Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

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Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

30 de ago. de 2011

Homens, mulheres e bebês ou “o que NÃO aconteceu no VMA 2011?”

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Como se rouba a cena quando está todo mundo preparado demais para o seu esquema usual? Pelo que pode muito bem ser o terceiro ano seguido, Lady Gaga nos mostrou que o segredo é virar o jogo de cabeça pra baixo. Performance histórica em 2009, vestido de carne e mais diversos trajes bizarros/fabulosos em 2010, e agora o que ela nos faz? Aparece no palco, para abrir a premiação, vestida de homem, fumando um cigarro, e cantando com a voz puxada para o grave. Lady Gaga não foi ao VMA 2011. Quem esteve lá, em tempo integral, foi Jo Calderone, o alter-ego masculino da maior estrela do pop da atualidade, e qual não foi a surpresa quando, assim, de camiseta branca e sapato social, Jo se tornou a grande figura da noite? Katy Perry ficou apagada com suas trocas de roupas ao estilo “adorável”, entrevistas decoradas e piadinhas previsíveis. É, ela ganhou o prêmio maior da noite, e há de se reconhecer o mérito de Firework, o clipe, para vencer como Melhor Video do Ano. Mas, o show, mesmo, só ouviu ressoar quatro nomes: Gaga (ou Jo), Béyoncé, Adele e Amy Winehouse.

Justiça seja feita a quem merece, é claro. Bruno Mars brilhou também, montando mais um de seus divertidos shows naquele estilo que é só dele para homenagear Amy e entoar Valerie com muito mais propriedade do que o Twitter pode ter levado você a acreditar. Jessie J cantou para chamar os intervalos da premiação, ainda com a perna enfaixada, e ainda assim roubou algumas cenas, especialmente nas versões de Firework e Girls Just Wanna Have Fun. De novo, quem só ficou de olho nas reações a noite que iam sendo postadas no serviço de microblogs deve ter achado que o VMA 2011 não foi assim tão bom. Mas, hora de falar a verdade: em noites de premiação o Twitter é um lugar irritante pra se ficar. 80% das pessoas postando simplesmente não saem do senso comum (“Adele é gorda, Britney é sem talento, Gaga é doida, Miley é p*ta”, como bem me listou ironicamente um amigo, ao qual eu acrescentaria “Bruno é irritante, Demi engordou”), desperdiçando uma excelente oportunidade de expressar sua opinião de verdade, e não alguma piadinha de mau-gosto, num ambiente que te deixa livre para isso.

A própria Demi postou em seu Twitter, ligeiramente irritada, no fim da noite: “Advinhem? Estou saudável e feliz, e vocês me odiando por meu peso obviamente não estão. :)”. Mereceram. Mas alfinetadas virtuais a parte, falemos finalmente de quem roubou a cena de verdade nesse VMA. As dez da noite, de forma muito pontual, luzes apagadas e um holofote branco iluminando o palco. Surge-nos Jo Calderone, fumando e entregando um monólogo pra entrar pra história dos VMAs. Piano, “You and I”, dançarinos, malabarismos vocais, Brian May, uma performance completa. Só as reações de quem estava na platéia foram o bastante para garantir o entretenimento. Gaga entregou o inesperado mais uma vez, e destruiu qualquer possibilidade da noite ter algum outro candidato a destaque maior. Abrindo assim o VMA, cantando, performando e atuando como nunca, Gaga nos mostrou que, ao contrário do que muita gente já acredita, a arte da performance pop ainda tem muito para mostrar nas mãos de gente como ela. E poucas vezes tanto orgulho veio junto com as palmas dirigidas a ela.

Seria estrela solitária se não fosse por Beyoncé, Adele e, claro, Amy Winehouse. A primeira anunciou uma gravidez-surpresa, entregou uma performance recheada de classe e desempenho vocal absurdamente impressionante e ainda exibiu aquele sorriso adorável cujo efeito provocado no público é a prova de que Beyoncé já é um ícone. A segunda foi emoção pura, sem nem precisar surpreender na performance. Adele cantou “Someone Like You”, ao piano, no escuro, e houve tanta entrega, tanta excelência vocal em sua performance, que foi impossível até parar de olhá-la, linda como estava, para notar que a platéia guardou silêncio absoluto durante a performance, de pé e atentos a cada nota que vinha da cantora. E, por fim, Amy apareceu em imagens de arquivo, gravando o dueto com Tony Bennet, e foi impossível não sentir uma ponta de tristeza nessa grande lembrança de como sua voz era excepecionalmente comovente. E de como ela era uma pessoa adorável também, afinal. Guardou-se silêncio. E sepultou-se uma lenda.

Em meio a tanto show, tanta surpresa, os prêmios ficaram até em segundo plano. Mas, para quem quiser saber mesmo: Katy Perry ficou com Melhor Colaboração (E.T.) e Clipe do Ano (Firework); Gaga levou Video com Mensagem e Video Feminino, ambos por Born This Way; Nicki Minaj desbancou os garotos que dominavam a categoria Video de Hip-Hop com seu Superbass; Britney ficou como a homenageada da noite (numa apresentação meio singela demais, se você vier me perguntar) e levou também Video Pop por ‘Till The World Ends; e Justin Bieber fechou a lista com o prêmio de Video Masculino para U Smile.

Ademais, o show bom muito bom, obrigado. Mesmo que o Twitter possa te fazer ter pensado o contrário, mesmo que alguns conceitos e preconceitos tenham entrado no meio do caminho. E mesmo que a apresentação de Chris Brown tenha sido ridiulamente pautada por playback e um medley tosco dos anos 90. Nem me deixe começar a falar do quão ridículo foi Lil’ Wayne fechando a noite, aliás. Deixemos isso de lado. O que interessa é que se fez história pop, de novo. E mesmo que seja a única noite que a MTV americana ainda finja se importar com música, como disse Adam Levine (e ele tem um ponto, com a emissora investindo tanto em realities e tão pouco em música), ainda dá pra olhar para tudo isso e, depois de duas horas e pouco, dizer “que noite!”.

Alguns dos melhores momentos da noite:
Lady Gaga/Jo Calderone - You And I
Adele - Someone Like You
Beyoncé - Love on Top
Amy Winehouse Tribute/Bruno Mars – Valerie

PS: Mais alguém sentiu falta de Rihanna e Madonna? Nem dar as caras as duas deram…

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Porque quando ela sobe nesse palco, ela não reprime nada. Aquele holofote a segue para qualquer lugar que ela vá. Algumas vezes eu acho que a segue até em casa. Eu sei que a segue. Quando ela chega em casa, é como se ela cobrisse seu rosto porque ela não quer que eu veja que ela não pode aguentar um único momento honesto, mesmo enquanto não tem ninguém assistindo. Eu quero que ela seja real. Mas ela diz, ‘Jo, eu não sou real. Eu sou um teatro. E você e eu… nós somos só o ensaio’”

(Jo Calderone fala sobre Lady Gaga – é, é complexo)

27 de ago. de 2011

10 anos de Moulin Rouge (e 2 de Anagrama)

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27 de Agosto de 2001. No cinema brasileiro estreava um filme que, para além de simplesmente ter feito os musicais voltarem a moda em pleno século XXI, para além de ditar tendências e redefinir o ideal romântico do mundo todo, se destacava como uma obra personalíssima, capaz de comoção e expressão sem par na sétima arte moderna. Você pode negar muitas das qualidades de Moulin Rouge! – Amor em Vermelho, mas você simplesmente não pode deixar de admitir que se trata de uma daquelas experiências cinematográficas inesquecíveis. Você pode chamá-lo de um enorme videoclipe, e pode dizer que musicais destróem o ideal de realismo do cinema moderno. Você pode chamar o roteiro de ingênuo, maniqueísta, manipulador de emoções, piegas, brega. Você pode dizer que o estilo de Baz Luhrmann é dramatizado além do limite. Mas qual é a validade de termos críticos quando um filme é capaz de grudar no imaginário do mundo inteiro?

Satine é um ícone. Não tem como discutir isso. Da primeira aparição, cantando Diamonds Are a Girl’s Best Friend, até o final trágico que já não deve ser spoiler para ninguém, Nicole Kidman e Baz Luhrmann contróem juntos uma personagem para marcar todas as heroínas românticas e entrar ao lado da Rose Butaker de Kate Winslet para a galeria de personagens femininas mais marcantes dos últimos 15 anos. Nicole é uma atriz de sutilezas trazidas a flor da pele. É uma dessas intérpretes cuja própria presença traz ao filme o frescor, a originalidade e a transpiração de verdade que todo filme deve ter. Em todo o mundo de fantasia de Luhrmann, entre a inocência romântica de Ewan McGregor e a caricatura de Jim Broadbent (não me entendam mal, ambos estão brilhantes em seus papeis),  Kidman é a responsável por fazer de Moulin Rouge! uma história que, tão idealizada, ainda é capaz de emocionar de verdade.

Não se tire o mérito de Luhrmann, como muitas vezes é tirado, no entanto. O diretor é um maestro genial para todos os elementos da complexa equação que faz Moulin Rouge! funcionar tão bem. É notável como ele coordena figurino, cenografia, direção de arte, música, fotografia, edição, atores e coreografias num arranjo em que tudo faz sentido, colocado onde está. O argumento geral dos críticos contra Luhrmann é que o australiano é ambicioso demais. A minha resposta é simples: quando se tem talento o suficiente para lidar com a própria ambição… Luhrmann dá conta do que se propõe, e cria o que pode muito bem ser o filme mais inesquecível da nossa década. Porque, enquanto Hollywood aos poucos cansava seu público com a grandiosidade dos efeitos e da ação, esse musical nos lembra que existe outro tipo de tamanho, que é muito mais documento quando o assunto é cinema. Moulin Rouge é grandioso, sim, e não se desculpa por ser. Mas o é em emoção.

Nota: 10,0

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Corta para 27 de Agosto de 2009. Oito anos depois de Mr. Luhrmann lançar sua obra maior nos cinemas brasileiros, esse pobre mortal, cuja paixão por cinema em grande parte foi incentivada por Moulin Rouge!, juntava tudo o que lhe interessava em um espaço só. O Anagrama nascia. É com muito orgulho que eu comemoro hoje os dois anos do blog. Ele passou por uma reinvenção no comecinho de 2010, e a bem da verdade continua passando, continuamente, até hoje. Porque a vida é assim. A gente cai e se levanta, se inventa e se reinventa. É novo e se renova. Sempre.

Eu quero agradecer todo mundo que fez parte desses dois anos. Contribuindo, comentando, lendo. Nesses dois anos em que tanta coisa mudou comigo e com o mundo a minha volta, estar aqui sempre foi um conforto e um porto-seguro. Eu espero, sinceramente, que sejam os primeiros dois anos de uma história muito mais longa. E sigamos adiante, assim, nessa última nota, falando de cinema, de música, de moda. Escrevendo, opinando… na eterna busca por decifrar essa jornada para sempre indecifrável que é a vida. E a arte, é claro. Não são ambas a mesma coisa?

“’Cause I know it’s going to hurt. I’m going out!” (Florence Welch em “Hurricane Drunk”)

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Moulin Rouge! – Amor em Vermelho (Moulin Rouge!, EUA/Austrália, 2001)

Dirigido por Baz Luhrmann…

Escrito por Baz Luhrmann, Craig Pierce…

Estrelando Nicole Kidman, Ewan McGregor, Jim Broadbent, John Leguinzamo, Richard Roxburgh, Jacek Koman…

127 minutos

25 de ago. de 2011

Cameron Diaz, Bad Teacher e o reinado do politicamente incorreto.

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por Caio Coletti

O título em português, para não perder o costume, é um desastre. O diretor Jake Kasdan pode nem ter visto o seu Bad Teacher se tornar Professora Sem Classe em terras brasileiras, mas não o julgue menos esperto por isso. Pelo contrário, aliás. Ainda que não seja a comédia mais hilariante do ano, a obra do mesmo cara que dirigiu A Vida é Dura e já havia mexido com o universo escolar no hoje pouco lembrado Orange County tem seus bons momentos cômicos e, acima de tudo, é um filme que tem muito a ver com o seu tempo. O que eu quero dizer é: pense nos últimos grandes atos cômicos americanos. Eu posso apostar meu próximo boletim escolar que a primeira coisa que veio a sua cabeça foi Se Beber Não Case. Ou, no máximo, Ligeiramente Grávidos. O primeiro é a história de um grupo de caras que tenta encontrar um deles após a mais louca noitada em Las Vegas. Um detalhe: o membro perdido da trupe está prestes a se casar. O segundo, bom, é sobre um marmanjo engravidando sua namorada acidentalmente.

Não é preciso nem ir tão longe. Aqui mesmo, no Brasil, os grandes nomes do humor estão passo a passo ficando associados aquela graça ácida, sem limites ou julgamentos, que mexe com todo o tipo de convenção e senso comum com o mesmo espírito subversivo. Três exemplos claros são Rafinha Bastos, Danilo Gentili e Marcelo Adnet. Há de se notar, aliás, o trio de nomes mais popular no humor brasileiro hoje. Em tempos que os ditadores do politicamente correto se manifestam com a mesma altura de voz daqueles que simplesmente defendem que a correção política é o mal da sociedade contemporânea, a verdade é que toda essa conversa é inutilizada pela própria arte cômica atual: estamos vivendo, obviamente, o reinado do politicamente incorreto.

Opiniões pessoais a parte (para mim, registre-se, é claro que correção política só é mandatória mesmo quando o assunto é a política em si), Bad Teacher é um filme tão ajustado a seu tempo que, às vezes, até perde um pouco da graça. Se Beber Não Case tinha o senso de aventura e caos que acompanhava a enorme ressaca pela qual os personagens passavam. Ligeiramente Grávidos se aproveitou muito da graça singela de Seth Rogen e do pendor emocional do diretor Judd Apatow. Qual é o diferencial, afinal, que poderia fazer de Bad Teacher uma obra para ser lembrada daqui a uns anos, como essas são até hoje? Nada demais. O filme carece de um elemento-surpresa. O roteiro da dupla que é responsável pela versão americana do seriado The Office (Gene Stupnitsky e Lee Eisenberg) guarda algumas cartas na manga, mas nenhuma inovação dinâmica na narrativa. O diretor Kasdan impõe ritmo e ambientação competentes, mas é só.

A grande arma de Bad Teacher para conquistar seu público (o que o filme com certeza faz) acaba sendo, previsivelmente, Cameron Diaz. Vai me dizer que você, caro leitor, sabia que a dançarina sexy de O Máskara, a rouba-cenas de O Casamento do Meu Melhor Amigo, o objeto de desejo de todo o elenco de Quem Vai Ficar Com Mary? ou a belezinha dançante de As Panteras era uma atriz capaz de segurar um filme praticamente sozinha? Não que ela permaneça solitária em cena e, para fazer justiça, o trabalho de Phyllis Smith como a colega professora de Cameron é algo de brilhante. Mas é tão surpreendente o carisma e a vitalidade que a ex-modelo californiana traz para sua atuação como a incorretíssima professora Elizabeth Halsey que fica difícil não reconhecer o lado bom dessa protagonista, e mais difícil ainda não gostar do filme quando os créditos sobem.

Em curtos 92 minutos, Elizabeth negligencia alunos, rouba o namorado de uma de suas colegas, desvia dinheiro que deveria ser para uma viajem escolar, usa drogas e faz muito mais, tudo para conseguir um implante de silicone e um namorado rico. Soa mal, eu sei. Mas ela também é humana. E, bom, essa é a heroína do século XXI, meus queridos. Eu duvido que alguém seja capaz de torcer contra ela.

Nota: 7,5

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Professora Sem Classe (Bad Teacher, EUA, 2011)

Dirigido por Jake Kasdan…

Escrito por Gene Stupnitsky, Lee Eisenberg…

Estrelando Cameron Diaz, Lucy Punch, Jason Segel, Justin Timberlake, Phyllis Smith, John Michael Higgins…

92 minutos

23 de ago. de 2011

Rubens Rodrigues #1 – TV| A filosofia do Vale Tudo.

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Por mais cruel, inacreditável e relevante que a realidade seja, são as perguntas derivadas da ficção que mais geram discussões na sociedade. E não adianta dizer que a arte imita a vida, ou o reverso. O Cinema e a TV traçaram um perfil tão interessante da ficção que os roteiros que vemos na tela representam as vidas que escolhemos acompanhar. Afinal, quem matou Norma? Quem matou Odete Roitman?

A telenovela, gênero de ficção que reina no Brasil há mais de meio século, não é sobre casais apaixonados e o karma dos vilões que decidem separá-los. Por mais que o nome sugira romance, o buraco é mais em baixo. Do exemplo mais recente, o pontapé inicial do enredo de Insensato Coração foi dado a partir da música “Que país é esse?”, do Legião Urbana. A novela contou a história de Norma, uma técnica de enfermagem que foi enganada pelo namorado e acabou sendo presa por um crime que ele cometeu. A personagem descobre que o estelionatário Léo cometeu outros crimes, reúne as provas, e decide encontrar o rapaz para fazê-lo pagar por tudo que a fez passar. Resumindo, a novela era sobre vingança.

O autor Gilberto Braga é conhecido por expor até onde as pessoas vão para alcançar seus objetivos não lisonjeiros, deixando ética e moral de lado, passando por cima até dos próprios familiares (oi, Maria de Fátima?). Assim como Vale Tudo, o mais famoso folhetim do autor, Insensato também abordou a falta de honestidade e a corrupção, mas a última novela abriu discussão para uma pergunta difícil de responder. Norma se aproveitou de várias pessoas, matou outras e se tornou poderosa o suficiente para fazer Léo pagar por seus crimes. E aí, a ex-técnica de enfermagem é vítima ou criminosa?

A personagem despertou a simpatia do público justamente pela humanidade que havia nela. Quem nunca teve vontade de fazer justiça com as próprias mãos? Ora, a diferença entre a ficção e a vida real é justamente o limite da ação humana. Em Vale Tudo o autor levantou a seguinte questão: Até onde vale a pena ser honesto no Brasil? A música de abertura clamava “Brasil, mostra a tua cara!”, enquanto um mosaico montava a bandeira do país. Logo lembro que, certa vez, o ex-presidente Lula disse que assistir novela “é um processo de degradação da família brasileira”. Vê a ironia? Acabamos voltando para a máxima que diz que a arte imita a vida.

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As coisas mudaram. Eu aprendi a beça lá dentro. Conheci gente que não prestava, li muito. Não sou mais aquela imbecil que ele enganou, não. Por mais esperto que ele seja, um dia desses ele cai do cavalo, faz uma besteira e aí vai me pagar por cada dia, cada minuto que eu passei naquela cadeia, onde ele é que devia estar!”

- Norma (Glória Pires), ao ser libertada da prisão.

20 de ago. de 2011

Fabio Christofoli #1 – Uma chance ao talento, por favor.

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Anos atrás, quando ainda era um adolescente, Sandy declarou que era virgem. E mais, falou que só deixaria de ser quando encontrasse alguém especial. A entrevista repercutiu, e muita (mas coloca MUITA aí no seu pensamento) gente começou a julgá-la por isso.

Sem sal, infantil, recatada, certinha, chata, frígida, falsa, boca aberta, tediosa...

Enfim, mil adjetivos foram usados para rotular Sandy. Adjetivos quase sempre colocados em um contexto negativo. Como se ela tivesse cometido um crime por ser virgem. O que basicamente formava uma contradição, já que nossa sociedade de um modo geral sempre pregou a moral e os bons costumes (aham, sei), mas agora torcia para uma garota deslizar a qualquer momento, fazer algo errado a todo custo, porque aquela convicção dela estava incomodando demais as pessoas.

Durante anos esses rótulos perseguiram a Sandy, e até refletiram na sua carreira e no reconhecimento do seu talento. Em quase todas entrevistas, o entrevistador tentava tirar alguma declaração, algum palavrão ou algum fato da boca de Sandy. Nada saia, pois ela era educada. E isso de certa forma ofendia mais a sociedade.

Eu admito que não sou fã do estilo dela, mas seria ridículo não reconhecer que ela tem algum talento. Mas isso sempre ficou em segundo plano, pra maioria das pessoas Sandy era uma chata e ponto. A expectativa era de que ela errasse, que proporcionasse ao público uma chance para julgá-la. De longe, eu achava isso cruel. Sempre achei. Sempre acreditei que um artista, antes de tudo, faz arte. E é isso que importa. Nunca admirei o Oasis pelas polêmicas brigas dos irmãos Gallagher ou Van Gogh por ter cortado a orelha. Eu admiro a arte, a criação, e isso deveria importar. Mas não importa tanto... Infelizmente as pessoas estão cada vez mais ignorando isso e valorizando coisas banais. Vi pessoas comemorando cada tropeço da Amy Winehouse, esquecendo o gênio que ela era. Sandy não é um gênio, mas tem algo pra mostrar, quer ser ouvida. Precisa da chance que muitos negaram, por causa de um preconceito bobo gerado por uma escolha pessoal que ela fez.

Notoriamente ela está tentando se livrar dessa imagem de garotinha pura que a seguiu durante mais de 10 anos. Primeiro ela fez aquele comercial da Devassa, depois deu algumas declarações polêmicas (ou tentou dar). Achei meio forçado, mas entendi o lado dela. No entanto, um fato pode mudar tudo: a sua recente entrevista à Playboy. Não me refiro à polêmica declaração da capa. Esqueçam isso. Dentro da revista, há uma entrevista madura, franca, que expõe uma Sandy mulher, que fala abertamente sobre sexo. Discordei de muitas coisas que ela falou (uma tendência machista na entrevista), mas admirei o fato dela falar. Infelizmente isso foi necessário, para que o fardo do passado fosse deixado para trás.

Agora fica a pergunta: o que acontecerá? O rótulo de certinha vai ser sepultado e darão uma chance para a cantora Sandy? A situação irá se inverter e agora vão julgá-la pelas declarações polêmicas? Os céticos irão dizer que ela continua chata e que a entrevista foi forçada?

Sei lá, nem quero saber. Não me importo. Gostaria que o público também não se importasse, que desse uma chance ao talento, ao que o artista tem a dizer. Se isso fosse levado em conta, certamente não teríamos que agüentar tantas porcarias que tocam no rádio hoje em dia.

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Playboy - Dizem que as mulheres não gostam de sexo anal. Você concorda com isso?

Sandy - Então... não tem como não responder isso sem entrar numa questão pessoal. Mas, falando de uma forma geral, eu acho que é possível ter prazer anal, sim, porque é fisiológico. Não é todo mundo. Deve ser a minoria que gosta.”

(O comentário polêmico na íntegra)

18 de ago. de 2011

iJunior #1 – Felicidade sabor meio-amargo

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Estive pensando a respeito da procura que as pessoas levam pela felicidade, e através de uma pequena reflexão tomei por mim que a felicidade poderia ser comparada a um simples chocolate.

É normal ver pessoas se lamentando por estarem solitárias, carentes, ou sobre qualquer outro motivo que as faça acreditar que a felicidade não está com elas naquele momento. Mas, afinal, o que é a felicidade? Algo que todos desejam de forma intensa e como se fosse essencial; algo que faz pés saírem do chão e provoca quedas bruscas com seu fim; talvez o bem maior e mais valioso que alguém possa querer. Isso ao mesmo tempo em que muitas pessoas simplesmente não acreditam que ela possa existir, e que é apenas uma ilusão de algo do que corremos atrás a vida toda. Mas se pararmos para notar, a felicidade é algo momentâneo, que pode acontecer de momento em momento, mas nunca é plena, nunca é intensa o suficiente, nunca é completa. É como deliciar uma barra de chocolate, bloco por bloco, sem ao menos parar para pensar no momento ao qual irá acabar. Comemos um chocolate, curtindo segundo a segundo, e quando ele acaba, estamos apenas sem, mas isso não é motivo para drama algum, simplesmente acabou.

Mas o que é alguém sem felicidade? Uma alma vazia? Destruída? É assim que muitos se sentem. Ao invés de ir procurar a felicidade, muitos apenas param e esperam pela mesma, coisa que não fariam se a vontade fosse de comer um doce.

A dependência por chocolate e o vazio que é preenchido com seu consumo o torna um ícone exemplar sobre o que queremos quando nos referimos a respeito da felicidade. Esse sentimento da vitalidade, força pra viver. Mas que não mata se não existir.

O gostinho da felicidade é bem maior após a dor, bem maior com o sofrimento, com a luta. Felicidade pura, assim como chocolate, enjoa, cansa, perde seu valor. Mas pensando bem, a felicidade nunca é suficiente, o mais feliz sempre procurará por algo maior, ou seja, uma eterna busca pelo sabor perfeito.

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“Happiness, more or less/ It’s just a change in me, something in my liberty/ Happiness, coming and going/ I watch you look at me, watch my fever growing/ I know just where I am”

(The Verve em “Lucky Man”)

16 de ago. de 2011

Sobre… – Dos pôneis aos cutelos

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Desde o advento dessa ferramenta indispensável que é o Twitter, é muito mais fácil observar o quanto a diversidade de visões e opiniões ao redor do mundo pode criar uma polêmica a partir de, virtualmente, qualquer coisa. Em tempos que ser “politicamente correto” é um conceito que se espalhou para áreas nas quais não deveria ter fincado raízes (ainda que nenhum momento seja ruim para lembrar da elegância necessária a uma discussão), a própria menção do nome da rede de microblogs é motivo de rixas. Há quem o considere um instrumento da democracia e da mais pura liberdade de expressão, e há quem replique dizendo que se faz barulho demais por nada. A bem da verdade, como qualquer outra, o Twitter é uma ferramenta que pode ser usada tanto como uma forma de abrir a própria mente quanto como uma maneira de definitivamente estreitá-la nos eternos “sua opinião não vale nada”. Como se a de quem profere tal coisa valesse mais, e como se o outro não tivesse tanto direito quanto ele de expressar sua visão.

Enfim, discussões sociais a parte, eu queria chegar mesmo a na recente mania que se tornou o comercial da Nissan na qual são apresentadas as mezzo-fofas, mezzo-sinistras figuras dos “Pôneis Malditos”. O golpe publicitário da marca é impecável. Mirando na Internet e na sua capacidade de espalhar tudo aquilo que se torna simbólico de alguma forma, a Nissan conseguiu notoriedade nacional, e não deve nem estar se lamentando muito pela decisão do CONAR, o órgão que fiscaliza a atividade publicitária no Brasil, em proibir a veiculação do comercial na TV aberta. O bater do martelo só deu mais notoriedade ao vídeo, cuja principal forma de propagação havia sido mesmo online, um meio que órgão nenhum é capaz de controlar. Acontece que a discussão levantada em torno do contexto agora é outra: aprovada sob a justificativa de que a desvirtuação de figuras consideradas “fofinhas” pelas crianças seria prejudicial a instituição da infância, a medida de veto ao comercial ascende a discussão sobre a influência da propaganda, e da mídia em geral, sobre os valores contemporâneos.

Três casos recentes servem de objeto de estudo nesse sentido. No primeiro, um garoto alemão de 11 anos que chamou a polícia ao receber de sua mãe a ordem de recolher as coisas e arrumar seu quarto, e a denunciou por “trabalhos forçados”. O caso chega a ficar engraçado quando colocamos ao lado desse outro, uma garota de 10 anos que foi hospitalizada em coma alcoólico no interior de São Paulo. Segundo a mãe, a menina havia dito que estava saindo para brincar, mas na verdade foi a casa de um amigo, onde consumiu vinho e cachaça até ser levada ao hospital por um rapaz que se apresentou como seu primo. São duas notícias que tocam um pouco no território do "absurdo” ou do “inimaginável” até mesmo para quem teve sua infância nos últimos pares de anos do século passado, como este que vos fala. E é a evidência de que há algo errado, sim, na forma como esse novo tempo está moldando a juventude. Mas, veja bem, apontamos o dedo para o lado errado. Falo por mim. A exposição a filmes e video-games violentos e a músicas de conteúdo chamado ou subversivo ou inapropriado, nada disso me fez um jovem violento ou prematuro.

O terceiro caso em questão faz pensar no mesmo sentido. Jeremiah Lee Wright é um americano de 30 anos, o que significa que viveu na infância e adolescência a cultura dos anos 1980, quando os filmes de John Hughes mantinham o santuário da juventude intacto sem abrir mão da qualidade cinematográfica. E, ainda assim, no último dia 15 (segunda-feira), Jeremiah foi preso na Louisiana por decapitar o próprio filho, Jori, garoto de 07 anos, cadeirante e vítima de paralisia cerebral. Tudo bem que a jogada viral do vídeo dos pôneis aplica um sustinho, mas chega a ser ridículo pensar que a “desvirtuação de uma figura fofinha” na infância leve a um ato como esse.

Mas enfim. A polêmica passou, a Nissan saiu da lista dos tópicos mais falados do Twitter, e todo mundo voltou a assistir A Fazenda. Mesmo porque não dá pra passar sem saber se a Bruna Surfistinha vai sair essa semana ou não. A cultura da ignorância, placidamente assentada em seu trono, agradece.

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“Para o bem ou para o mal, suas palavras são sua propaganda. Todas as vezes que você abre a boca, você revela o que existe em sua mente”

(Bruce Barton)

14 de ago. de 2011

O Anagrama pensando por si mesmo.

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E, quando se está no embalo, pra quê parar em uma só novidade? A primeira semana de moda n’O Anagrama foi incrível e bem-sucedida. O número de acessos no site bateu recorde. Agora é a hora de continuar renovando o espaço por aqui, com uma nova semana temática. E de novo o blog vai ganhar novos colaboradores. Mas vamos ao que importa primeiro. Nem só de arte, estilo e ficção vive o homem. O mundo que nos cerca acontece em velocidade impressionante e, na era digital, é mais do que nossa obrigação ter uma cabeça formada sobre tudo o que surge de novo. Ou melhor, a obrigação é mesmo não ter uma cabeça formada. Século XXI, a grande virtude do homem moderno talvez seja (ou deva ser, pelo menos) a mente aberta a novas experiências, a capacidade de buscar e absorver opiniões diferentes e sair-se com um ponto de vista amplo, compreensivo, sem se fechar a um único lado, uma única visão.

Então, com o obejtivo de dispor para o leitor de mais uma fonte para buscar visões diferentes, O Anagrama inaugura sua primeira Semana de Opinião. São três artigos assinados por três escritores (incluindo um por esse escriba que vos fala) sobre os acontecimentos, temas e polêmicas que você vai se deparar por aí, navegando na Internet ou conversando com os amigos. Ninguém aqui quer formar a opinião de ninguém, senão expor a sua própria. Julgar, avaliar, absorver e filtrar tudo o que ler, é função toda sua, leitor. Dito isso, ainda essa semana vocês vão ver os primeiros artigos dos dois novos colaboradores d’O Anagrama. São eles:

- iJunior: Nos meus anos de Internet eu fiz muitos colegas, conheci muita gente legal. Mas, em uma excelente reflexão do mundo real, poucos são os amigos de verdade que você encontra por aqui. O Júnior é um desses, e um dos melhores. 17 anos, paulistano e little monster. Confiem em mim quando eu digo que ele tem muito a acrescentar ao blog. Twitter: @iJuunior.

- Fábio Christofoli: Publicitário em formação, fã de Julieta Venegas, KT Tunstall, Tupac e música boa em geral. O Fábio é de Porto Alegre e a ideia de convidá-lo veio de uma parceria longa que O Anagrama tem com o indicadíssimo O Clube do Camaleão, blog dele. O estilo é descomplicado, mas sabe dar opinião forte sem se meter na visão dos outros. Qualidade rara. Twitter: @fabio2c.

A Semana de Opinião estreia amanhã, com artigo meu. Espero que vocês recebam esse novo tema com a mesma empolgação que os colunistas de moda sentiram. É muito bom saber que essa nossa pequena reinvenção do blog está dando tão certo, especialmente quando o aniversário de dois anos d’O Anagrama está tão perto. Estava mesmo na hora dele começar a pensar por si mesmo.

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Coloque a razão firme em seu assento, e chame ao seu tribunal todos os fatos, todas as opiniões. Questione com ousadia até a existência de um Deus; porque, se há algum, ele deve aprovar mais a dedicação a razão do que o medo vendado”

(Thomas Jefferson)

12 de ago. de 2011

Bebé Ribeiro #1 – Jeans: muito amor

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Nunca tive uma relação muito amorosa com o jeans, ainda mais as calças. Por ter pernas grossas a lá Beyoncé , sempre foi complicado achar algum modelo que acabasse ficando legal no meu corpo, já que o dilema era o de sempre: número maior, serve na coxa, porém no quadril fica largo, número menor aperta ESTRONDOSAMENTE minhas pernocas e fica perfeita no derriére. Enfim, sempre acabava tendo mais leggings, saias e vestidos do que calças jeans no meu closet e isso deixava meu pai extremamente furioso, já que ele é um Jeans Maniac. Até hoje, TODA vez que vamos às compras juntos, ele sempre me obriga a ir primeiro na seção das calças para depois poder babar à vontade nos vestidos rodados cheios de meiguice e fofura.

O fato é que estou começando a ficar miguxa do tecido, ainda mais que agora estão chegando várias opções de modelos e estilos. Sou do tipo de pessoa que a cada dia se vê de um jeito, estilo, uma mostra de arte. Na segunda estou vintage, na terça boho chic, na quarta girly, na quinta rocker, na sexta casual chic, no sábado e no domingo misturança de estilos e conceitos total! E o jeans está cada vez mais assim, possibilitando que você seja quem você quiser, de uma maneira confortável, quase sempre acessível e prática.

Desde que ganhou as telinhas do cinema na década de 50, ele não saiu mais das cenas. E foi bem nesse período que a calça cropped, mais conhecida no Brasil como Cigarette, foi criada. Esse modelo volta com toda a força possível nessa temporada, ainda mais porque a maioria das brasileiras o ama, já que é um modelo feminino e sexy. Outro modelito que invade nossos olhares é a flare, que possui a perna ampla na medida, bem mais elegante que a velha boca de sino. Nas lavagens, mais inovações. Sarjas coloridas ao blue jeans, sem falar no delavê, aquele jeans quase branco, que aparece como um dos personagens principais dessa temporada.

Para não cair na mesmice, a dica é misturar, misturar, misturar e cansar de misturar diferentes tons e se esbaldar de acessórios de apelo retrô. Vale tudo: camisas, macacões, jaquetas, saias, vestidos, shorts etc. Invista no jeans sem medo e saia por aí arrasando com a peça mais amada do mundo.

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Blog - My Petit Closet

Eu já disse várias vezes que queria ter inventado o jeans: são os mais espetaculares, os mais práticos, os mais relaxados, os mais displicentemente bonitos. Eles têm expressão, modéstia, sex appeal, simplicidade – tudo o que eu espero alcançar nas minhas roupas”

(Yves Saint-Laurent)

11 de ago. de 2011

Wild Fashion #4 – Coque-rosquinha

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Olá, meus amores! Hoje vou ensinar vocês a fazer um penteado MEGA CORINGA. E sei que nós mulheres amamos isso. O coque rosquinha já está fazendo a cabeça das mulheres, literalmente, e é super simples de fazer (fiquei até boba quando aprendi). Além de que ele pode deixar um ar super delicado a um vestido tomara que caia, ou deixar um look street super glam.

Aí vamos nós, passo a passo:

1. Vocês vão precisar de tesoura, dois elastiquinhos de cabelo (bons, ok? não valem os frouxos), grampos e uma meia de cano longo (velha mesmo).

2. Peguem a meia e enrolem ela em forma de rosquinha. Quem tem muito cabelo pode fazer ela BEM gordinha, e quem tem pouco ou cabelo mais fino faça ela mais fininha.

3. Quando terminar de enrolar corte a pontinha da meia, aquela parte onde iriam os dedos, sabe?

4. Isso vai deixar a meia enrolada em um formato de rosquinha, com um furo no meio.

5. Depois faça um rabo de cavalo alto e bem firme, caso o rabo fique baixo ou muito frouxo o penteado não terá firmeza.

6. Passe a rosquinha no meio do rabo de cavalo.

7. Abaixe bem a cabeça e espalhe o cabelo pela rosquinha, cobrindo ela inteira. Depois disso é só prender os fios que a cobrem com o elástico de cabelo. Pegue as mechas que sobraram e passem em volta do coque e prenda com grampos.

PRONTO, seu coque rosquinha está pronto pra arrasar em qualquer ocasião. Uma dica legal é fazer uma trancinha com as mechas que sobrarem e depois passá-las em volta do coque, ou também fazer a técnica de podrinho com elas (quem quiser saber como é me mande um e-mail no gabis_maganotto@hotmail.com).

É isso, amores. Espero que tenham amado. Um beijo e vejo vocês em breve.

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Tumblr - Nem Mais um Segundo

O cabelo traz a auto-imagem de uma pessoa em foco. É a prova terrena da vaidade. O cabelo é terrivelmente pessoal, uma teia de conceitos e preconceitos misteriosos”

(Shana Alexander, jornalista americano)

9 de ago. de 2011

GuiAndroid #1 – A moda é só expressão do momento…

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Daqui a trinta anos vamos olhar para trás e rir do que nós usávamos, rir daquilo que hoje considerávamos chique, alta costura, vamos rir de peças de nossos guarda-roupas que juramos que jamais sairia de moda.

E como dizia o nome supremo do mundo da moda Coco Chanel, "A moda sai de moda, o estilo jamais" por mais clichê que pareça citar Coco em um artigo sobre moda e estilo, devemos nos lembrar que devemos a ela o que somos e vestimos hoje, as mulheres inclusive devem o fato de  poderem usar calças a ela.

E se o estilo nunca sai de moda como provar isso hoje? O vintage é a grande prova disso, o grunge, folk, hippie, rocker, ladylike entre muitos outros... Os amantes dos anos 60, 70 e 80 estão mais felizes que nunca pois a moda de hoje praticamente se inspira nessas décadas respectivamente. Bandanas, head bands, Ray Bans wayfarer e clubmasters, a eternizada camiseta de marinheiro hoje mais presente que nunca, sapatos oxford e estampas florais, são nossas mais próximas referências e provas de que o estilo realmente jamais sai de moda, pois grande parte dessas peças surgiram nos anos 60,70, 80 ou até mesmo bem antes.

E Chanel mais uma vez estava certa. Estilo não segue padrões, não difere se você é gordo, magro, alto, baixo, branco ou negro. A partir do momento em que você encontra em si mesmo o seu vestir não irão surgir pessoas que lhe criticaram, pois o estilo sempre combina com a pessoa e essa é a melhor e única combinação na qual é quase impossível se errar. Então depois de trinta, quarenta, cinquenta anos você vai abrir seu guarda roupas e encontrar aquele tênis Adidas, aquela Jaqueta Aviador Zara ou aquele Vans com estampa Hermés e não vai rir, vai querer usar pois vai saber que o que importa é o ''se sentir bem'' o vestir aquilo que te faz querer mostrar para o mundo que você é diferente, único.

Gosto de dizer que a moda é só a expressão do momento, mas o estilo é uma identidade eterna.

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Tumblr - GuiAndroid Fashion World

Moda não é algo que exista apenas nos vestidos. Moda está no céu, nas ruas, e tem a ver com ideias, com a forma que vivemos, com o que está acontecendo”

(Gabrielle Bonheur “Coco” Chanel, pioneira da moda francesa)

Nota: É, eu sei que eu prometi a coluna da Gabis primeiro. E esse era mesmo o plano. Acontece que ela não teve tempo hábil pra preparar o texto pra vocês. A Gabis está com conjuntivite, mas comparece aqui na Quinta-Feira. Melhoras pra ela! xD

8 de ago. de 2011

O Anagrama agora é fashion.

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Quem aí pode dizer que não é, decididamente não é, um/a fashion victim? Essa mescla fascinante de expressão artística com definição de tendências cotidianas, essa forma brilhante de expressar a própria personalidade através do que vestimos e, talvez ainda mais importante, como vestimos. Eu não vou dizer que a moda sempre me fascinou, ou então não estaria passando a bola dessa parte do blog pra outras três pessoas, mas é fato consumado que, agora que entendo melhor e tento estar razoavelmente por dentro do que está acontecendo nesse mundo, a moda não é algo de que se possa fugir. E, sinceramente, quem iria querer fugir dela, quando se olha bem de perto? Fazer moda, seguir moda, observar a moda, é se inserir no mundo em que vivemos e, aos poucos, encontrar o seu lugar aqui (ou fora daqui, porque não?). Todos somos arte, e nossa personalidade é a obra-prima. A moda está aí pra nos ajudar a pendurá-la da melhor maneira na parede. Ou, melhor ainda, nos cabides.

Enrolação a parte, vamos ao que interessa. Esse post é o que abre, oficialmente, a primeira semana de moda d’O Anagrama. A ideia começou, é claro com as publicações da Gabis Paganotto, a coluna Wild Fashion, e amanhã mesmo vocês todos terão o sabor do quarto texto dela aqui para o blog. Mas o crescimento dessa coluna para toda uma semana dedicada ao assunto é parte da discreta revolução que eu venho tentando fazer aqui no blog. Sem estragar nenhuma surpresa, pode ser que a semana que vem aguarde outro tema novo, e as semanas já estabelecidas vão sofrer uma pequena mudança de estrutura. Com O Anagrama as vésperas de completar 2 anos, chegou a hora de renovar sua estrutura mais uma vez. E, claro, essa primeira expansão exigiu a chegada de mais dois colaboradores ao blog. Quero agradecer a ambos por aceitarem o convite e me deixarem reunir aqui as três pessoas mais qualificadas pra falar do assunto que eu conheço.

Portanto, além do novo texto da Gabis, essa semana vocês vão conhecer:

- GuiAndroid: O Gui tem 15 anos e é de Campinas, aqui em São Paulo. É o segundo fã da Miley Cyrus a entrar pro time de colaboradores do blog, dá pra ter uma ideia do quanto ele entende do assunto nesse tumblr que ele abriu recentemente pra falar de moda. Mas ele também escreve reflexão e fala de música com muita propriedade. Twitter: @GuiAndroid.

- Isabella Ribeiro: Um metro e setenta de puro perigo. A Isabella é daqui de Itatiba, uma daquelas pessoas que definitivamente entrariam pra lista de quem vale a pena conhecer. Dançarina, futura atriz da Broadway, autora do blog My Petit Closet e amante secreta do Adam Levine, vocalista do Maroon 5, que na verdade escreveu o Songs About Jane pra ela. Twitter: @isabellices.

Amanhã mesmo a primeira Semana de Moda d’O Anagrama estreia com o novo texto da Gabis, e ainda essa semana vocês vão ter o gostinho de descobrir quem são e como escrevem esses dois colaboradores novos. Inovação, como bem nos ensinaram as passarelas, é muito fashion.

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“…J’adore Vivienne, habillez-mois/ Gucci, Fendi, et Prada/ Valentino, Armani too/ Merde! I love tem Jimmy Choo’s…

Fashion! Put it all on me/ Don’t you wanna see these clothes on me?/ Fashion! Put it all on me/ I am anyone you want me to be…”

(Lady Gaga em “Fashion”)

5 de ago. de 2011

Um e dois, por Caio Coletti

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A cidade se estendia a frente dele. Do topo da colina, ele não podia dizer nada, para que o encanto do silêncio, do escuro, do brilho das estrelas, nada disso desaparecesse no ar como ameaçava fazer a qualquer momento. Estava distante, e não ouvia nada do que se cochichava lá embaixo. Não havia o ronco preguiçoso dos motores, que nasciam e morriam para percorrer os mesmos caminhos. Algo como a vida de quem os guiava, e isso era um pouco triste. Ele pensava, pensava e pensava, e só chegava a uma conclusão: era tudo vazio. Poderia estar se sentindo inseguro, perdido, no alto daquela colina, onde se via tudo mas não se ouvia nada. Não estava. Havia algo de belo no vazio, assim como havia na plenitude. Às vezes ele mesmo se esquecia disso.

E de tanto mais ele se esquecia quando não estava no seu santuário. O organismo vivo lá embaixo não se refletia só nas máquinas, nos letreiros, no ar pesado e no frio mais cortante que há nas ruas mais movimentadas (que contradição!); ele também modificava as pessoas. E de repente elas falavam o tempo todo, e não podiam parar por um segundo que seja para ficar em silêncio, contemplá-lo, refleti-lo, isolá-lo em tudo o que ele tem de mais pleno. Esquece-se do que o silêncio fala quando se concentra demais no que a fala ressoa. E havia também esse vício, que ele mesmo tinha, em informação, em identidade, em personalidade. Esse vício das pessoas nas pessoas, em complexidade, em eternidade, em sentimento. Essa mania terrível de querer que cada momento dure para sempre, e seja perfeito. Não é preciso ser perfeito. É preciso ser de verdade. Mais um vício: em autenticidade.

Ele lembrava-se de tudo isso, e pensava em porque o mundo não era mais aquele silêncio, e menos aquele barulho. Mas isso era só quando estava lá, sentado no topo da colina, sentindo o cheiro da grama molhada pela eterna geada daquela cidade agora mesmo tão distante. Ele via os aviões decolando, e às vezes até sentia vontade de estar neles. E ele observava, cada luz lá embaixo sendo acesa ou apagada, cada declive da cidade sendo vencido pelos carros que carregavam sabe-se lá quem, para sabe-se lá onde. Ele amava tudo aquilo. Amava não saber, e procurar saber. Mesmo agora, contemplando o silencio, ele tinha alguma canção se formando tímida na sua cabeça. Amava o barulho, porque dele vinha a música.

Ele sorriu com aquela conclusão. Nem tanto ao céu, nem tanto a terra. Seus olhos castanhos brilharam para o horizonte lá embaixo, e naquela noite de sexta-feira, naquele frio intenso, ele de repente se sentiu como alguém que precisa de um tempo para retornar ao relacionamento da sua vida. Olhou carinhosamente para ela, que se estendia com todos os seus vícios e imperfeições (quem não tem os seus?) no horizonte da colina, deu meia-volta e entrou no próprio carro. Hesitou antes de dar a partida, mas quebrou o silêncio. Assim, uma vez mais, ele deixava sua amante, a paz, para unir-se na mais perfeita comunhão com seu esposo, o caos.

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“What’s wrong with bein’ a nobody?/ That nobody knows and has nobodies/ And I should know ‘cause I’m one of these/ Happy to blend and I really am, honestly.

Whole world is tryin’ to be somebody/ Kickin’ themselves ‘bout what could’ve been/ What’s wrong with abeing a nobody?/ I’m not pretending I am what I’ll never be”

(Eliza Doolittle em “Nobody”)

1 de ago. de 2011

Desandar (ou, simplesmente, “Espere”), por Caio Coletti

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Escrever sem freio. Ainda me faz bem? Os dedos passeiam pelo teclado pensando no que se esconde no fundo da minha alma. Eu não estava em crise até pouco tempo. Eu estava feliz. Ouvia o que não me afetava, e sentia que era capaz de me relacionar com quem eu quisesse, da forma que eu quisesse. Mesmo que certos olhos, certos olhares e certos abraços tenham me faltado de alguma forma, eu tenho sido o que eu sou, e nada mais. Onde foi que eu me vi deslizando, de novo, para a suave e íngreme beira do penhasco? Onde foi que o passo dado foi mais do que eu podia agüentar e, mais, quando foi que minha cabeça começou a doer como dói agora, insistente, latejante, clamando por descanso enquanto meu pensamento voa pelas linhas, e sem que eu nem mesmo perceba, já tenho um parágrafo?

Isso tudo é besteira, dizer que o que escrevo aqui me define, me faz descobrir o que eu não sou, ou mesmo me ganha a ponto de construir toda uma parede em torno de mim mesmo, sem que ninguém possa se aproximar sem ler, ler e ler até não agüentar mais. Não sou essa fortaleza intransponível que posso parecer, ou pelo menos não quero ser. E se tudo for muito simples, no final? E se for só fechar os olhos, respirar fundo e pensar no melhor? Não pode ser tão difícil. Mas também não pode ser tão fácil. Parece que, escrevendo, me descrevo e me resolvo melhor do que simplesmente divagando. Aliás, eu minto: não me resolvo, porque sou impossível de resolver. Sou um eterno e incompleto quebra-cabeças, cada dia uma sentença, cada hora uma paixão, cada minuto um erro. Alguns ficam, outros vão. Todos ressoam.

Sou o amor, mesmo que não queira ser, mesmo que não demonstre nas horas certas. Não se trata de insistir nos meus erros, mas sim de percebê-los e corrigi-los sem me martirizar se um dia eles vierem a tona de novo. Talvez seja só quem eu sou, uma eterna crise de identidade, uma infindável busca pela verdade que nem mesmo existe na forma pura e imutável que eu busco. Eu só preciso aprender a não penalizar ninguém pela minha própria forma em mutação constante. Se algumas horas atrás eu tinha uma sentença, mas agora mesmo não tenho tanta certeza, porque deixar que alguém saiba? Não vai ser pra sempre, nada é. Basta registrar aqui, deixar marcado a ferro e fogo pra não ser apagado, a prova de que um dia houve o que hoje não mais há.

Enfim, a lição é só uma, e talvez eu não precisasse de tudo o que antecede essa afirmação para chegar onde cheguei (mas agora já está feito, não vou me privar da liberdade poética): espere. E digo isso a mim mesmo, para que não restem dúvidas. Espere, meu eu, para que seja definitivo, espere para que tudo faça sentido, ou pelo menos uma parte faça, e não saia por aí a quebrar corações e desfazer expectativas, porque uma verdade que sempre muda se torna uma mentira. Non-sense, anyway.

Deixe-me aqui, falando bobagens sobre uma pequena crise que nunca deveria ter existido, e vamos todos esperar pelo amanhã, que nos trará mais um definitivo, mais uma certeza que durará não mais do que o Sol que nasce de um lado e se põe do outro do horizonte, sem deixar traço algum a não ser a fraca reflexão do brilho da Lua.

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“Aristóteles estuprou a razão. Ele implantou nas escolas de filosofia a dominante e atrativa noção de que pode haver uma discreta separação entre corpo e mente. E isso levou, previsivelmente, a ideias ilusórias como a de que o poder pode ser entendido sem aplicá-lo, ou que a alegria é completamente removível da infelicidade. Como se a paz pudesse existir na total ausência da guerra, ou como se a vida pudesse ser entendida sem a morte”

(Brian Hebert, “Duna”)