por Caio Coletti
(@EcoCaio)
ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
The Americans é o tipo de série que não pode ser definida de outra forma senão infalível e incansavelmente competente. Durante as 13 semanas em que acompanhamos as aventuras e desventuras do casal Jennings, do Agente Beeman e da funcionária da embaixada russa Nina (para citar só os personagens principais), a trama criada por Joe Weisberg mostrou um equilíbrio perfeito entre os dramas pessoas dos protagonistas e a maquinação sempre tensa e cadenciada do plot maior, inserido no contexto da Guerra Fria. Mais do que isso, tratou de inserir a situação ímpar dessas pessoas dentro do contexto de seus problemas, desenhou paralelos entre os dois âmbitos e mesmo assim não perdeu de vista a universalidade do que tem a dizer sobre o comportamento humano. Sobre não poder fugir de si próprio e sobre amar mais de um lado de uma disputa. Enfim, o que The Americans fez durante essas 13 semanas foi desenhar uma narrativa da forma que isso deve ser feito.
“The Colonel” encerra a temporada de maneira brilhante, juntando mais tensão que boa parte dos episódios anteriores juntos, obedecendo a regra de ouro do roteiro que pede que os perigos para os protagonistas escalem perto do final, e mesmo assim seguindo em sua tendência de apresentar um ritmo lento, que dá espaço tanto para os personagens respirarem e se desenvolverem quanto para a maquinação por baixo dos panos da Guerra Fria parecer realista. Na última trama do ano, Elizabeth está prestes a se encontrar com o Coronel rerutado por um agente da CIA que já era um informante da KGB, mesmo que a reunião toda cheire a armação. Enquanto isso, o FBI está perseguindo uma linha completamente diferente: sabendo da esccuta na casa do Ministro do Exterior, a equipe do Agente Beeman deixa vazar a informação de uma reunião falsa a acontecer lá, esperando do lado de fora por um dos agentes que viria buscar a gravação.
Keri Russell, eu não me canso de dizer isso, está excepcional. Há uma cena perto da metade do episódio em que Elizabeth resgata uma antiga fita cassete que contem uma mensagem de sua família em Moscou. O texto já é tocante por si só, especialmente com a fotografia fria e distanciada que a direção de Adam Arkin impõe (e que casa muito bem com o clima da série, aliás), mas Russell incluí tantas sutilezas nas expressões da personagem no descorrer do episódio que essa cena em especial é o momento em que “The Colonel” realmente ganha seu espectador. Nós gostamos do Agente Beeman do sempre ótimo Noah Emmerich, mas não queremos que ele seja bem-sucedido. E o breve diálogo em russo entre Phillip e Elizabeth no final do episódio deixa isso ainda mais claro.
O episódio ainda encontra tempo para lidar com a excepcional Margo Martindale, que não sabemos exatamente se estará de volta para a próxima temporada, mas que faz um trabalho brilhante nas cenas que tem para mostrar a verdadeira natureza de sua personagem. Suas trocas de farpas com Elizabeth são sempre um prazer, aliás. Por fim, a subtrama envolvendo Stan e Nina segue cada vez mais ambigua emocionalmente, com a moça tendo se tornado uma agente dupla, fornecendo informações do FBI para a embaixada russa, e vice-versa.
O roteiro de Weisberg amarra as pontas gloriosamente, abrindo espaço para uma segunda temporada que pode muito bem ser ainda melhor que essa primeira. Se isso acontecer, fiquem atentos. The Americans não está nem um pouco longe de se tornar a melhor série da televisão americana.
***** (5/5)
A segunda temporada de The Americans já foi confirmada!
1 comentários:
Eu acompanhei as review d'O Anagrama de The Americans desde o piloto e fico feliz de ver que gostamos tanto desta série que foi se tornando cada vez melhor. Ansioso pela próxima temporada. Parabéns pelas reviews.
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