Micahel Douglas e Matt Damon, amantes em Behind The Candelabra, posam para fotógrafos
por Caio Coletti
Uma das estreias mais aguardadas do Festival de Cannes 2013 aconteceu hoje pela manhã. Behind The Candelabra, além de ser o filme de aposentadoria de Steven Soderbergh (segundo o próprio), é a biografia polêmica de uma fatia da vida do lendário pianista Liberace, que entreteu o público por anos tanto com sua virtuosidade no intrumento quanto com suas extravagâncias no palco e fora dele. Morto em 1987 vítima da AIDS, sem nunca ter saído do armário, Liberace foi uma inspiração e um ícone de estilo para os popstars extravagantes como Elton John, Madonna e Lady Gaga. O filme de Soderbergh conta o caso entre o pianista e o bem mais jovem Scott Thornson.
Intepretados respectivamente por Michael Douglas e Matt Damon, Liberace e Scott tiveram um relacionamento conturbado de seis anos, e o filme não economiza nas cenas de beijo e sexo (embora este seja filmado com a devida elegância e delicadeza por Soderbergh). Na coletiva de imprensa, Damon brincou: “Agora tenho algo em comum com a Sharon Stone, a Glenn Close, a Demi Moore… Posso trocar algumas histórias com elas”, se referindo as ex-parceiras de cenas quentes de Douglas. O interprete de Liberace contou da dificuldade em produzir o filme, que passou de estúdio em estúdio até acabar sendo financiado pela HBO: “Acho que o problema dos estúdios não foi com a questão gay. Eles simplesmente não querem perder tempo com filmes pequenos”.
James Franco na estreia de seu filme em Cannes
Charmoso de sua forma gaiata de sempre, James Franco monopolizou os flashes da imprensa na estreia do seu Enquanto Agonizo, ambiciosa adaptação de uma obra de William Faulkner escrita, dirigida e protagonizada pelo astro. A novela colossal do escritor americano sobre irmãos que passam por cima de tudo e de todos para realizar o último desejo da mãe falecida é tranformada em uma narrativa mais linear, sem os incontáveis monólogos e múltiplos narradores da fonte original, por Franco. Concorrendo na mostra Un Certain Regard, Enquanto Agonizo (As I Lay Dying) recebeu aplausos moderados na sua primeira exibição.
Duas curtinhas de Cannes:
◘ Os Irmãos Coen querem fazer um filme sobre a música brasileira, mais especificamente a bossa nova setentista. Em entrevista ao UOL, Joel, o irmão falante, declarou: “Há todo esse interesse de artistas do mundo todo pela música brasileira desde os anos 1970. Tantos cantores gravaram versões em inglês e outras línguas dos compositores brasileiros. Mas é uma ideia para o futuro, com certeza não será nosso próximos projeto”.
◘ Embora ausente da seleção desse ano, o sempre polêmico Lars Von Trier novamente provovou frisson em Cannes ao revelar detalhes da produção de seu épico pornô em duas partes Nymphomaniac. Contando com Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgard, Shia La Beouf, Christian Slater, Uma Thurman, Jamie Bell e Willem Dafoe no elenco, o novo filme do dinamarquês aparentemente usou dublês de corpo para que as cenas de sexo entre os astros não tivessem que ser simuladas. O filme está marcado para Dezembro.
Guillaume Canet entre a esposa Marion Cotillard (a direita) e a atriz Zoe Saldana
Galã do cinema francês já com vinte anos de carreira, Guillaume Canet chega a Cannes pela primeira vez como diretor em sua terceira investida atrás das câmeras, a co-produção franco-americana Blood Ties, uma homenagem ao cinema dos anos 1970, como afirmou o próprio cineasta: “Tinha o desejo de produzir um filme que me fizesse sonhar, assim como o cinema dos anos 70 americano, seja Cassavetes, os primeiros filmes de Scorsese, Sidney Lumet, Sam Peckinpah e Jerry Schatzberg, que é uma grande inspiração para mim”. Blood Ties foi exibido fora de competição.
Depois das bem recebidas experiências no thriller de ação (Não Conte a Ninguém) e na comédia romântica (Até a Eternidade), Canet se arriscou no drama policial e dividiu opiniões. A saga de um mafioso (Clive Owen) e seu irmão policial (Billy Crudup) na Nova York de 1974 incomodou por sua longa duração (2h24) e foi chamado de “uma saga estéril” pela Variety. A publicação francesa Le Figaro, por sua vez, o saudou com o “um sucesso” para a carreira de Canet. Blood Ties também tem Zoe Saldana, Mila Kunis, Marion Cotillard (esposa do diretor, diga-se de passagem, um belo casal), James Caan e Noah Emmerich no elenco.
O diretor Paolo Sorrentino (esquerda) e o astro de La Grande Bellezza, Toni Servillo, na photocall da estreia do filme
Aplausos ensurdecedores para La Grande Bellezza, filme de Paolo Sorrentino que está na competição para a Palma de Ouro e agora se destaca, junto com o francês Le Passé, como um dos favoritos. É a quinta vez que o diretor Sorrentino concorre na seleção principal do Festival, tendo ficado com o “prêmio de consolação” (o Jury Prize) duas vezes, por Il Divo em 2008 e Aqui é o Meu Lugar, sua aventura no cinema americano, em 2011. De volta a terra natal, talvez seja a hora de conceder ao cineasta sua recompensa com o filme que conta a história de um jornalista/escritor envelhecido que analisa a atual situação de Roma sob olhos nostálgicos.
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