Review: Dirty Computer (álbum e filme)

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Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

31 de ago. de 2013

Review: Wilfred, 03x12 – Heroism

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

E como dava para prever pelo episódio da semana passada, nesse pré-season-finale de Wilfred temos o retorno da subtrama romântica entre Ryan e a Jenna de Fiona Gubelmann. O timing da sériie é perfeito: além de estarmos perto do final da temporada, obviamente, também é preciso lembrar que essas treze semanas do terceiro ano de Wilfred foram muito mais focadas em outros aspectos do protagonista e de sua relação com o personagem-título do que na relação com a vizinha. Isso deu espaço para a personagem respirar e tomar vida própria fora do status de interesse romântico, em pequenas cenas espalhadas pelos episódios que pareciam querer nos “atualizar” sobre a quantas ela andava.

Quem está mais agradecida com tudo isso, de longe, é Gubelmann, que rouba a cena aqui com uma Jenna muito mais humana, compreensível e fascinante do que nunca. O detalhismo da atriz é algo que aflora quando a personagem realmente apresenta essa oportunidade, e a química relaxada com Elijah Wood salta aos olhos. A trama de “Heroism” mostra Jenna preocupada com o aumento da criminalidade na vizinhança, exatamente quando ela e o marido Drew resolvem tentar novamente gerar um bebê. Ela quer instalar um sistema de segurança eletrônico, o que enfurece Wilfred, que sente não ser capaz de fazer a dona se sentir segura. O cachorro manipula Ryan para que ele comece um “neighborhood watch”, e a única que comparece, claro, é Jenna. O que só faz com que os vizinhos passem mais tempo juntos, mesmo que Ryan tenha tentado se afastar de Jenna para controlar seus sentimentos por ela.

“Heroism” é um episódio excepcionalmente polido visualmente, o que não é usual para Wilfred. O diretor Randall Einhorn, que assinou todos os episódios dessa terceira temporada, resolve apurar suas lentes aqui, esboçando um visual sofisticado com trocas de foco, fotografia limpa e encenação bem marcada, o que combina com o roteiro redondinho de Cody Heller e Brett Konner, dupla que tem supervisionado toda a temporada e assume nesse episódio a linha de frente. Os jogos com a obsessão de Wilfred com o seu status entre os cachorros da vizinhança e o medo de pombos são hilários, assim como algumas outras gags visuais estreladas por Jason Gann, e ao mesmo tempo o episódio ganha um senso de profundidade e personagem que faltou, e muito, na semana passada.

Com uma reviravolta genuinamente surpreendente no final, “Heroism” mostra que o season finale da próxima semana promete mexer com a própria fundação dos personagens da série.

***** (4,5/5)

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Próximo Wilfred: 03x13 – Regrets (SEASON FINALE)

Caio

30 de ago. de 2013

James Blunt motoqueiro e fotógrafo no clipe de “Bonfire Heart”

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por Caio Coletti

A nova fase de James Blunt está cada vez melhor. Depois do anúncio do álbum Moon Landing para o próximo dia 18 de Outubro, o cantor e compositor britânico lançou o primeiro single, “Bonfire Heart”, com a letra linda e a melodia grudenta de sempre, ao lado de uma sonoridade puxada para o folk-pop.

Hoje (30), ele chegou com o clipe para a canção, em que aparece montado em uma Harley-Davidson viajando pelas estradas empoeiradas americanas, o que deixa exposta mais uma característica do novo álbum: a ligação com a cultura ianque. Blunt ainda fotografa várias figuras pelo caminho, e acaba em um casamento de beira de estrada. O resultado são quatro minutos encantadores.

Estamos na fila: Kill Your Darlings, com Daniel Radcliffe e Ben Foster

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por Caio Coletti

Depois do sucesso de On The Road no ano passado, Jack Kerouac e sua gangue de escritores da beat generation vai voltar para o cinema em uma maneira ainda mais biográfica em Kill Your Darlings. Kerouac é coadjuvante, interpretado por Jack Huston (Boardwalk Empire), nessa história de paixão homossexual, transgressão literária e, pasmem, assassinato estrelada pelo poeta Allen Ginsberg (Daniel Radcliffe) e o perigoso Lucien Carr (Dan DeHaan), que chega aos cinemas no próximo dia 18 de Outubro.

O trailer mostra o visual climático do filme, que ganhou elogios no Festival de Sundance desse ano. A direção ficou com o estreante em longas-metragens John Krokidas, que assina o roteiro ao lado do também novato Austin Bunn. Além de Huston, Radcliffe e DeHaan (se aquecendo para o estrelato em O Espetacular Homem-Aranha 2), o filme conta com a queridinha indie Elizabeth Olsen, cotada para ser a Feiticeira Escarlate em Os Vingadores 2, e os veteranos Kyra Sedgwick (The Closer), Jennifer Jason Leigh (Weeds) e David Cross (Arrested Development).

29 de ago. de 2013

Christina Aguilera homenageia os fãs com clipe de “Let There Be Love”

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por Caio Coletti

Os números trágicos de venda do Lotus, último álbum de Christina Aguilera, mais a falha em emplacar o lead single (e único até agora) “Your Body”, motivaram piadas online sobre a obviamente inviável turnê baseada nor repertório do CD, mas mesmo assim a ex-hitmaker não desanimou de agradecer aos fãs fiéis em uma extensa carta publicada em seu site e, agora, de forma mais concisa com o clipe de “Let There Be Love”.

A homenagem já começa na escolha da música, que desde o lançamento do álbum se tornou uma preferida de qualquer um que tenha um mínimo de simpatia por Aguilera. O vídeo conta com cenas de fãs em uma escola de dança e em momentos familiares, e takes de Christina fazendo poses fofas. O conjunto é adorável. Uma penas que pouca gente vá ouvir.

28 de ago. de 2013

O Two Door Cinema Club quer o estrelato com o clipe de “Changing of The Seasons”

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por Caio Coletti

Era inevitável. A troca de gravadora para a gigante Parlophone teria que acarretar uma ambição ampliada e renovada na carreira dos queridinhos indie do Two Door Cinema Club. Até então, Alex e companhia eram aquela banda que todo mundo gostava, mas que ainda ficava com os horários do final da tarde em festivais, aquecendo o público para nomes maiores como o The Killers, por exemplo. A ideia agora é que o Two Door esteja competindo diretamente com Brandon Flowers e outros representantes gigantes do rock de arena.

“Changing of The Seasons”, primeiro produto da banda na Parlophone, reflete essa ambição: produzida pelo prodígio Madeon, que tem trabalhado com Lady Gaga e Ellie Goulding, a canção incorpora o espírito do Two Door Cinema Club, com seus ecos de guitarra evocativos e o vocal sempre marcante, ao mesmo tempo que faz adaptações radiofônicas na batida e no restante do instrumental. O bacana é que, como o álbum anterior da banda, Beacon, já flertava francamente com o eletrônico, a nova fase soa como uma evolução, e não como uma guinada de direção.

O single, que vem como clipe debochado com os integrantes vivendo a vida de rockstars (ecos fortes de A Hard Day’s Night dos Beatles), antecede o EP homônimo, com outras duas faixas, que sai no dia 30 de Setembro.

Miley Cyrus: falta coerência

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Como O Anagrama é um espaço democrático, não custa lembrar que um artigo de opinião bem diversa sobre a nova fase de Miley foi publicado um tempinho atrás (você pode ler aqui)

O grande assunto dos últimos dias pós-VMA tem sido, e provavelmente vai continuar sendo por um tempo, só um: Miley Cyrus. Se a polêmica com o novo visual e com o clipe ousado/sujo de “We Can’t Stop” sumiu quando a canção se tornou um dos maiores hits do verão americano, o VMA serviu para reascender a discussão sobre esse retorno transformado da ex-Hannah Montana. Miley, vestida com um maiô de látex mínimo, tocou o terror no palco do Brooklyn e aproveitou para tirar uma casquinha (e isso é um eufemismo quase grosseiro) do cantor Robin Thicke, que se juntou a ela para performar “Blurred Lines” após o final de “We Can’t Stop”. Mercadologicamente, quis chamar a atenção de volta para si às vistas do lançamento do álbum Bangerz no próximo 04 de Outubro. Nesse sentido, a apresentação foi um sucesso estrondoso.

A eficiência da performance, e da nova fase de Miley como um todo, na dimensão de empreendimento artístico, no entanto, tem se mostrado bem mais discutível (e discutida). Sim, estamos falando de música pop, e no final do dia o que importa num médio prazo é o resultado comercial, mas é prerrogativa d’O Anagrama, e especialmente deste que vos fala, que o pop abre espaço também para um impacto duradouro na cultura musical e comportamental da sociedade, e que portanto precisa ser encarado com um mínimo de seriedade. É justamente aí que Miley tem falhado até agora em sua fase Bangerz: falta-lhe ainda a maturidade de compor uma identidade artística completa e contextualizada. Falta coerência.

Esqueça as críticas que você tem ouvido por aí nos bate-papos com amigos: Miley não foi longe demais, não pecou por querer amadurecer aos olhos do público rápido demais, não está sendo falsa com a sua verdadeira personalidade e forçando uma vulgaridade que não existe. Vulgaridade, como demonstram todas as cachorras do hip hop e do funk por aí, raramente ou nunca é pecado pop. Exagero muito menos, vide Lady Gaga. Rapidez, então, nem pensar: Rihanna lança um álbum por ano e ainda é uma das artistas pop mais eficientes do mercado. O problema é que essas duas artistas citadas aí em cima, ao lado de tantas outras, sabem conjugar e manejar estilos de maneira por vezes simples, por vezes complexas, mas sempre brutalmente eficientes. E coerentes.

Rihanna é a rainha da mistura de ritmos urbanos, elementos do rock n’ roll e do soul americanos, e influências caribenhas de sua terra natal. Cria uma identidade suja e carregada para rimar com essa mistura em seus clipes, e aparece ao mundo como uma party girl que anda com o coração exposto e o nariz sempre em pé. Rihanna é sempre presente do indicativo  (eu sou, eu visto, eu canto). Lady Gaga, por sua vez, com sua ambição de conjugar arte e pop em um só empreendimento, se mostrou uma artista que está musicalmente disposta a pular do precipício pop e sair de lá com as mais inusitadas e cosmopolitanas mesclas de ritmos e mensagens, contruiu sua reputação vanguardista no campo visual, e se apresenta como a heroína infalível de si mesma. Se compromete a falar sempre no futuro (eu serei, eu vestirei, eu cantarei).

Até agora, essa nova fase de Miley Cyrus é como uma frase que muda de tempo verbal na metade. Abandonou a imagem de santinha e quis se desvincular de Hannah Montana, logo radicalizou o cabelo, as roupas e o estilo visual: veio com a proposta bacaníssima de trazer o kitsch americano para o mainstream, com cores saturadas e viagens lisérgicas que tem como veículo as bárbaras house parties dos hipsters do Brooklyn. Começou a se apresentar como a jovem que se revolta contra toda a imagem que a mídia constrói dela e canta em seu lead single que “está é a nossa festa, e fazemos o que quisermos”. Uma mistura até interessante da atitude nigga que está em voga com a rebeldia adolescente dos anos 90.

Miley está cheia de boas intenções com esse Bangerz, é impossível negar. O problema é que toda essa proposta legal não rima em nada com a música, e aí a coisa toda vai por água abaixo. “We Can’t Stop” é um R&B urbano quase gostosinho, mas de forma alguma notável. Não foge da estrutura redondinha do pop, não traz novidades na produção e na interpretação monocórdica de Miley, cujo timbre comprovadamente só é bom para a música country, mas que já cantou melhor até fora desse estilo. O maior dos pecados, porém, é não incorporar a identidade visual à musical. “We Can’t Stop” não tem nada de nigga, nada de kitsch, nada de saturado e lisérgico, nada do espírito hipster da atual cultura trash americana. Miley cresceu em tudo, menos na música.

O novo single, “Wrecking Ball”, é ainda menos coerente com tudo isso: uma balada eletrônico-urbana de pretensão maior-que-a-vida, que numa análise fria é até melhor que “We Can’t Stop”, mas concorda ainda menos com a nova identidade visual da moça. Trazer o kitsch para o mainstream? Isso Azaelia Banks, Iggy Azalea, Diplo, M.I.A. e tantos outros fazem com muita coerência dentro de sua identidade multimídia, e seria muito, mas muito bom, se Miley também fizesse. No mínimo, porque daria mais visibilidade para esses outros nomes, ainda meio presos no mundo dos admiradores mais atentos de música pop. O problema é que Cyrus quer ser indicativo, subjuntivo, gerúndio e particípio, tudo ao mesmo tempo. Talvez devesse reaprender redação para lembrar que todos eles juntos, sem nada para os ligar, não significam nada.

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Caio

27 de ago. de 2013

Review: Under The Dome, 01x10 – Let The Games Begin

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

A personagem de Natalie Zea é simultaneamente a melhor e a pior coisa que poderia ter acontecido a Under The Dome. Introduzida no episódio passado, a ótima atriz conhecida pelos papéis em Justified e The Following é a antagonista que a trama precisava para engatar numa base episódica e conduziu a trama a lugares bem interessantes nessa sua segunda semana em cena. No entanto, Maxine é muito mais uma ideia, um “plot point”, do que uma personagem, mal segurada pelos talentos e pela atuação elegantemente kitsch de Zea. Pelo menos um terço de “Let The Games Begin” é dedicado a conhecermos as raizes da personagem, mas nem isso previne-a de ser mais interessante como catalisadora de mudanças do que como uma entidade própria.

A fatia em que desvendamos o passado de Maxine é interessante por trazer para a cena a indicada ao Oscar Mare Winnigham (por Georgia, em 1996), que divide um par de cenas eletrizantes com Dean Norris e… é sumariamente assassinada pelo mesmo. Se como personagem Maxine é um ponto redundante, como antagonista ela empurra os personagens para lugares interessantes, principalmente o Barbie de Mike Vogel, que no episódio dessa semana é levado pela moça ao “clube da luta”/cassino que ela montou nas velhas fábricas de cimento de Chester’s Mill (uma das intervenções criativas à la pós-apocalipse mais legais da série). Coagido a lutar, Barbie termina o episódio física e psicologicamente exaurido, e decide que contar toda a verdade a Julia é melhor do que viver como escravo das vontades de Maxine, que vinha o ameaçando com o segredo de que ele era o responsável pela morte do marido da moça.

Claro, essa sendo Under The Dome, uma série que não tem o menor pudor de se afastar da realidade para atender as conveniências da narrativa (algo que é bom e ruim na mesma medida, diga-se de passagem), coinicidentemente Julia já estava sabendo do segredo de Barbie: ela e Linda vão ao banco abandonado de Chester’s Mill, na segunda sacada esperta desse episódio em relação a situação da cidade pós-domo, e abrem as caixas de depósito de Peter e do Xerife Duke. Nessa brincadeira, Julia descobre que Peter queria que Barbie o matasse, uma vez que assim o seu seguro de vida, o bastante para cobrir as dívidas, iria para Julia. E Linda acha uma carta-confissão de Duke sobre a produção da droga de Big Jim e Maxine, completa com justificativa nobre e tudo o que tem direito. Dêem-se méritos: Natalie Martinez e os roteiristas Andres Fisher-Centeno & Peter Calloway fazem o momento funcionar bem no âmbito emocional.

O que é o segundo ponto positivo do episódio nesse sentido também, uma vez que a penúltima cena documenta um dos diálogos mais sinceros e comoventes da série, em que Barbie e Julia lidam com seus problemas. Mike Vogel está especialmente ótimo nessa cena. Talvez por isso que, câmera corte dele para Joe, Norrie e Angie descobrindo que Junior é a “quarta mão” do mini-domo misterioso e vendo uma constelação de estrelas cor-de-rosa explodindo quando a “fechadura” se completa, fique tão claro que o elo mais fraco de Under The Dome ainda é sua mitologia. Principalmente porque, com  a exceção de Maxine, a série tem se mostrado brilhante na construção de personagens.

**** (4/5)

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Próximo Under The Dome: 01x11 – Speak of The Devil

Caio

Review: The Newsroom, 02x07 – Red Team III

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Em certo momento de “Red Team III”, talvez o episódio mais vital dessa segunda temporada de The Newsroom, Mackenzie entra no escritório de Will enquanto uma boa fatia do time do News Night está dando os detalhes de uma história quente sobre um protesto no Oriente Médio que pode ser disfarce para um ataque terrorista. Ela acabou de descobrir que o prrodutor Jerry Dantana editou a entrevista central da história da Operação Genoa, e tomou uma viagem de elevador com o moço para despedí-lo. Ela diz que Will precisa retratar a história, voltar atrás e desconfirmar tudo o que foi reportado dois dias atrás. E a sala toda cai em silêncio.

Esse é um momento que Aaron Sorkin vem deixando dentro de sua manga, cozinhando em banho-maria, por toda a temporada, sim, mas é principalmente um momento que encontra ressonância em um processo que vem acontecendo lá desde Junho de 2012, quando a série estreou: nós nos importamos com esse momento porque ele é o pesadelo que qualquer jornalista, o fundo do poço moral para qualquer profissional dessa área, e esse silêncio é chocante e grave por isso; mas acima de qualquer coisa, nós nos importamos com esse momento, e ele é verdadeiramente devastador, porque nos últimos 12 meses e 17 episódios, aprendemos a confiar nesses personagens. E o olhar de Emily Mortimer (absolutamente brilhante como nunca nesse episódio) quando percebe o enorme deslize que cometeu com a sua profissão é genuinamente aterrador.

Então aí está aos detratores mais ferrenhos do drama pessoal de The Newsroom: desenvolver personagens vale a pena. Durante “Red Team III” acompanhamos a última reunião antes da aprovação de Genoa, a transmissão da mesma e a progressiva destruição de cada fonte “confiável” que os personagens amealharam no decorrer dessa temporada. É um espaço grande de trama que Sorkin precisa cobrir com seu roteiro, mas ele o faz com competência, urdindo três atos redondinhos de narrativa: o primeiro marcado pelo complicado jogo moral e retórico da aprovação e transmissão; o segundo pela mais convencional espiral descendente das evidências que suportavam Genoa; e o terceiro inteiramente lidando com as reações desses personagens à destruição de suas confianças em si mesmos.

Não me resta nada se não listar todas as virtudes que ficam expostas nessa fatia fina: a  incredulidade atenta da advogada de Marcia Gay Harden, que mesmo nas poucas aparições ganhou carne e osso sob a batuta de Sorkin e da sempre determinada atriz; a lealdade de Jim para com Mackenzie e a expressão de preocupação concentrada e íntegra de John Gallagher Jr; o ferrenho veneno na ponta da língua de Don e o olhar de aço de Thomas Sadoski frente aos questionamentos da personagem de Harden; os olhos analíticos de Olivia Munn e a contornada e coerence vivacidade de Dev Patel, que parece eternamente grato pelas melhorias que a segunda temporada trouxe para seu Neal; a grandeza convicta da interpretação de Hamish Linklater, que deu um bicho-papão perfeitamente camuflado para a trama da temporada.

“Red Team III” mostra qual é o grande triunfo da escrita de Sorkin, mesmo com seus vícios de diálogo e sua retórica muitas vezes mão-pesada: ele se importa com os personagens que escreve, e faz com que nos importemos também. Os constrói altos na percepção de seu espectador, e dessa forma faz com que seja muito mais doloroso quando eles tombam ao chão.

***** (5/5)

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Próximo The Newsroom: 02x08 – Election Night, Part 1 (08/09)

Caio

26 de ago. de 2013

Você precisa conhecer: Jonny Lang + John Newman

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Hoje é aniversário de 4 aninhos d’O Anagrama, mas como sempre quem ganha o presente é você, queridíssimo leitor! A gente guardou as munições pra presentear vocês com dois dos artistas mais incríveis que a gente já conheceu, que vão ser com certeza mais amados pelos apaixonados por soul, mas que tem abrangência e talento para encantar todo mundo! Vamos a eles então? Vamos começar com o nosso veterano do dia: Jonny Lang.

O moço da foto aí em cima, lindíssimo como sempre, nasceu Jon Gordon Langseth Jr na cidade de Fargo, feita famosa pelo filme homônimo dos Irmãos Coen 1996. Ele conseguiu ficar mais famoso que a sua cidade natal, no entanto, e está no negócio musical desde os 14 aninhos, quando lançou Smokin’, album de estreia sob o nome Kid Jonny Lang & The Big Bang. Desde então foram outros quatro trabalhos de estúdio, e o garoto Jonny Lang cresceu para se tornar um dos vocalistas e guitarristas de soul e blues mais respeitados dos EUA.

O trabalho do moço, no entanto, ainda é pouco conhecido internacionalmente, o que pode mudar com o novo álbum, Fight For My Soul, que chega logo logo, no dia 02 de Setembro. O primeiro single acabou de ganhar lyric video, e é indicadíssimo para quem curte o estilo rasgado e gemido dos vocais de Joss Stone:

Só para fazer um pouco mais de propaganda do senhor Lang, não custa contar que a gente conheceu-o no DVD lindíssimo da diva Cyndi Lauper, To Memphis With Love, gravado especialmente para promover o álbum de covers de blues dela. Ele participa de duas músicas, sendo a mais impressionante o clássico “How Blue Can You Get?”. A gente separou um clipe dos dois se apresentando ao vivo que dá pra provar que o moço não é só prodígio de estúdio (e é lindo ao vivo também, inclusive), e logo embaixo também tem um dos maiores hits da carreira dele, a ótima “Still Rainin”. Pra conhecer já!

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Nosso segundo indicado do dia é mais novinho, e britânico! A mechinha loira e os olhos azuis são o charme de John Newman, a atual sensação do soul inglês. Ele acabou de começar e já teve um single no topo da parada britânica, a ótima “Love me Again”, e agora lançou a segunda canção de trabalho, intitulada “Cheating”, com direito a clipe super-produzido e tudo o que tem direito. O álbum de estreia, auto-intitulado, ganha o mundo no próximo dia 07 de Outubro.

A voz única do moço também figurou no single “Feel The Love”, do quarteto eletrônico britânico Rudimental, que também chegou ao topo da parada de singles por lá. Com um começo de carreira meteórico desses, dá pra esperar muito de John Newman. Começa ouvindo as três canções dele aí embaixo:


Nesse aniversário de 4 anos do Anagrama a gente tem muito a agradecer a todo mundo que já leu, comentou, curtiu a gente no Facebook e até colaborou aqui. Toda a nossa equipe está muito feliz com o que a gente construiu até hoje, e a ideia é ficar cada vez melhor! Muitos anagramas pra decifrar pelos próximos anos!

Caio

Miley Cyrus aproveita o VMA para lançar segundo single, “Wrecking Ball”

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por Caio Coletti

Com toda a polêmica envolvendo sua performance no VMA, Miley Cyrus aproveitou para aumentar o hype em torno do seu vindouro álbum, intitulado Bangerz, que deve ser lançado no próximo dia 04 de Outubro. A cantora revelou recentemente a capa do disco, essa aí em cima no post, e os produtores que o assinam: Mike Will Made It (“Pour it Up”, da Rihanna) e Pharrell Williams (“Get Lucky”).

Outra novidade é que o segundo single foi liberado: “Wrecking Ball” é uma balada mezzo eletrônica mezzo rock, acima da média para a discografia da moça e bem mais digerível que a nauseante “We Can’t Stop”, que acabou se tornando o maior sucesso da carreira de Miley. A nova canção lembra baladas de Rihanna como “Firebomb” e “Farewell”.

25 de ago. de 2013

VMA 2013: O primeiro VMA masculino em muito tempo

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Nós não vamos começar esse post com Gaga vs Katy. Ponto. Dessa vez, vamos deixar o elefante branco da noite mais para o meio do post, em favor de uma observação bem mais pertinente: o VMA 2013, que aconteceu ontem (domingo, 25) a noite no Brooklyn, com transmissão pela MTV Brasil, foi o primeiro VMA masculino em muito, muito tempo. Nas premiações, nas performances e nos grandes astros da noite, a MTV celebrou os novos e os maiores nomes do pop, do hip hop e do rock, e quem levou a melhor foram os marmanjos. Não que seja uma guerra dos sexos, mas será que a dominação absoluta das moças no território musical nos últimos anos está ameaçada?

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Os dois maiores astros da noite são indiscutíveis, e atendem pelos nomes de Justin Timberlake e Macklemore. O primeiro voltou para casa com quatro astronautas dourados, de Melhor Direção por “Suit & Tie”, Melhor Edição e Clipe do Ano por “Mirrors”, e o Michael Jackosn Vanguard Award pelo conjunto da carreira e pelas ideias vanguardistas de seus vídeos. O moço emendou a enxurrada de prêmios com uma uber-performance de quase 20 minutos, que incluiu sucessos de toda a sua carreira e a esperadíssima reunião com os colegas de boyband do *NSYNC. A performance foi morninha até os quatro ex-bandmates do moço subirem ao palco e levarem a retrospectiva da carreira de volta para os sucessos recentes. Justin está em melhor forma quando não nega a sua relevância para o pop atual.

Veja a performance completa aqui

Já o rapper de Seattle Ben Haggerty, conhecido como Macklemore, provou que a relevância alcançada recentemente nas paradas americanas não foi em vão: além de talentoso, o moço é engajado e tem o que dizer. Levou Melhor Clipe de Hip Hop e Melhor Fotografia por “Can’t Hold Us” e Melhor Clipe com Mensagem Social por “Same Love”, escrita e gravada em apoio a causa homossexual. O próprio Macklemore, hétero, fez discurso antes de performar a canção ao lado de Mary Lambert (e com participação especial da diva Jennifer Hudson), afirmando que cresceu com dois tios gays, e ao receber o prêmio ainda saiu-se com a pérola: “Os direitos dos gays são os direitos humanos. Não há diferença nenhuma”. Aplaudido de pé por Lady Gaga, metade da platéia do VMA e por nós, que viramos fãs.

Veja a performance de "Same Love" aqui

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Mas a dominação masculina não parou em Justin e Macklemore, minha gente! Teve também Bruno Mars, que sacudiu a premiação pelo terceiro ano seguido com a performance simples e brilhante (principalmente no vocal) de “Gorilla”, seu novo single, e ainda saiu com o prêmio de Melhor Coreografia (best award choice ever) por “Treasure” e Vídeo Masculino por “Locked Out of Heaven”. Robin Thicke também performou a sua “Blurred Lines”, sensação da Billboard já há três semanas no topo, embora não tenha ganhado nada. Mancada mesmo foi a MTV juntá-lo com a pior performance da noite: Miley Cyrus e sua bagunça forçadíssima em “We Can’t Stop”. Mesmo assim, Robin arrasou.

Veja a performance de "Gorilla" aqui

Pra fechar o clube do bolinha ainda teve Drake, que performou as ótimas “Hold On We’re Going Home” e “Started from The Bottom” com a energia e o magnetismo de sempre. Do pacote de rappers do VMA, ele fica exatamente entre Macklemore e Kanye West, que performou de forma anticlimática sua pesada “Blood on The Leaves”.

Veja a performance de Drake aqui

Ok, agora podemos falar do tal elefante branco da noite: mas só para afirmar que ele simplesmente não existe. Lady Gaga abriu o VMA, e Katy Perry o fechou. Performances completamente diferentes, pensadas e executadas de forma diferente, de canções mais distintas impossível. A rusguinha entre as duas é invenção de fã. Gaga e Katy não fazem música do mesmo jeito, nem para o mesmo fim, e portanto não são competição. E ambas, cada uma a sua maneira, ofereceu-se em sua melhor forma ao VMA 2013.

Gaga abriu a premiação com uma performance teatral (cadê a novidade, Caio?): cantando um trecho que aparentemente faz parte da introdução de “Aura”, canção vazada há algumas semanas, ela deixou a apresentação desaguar no single “Applause”, e a festa começou. Foram cinco figurinos em pouco mais de quatro minutos, e um passeio por essa meia década de carreira da moça. Teve peruca platinada e jaqueta de paetê com ombreiras homéricas para lembrar o The Fame, cabelo amarelo e collant preto para remeter ao The Fame Monster (e ao DVD da Monster Ball Tour), e biquini de conchinhas e flores saídos diretamente da nova fase do ARTPOP. Isso sem contar a freira cubista (wtf?) do início e o visual assinatura de “Applause”, com a toca preta cobrindo os cabelos. Sobrou tempo para uma alusão a arte contemporânea no momento em que Gaga segura uma bola no alto, estoica como numa exposição de Kuntz, e também para o olhar alucinado para a câmera enquanto ao fundo ouvia-se uma mistura de vozes raivosas e declarações de ódio. Ufa.

Katy, por outro lado, manteve a simplicidade e a descontração, e mostrou que é assim que ela consegue fazer o seu melhor: vocal perfeitinho, coreografia divertida e interpretação impagável que acentuaram o caráter uplifting de “Roar”, um single feito para ser hino de estádios por aí. Não teve ela se jogando da ponte do Brooklyn, como dava conta aquele que provavelmente foi um dos boatos mais ridículos de todos os tempos do VMA. Teve muita decoração de oncinha e clima de montagem teatral de colégio com refinamento profissional. Katy é excelente em se divertir e divertir o público, e é um tanto quanto subestimada ao vivo. Raramente é artista pop. É showwoman, excelente compositora, e ótima cantora. Quer entreter, e ponto. E não há nenhum mal nisso.

Veja a performance de "Roar" aqui

No final das contas, o que fez o VMA 2013 foi apagar as linhas entre artistas masculinos e femininos, gays e héteros, pop e hip hop, e nesse processo tentar desfazer uma das briguinhas mais ridículas da atual música pop. Só por isso, merece aplausos. Ou será que é mais imparcial dizer um aplauso e um rugido?

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Caio

23 de ago. de 2013

Review: Wilfred, 03x11 – Stagnation

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

“Stagnation” é um episódio de Wilfred que arquiva a impressionante façanha de ser bizarro, truncado, polêmico, perturbadoramente escrito e hilário, tudo ao mesmo tempo, frequentemente na mesma cena. Os padrões de estranheza para essa série não são exatamente baixos, como quem está acompanhando essa terceira temporada deve ter percebido, e mesmo assim essa 11ª entrada do ano é excepcionalmente pitoresca no cenário da televisão americana. O roteiro do próprio Jason Gann é que dá essas cartas, com um ritmo de narrativa bem peculiar, longas cenas entremeadas com uma trama que é bastante sutil em delinear algumas tramas da temporada e alinhá-las para o final.

A premissa de “Stagnation” é simples, mas vem em duas frentes: a colega de quarto de Ryan, Ann, está procurando por outros lugares para morar, uma vez que seu namorado presidiário está começando um negócio de procriação de cachorros e ela não quer trazer animais para a casa de Ryan, temendo a reação de Wilfred; enquanto isso, Ryan e a irmã Kristen estão curtindo o a moça chama de “funemployment”, mas cada vez mais começam a se parecer com um casal incestuoso e estranho. O roteiro faz uma mezzo-interessante, mezzo-descuidada troca de papéis entre Wilfred e Kristen, com o cachorro incentivando Ryan a seguir com a sua vida e a irmã o segurando pelas rédeas por suas próprias razões egoístas.

O episódio aproveita para tocar algumas questões simples que precisavam figurar no final dessa temporada, como o fato de Ryan continuar desempregado, Kristen continuar uma mãe solteira sem vida social, e Jenna e Drew ainda existirem (é aqui que entra a parte do “sutil”, lá no final do episódio, reintroduzindo os personagens no mundo da série). Fecha também a narrativa de Ann, e aplausos são devidos a maravilhosa Kristen Schaal, que iluminou alguns episódios da série com sua personagem igualmente nojenta e adorável. E, por fim, ainda arranja tempo para a subtrama mais bizarra e hilária de Wilfred nessa série, com o cachorro se apaixonando por uma das cadelas no cio que Ann traz para a casa de Ryan.

Gann, que já mostrou ser brilhante na condução de sua série em outros momentos, aqui pega um episódio de transição e injeta nele alguns truques do seu repertório de bizarrices. Não é o melhor Wilfred de todos os tempos. Mas não precisa ser quando se tem Jason Gann ao piano cantando uma balada que vai mais ou menos assim: “Can’t turn your back on love/ Love is a wrecking ball!”.

 **** (4/5)

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Próximo Wilfred: 03x12 – Heroism (29/08)

Caio

Sobre atores britânicos, maçãs do rosto e Doctor Who

Capa

Um título um tanto quanto curioso esse, não? Mas como diria a saudosa Alice, aquela mesma de Wonderland, as coisas estão prestes a ficar “curiouser and curiouser”. Um dos fatos mais aceitos na vida cotidiana hoje em dia é que o Reino Unido tem cerca de… 42 atores no total (pun intended) e que todos eles, de um jeito ou de outro, já passaram ou vão passar pela aclamada e antiga série de sci-fi Doctor Who. Seja no período clássico, no moderno, como diretores, roteiristas, atores ou estátuas ao fundo, esses 42 brilhantes cidadãos vão dar as caras na maravilhosa TARDIS, máquina do tempo (que simplista!) do Doctor.

Mas isso é um fato já comentando e conhecido pelas conspirações on-line há algum tempo, é claro. O que poucas pessoas já comentaram, no entanto, – e quando eu digo poucas eu quero dizer o Tumblr – é que desses 42 atores, uma média de… bem, quarenta e dois têm maçãs do rosto ridiculamente altas e pronunciadas. “Mas espera”, vocês pensam, “que post mais inútil esse!”; mas o que seria da vida sem uma boa dose de humor e conspiração envolvendo anatomia, comportamento social e uma boa dose de wibbly-wobbly timey-wimey stuff? Certo? Ora, os gregos deram início à apreciação do que é belo, podemos muito bem continuá-la! Portanto, aos fatos!

david-tennant-4188024David Tennant em Doctor Who

Quem aqui já ouviu falar em David Tennant e Matt Smith? Pessoas mais envolvidas em Doctor Who ou mais britânicas que esses dois, impossível. Tennant interpretou o 10º Doctor, enquanto Smith e suas bow ties deram vida ao 11º; o primeiro é natural de Bathgate, o segundo de Northampton.

who37Matt Smith, TARDIS e maçãs do rosto everywhere

Continuando a nossa lista, temos agora os dois queridinhos de Merlin, série também da BBC que em suas cinco temporadas, nos presenteou com as gloriosas maçãs do rosto de seus dois protagonistas. O moço Colin Morgan, responsável em dar vida ao mago Merlin, nasceu em Armagh e, surpresa! Já seu as caras em Doctor Who! No décimo episódio da quarta temporada, “Midnight”, Morgan viveu o jovem Jethro Cane.

Merlin-merlin-the-young-warlock-22411543-2560-1707Colin Morgan em Merlin

A parte mais terrena de Merlin, o rei Arthur, se dá na forma de Bradley James, nascido na famosa Exeter. O moço ainda não deu as caras em Doctor Who, mas quem sabe? Com certeza nas próximas temporadas ainda veremos essas maçãs do rosto por lá.

James029Bradley James, mais conhecido como o grande Rei Arthur

Os próximos da fila são dois atores que não têm nenhuma relação entre si, mas que também nunca participaram de Doctor Who (ainda). Talvez os mais importantes da lista, em termos de proeminência das maçãs do rosto, Benedict Cumberbatch e Daniel Sharman. O primeiro dá vida ao famoso detetive Sherlock Holmes, na absurdamente aclamada série da BBC, Sherlock. Além das maçãs do rosto, Cumberbatch tem sobrancelhas estranhamente curvadas que garatiram um papel de honra como Khan em Star Trek Into the Darkness.

cumberbatchBenedict Cumberbatch (e suas high cheekbones) em still promocial de Sherlock

Sharman, por sua vez, nasceu em Londres e é ator da queridinha da MTV, Teen Wolf. É só alguém resolver dar um passeio no Tumblr pelas tags do moço que outras, hilárias, não demorarão a aparecer, como: #i could cut myself in those cheekbones e #i could cut myself slapping those cheekbones. Quem não se cortaria?

Photoshoots-daniel-sharman-31576471-1693-2560Daniel Sharman, jovem lobo em Teen Wolf

Andando um pouco mais pela grande ilha do Reino Unido, temos o irlandês Cillian Murphy com sua eterna expressão de desprezo – sem ofensas, é um ótimo rosto! –, famoso pelo seu assustador Scarecrow na sequência Batman Begins.

550_cillian-murphy-wants-to-do-television-soon-5777Cillian Murphy, cara constante de desprezo, olhos ridiculamente azuis e maçãs do rosto de dar inveja

Para finalizar a lista temos por último, mas não menos importante, o equivalente a um deus britânico e (TA-DAM!) roteirista de episódios de Doctor Who como “The Doctor’s Wife”, sexta temporada, e “Nightmare in Silver”, sétima temporada: Neil Gaiman! Dotado de poderes sobrenaturais para escrever e casado com ninguém menos, ninguém mais que Amanda Palmer (alguém ainda tinha dúvidas sobre o melhor casal do mundo?), o sr. Gaiman encerra nossa lista da estranha coincidência entre britânicos, anatomia e Doctor Who.

news_photo_40655_1374019346_630Neil Gaiman, autor de Deuses Americanos, Lugar Nenhum, Coraline, O Oceano no Fim do Caminho

Andreas

5 filmes que definiram a carreira de Ben Affleck

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A Warner confirmou ontem a escalação de Ben Affleck para o papel de Bruce Wayne no vindouro Batman vs Superman, que colocará os dois grandes heróis da DC Comics frente a frente sob o comando de Zack Snyder e com roteiro de David S. Goyer. Ator mais velho a ser escalado para o papel até hoje, o que combina com o fato de que Wayne já estava mais grisalho quando enfrentou o herói kryptoniano nos quadrinhos, Affleck vem de um grande sucesso para a Warner (Argo, mais sobre o filme aí embaixo), mas desde meados dos anos 80 leva uma carreira cheia de altos e baixos. Confira 5 filmes que sintetizam essa montanha-russa à la Affleck:

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Gênio Indomável (Good Will Hunting, 1998)

Quase duas décadas tentando prosperar no showbusiness fizeram bem a Affleck e ao amigo e colega de quarto Matt Damon, que chegaram ao estrelato com o celebrado drama Gênio indomável. O projeto adotado pela Miramax tinha roteiro dos dois jovens atores, que também estrelavam ao lado de Robin Williams (vencedor do Oscar pelo papel), e era assinado por Gus Van Sant na direção. Além de Melhor Ator Coadjuvante, o filme levou também o Oscar de Melhor Roteiro Original, levando Damon e Affleck ao palco da Academia pela primeira vez.

Bilheteria: US$225 milhões

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Pearl Harbor (2001)

Affleck virou o queridinho da América mais rápido que o amigo Damon, mas precisou arriscar o prestígio recém-adquirido com o Oscar para isso. A parceria com Michael Bay começou em Armageddon, que apresentou o ator para o mundo dos blockbusters, e terminou com Pearl Harbor, o épico de guerra inflado considerado por muitos o pior filme da carreira de Bay. Affleck atua ao lado de Josh Hartnett, Kate Beckinsale, Alec Baldwin, Jennifer Garner, Jon Voight, Cuba Gooding Jr e Michael Shannon nesse filme que estourou nas bilheterias, mas levou uma boa surra da crítica.

Bilheteria: US$449 milhões

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Demolidor – O Homem Sem Medo (Daredevil, 2003)

Dez anos antes de ser escalado para ser Batman, Affleck arriscou a mão no gênero de super-heróis, lá quando o momentum de X-Men levou os estúdios a comprarem loucamente os direitos de personagens da Marvel. Affleck ficou com o advogado cego que combate o crime em uma roupa vermelha de couro. Dirigido por Mark Steven Johnson, que mais tarde faria Motoqueiro Fantasma, o filme contava com Jennifer Garner como Elektra e Colin Farrell como Mercenário. Embora na época Affleck estivesse engatando um romance com Jennifer Lopez, o ator subsequentemente namoraria e se casaria com Garner.

Bilheteria: US$179 milhões

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Contato de Risco (Gigli, 2003)

O pedatorismo da imprensa em cima do casal “Bennifer” pode ter influenciado no péssimo resultado de Contato de Risco nas bilheterias, mas a verdade é que o filme de Martin Brest é muito ruim mesmo. A história de uma lésbica, um mercenário e um garoto com retardo mental que se tornam amigos durante um sequestro não colou com o público, que já estava cansado de Jennifer e Ben, e foi massacrada pela crítica. As carreiras da ambos os lados do casal nunca mais foram as mesmas depois desse fracasso, e até o diretor Brest, que havia ganhado indicação ao Oscar por Perfume de Mulher, nunca mais lançou nada.

Bilheteria: US$7 milhões

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Argo (2012)

Sete anos e várias tentativas pouco expressivas de retorno ao estrelato deram a Affleck a distância necessária para voltar ao seu verdadeiro talento: idealizar, escrever e realizar histórias pelas quais é apaixonado. Medo da Verdade, sua estreia como diretor, já ganhou a atenção da crítica. Atração Perigosa, o filme seguinte, conquistou o público. Argo foi o passo final nesse escalada, valendo a Affleck o Globo de Ouro de Melhor Diretor e o Oscar de Melhor Filme e o levando ao palco da Academia 14 anos depois de Gênio Indomável.

Bilheteria: US$232 milhões

Será que Batman Vs. Superman é mais um degrau acima no ressurgimento de Affleck, ou o moço está repetindo todos os erros que cometeu lá na década passada? Só nos resta esperar 2015 para descobrir.

22 de ago. de 2013

Alexander Wang apóia o uso de lã de carneiro: até onde a moda irá?

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Não é novidade que as peles de animais vieram com tudo nos últimos desfiles internacionais. A tendência reinou firme e forte após o desfile icônico de inverno 2013 do Marc Jacobs, e não saiu mais de vista. Pode-se dizer que as peles não agradaram tanto as ruas, mas os editoriais definitivamente se esbanjaram delas. O tão prestigiado casaco da Prada marcado por flores desenhadas em torno dele estava por toda parte. Até rolou um encontro surpresa entre Marc Jacobs e Anna Wintour vestindo exatamente o mesmo modelo.

Esta semana, uma nova campanha estrelada por Alexander Wang e fotografada por nada menos que Annie Leibovitz entrou em cena (veja acima). O estilista, que carrega a grife Balenciaga em suas costas há quase um ano, mostrou em seu último desfile de inverno somente quatro casacos de pele, mas aparentemente as coisas vão ser diferentes de agora em diante. Na imagem para a campanha, Wang é clicado em frente a uma ovelha, e, em tradução livre, as palavras “Pele de carneiro. Não há melhor sensação” estampam o resto da fotografia.

Segundo o site da The Woolmark Company, companhia que está por trás disso tudo, essa campanha tem como objetivo incentivar uma nova geração de consumidores a deixarem de lado a lã falsa e passarem a consumir a lã de carneiro, a qual “promove uma experiência melhor do que a lã sintética”. Para eles, a maneira como você vai se sentir e a imagem que você passará para os outros são motivos o suficiente para trocar a pele falsa pela pele de carneiro imediatamente. Sim, imediatamente.

A companhia está sendo tão apelativa que conseguiu se juntar com os maiores nomes da moda: as revistas Vogue, Vanity Fair, GQ e Harper’s Bazaar e grifes como Givenchy, Jean Paul Gaultier e Dolce & Gabbana já estão inclusas na lista. Há campanhas, editoriais, declarações e colaborações sendo feitas sobre como os consumidores jovens devem fazer parte de uma nova geração, na qual a sofisticação fala mais alto do que qualquer coisa.

É por isso que pergunto: até onde a moda irá?

Para conseguir o efeito tão especial que a Woolmark Company garante, os carneiros são obrigados a viver em condições miseráveis, passando fome e sede, e sendo torturados diariamente. Seus criadores deixam sua pele crescer ao máximo, até o ponto em que os animais não consigam mais ver nem fazer suas necessidades naturais. Se já não bastasse, cortam a pele de cada animal com uma faca e arrancam cada parte dela, com o carneiro completamente são e consciente disso. Depois, desprotegidos sem sua pele, morrem de dor, doenças, ou até fome.

Será que o sofrimento de pequenos animais inocentes vale a sua satisfação pessoal? A resposta é óbvia. Vá de pele falsa. E, se ainda não se convenceu, assista ao vídeo abaixo que mostra a vida miserável que a moda está dando a esses animais inocentes. Mas se prepare psicologicamente antes.

 

Isabela

20 de ago. de 2013

Review: Under The Dome, 01x09 – The Fourth Hand

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

No review da semana passada, a conclusão deste que vos fala decretou: “Under The Dome sabe exatamente o que está fazendo”. Isso ainda vale para o episódio dessa segunda-feira, “The Fourth Hand”, nono de treze previstos para essa primeira temporada do programa. A cabeça do developer Brian K. Vaughan dá a impressão de estar no lugar certo em todos os sentidos possíveis, para fazer a série triunfar como adaptação de uma novela para uma mídia radicalmente diferente, como drama de personagens e mistério de cidade pequena. O problema é que Vaughan tem todas as pessoas erradas fazendo o trabalho pesado por ele.

Algumas vezes, esse detalhe passa quase despercebido, mas essa semana a situação é um pouco mais grave: o roteiro de Daniel Truly (Blue Bloods, A Gifted Man) é uma bagunça de tons e semitons, desperdiça tempo precioso em cenas completamente desnecessárias e entrega uma quantidade anormal de diálogo expositivo, e isso é vindo de uma série que fez pelo menos um de seus personagens (a Dodee da pobre Jolene Purdy) praticamente um instrumento de exposição; por sua vez, a direção de Roxann Dawson, conhecida pelo trabalho de atriz em Star Trek: Voyager, faz tudo isso soar ainda pior com uma mão frouxa com os atores, o que deixa que só os intérpretes mais concentrados entreguem boas performances.

Essa semana temos uma profusão de plots paralelos: o mini-domo no meio da floresta aparentemente sumiu sem deixar vestígios, o que coloca Joe, Norrie e Julia a procura do mesmo, confiando apenas no faro do cachorro da família, que já havia encontrado o objeto antes; do lado da polícia, Barbie, Linda e Big Jim precisam lidar com um habitante de Chester’s Mill, colecionador de armas, que ficou paranoico após um drogado local invadir sua casa; ao mesmo tempo, Angie tem sua primeira convulsão e Junior, é claro, se prontifica a ajudar e mostrar uma pintura antiga de sua mãe em que figuram as tais “pink stars” do título. Ah, e Natalie Zea (The Following) aparece – e se diverte a beça – como uma parceira de negócios de Big Jim que nos ajuda a descobrir o que de tão sinistro acontecia naqueles estoques de propano: a fabricação de uma droga poderosíssima chamada “rapture”.

Com tudo isso acontecendo ao mesmo tempo, mais o passado de Barbie vindo a tona e a rivalidade entre ele e Big Jim se acirrando, Under The Dome joga o jogo do “segure-se quem puder” com os seus atores, que não tem uma linha de diálogo crível sequer para se segurar. Saem vitoriosos Mike Vogel, Dean Norris, a própria Natalie Zea, Natalie Martinez e Alexander Koch. Por enquanto, esse ainda é um episódio bastante decente, mas fica a dica para o senhor Vaughan: contrate gente a altura da série que está tentando produzir, da próxima vez.

**** (3,5/5)

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Próximo Under The Dome: 01x10 – Let The Games Begin (26/08)

Review: The Newsroom, 02x06 – One Step Too Many

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

A ambiguidade política e moral que The Newsroom vem desenhando nessa sua segunda temporada é um tapa na cara de quem acusou a série de ser “maniqueista” em seu primeiro ano. A infalibilidade dos personagens que compõem a equipe do News Night está sendo mais do que questionada com a história principal da temporada, a descoberta e cobertura jornalistica lenta e cuidadosa da polêmica Operação Genoa, uma manobra militar americana que teoricamente teria usado armas químicas contra civis árabes. O lado político dessa área cinzenta da série fica mais claro nesse sexto de nove episódios da temporada, “One Step Too Many”, que restrata o ponto fundamental que levou a ACN a reportar a história que, como Charlie confessa à advogada Rebecca Halliday, acabou se revelando falsa.

Pois veja bem: o personagem de Hamish Linklater, o produtor Jerry Dantana, em certo momento do episódio, toca a ferida de Mackenzie e dos outros envolvidos com a apuração final de Genoa ao dizer que eles não estão dispostos a colocá-la no ar por um favoritismo estendido à administração Obama. E The Newsroom finalmente resolve bater forte no outro lado da política americana pela primeira vez. Não que as críticas de Will ao partido republicano tenham sido aliviadas, mas dessa vez, como se estivesse fazendo jornalismo de verdade ao invés de escrever ficção (e, em certa medida, está), Aaron Sorkin se coloca em uma posição questionadora não só de um dos lados da contenda, mas de ambos. E nessa ambiguidade política encontra a afirmação de que o jornalismo deve se postar como examinador detalhista dos erros da política mesmo quando é claramente a favor daquele que os comete.

Como peça de drama televisivo, “One Step Too Many” segue com a lição aprendida com o episódio anterior, “News Night with Will McAvoy”, e aprende a se levar mais a sério. As tramas pessoais dos personagens são levadas com mais complexidade e gravidade por Sorkin, sem se furtar de diálogos engraçados para manter o episódio como bom entretenimento. A habilidade de Sorkin com as palavras continua hipnotizante, mas agora serve a uma galeria de personagens mais substanciais e com problemas de verdade. Bons exemplos são as formas como duplas como Will & Sloan, Mackenzie & Don e Jim & Neal funcionam bem quando o roteiro os separa em pares em uma noite de fim-de-semana.

Ainda melhor é ver na trama envolvendo Will e a Nina Howard de Hope Davis que mesmo com tantas mudanças positivas a série não abandonou a sua premissa mais central, que envolve uma equipe de jornalistas tentando fazer o que sabem melhor, da melhor forma possível. Casar isso com as complexidades políticas e morais da própria atividade jornalística é um tiro certeiríssimo de The Newsroom.

***** (5/5)

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Próximo The Newsroom: 02x07 – Red Team III (25/08)

Cher e a diversidade feminina no clipe de “Woman’s World”

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por Caio Coletti

E contra todas as expectativas, parece que o grande comeback da Cher ao mundo da música vai mesmo acontecer! “Woman’s World”, provavelmente o single com promoção mais longa da história da música pop, ganhou hoje (20) videoclipe, estrelado pela diva sessentona com seus figurinos elegantes e absurdos e seu carisma de sempre.

Entre perucas de jornal, cabelos longos e ruivos e silhueta quase exageradamente alta que a fotografia do clipe perfila, Cher cede um pouco de espaço no vídeo a várias outras mulheres anônimas, em cuja diversidade está o apelo universal da canção: “esse é um mundo das mulheres!”. Pode não ser novidade, mas ainda é bacana ver isso ser afirmado com tanta convicção.