretor chinês Zhangke Jia é considerado um dos contemporâneos mais importantes do seu país, e já está na terceira seleção para competição oficial de Cannes. Conhecido fora da China por Unknown Pleasures e Em Busca da Vida, Jia retrata uma história mais urgente e ainda mais atual no novo A Touch of Sin. Através de quatro histórias baseadas em acontecimentos reais que estiveram nos jornais chineses, ele pinta um retrato de uma população atingida de frente pelo capitalismo desenfreado. “Antes, em meus filmes, eu tentava relatar a vida cotidiana. (…) Com o desenvolvimento fulgurante da sociedade chinesa, há muitas coisas que se tornaram extremas”. Os protagonistas das quatro histórias são uma prostituta em um bordel de luxo, um trabalhador revoltado contra a corrupção de seus patrões, uma recepcionista em uma sauna, e um jovem pressionado pela família que não consegue arranjar emprego.
Tahar Rahim e Berenice Bejo posam com os atores mirins de Le Passé
No segundo dia de Cannes, também escutaram-se aplausos para o novo projeto do iraniano Asghard Farhadi, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e diversos outros prêmios pelo seu incrível A Separação. Dessa vez, ele nos traz o drama familiar Le Passé (O Passado). De produção e locação francesas, o filme conta com Bérénice Bejo (nomeada ao Oscar por O Artista) e Ali Mosaffa (The Last Step); na trama, Marie (Bejo) recebe de volta em sua casa, na França, o ex-marido (Mosaffa), que atualmente mora no Teerã, para oficializarem o divórcio.
Em meio a dramas e um pesado segredo de família, Farhadi constrói sua história em cima da carga que o passado tem em nossas vidas, e que muitas vezes ignoramos. Com uma filha em depressão e três relacionamentos cataclísmicos, Marie tem agora de lidar com as decisões de uma vida perdida em segredos. Altamente elogiado pela crítica e pelos jornalistas em sua primeira exibição hoje, Le Passé já se torna um dos favoritos dessa edição do Festival.
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