9 de set. de 2013

Review: The Newsroom, 02x08 – Election Night, Part 1

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

É preciso uma quantidade sem precedentes de classe para entregar um pré-season finale como “Election Night, Part 1”. Vejam bem: o episódio anterior não só foi provavelmente um dos melhores das duas temporadas de The Newsroom, como fez ruir as próprias estrturas do que o público pensa e sente em relação aos personagens criados por Aaron Sorkin. Claro, essa queda do cavalo da superioridade moral estava se insinuando desde a premiere da temporada, 8 semanas atrás, mas a ruína pessoal de cada um desses personagens ainda foi uma vista chocante para os olhos dos espectadores que acompanharam a série desde o início. No início de “Election Night, Part 1”, a impressão é de que isso vai passar incólume.

Mas essa é a nova The Newsroom, que entre suas muitas e notáveis melhoras em relação a temporada passada, não deixa nada passar sem consequencias. A virada brusca da personagem de Leona na semana passada, não aceitando os pedidos de demissão de Mac, Will e Charlie por uma vontade de “fazer a coisa certa”, foi vendida inteiramente pela performance brilhante de Jane Fonda, mas não espere que a partir de agora esse seja um conto sobre jornalistas sem credibilidade tentando recuperá-la e voltar a sua “missão para civilizar”. Os personagens que aos poucos encontramos em “Election Night” tem as confianças quebradas e as ações e artifícios completamente alterados por todo o estago encenado no último episódio.

Isso transparece mais em Mac, o que dá a Emily Mortimer a oportunidade de exibir seus fartos talentos dramáticos, ajustando a linguagem corporal e o olhar da personagem de maneira que possamos ver em cada cena que essa mulher se tornou quase a antítese de tudo o que já foi. De forma mais sutil, Jeff Daniels nos dá um Will que, naturalmente, esconde o baque de confiança que tomou atrás de uma barreira de sarcasmo (e, já que esse episódio faz um bom argumento para aqueles que acham que Will não é um cretino tão grande quanto aparenta, dessa vez é um tipo de sarcasmo para “levantar a moral” da equipe, e não o contrário). O protagonista de The Newsroom sempre foi um personagem difícil de interpretar sem torná-lo antipático, mas aqui Daniels, ajudado pelo roteiro, encontra um equilíbrio perfeito.

A primeira parte do finale (e a segunda, da semana que vem, também) se situa num dos momentos mais frenéticos que uma redação jornalística pode passar: a noite das eleições americanas, o que por lá implica uma cobertura completa de seis horas de duração durante toda a noite, desvendando números e tentando prever quem vai sair vitorioso. O embate Roomney vs. Obama poderia render a Sorkin muito mais material para expor suas visões políticas através de Will, mas ele prefere se prender ao mundo ficcional desses personagens e soltar pequenas pílulas políticas pelo caminho. Uma decisão muito sábia, porque do contrário teríamos jogado fora um brilhante trabalho de tornar essa storyline ficcional envolvente.

O importante é que com a pressão em alta o episódio também consegue se concentrar bastante nos personagens realizando seus trabalhos, e precisando encontrar pequenas brechas para lidar com toda a loucura que aconteceu a tão pouco tempo em suas vidas. A narrativa volta para remoer o passado de Mac e Will, mas o faz de forma tão amarga e tão pungente que é impossível não relacioná-la com a quebra de confiança e conforto que Genoa trouxe para eles. Enquanto isso, Charlie tenta convencer Reese a fazer Leona aceitar suas demissões, Maggie e Don acham estar a beira da descoberta de uma nova história (uma jogada espertíssima de Sorkin que precisa ter consequencias na segunda parte do finale), e Jim lida com o vai-e-vem de informações entre ele e Hallie. Ah, e Marcia Gay Harden está de divertindo a beça agora que não está mais presa a uma mesa de deposição. O senhor Sorkin devia pensar em contratá-la definitivamente.

Em muitos sentidos, “Election Night, Part 1” traz de volta elementos de The Newsroom que fazem parte da identidade da série: os subplots românticos, o diálogo deliciosamente denso e ocasionalmente engraçado, as pequenas questões éticas do fazer jornalístico. Em tantos outros, é um animal completamente diferente do que estamos acostumados a ver, um thriller fascinante e envolvente que nos deixa na ponta dos pés em seu final. E é nesse ponto de equilíbrio que o episódio triunfa.

***** (5/5)

maggiehair

Próximo The Newsroom: 02x09 – Election Night, Part 2 (15/09)

Caio

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