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Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

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Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

31 de out. de 2013

Review: Os franceses e a arte de narrar em “Les Revenants”

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Há mais do que algumas poucas coisas que os americanos, britânicos e o restante do mundo pode aprender com os franceses em termos de arte, mas talvez uma das grandes virtudes de tudo que é produzido naquele país seja a habilidade e o domínio absoluto que se parece ter sob a narrativa. O princípio francês é simples, e também está em uma boa parte dos manuais de roteiro por aí: a hitória conta a si mesma, confina-se em si mesma, e depende apenas de si mesma para produzir quaisquer outros significados conseguintes. A história é de onde tudo vem, e para onde tudo deve levar. O que derivar dela está essencialmente fora das mãos de quem a conta, ao menos em sua completude.

Les Revenants, série do Canal +, principal emissora de televisão francesa (conhecida dos que acompanham o cinema de lá, uma vez que está listada como patrocinadora em boa parte das produções), ganhou público também em terras ocidentais não por acaso: com uma estrutura potencialmente complexa que envolve uma quantidade grande de personagens, acontecimentos em tempos diferentes e um constante senso de desorientação e mistério, essa é uma narrativa tão absolutamente centrada em si mesma que seu funcionamento e desenvolvimento é mais orgânico, natural e, por isso mesmo, mais instigante, do que qualquer série americana na memória recente.

Inspirado por um filme homônimo lançado em 2004, Les Revenants é um suspense de cidade pequena, assim como Twin Peaks e Bates Motel, mas de forma alguma semelhante a esses exemplares do gênero. Na cidade montanhosa retratada aqui, inexplicavelmente uma quantidade crescente de pessoas dadas como mortas reaparecem, aparentemente vivas e em bom estado de saúde. No desenrolar dos oito capítulos da primeira temporada, conhecemos aos poucos a morte e a vida desses personagens, e a série procede em analisar tanto o impacto desses “retornos” nas vidas das pessoas que estiveram de luto por elas algum tempo atrás, quanto o misterioso passado da cidade, conforme o nível do dique que a rodeia começa a baixar e tanto os vivos quanto os “revividos” aparecem com estranhas marcas pelo corpo,

De certa forma, Les Revenants se assemelha a uma novela, tanto no conceito do tipo de obra literária quanto no de narrativa episódica televisiva que conhecemos tão bem aqui no Brasil. O tratamento das storylines de forma praticamente igual, mesmo que cada episódio tenha o nome de um (ou mais) dos personagens, evidencia essa tendência, mas Les Revenants tem a prerrogativa de lidar de forma mais aprofundada e menos marcada pelos clichês com os dramas de cada personagem. Quando fala da morte, algo inescapável por sua premissa, Les Revenants não cai no óbvio, nem nos dá apenas um ponto de vista: conta-nos essas histórias, simplesmente, e apreende nelas as formas como cada um de nós lidamos com o fenômeno mais inescapável e mais incontrolável do mundo.

A trama de mistério segue a forma centrada e jamais apressada que se assemelha aos melhores momentos de Lost. O finale dessa temporada, principalmente, se ocupa em fechar um arco e muito cuidadosamente abrir outro, da forma que Damon Lindelof e companhia fizeram na maioria dos fechamentos de temporada da série dos perdidos. Essa “mudança de status” que vem com o finale é tratada cirurgicamente pelo roteiro, colocando a emoção envolvida nela em primeiro lugar. Isso, é claro, é um banquete para os atores. Ao menos nessa primeira temporada, os destaques são Clothilde Hesme (Adèle), Jean-François Sivadier (Pierre), Jenna Thiam (Lèna), Céline Sallette (Julie) e Grégory Gadebois (Toni), esse último provavelmente fechando sua participação na série. Ou não. Uma das coisas mais deliciosas de Les Revenants é que nunca se sabe.

***** (4,5/5)

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Uma segunda temporada de Les Revenants já está sendo produzida!

Caio

Birdy e amigos promovem a bagunça no clipe de “Light Me Up”

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por Caio Coletti

Destacada quase unanimamente pelos fãs como uma das melhores do Fre Within, “Light Me Up” é o novo single de Birdy, e ganhou clipe hoje (01). Além de ser uma das melhores do álbum com sua estrutura à la Florence, os teclados e os vocais poderosos da cantora, a canção é também uma das que melhor representam a força da moça como compositora e desbravadora de gêneros.

Já o clipe ganhou um tratamento simples, com toques de surrealismo, e delicioso: Birdy e uma série de amigos se divertem uma espécie de feira noturna com “produtos” peculiares, como animaizinhos de pelúcia, rosquinhas penduradas em forma de sinos de vento e outros badulaques. Bagunça e anarquia se seguem, é claro.

Review: Person of Interest, 03x06 – Mors Praematura

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Um dos toques mais cruéis da própria premissa de Person of Interest é que, como uma espécie de divindade que já foi fabulada de ser, a máquina milagrosa de Mr. Finch nunca alimenta aqueles que trabalham em função dela com informações completas. Isso vale para o governo, para a dupla de autônomos que é a estrela da série, e até para a própria Root, cuja noção de privilégio por lidar diretamente com a voz da máquina aos poucos vai se mostrando cada vez mais um delírio. Talvez não seja on point chamar a série de alegoria religiosa, mas em termos de análise social é curioso que Person se preocupe tanto em deixar seus personagens no escuro. Se não é um reflexo da condição do homem em relação a Deus, talvez o seja em relação ao mundo contemporâneo.

“Mors Praematura” acaba destacando esse aspecto de Person acima de alguns outros, uma vez que apresenta duas tramas convergentes que só o são claramente para o espectador, esse sim o guiado onisciente das maquinações da maravilha tecnológica inventada por Finch. A primeira pode ser classificada como a “trama da semana”: Finch e Reese estão atrás de Timothy Sloan (Kirk Acevedo, hello Fringe fans!), um detetive particular especializado em encontrar parentes próximos de pessoas que morreram sem deixar testamentos, e que passa as noites investigando o caso do irmão adotivo, cuja morte foi creditada a uma overdose de heroína, procurando evidências de que na verdade se tratou de um assassinato. Paralelamente, Root sequestra Shaw e ganha a confiança temporária dela para guiá-la em uma peculiar jornada que leva a personagem de Amy Acker a ser aprisionada pela CIA, com Shaw se passando por sua agente de custódia.

A desconfiança de Person com as organizações oficiais perdura, mas ninguém está imune ao olho vigilante da máquina (e do espectador), e quando descobrimos que o irmão de Sloan está bem vivo e preso pela agência após se entregar de boa vontade, as outras forças que querem encontrá-lo não são exatamente benignas. Jason, o dito irmão, esteve envolvido com o grupo Vigilance, os vingadores tecnológicos comandados por Leslie Odom Jr que ficamos conhecendo algumas semanas atrás. Os pontos se conectam finalmente quando a cela na qual Root está aprisionada é localizada exatamente ao lado da de Jason. Quando a personagem de Amy Acker o ajuda a escapar das mãos dos “dois lados” que o querem, fica claro que nessa terceira temporada a máquina é uma manipuladora de fantoches com um objetivo desconhecido. Em meio a um ano com tantos vilões, ela pode ser o maior deles.

A terceira subtrama do episódio envolve o conto moral do Officer Laskey aprendendo que o que a HR vai exigir dele não está exatamente dentro dos seus ideais de lealdade. Como o Officer Simmons de Robert John Burke voluntariosamente explica, não é sobre fidelidade, e sim sobre medo. Person ensaia assim a transformação do personagem do aprendiz de Carter em um homem completamente diferente devido ao jogo duplo que a policial está o obrigado a jogar. É mais um habitante incerto dos próprios limites de “certo” ou “errado” que Person coloca em suas fileiras. Ajuda que Brian Wiles seja muito melhor em vender isso do que o ato do falso inocente, e que o elenco aqui esteja em estado de graça. Contaminada pela energia e inabalável confiança de Amy Acker como Root, Sarah Shahi entrega uma de suas melhores performances na série até o momento, contracenando com Acker de igual para igual.

Jim Caviezel também é dado mais para fazer do que o de costume, nas pequenas cenas que sublinham a relação de Finch e Reese enquanto os dois estão em missões separadas. É nesses momentos que Kirk Acevedo funciona bem como um “parceiro temporário” para Finch, embora em outros momentos mais densos da trama a performance do moço não exatamente satisfaça. Escrito por Dan Dietz, em seu terceiro episódio na série, “Mors Praematura” não é tanto o clímax que se esperava na semana passada quanto é mais um passo em uma trama delicadamente construída para a temporada.

Observações adicionais:

- “Highly trained operative in a bad suit. This is CIA”

**** (4/5)

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Próximo Person of Interest: 03x07 – The Perfect Mark (05/11)

Caio

30 de out. de 2013

Review: The Blacklist, 01x06 – Gina Zanetakos

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

“You can trust me”. Em sua campanha promocional antes do início da temporada, The Blacklist confiou em uma frase de efeito que acompanhava todos os seus posteres e trailers: “never trust a criminal… until you have to”. Pouco dessas cinco primeiras semanas da trama se conectou a esse slogan nada promissor, e até agora era mais do que compreensível se o espectador estivesse agradecendo por isso. É claro que qualquer bom The Blacklist precisa ter pulp, mas confiar em clichezões de narrativa não é, ainda bem, uma marca da série até agora. O que todos nós estavamos perdendo, no entanto, é que numa interpretação mais ampla e mais permissiva, aquele difamado slogan pode ser absolutamente perfeito para a série.

“Gina Zanetakos”, sexto episódio da temporada, chega com a responsabilidade de recuperar o interesse do espectador depois do primeiro mau episódio do ano, “The Courier”, da semana passada. Convoca para tal a roteirista Wendy West, famosa pelo trabalho em Dexter, uma decisão que se mostra mais do que sábia: onde o episódio anterior falhava num roteiro que não trazia nada de realmente produtivo para os procedimentos, esse triunfa. É aqui, através de um surpreendentemente sutil trabalho de roteiro, que The Blacklist aponta pela primeira vez como um tomo sobre a inversão dos conceitos de bem e mal. Ou melhor, sobre a incerteza em relação a ambos.

Tanto as incidências da relação entre a Agente Keen e Red quanto a trama policial desse “Gina Zanetakos” apontam para esse lado. Ainda mais empolgante do que isso, no entanto, é que as duas tramas convergem, e The Blacklist lida com a dança de subplots interconectados com surpreendente elegância. Quando o marido Tom declara a sua inocência frente a caixa de dinheiro, arma e passaportes que Liz encontrou sob o assoalho da casa do casal, eles decidem deixar o FBI investigar e esclarecer a situação. O Agente Cooper tenta fazer a coisa certa e dispensar Liz enquanto a investigação progride, mas Red tem outros planos, e exige que a moça seja colocada no caso de uma “terrorista corporativa” batizada com o nome do título do episódio, uma malfeitora de aluguel usada por empresas que querem mexer com o mercado (e os concorrentes) de forma ilícita.

Zanetakos, interpretada por Margerita Levieva (conhecida dos fãs de Revenge), não é pintada com muitas corem além de “fria, calculista e inescrupulosa”, e talvez por isso o episódio deixe mais espaço para aqueles que a contratam se tornarem os vilões. É uma subversão interessante, especialmente para a por vezes despretensiosa The Blacklist, colocar as grandes empresas capitalistas que competem entre si como a representação do mal em uma trama. Sobra espaço para o pulp, é claro, principalmente nas duas cenas estreladas por Zanetakos antes de ser capturada: ambas ao som da banda Poliça, as setpieces montam cenários que remetem ao mais fino da espionagem não-realista que o entretenimento já produziu, com direito a perucas, montagens de uma bomba sendo instalada e agulhas mágicas que fazem um homem morrer em segundos. Zanetakos pode não ser uma grande vilã, mas certamente está a altura da fatia Ian Fleming de The Blacklist.

O material envolvendo Liz  e o marido, não surpreendentemente, funciona melhor quando envolve os efeitos da investigação e aprofundamento desse mistério na relação de Liz com Red. A equação para entender o porquê é simples: quando se trata de Liz e Tom, Megan Boone parece estar sozinha em cena, uma vez que Ryan Eggold ainda não se mostrou capaz de ser algo além do que eye-candy (além do mais, os episódios anteriores não acumularam nem perto de pathos o suficiente para fazer a “resolução” dessa semana ressoar com o espectador); já quando se trata de Liz e Red, a série está apostando num arco tão mais amplo, tão mais complexo e tão mais interessante que é até mais fácil ver Megan Boone e James Spader como um par que funciona em cena. É o clássico caso de duas ótimas performances que ficam ainda melhores juntas.

Claro, a série não chega a conclusão definida alguma, mas acena para um futuro em que Liz passará a perceber que a pessoa em quem ela mais pode confiar é Red (“never trust a criminal… until you have to”). Se essa é exatamente a intenção do criminoso em questão ou não, é a verdadeira dúvida de The Blacklist.

Observações adicionais:

- “Remember me to your wives. All of them.”

- Então, Red tem algo com que chantagear o Agente Cooper! Algo acontecido no Kuwait. Não sabemos por enquanto o que é, mas espero que seja bem grave, porque o personagem de Harry Lennyx dá liberdade demais para Red.

- A direção de “Gina Zanetakos” é creditada a Adam Arkin, ex-astro de Chicago Hope e diretor de TV requisitado (The Americans, Sons of Anarchy). É a este homem que vocês podem culpar as cenas de ação pouco desenvolvidas do episódio dessa semana, e os estranhos e não-justificados pequenos cortes constantes no meio de cenas.

**** (4/5)

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Próximo The Blacklist: 01x07 – Frederick Barnes (04/11)

Caio

Review: American Horror Story Coven, ep. 3 – The Replacements

AMERICAN HORROR STORY: COVEN The Replacements - Episode 303 (Airs Wednesday, October 23, 10:00 PM e/p) --Pictured: Jessica Lange as Fiona. -- CR. Michele K. Short/FX

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Eu não sou vidente, bruxo e nem pai de santo, mas se teve uma coisa que eu (e provavelmente milhares de pessoas) previ, foi que Jessica Lange e Kathy Bates seriam os destaques da 3ª temporada de AHS. Todo o repertório artístico da carreira dessas atrizes justificam e muito, toda saraivada de elogios que ambas recebem trabalho após trabalho. Porém, minha previsão estava turva, superficial e limitada, eu não vi que logo ali ao lado da dupla havia uma terceira pessoa; uma mulher que eu nem notei em Lanterna Verde e que me roubou um soslaio de atenção em Ataque à Casa Branca: Angela Bassett, que na série interpreta Marie Laveau.

Nos episódios anteriores a apariação de Angela não havia sido tão expressiva quanto em "The Replacements", terceiro episódio da série, e que ela protagoniza uma das melhores sequências da temporada até então. A cena já havia aparecido no trailer de divulgação da série, que trazia uma frase difícil de ser entendida e com o idioma irreconhecível da personagem: "Too late for tears. Damages done." Eu não vou contar muito da cena, só vou dizer que ela vai além, não se acanha apenas no sotaque, é cheia de expressões corporais que surgiam tão naturalmente do corpo da atriz que me elevaram minha admiração por ela em níveis astronômicos.

Um ponto relevante do episódio é que muito do passado de Fiona Goode é contado, e até nos revela uma informação que ainda não tínhamos sobre a hierarquia; quando uma nova Suprema desperta os seus poderes, a anterior começa a enfraquecer, uma vez que esta é a fonte de poder da mais jovem. Essa explicação leva à morte de uma das alunas da escola, interpretada por uma atriz que eu já não gostava muito, mas que vinha fazendo um trabalho O.K. na série, Madison Montgomery. Ela vinha despertando uma multiplicidade de poderes, característica comum às bruxas supremas, que recebeu a atenção de Fiona, que não tardou a tomar uma decisão "definitiva".

Queenie também tem uma cena de respeito e até mais séria do que de costume, quando ela decide salvar de um jeito único e carente a cabeça de Madame LaLaurie (que pasmem, existiu na vida real, assim como Marie Laveau), que recebe a visita do escravo/minotauro magia que ela torturou no passado.

O único fator que me faz torcer um pouquinho só o nariz pra essa temporada de AHS, é que ela tem se mostrado a temporada menos assustadora e aterrorizante dentre as três. Coven tem seus momentos bizarros e nojentos, mas pàra por aí (a abertura me deu mais medo do que qualquer outra cena da série, por exemplo). Entretanto, isso não a torna uma temporada ruim: o argumento, enredo, direção e atuações ainda são ótimos e com certeza merecem nossa audiência e atenção. O problema é que o fator cômico e dramático parecem ter mais espaço do que as bizarrices que transbordavam das temporadas anteriores.

***** (4,7/5)

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Próximo American Horror Story Coven: Ep. 4 – Fearful Pranks Ensue (30/10)

Marlon

29 de out. de 2013

Review: Mom, 01x06 – Abstinence and Pudding

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

“Abstinence and Pudding” é o melhor episódio da temporada de estreia de Mom até agora, e o é pela razão mais simples e básica que uma série de TV – e não só uma sitcom, notem bem – pode ser: um roteiro muitíssimo bem trançado. Escrito com a colaboração dos três co-criadores da série, mais o staff writer Nick Bakay, essa meia hora de televisão se concentra na capacidade de Mom contar uma história ao redor de todas as virtudes de sua premissa principal, e acerta o alvo em cheio, adquirindo foco narrativo e utilizando com excelência os elementos que orbitam ao redor desse foco.

Em seus melhores momentos, Mom é sobre Christy e sua jornada para conciliar os mil aspectos complicados de sua vida. Quando a série estreou sobre chuvas de críticas se estendendo na matéria do programa parecer “cinco séries em uma”, deixou de se levar em consideração que Christy, como personagem, vive cinco vidas em uma. É isso que, para além da performance sempre cativante e no ponto cômico de Faris, a faz uma protagonista tão simpática para o público.

“Abstinence and Pudding” traz de volta dois personagens que incorreram em episódios anteriores, e cujas faltas foram sentidas desde então: Justin Long reaparece como Adam, o bom moço com quem Christy está construindo um relacionamento condenado a passar por complicações, mas comoventemente honesto; e Mimi Kennedy retorna como Marjorie, a anti-Bonnie, o que gera algumas boas cenas divertidas e uma rival mais do que a altura para Allison Janney. Quanto aos personagens, ficamos conhecendo mais um pouco dos dois: Adam é um escoteiro, possivelmente mimado demais pela mãe, trabalha em um departamento de trânsito; Marjorie é ferrenhamente cristã, viúva e se torna para Christy alguém a quem recorrer para conselhos de relacionamento.

O dilema do sexo nos primeiros encontros é ideal para introduzir a dinâmica que, se Chuck Lorre misericordiosamente permitir, vai povoar alguns dos melhores momentos de Mom no futuro: Bonnie e Marjorie servirão como vozes para pensamentos conflitivos na cabeça de Christy enquanto ela não pensa em superar seus defeitos, mas se esforça em não repetir seus erros. O segredo para os próximos capítulos é dar a Bonnie algo substancial a fazer fora do domínio de Christy, se é que a série realmente suporta ou quer isso, para que a personagem de Janney não se torne uma daquelas adoráveis e hilárias vilãs de comédia.

Observações adicionais:

- “For the record, I had hundreds of successful relationship to men”

- “He’s either lying, or gay, or he’s packing a gherkin – it’s a little pickle”

- “Secret garden? Holy Moses, how many cats do you own?”

- Essas três primeiras observações foram só para assegurar a todo mundo que Mrs. Janney ainda está recebendo o melhor material cômico dos roteiristas da série.

- “I don’t show my stop sign to just anyone”

- “Until we know each other better, sex is off the table. And any other furniture”

- “You zig, I zag”. O Chef Rudy está exponencialmente mais entertaining nesse episódio, e até ganha a oportunidade de participar de uma cena antológica que “fecha” a meia hora da semana: não há nada mais maravilhoso em uma sitcom do que uma torta na cara.

- “So listen, I think God wants me to get laid”

***** (4,5/5)

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Próximo Mom: 01x07 (04/11)

Caio

Justin Timberlake é alvo de um amor homicida no clipe de "TKO"

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por Caio Coletti

Depois de aumentar o clima festivo no primeiro single do seu The 20/20 Experience 2 of 2, "Take Back The Night", Justin Timberlake resolveu navegar águas mais sombrias com o clipe de "TKO", já liberada há pouco mais de um mês. No vídeo lançado hoje (29), Justin conta a história de um amor gone berzerk.

A companheira de cena da vez do moço é Riley Keough, atriz e modelo conhecida por papéis em The Runways e Magic Mike, além de por ser neta de Elvis Presley, é claro. A bela Keough e o cantor protagnizam cenas quentes e até um pouco perturbadoras. Como sempre, Justin está na vanguarda do videoclipe pop.

28 de out. de 2013

Porque Parks and Recreation está enfrentando a pior fase da sua trajetória?

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E é aqui que eu me despeço de uma das minhas séries preferidas, pelo menos por enquanto.

Pensar no começo de Parks and Recreation e onde todos estão agora é até meio chocante. Personagens deram adeus, novos apareceram, personagens mudaram, casaram, cresceram, saíram do departamento, realizaram seus sonhos... tudo mudou, e é isso o que eu mais amo na série, ver o desenvolvimento daqueles indivíduos que aprendi a amar. Mas cinco temporadas se passaram, e não há série que não sofra com o desgaste. Leslie Knope, anteriormente funcionária de um departamento relativamente inútil do governo agora é vereadora. Ela já viveu muita coisa e aprendeu ainda mais, isso é fato. Entretanto, os roteiristas escolheram esquecer esse detalhe, fazendo com que seu melhor trunfo – uma protagonista que cresce junto com a trama – se torne a coisa mais irritante.

Não é de hoje que Leslie surta e precisa levar uma injeção de realidade de algum de seus amigos, porém já está se tornando exagero. O plot de resignação não tem futuro além de Knope sair do cargo, visto que a sociedade machista e estúpida de Pawnee não hesita em criticá-la a todo custo. É assim que a política funciona por lá, afinal. Ao invés de abraçar isso e mostrar por fim que entrar nesse meio não é fácil e que um cargo tão importante também tem seu lado sombrio, é visível o medo de levar a protagonista para o “fundo do poço”. Seria mesmo algo tão ruim? Mostrar Leslie dando a volta por cima mostraria a força da mulher que não vai desistir de ajudar a cidade que tanto ama mesmo que esta seja feita de idiotas. Seria triste, sim, e isso faria seu retorno ainda mais triunfal. A vontade que tenho é fazer os roteiristas assistirem as sátiras políticas de Armando Iannucci, que não se importa de (politicamente) cortar a cabeça de seus personagens, para que eles resolvam se jogar de vez no que tentam evitar.

Em suma, não aguento mais Leslie agindo como fazia na insípida primeira temporada e tendo Ron dizendo a coisa certa a se fazer. Lá uma vez na vida é aceitável e compreensível, mas não do jeito que está. Knope já passou por situações piores e não precisou disso. Ok, os acontecimentos atuais são estressantes, e esse seria mais um motivo pra que ela mantesse a calma e agisse de forma inteligente. E isso acaba bloqueando melhores tramas, tanto para a vereadora quanto para os outros personagens. Tudo isso acabou me irritando, então não vejo outra saída que não abandonar. Não definitivamente, mas até os roteiristas encontrarem um rumo suportável para uma das melhores séries no ar atualmente.

Não é porque Parks já não tenha tido episódios ruins e temporadas inferiores, é que escolho colocá-la na geladeira por um tempo para que meus sentimentos por ela não mudem drasticamente. Confio que a série voltará a encontrar seu bom caminho de novo. Confio sim.

P.S.: E tem que ter algo muito errado numa série pra nem Tatiana Maslany conseguir salvar, viu.

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Com a decisão da Sâmela de pausar a série, O Anagrama escolhe também parar a cobertura de Parks, uma vez que confiamos na opinião da nossa colunista e vamos esperar a série recuperar a boa forma. Até logo, Leslie Knope!

Samela

Eminem e Rihanna estão juntos de novo para “The Monster” (e mais da nova fase do rapper)

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por Caio Coletti

Se há uma parceria que estava destinada a ser frutífera, era a de Eminem e Rihanna. O oportunismo temático e o sucesso titânico de “Love The Way You Lie” gerou uma “Part II” que esteve no álbum de Rihanna e, mais tarde, uma terceira colaboração em “Numb”, do Unapologetic. Agora é a vez da moça voltar a cantar no novo projeto do rapper. “Monster” ganha tons mais eletrônicos para temperar a melodia e o ritmo do refrão.

Prestes a lançar o décimo álbum da carreira, uma continuação do The Marshall Mathers LP de 1999, Eminem tomou o mundo do hip hop de assalto, como de costume, nos últimos meses. Com singles viscerais e dois clipes bem promovidos, o moço de 41 anos está caminhando para aquela que pode ser sua fase mais frutífera em anos. Com lançamento marcado para o próximo 05 de Novembro, o novo álbum, além de Rihanna, conta com participações de Skylar Grey, Kendrick Lamar e Nate Ruess.

Veja abaixo os dois vídeos e a terceira faixa disponibilizada do The Marshall Mathers LP 2:

Review: Masters of Sex, 01x05 – Catherine

Caitlin Fitzgerald as Libby Masters in Masters of Sex (season 1, episode 5) - Photo: Michael Desmond/SHOWTIME - Photo ID: MastersofSex_105_1957

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Existe uma constante na história da humanidade como força narrativa, como contadora de histórias: todas as grandes criações dramáticas do homem se apóiam em motivos, temas e comportamentos absolutamente simples. Ou ao menos simples para nós, que aprendemos invariavelmente a experimentar a vida, essa equação tão absurdamente complexa, como uma montanha-russa, sucedendo soluções óbvias para problemas nada óbvios, incapazes de fugir de nós mesmos, nossos defeitos e nossa personalidade inescapavelmente quebrada. Eu não quero vender “Catherine”, a quinta entrada da temporada de estreia de Masters of Sex, como uma das grandes narrativas já feitas pelo homem, mas o episódio deriva sua força emocional impressionante desse mesmo princípio aí em cima. Essa hora de televisão, e cada vez mais o todo da série, não é sobre a liberação feminina: é sobre a prisão humana.

Existe um apelo na trama urdida por Sam Shaw e Michelle Ashford, dois dos primeiros nomes do desenvolvimentos de Masters, que é imediato, e outro que corre mais profundamente. Em primeira instância, nos importamos com os desenvolvimentos do episódio principalmente porque nas últimas semanas nos conectamos a esses personagens e ao seu drama, muito especialmente ao de Libby Masters. Caitlin FitzGerald tem construido um trabalho sublime como a esposa do protagonista interpretado com igual brilhantismo por Michael Sheen, conferindo a ela a fragilidade e a incerteza que precisam estar presente em uma mulher que se vê no meio do furacão de uma mudança social insinuante, ao mesmo tempo que precisa lidar com um inferno pessoal aterrorizante. Ao mesmo tempo, é sem abaixar o olhar que ela contracena com Lizzy Caplan, por exemplo, projetando uma força interna que é quase palpável.

É por isso que quando Libby perde o seu bebê num desenvolvimento cruelmente desmotivado de trama (por outro lado, não é assim na vida real? Nem tudo acontece por um motivo), nós sentimos por ela. É preciso mais elaboração, no entanto, para que possamos sentir por William, que joga um jogo de angústia e contenção por um tempo insuportável no final do episódio, até desabar em seu escritório ao lado da secretária. Michael Sheen é tão brilhante em expressar a raiva e a amargura de seu personagem sem explodir que é um choque ainda maior ver a emoção realmente passar por seu semblante, de uma forma apropriadamente desajeitada e desestruturadamente humana. É um choque conceitual e emocional, um ápice que a trama trabalha com cuidado exemplar e que, quando vem, é esmagador, algo que nenhum outro episódio de televisão conseguiu arquivar em 2013.

Talvez por tomar tanto cuidado com a trama de Masters essa semana, os roteiristas tenham feito a história paralela envolvendo Virginia menos envolvente. Os problemas maternais da moça com o filho Henry, que (um tanto subitamente) demonstra ressentir a mãe por não poder estar por perto graças ao trabalho, cruzam caminho com o Dr. Haas, o que é simultaneamente uma oportunidade para Nicholas D’Agosto mostrar o seu valor para a série (ele tem algum, de fato – eu também me surpreendi) e para fechar a sempre bagunçada subtrama amorosa entre os dois. O personagem funciona muito melhor com a vivaz Vivian Scully da ótima Rose McIver, de quem o Dr. Haas inadvertidamente tira a virgindade,  o que recoloca no episódio a discussão da elaboração emocional e social que existe em conjunção com a percepção de sexo da época.

Em suma, Masters of Sex não quer parar de discutir a sociedade. Só tem noção, como poucas tramas tão sociais conseguiram ter, que para tal precisa discutir também o indivíduo.

Observações adicionais:

- Essa série não se esqueceu do Dr. Langham de Teddy Sears, que é tanto um alívio cômico quanto uma trama razoavelmente envolvente. Pontos extras pro episódio (que nem precisava deles) só por isso.

- A relação entre Masters e o Dr. Scully de um maravilhoso Beau Bridges volta a voga também, gerando um par de cenas comoventes e meio-amargas. Em outra nota, a esposa de Scully é interpretada por Allison Janney, o que por si só já é uma virtude em qualquer ocasião.

***** (5/5)

Nicholas D\'Agosto as Dr. Ethan Haas and Lizzy Caplan as Virginia Johnson in Masters of Sex (season 1, episode 5) - Photo: Michael Desmond/SHOWTIME - Photo ID: MastersofSex_105_3175

Próximo Masters of Sex: 01x06 – Brave New World (03/11)

27 de out. de 2013

Lady Gaga entra no negócio da ópera espacial na ultrajante (e deliciosa) “Venus”

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por Caio Coletti

“Venus”, o ex-segundo single do ARTPOP, é como um filme de Ed Wood: a gente sabe que tem algo errado com ele, mas não dá pra não ficar preso para ver o que acontece depois. Como se trata de Lady Gaga, e não do melhor cineasta ruim de todos os tempos, é preciso dar algum crédito para ela e presumir que é tudo de propósito: a melodia quebrada, a produção esquizofrênica e o tema operístico espacial.

A canção co-produzida por Gaga e o jovem DJ Madeon (a gente não tá entendendo exatamente porque todo o fuss com o fato da cantora assinar a produção, uma vez que ela o faz com quase todas as músicas desde o Born This Way) tem a moça assumindo o papel de uma alienígena que se apaixona por um humano – ou algo assim. A sucessão de versos, refrões e ganchos é absolutamente ultrajante, mas é Gaga pulando do precipício do pop e de algum jeito fazendo tudo funcionar no caminho. Ou seja, já é uma das nossas preferidas do ARTPOP.

26 de out. de 2013

Estreia: “Dracula”, da NBC, foge de tudo o que poderia torná-la interessante

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Drácula só perde para Sherlock Holmes como o personagem que mais apareceu nas mais diversas mídias desde o seu nascimento. A obra original de Bram Stoker, que data de 1897, já foi contada e recontada inúmeras vezes, por inúmeros diretores, e com inúmeros valores de produção no cinema e na televisão. O personagem, ano após ano, vai fazendo jus a sua imortalidade ficcional: já passa de um século de vida, e se recusa a sair do imaginário popular mesmo que Hollywood tenha dado tantos outros tratamentos ao mito do vampiro. Claro, há um motivo para isso, e ele é exatamente aquele que deveria ser: Drácula é um personagem brilhante.

O vampiro mais famoso da história não vive só das dicotomias medo & sedução, selvageria & elegância, da ameaça velada que atrai, e da sexualidade sempre pronta para explodir. Antes de ser o vampiro mais letal de todos, o Conde é um homem apaixonado que viu o seu amor morrer com os séculos que passaram incólumes pelo seu rosto. Uma tragédia decadente e gótica que, lá no final do século XIX, era uma alegoria para as más pernas da aristocracia colonial, e tambem uma viagem metafórica pelo ego de um personagem que se voltava para a violência e a satisfação dos seus desejos mais primais. Sua sede de sangue era o nosso desejo luxuriante e reprimido, sua condenada imortalidade era um espelho – e portanto reverso – da nossa temida finitude. O monstro dentro de Drácula (e essa é a principal dicotomia do Conde, não se enganem) não representava só o monstro escondido em nossa sociedade. Muito além disso, representava o monstro escondido em cada um de nós.

Talvez por isso Dracula, a nova série da NBC, seja tão decepcionante. A criação do estreante Cole Haddon só agarra com força o mito do vampiro da forma como ele foi abstraído da superexposição que recebeu nas últimas décadas. É como se o roteirista pescasse imagens que colaram no imaginário popular, uma atmosfera específica que esteve sendo martelada na cabeça do público, e a reproduzisse na esperança de criar um personagem de verdade no meio do caminho. Pelo menos nessa primeira hora de Dracula, isso não acontece, e se chega minimamente perto de acontecer é só graças ao esforço do intérprete do personagem-título, Jonathan Rhys-Meyers (The Tudors). O ator de 36 anos – e nós também não vimos o tempo passar, você não está sozinho! – lida com o material que recebe perfeitamente, rascunhando um Drácula genuinamente interessante que o roteiro falha miseravelmente em explorar.

O problema é que na trama de Haddon, o lorde dos vampiros é mais uma releitura sedutora do Conde de Monte Cristo do que qualquer outra coisa. Assim como Edmond Dantes, Drácula é um peixe fora d’água em busca de vingança: após ser ressucitado por Abraham Van Helsing (Thomas Kretschmann), o vampiro assume a persona de um novo ricaço que surge na sociedade britânica abalando os interesses dos lordes do petróleo com uma fonte de energia alternativa que parece ter vindo direto do laboratório de Nikola Tesla. Além de tudo, a série não sabe jogar suas cartas no tempo certo, porque ficamos sabendo com menos de 20 minutos de episódio que os tais lordes do petróleo são na verdade a Ordem do Dragão, responsáveis pela morte da amada de Drácula e da família de Van Helsing, o que levou os dois a armarem um plano mirabolante de vingança.

Esse arranjo poderia abrir a oportunidade para a série se tornar uma improvável, mas potencialmente brilhante, alegoria política, e há dicas dessa série que Drácula poderia ser na performance de Meyers e na fascinante cena em que ele concede entrevista para Jonathan Harker (Oliver Jackson-Cohen) – o clássico corretor imobiliário que encontra destino assustador na mansão de Drácula no livro de Stoker é revisto aqui como um jornalista ambicioso que se interessa pelo empreendimento tecnológico do milionário à la Gatsby que o vampiro incorpora (“visionário, delirante e egomaníaco”). A reimaginação dos personagens clássicos é sempre um jogo divertido de se jogar, e de se assistir, e Drácula tem a perfeita oportunidade nas mãos de ser igualmente fascinante, relevante e divertida. O problema é que prefere não ser.

Nessa relutância, ganhamos em troca uma cena de ação com bullet time (really, though? hou very 90s of you guys), coadjuvantes pouco expressivos com exceção de Nonso Anozie como Renfield e Katie McGrath como Lucy, e uma trama fácil de vingança que nada tem a ver com o sentimento de inquietação fundamental em todo e qualquer Drácula. Ao escolher não incomodar ninguém, e é preciso dizer que nisso deve pesar o fato de a série estar na TV aberta americana quando claramente pertence a algum canal a cabo com mais vontade de ousar, Drácula habilidosamente escapa de tudo que poderia torná-la minimamente interessante.

*** (2,5/5)

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Próximo Dracula: 01x02 – A Whiff of Sulphur (01/11)

Caio

24 de out. de 2013

Billie Joe e Norah Jones vão lançar álbum country juntos (?!), e já dá pra ouvir uma das músicas!

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por Caio Coletti

Demorou, mas 2013 acaba de dar a luz a sua parceria mais improvável: Norah Jones e Billie Joe Armstrong se juntaram para gravar um álbum de cover country, intitulado Foreverly, em tributo aos Eeverly Brothers, sucesso nos anos 50. A musa do neojazz e o vocalista do Green Day lançam o disco em conjunto no próximo dia 25 de Novembro.

A primeira canção do projeto a ser divulgada é a bonitinha “Long Time Gone”, que mostra como as vozes dos dois vão funcionar juntos em uma melodia bem tradicional do country americano. O resultado é mais harmonioso e gostosinho do que alguns poderiam esperar.

Dido enfeita seu Greatest Hits com a inédita “NYC”

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por Caio Coletti

14 anos de carreira vão ser revistos no vindouro Greatest Hits da cantora e compositora Dido, o priimeiro da trajetória da moça, a ser lançado no próximo dia 25 de Novembro, coincidindo com seu aniversário de 42 anos. Como é de praxe nos últimos anos, a compilação vai incluir também uma faixa inédita: “NYC” foi lançada hoje (24).

A nova canção tem os ares mais ousados do Girl Who Got Away, quarto álbum de estúdio da carreira de Dido, que saiu em Março desse ano. Combina a alquimia eletrônica, incluindo uma batida mais contagiante do que aprendemos a esperar da moça, com uma inesperada guitarra que leva a canção toda. A melodia, o timbre de Dido e a letra, como sempre, são espetáculos a parte.

Review: Person of Interest, 03x05 – Razgovor

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

And they did it again! Cinco semanas depois do início da temporada, Person of Interest resolveu nos lembrar porque é uma das narrativas mais bem conduzidas e inteligentes da televisão americana no momento. Se encaminhando para um clímax de meio de temporada como no ano passado, a série alcança notas altas sem comprometer a estabilidade nesse “Razgovor”, um episódio que coloca foco em duas personagens que estavam se colocando até agora como coadjuvantes na trama da temporada. É um espaço muito bem-vindo para essas duas mulheres (as ficcionais e as reais) respirarem em cena, e o roteiro do veterano da série David Slack nos lembra porque elas eram tão interessantes para início de conversa.

Shaw está de volta como personagem – em oposição a “objeto de cena” – no episódio, tomando papel central na trama da semana e ganhando seu próprio flashback, mais ilustrativo do que estritamente necessário. O conflito incutido na personagem não é novo, mas funciona em Person porque se conecta tanto com o cerne da série, criando uma daquelas sinergias em que o desenvolvimento da personagem faz o espectador sentir como se ela pertencesse àquela história desde sempre. Este é um procedimento que salvou Lost por várias temporadas após as duas iniciais, explorando carne nova sem deixar os protagonistas ao relento. “Am I fired?”, Shaw pergunta em certo momento do episódio. “On the contrary, Ms. Shaw, I think you finally got the job”, responde Mr. Finch.

Ela se envolve com o caso de uma garota imigrante, Gen (a jovem e promissora Danielle Kotch), que se vê perseguida por traficantes russos quando eles percebem que a garota esteve vigiando-os através de um sistema analógico de fitas K7 instalado no subterrâneo do prédio onde mora. A genialidade do roteiro está em juntar essa trama principal, inicialmente previsível, com os desenvolvimentos mais recentes na caçada de Carter pelo chefe da HR. Ao descobrir que os russos respondem ao grupo de policiais corruptos, os caminhos de Shaw, Reese, Finch e Carter se cruzam e, além de aplicarem a indispensável virada de trama de Person, ainda encaminham a trama para um clímax arrepiante.

É preciso dizer que Sarah Shahi e Taraji Henson estão maravilhosas em seus papéis. A primeira cava seu lugar na série junto com a personagem, e se condiciona como uma das construções mais cuidadosamente adequadas de Person. Sua Shaw quase desalmada não é só um clássico estereótipo de frieza calculada que Shahi interpreta (em uma estranha e deliciosa contradição) com expressão emocionalmente transparente, como faz as vezes de panorâmica por uma geração que aprendeu a sentir através da tela – seja ela qual for.

Para mostrar que realmente não abandonou seus velhos preferidos, Person dá a Taraji Henson um monólogo destruidor na cena final, em que descobrimos que Carter sabia do jogo duplo do seu parceiro desde o primeiro momento. A atriz vira a mesa com um prazer quase sádico que faz o espectador se perguntar se Person não está habilmente desenhando um arco em que Carter se transformará exatamente naquilo que mais abomina. O que faria total sentido, dada a lógica cruel da série para com o mundo contemporâneo e tudo aquilo que ele nos obriga a fazer com nós mesmos. Nada é por acaso em Person of Interest.

Observações adicionais:

- We miss you, Fusco!

- On the other hand, Amy Acker faz uma aparição surpresa que levanta arrepios nos últimos segundos do episódio. Esperemos uma épica batalha entre Root e Shaw nas próximas semanas!

- Um episódio cheio de coolness! Shaw: “How much you know about chemistry?” Finch: “Enough”. E então um prédio vai pelos ares. É isso que acontece quando você dá a Michael Emerson a chance de ser Michael Emerson, o homem que pode transformar a maneira certa de pronunciar uma palavra no momento mais badass de uma série cheia deles.

***** (5/5)

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Próximo Person of Interest: 03x06 – Mors Praematura (29/10)

Caio

23 de out. de 2013

Review: The Blacklist, 01x05 – The Courier

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

A linha entre o bom pulp e o mau pulp em um thriller como The Blacklist é tão tênue que a série de Jon Bokenkamp estava fadada a tropeçar nos seus limites em algum momento de sua trajetória. Caso a trama tenha vida longa, o que é provável em vista dos números de audiência, “The Courier” é o protótipo de como todos os seus episódios ruins vão ser. Difícil apontar dedos para algum culpado que não o roteirista John C. Kelley, no entanto, cujo currículo inclui episódios de House M.D. e NCIS, mas que parece não entender que, para um capítulo de The Blacklist realmente funcionar, é preciso que os lados sério e divertido da série funcionem sem atrapalhar um ao outro.

Há um estudo continuado de personagem em “The Courier” que satisfaz: as cenas estrelando Red e a Agente Keen sozinhos em cena ainda são as que melhor representam a virtude da série – a química entre Spader e Boone é tão grande que atropela até os diálogos menos inspirados, e aqui ganhamos duas cenas daquelas preciosas entre os dois, demarcando um conflito separado do centro da trama que, dessa vez, parece até mais interessante do que ele. Por outro lado, o blacklister da semana, encarnado por Robert Knepper (yes!), é um criminoso de aluguel incapaz de sentir dor, que fez um trato com dois chefões do crime para sequestrar e entregar nas mãos de um deles um analista da NSA com acesso a diversos segredos de Estado.

Knepper faz um trabalho genuinamente incômodo, como de costume, e o roteiro até se esforça para desenvolvê-lo como um vilão digno de Red e da série, o que em parte dá certo. O problema é que o script de Kelley segue a tradição de The Blacklist de lidar bem com os personagens, mas tudo o que insere de novidade no conceito da série não funciona. Seja o retrato do Agente Ressler (Diego Klattenhoff) como um homem dedicado ao seu trabalho e sem relações interpessoais meramente humanas, seja as improváveis peripécias dos agente do FBI ao lado de Red, tudo que é particular desse episódio se desenvolve “do lado errado do pulp”.

The Blacklist ainda tem qualidades que a redimem, mas é muito mais digna de atenção quando as deixa trabalhar ao lado dos elementos de auto-referência sem para isso diminuir seus valores de produção. Nesse equilíbrio entre o sofisticado e o franco, entre o dramático e o kitsch, é que a série precisa viver. “The Courier” tropeça em ambos os lados dessa corda bamba, e aterrisa sem nenhuma graça no final dela.

Observações adicionais:

- Apesar do tratamento meio tosco, o drama de Elizabeth com o marido parece que finalmente vai chegar a um desfecho, uma vez que o moço descobriu que a esposa encontrou sua arma/passaportes falsos/dinheiro no assoalho da casa. Esperemos que um roteirista mais sensível ao funcionamento da série dê um bom fechamento a tudo isso.

*** (3/5)

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Próxima The Blacklist: 01x06 – Gina Zanetakos (28/10)

Caio

Review: Mom, 01x05 – Six Thousand Bootleg T-Shirts and a Prada Handbag

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

E aqui estamos, finalmente: Mom bane qualquer tentativa de história para se tornar uma coleção de situações baseadas em seus personagens principais lidando com os diferentes problemas e defeitos que acumulam. “Six Thousand Bootleg T-Shirts and a Prada Handbag” não tem exatamente um roteiro, um início definido (o carro de Christy quebrando pode ser considerado dessa forma?) ou um final demarcado. Não há um desenvolvimento da premissa básica da série em direção a um novo destino, não há uma narrativa, e sim uma situação. Mom é a mais pura definição de sitcom no ar na televisão americana.

O que a faz ser deliciosa de assistir em vários momentos é a coleção de virtudes que Chuck Lorre e cia reuniram ao redor da série: a vontade nula de “redimir” seus personagens e fazê-los tradicionalmente simpáticos ao público cria um charme e uma força atrativa para a série que já a justifica por si só; o time de roteiristas tem uma ideia bem clara de como fazer rir nos moldes da sitcom e ainda assim apelar para o público contemporâneo que deixou 30 Rock seguir por 7 temporadas; e o elenco de Mom entrega cada linha de diálogo realçando a emoção básica contida nela, o que só´torna as coisas mais instintivas para o espectador. Em suma, se você não pensar muito sobre Mom, ela é uma série muito bem ajeitada.

O episódio dessa semana se concentra quase inteiramente em Christy, Bonnie e a guest-star Octavia Spencer (The Help) como Regina, uma mulher que mãe e filha encontram nas reuniões da AAA e decidem ajudar. A trama se trança discretamente com o problema maior da falta de dinheiro de Christy, o que gera também as poucas cenas em que Faris contracena com o carismático Matt Jones. O personagem do moço é o pai de Roscoe, filho de Christy, e chega à casa da ex-namorada expondo um novo plano de negócios: comprar Viagras genéricos do México e revendê-los em campos de golfe.

É difícil organizar “Six Thousand Bootleg Shirts and a Prada Handbag” em uma linha narrativa coesa, principalmente porque o episódio não faz questão de construir uma. A mágica consiste em dar algumas boas piadas para Octavia e aproveitar-se da química maravilhosa entre Faris e Janney para levar a série adiante. Não dá para dizer que não funciona, mas episódios anteriores mostraram que Mom tem o direito de ter um pouco mais de confiança em sua habilidade de contar uma história.

Observações adicionais:

- “I’m not asking for the child support you owe me” “Awesome”

- “Ah, cocaine. I miss the 80s”. Por uma versão de Mom com flashbacks para a Bonnie party girl oitentista, já!

- “I saw a lezzbo porn movie that started just like that”

- “Calm down, ladies, you’re both gangsters” Damn right they are!

**** (3,5/5)

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Próximo Mom: 01x06 – Abstinence and Pudding (28/10)

Caio

O sexy remix do Flume para “You & Me”, do Disclosure, ganhou clipe!

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por Caio Coletti

Dois dos nomes mais proeminentes da música eletrônica em 2013, o australiano Flume e os britânicos do Disclosure, juntaram forças para um remix do hit “You & Me”, do álbums dos últimos, que ganhou clipe hoje (23). Nas mãos do jovem DJ que chegou ao topo das paradas australianas com o álbum de estreia, a música do duo ganhou toques sexy e uma levada mais cadenciada.

O vídeo segue bem essa tendência e coloca um casal para se provocar e se beijar enquanto a música toca. A fotografia e a direção fazem o resto, realizando um registro insinuante e belo do desejo e da expectativa de um pelo outro.

The 1975 brinca de (e com o) pop no clipe da deliciosa “Girls”

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por Caio Coletti

O The 1975 anda bem no limiar entre o rock e o pop, e sabe muito bem disso. Logo, não dá pra levar muito a sério a indignação fingida dos integrantes da banda no começo do novo clipe de “Girls”, reclamando com alguém atrás das câmeras que a produção parece “pop demais”.

De fato, o clipe é super colorido e traz várias modelos ao redor do quarteto, mas a canção é tão gostosinha e grudenta que dificilmente parece algo fora do lugar. O The 1975 se permite brincar com o pop porque também o é, e poucas coisas são mais charmosas numa banda iniciante do que a auto-paródia.

22 de out. de 2013

Review: Masters of Sex, 01x04 – Thank You For Coming

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

É fácil pensar em “Thank You For Coming” como mais um passo de Masters of Sex no retrato da emancipação sexual feminina, datando lá atrás dos anos 50, num ambiente surpreendentemente retrógrado para um hospital conduzindo pesquisas acerca da sexualidade humana. Em parte, ele é, e talvez seja isso que faça do roteiro de Amy Lippman (In Therapy) e Dennis Kinski (The Big C) um trabalho de sutileza perfeito para os moldes da série, que ainda está testando seus terrenos, ainda que se saia sublimemente em todos eles. O grande tema dessa hora de televisão, no entanto, aparece só perto do final, quando a Estabrooks Masters de Ann Dowd descreve para sua nora Libby a mentalidade masculina: “Women look back, but men… they just look straight ahead”.

“Thank You For Coming” é realmente genial porque agarra pelos chifres o tema de Masters e vai procurar as origens das origens de seu surgimento na sociedade que a série retrata. O drama feminista que vem nos sendo transmitido nas últimas semanas ganha nova dimensão quando a série resolve parar por um minuto e observar o quanto a submissão feminina já trouxe de prejuizo aqueles mesmos que até hoje a defendem. A mãe do Dr. Masters (a personagem da maravilhosa Dowd, uma atriz que quem viu Compliance não conseguiu esquecer) observava passiva o marido abusivo marcar a vida de seus filhos para sempre com violência e severidade. Uma jovem paciente do protagonista sofre mais ou menos a mesma situação, e é obrigada a implorar ao Dr. Masters que realize uma cirurgia de esterilização após o parto do segundo filho, considerando a possibilidade de deixar o marido antes que a família se torne grande demais para isso.

Em meio a essa dicotomia entram em cena dois novos personagens que balançam o coreto temático: Vivian Scully (Rose McIver), filha do presidente do hospital, cai de amores pelo Dr. Haas e, além de dar ao personagem sua primeira sombra de trama interessante e contundente desde o primeiro episódio, está aqui para representar o ideal de submissão que domina a mente dos homens na época retratada – palmas para o roteiro, que se recusa a pender para o maniqueismo e coloca Vivian como uma personagem tão digna de simpatia quanto todas as mulheres modernas de Masters; e George Johnson (Mather Zickel) é o ex-marido de Virginia e pai de seus dois filhos, que acaba indo morar com a ex após ser expulso de seu apartamento – a presença carismática do ator é o veículo perfeito para demonstrar a fraqueza e a força da personagem de Lizzy Caplan, e é curioso observar como isso só a torna mais atraente aos olhos do Dr. Masters.

No balancear das contas, “Thank You For Coming” está aqui para dar a Masters a perspectiva ampla que o seu tema exige. A observação da mãe do Dr. Masters lá no primeiro parágrafo vem tanto para colocar a série como fundamentalmente um estudo da natureza humana dicotômica entre o feminino e o masculino, quanto para acenar para o fato de que Masters não se limita a mostras suas mulheres como heroínas oprimidas – elas também são vítimas e algozes de si mesmas. E não somos todos?

Observações adicionais:

- Rose McIver, a intérprete da jovem Vivian, é uma contradição: fez pontas em telefilmes estrelando Kevin Sorbo como Hércules e na série Xena, interpretou a irmã de Saoirse Ronan em Um Olhar do Paraíso e, ao mesmo tempo, foi a Power Ranger Amarela em uma das encarnações dos heróis japoneses. Nós, sinceramente, não sabemos o que pensar, mas não é que a moça tem uma presença no mínimo marcante?

- Michael Sheen faz seu melhor episódio até o momento, e isso não é pouco. Emmys (no plural, porque Masters acaba de ser renovada para segunda temporada) esperam o moço.

***** (4,5/5)

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Próximo Masters of Sex: 01x05 – Catherine (27/10)

Caio

21 de out. de 2013

O fim de uma era: Marc Jacobs deixa a Louis Vuitton definitivamente

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Depois de dezesseis anos no comando da Louis Vuitton, Marc Jacobs anunciou no começo desse mês que deixará o cargo de diretor criativo da maison para focar na label que segue seu nome. A notícia veio somente um dia antes do desfile de verão 2014 da grife em Paris, mas os rumores de sua saída não são de agora.

Fundada em 1854, a Louis Vuitton foi originalmente uma pequena loja de malas para viagem localizada em Paris, muito conhecida na cidade por fabricar maletas elegantes e extremamente modernas para seu tempo. Foi só em 1997, quando Marc Jacobs foi contratado, que a Louis Vuitton passou a ter sua própria coleção ready-to-wear e a ocupar um papel importantíssimo no mundo da moda. Ele foi o responsável por deixar o logo LV tatuado na nossa sociedade atual e por desenvolver a mulher única que a Louis Vuitton representa.

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Para sua última coleção, Marc Jacobs fez referência a inúmeros outros desfiles que desenvolveu para a grife, revivendo seus melhores momentos em comando dela. Como cenário, foi utilizado um relógio (o mesmo usado no inverno 2012), um carrossel (verão 2012), duas escadas rolantes (verão 2013) e elevadores de hotel (inverno 2011). Tanto o cenário quanto a paleta de cores foram limitados ao preto, o que aumentou involuntariamente o clima de despedida e nostalgia.

Exatamente às dez horas, o relógio começou a girar no sentido anti-horário e a modelo Edie Campbell caminhou pelo cenário com o logo de graffiti que Stephen Sprouse criou para a Louis Vuitton em 2000 pintado por todo seu corpo, simbolizando todas as conquistas que somente Marc conseguiu trazer para a Louis Vuitton.

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Com calças jeans, jaquetas de couro, vestidos transparentes e muito bordado, Marc Jacobs inspirou-se em artistas e figurantes para criar sua última coleção, adicionando cocares pretos na cabeça de todas as modelos. Todos os looks insinuavam o street style sofisticado, com direito até a jerseys feitas de moletom com pedrarias. Os saltos foram deixados de lado, dando lugar a botas pretas planas.

Foi a perfeita despedida. Marc Jacobs relembrou todas as conquistas que proporcionou à Louis Vuitton durante seu tempo como diretor criativo da grife, mas não deixou que a melancolia atrapalhasse o rumo que a marca ainda há de tomar. Quanto ao futuro da Louis Vuitton, alguns cogitam que Nicolas Ghesquière, antigo diretor criativo da Balenciaga, vá assumir o cargo, mas nada ainda foi confirmado.

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Rebecca Ferguson voltou para o segundo álbum com o belo clipe de “I Hope”

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por Caio Coletti

Freedom é o nome do segundo álbum da britânica Rebecca Ferguson, marcado para sair dia 02 de Dezembro, pouco menos de dois anos depois da gravação de estreia, Heaven, vender feito água no Reino Unido onde a moça se tornou conhecida ao ficar com o segundo lugar do X Factor 2010. “I Hope”, o primeiro single do novo disco, ganhou clipe hoje (21).

A canção tem sabor neosoul parecido com as gravações anteriores da cantora, levada por um gancho grudento e pela voz onipotente de Rebecca. Já o vídeo ganhou tratamento interessante, contando várias histórias paralelas que expandem o significado da letra da música, entremeadas por takes da cantora.

20 de out. de 2013

Gaga nos decepciona ( :c ) com a previsível “Do What U Want”

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por Caio Coletti

A nova música liberada do ARTPOP, próximo álbum de Lady Gaga, pode ser descrita com adjetivos como “gostosinha”, “bonitinha” e “dançante”. Digam o que quiserem da artista pop nova-iorquina, mas suas canções sempre estiveram, adjetivamente falando, no campo ou do “brilhante”, ou do “ultrajante”, dependendo da visão do autor. A gente até quer relevar, porque “Do What U Want”, em parceria com R. Kelly, é só um single promocional, e não deve gerar vídeo, mas a faixa está muito aquém do material apresentado até agora do ARTPOP.

A canção ensaia uma mistura interessante, embora não inédita: os sintetizadores e a estrutura crescente remetem ao new wave oitentista, enquanto a batida R&B e o feat completam a alquimia. A letra do refrão é mais bem sacada que 80% das músicas pop por aí, e Gaga assassina cada nota dos vocais. O problema é que nada disso surpreende ou passa perto daquela marca indelével que, nos melhores momentos, a cantora coloca em suas canções. “Do What U Want” poderia muito bem estar em um álbum de Jessie J, e embora isso não seja um insulto em termos de música pop, é um grave problema em termos de Lady Gaga.

Review: “Elysium”, ou sobre o ponto de vista no panorama do cinema

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É curioso observar o que aconteceu a Hollywood nessa última parte do século XXI. Ou talvez o processo tenha começado lá nos anos 70, com Francis Coppola vilanizando os personagens que usavam de poder e influência para controlar a vida daqueles que não estão em seu nível da cadeia alimentar capitalista (O Poderoso Chefão) e Martin Scorsese elegendo como protagonistas aqueles que agiam nas beiras das convenções sociais (Taxi Driver). Aos poucos, a indústria do cinema começou a fazer dinheiro do ideal de uma revolução, da fome por liberdade e da sordidez criada ou emanada pelos opressores. É preciso um equilíbrio delicado, ou uma situação muito extrema (vide Ensaio Sobre a Cegueira) para encontrar o ponto certo de mostrar que todos nós como seres humanos somos iguais, e não que nós (os oprimidos) somos simplesmentes melhores que eles.

Garantidamente, toda narrativa precisa de uma figura antagonista, mas não cabe generalizar os traços desse indivíduo cegado pelo poder (aqui, o papel cabe a uma maravilhosa Jodie Foster) a todos aqueles que representam a classe auto-nominada superior. Deveria ser uma regra que não precisasse ser verbalizada, mas aqui está: o próprio princípio de narrativa só funciona se a construção dela envolve uma compreensão ampla dos fatos retratados. Elevar a classe oprimida, seja ela fiel a nossa realidade ou fabulizada como em Elysium, e pintar com cores concretistas sua oposição a classe opressora faz a narrativa deixar de sê-la. Em suma, não se escreve um roteiro como se faz política. Se relativiza, não se maniqueiza as avessas.

Elysium escapa de manchar sua bem esmaltada composição com esse erro só por negligência. A trama compreende uma Terra futurista em que a sociedade está a beira do caos, e em que apenas os mais pobres da população permaneceram em superfície, enquanto os bem-afortunados ricos construíram uma fortaleza espacial que orbita o planeta, conhecida apropriadamente como Elysium. Nos enxutos 109 minutos do filme de Neill Blomkamp (Distrito 9), nós não conhecemos um único habitante de Elysium que se mostre algo além de mesquinho e egoísta, mas a verdade é que além da inescrupulosa secretária de segurança de Jodie Foster e do engomadinho empresário de William Fichtner, não conhecermos aprofundadamente nenhum outro habitante de lá. O Presidente Patel de Faran Tahir é o que mais chega perto disso, mas não dá pra concluir se ele é um burocrata confortável em seu posto ou tem realmente boas intenções – embora de qualquer forma não faça muito para concretizá-las.

Assim, por ser uma trama largamente contada sobre só uma perspectiva, Elysium passa quase ileso pelo crime de não relativizar sua história de revolução. Nosso protagonista é Max (Matt Damon), um trabalhador de fábrica na Terra que, depois de um acidente bizarro, é exposto a radiação e informado que tem apenas 5 dias de vida. Lá em cima, em Elysium, no entanto, ele sabe que a tecnologia de ponta das instalações médicas podem curá-lo – o aparelho milagroso retratado por Blomkamp é altamente improvável, mas vamos relevar isso pelo bem das convenções da ficção científica. Por isso ele procura Spider (Wagner Moura, yes!), que tem os meios para arranjar uma viagem clandestina para Elysium, mas primeiro quer que Max participe de uma missão arriscadíssima que inclui atracar ao seu corpo um aparato tecnológico que o torna mais forte, e também capaz de transferir informações direto do cérebro do alvo (o personagem de Fichtner) para o seu.

Adicione aí: a reaproximação entre Max e sua namoradinha de infância, Frey (Alice Braga) e sua filhinha que sofre de leucemia; e o mercenário impiedoso de Sharlto Copley, ator-fetiche de Blomkamp e protagonista de Distrito 9, emprestando seus fartos talentos para um personagem bem diferente aqui. O diretor conduz essa narrativa sem nunca perder o fio da meada e o centro emocional, incluindo flashbacks a infância de Max e uma bela relação entre o personagem e sua Terra natal. Elysium relaciona o orgulho de suas origens a uma força de caráter e de espírito que vive em Max grande parte graças a Matt Damon, numa interpretação bem diferente daquela oferecida na trilogia Bourne. Lá, era frieza e adrenalina alta; aqui, é vivacidade e perseverança que ele empresta ao personagem.

O restante do elenco se enfileira com outras ótimas interpretações: destaque para Moura, em estado de graça, dando visceralidade a um filme cujo visual e abordagem gritam por ela; e para Foster, que transborda as barreiras da forma como sua personagem foi escrita e realiza um retrato verdadeiramente intrigante, ainda mais por se fechar inconcluso, dela. Blomkamp sabe como poucos coordenar cenas de ação e suspense verdadeiramente desesperadoras e claustrofóbicas com uma jornada conceitual bem definida. Embora não tenha a inteligência de Distrito 9 ao aproximar vítima e algoz, e até fazê-los se encontrar no meio do caminho, Elysium ainda é a obra de um cineasta realmente engajado com suas histórias, e essa é uma preciosidade que Hollywood precisa cultivar.

**** (3,5/5)

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Elysium (EUA, 2013)
Direção e roteiro: Neill Blomkamp
Elenco: Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga, Diego Luna, Wagner Moura, William Fichtner
109 minutos

Caio