Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

Drake, Lorde e Goldfrapp são apenas três dos artistas que chegaram arrasando na nossa lista.

Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

28 de set. de 2012

Marina é a encantadora de homens em “How to Be a Heartbreaker”.

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por Caio Coletti
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Terceiro single oficial retirado do Electra Heart (e primeiro promocional da versão americana do mesmo), “How to Be a Heartbreaker” ganhou vídeo hoje (dia 28) depois de uma pequena polêmica entre a artista e a gravadora. Com lançamento marcado para a última segunda-feira, dia 24, o vídeo foi adiado e Marina explicou para os fãs, no Twitter, o motivo: “Então, alguém na minha gravadora não me deixou lançar o vídeo porque eu pareço feia nele, aparentemente, e nós precisamos de mais dinheiro e tempo para maquiar as partes feias”.

A canção com produção de Dr. Luke, Cirkut e Benny Blanco (os nomes responsáveis por mais ou menos dois terços dos hits do ano) se aproxima de “Primadonna” e “Hypocrates”, faixas do Electra Heart, e o vídeo tem Marina – linda como sempre, e absolutamente hipnotizante em sua performance/atuação – cercada por homens enquanto canta as regras para ser uma “destruidora de corações”.

A versão americana do Electra Heart incorpora na setlist, além de “How to Be a Heartbreaker”, duas faixas que estiveram na versão deluxe do álbum britânico: a brilhante “Sex Yeah” e a deliciosa “Radioactive”.

Sangue azul e explosões cor-de-rosa no “Your Body” de Christina Aguilera.

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por Caio Coletti
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Christina Aguilera está de volta à forma (em mais de um sentido) com “Your Body”, que ganhou videoclipe hoje (dia 28). Sob a direção de Melina Matsoukas (“S&M”, “We Found Love”), Aguilera desfila o carisma de diva como uma femme fatale literal, que seduz os homens para matá-los das formas mais mirabolantes. Durante os quase cinco minutos de vídeo, ela explode um carro do qual saem chamas cor-de-rosa, alveja um homem no banheiro (o sangue que mancha as paredes é azul) e faz mais uma vítima, que esguicha papel picado no lugar de sangue, num quarto de hotel.

A canção, escrita e produzida pelos magos do pop Max Martin e Shellback, parceria que rendeu à Avril Lavigne os hits “What The Hell”, “Smile” e “Wish You Were Here”, escapa da armadilha do Bionic e se insere mais em um contexto geral do que em uma tendência particular. Outra característica que a afasta do desastre do último álbum da cantora é a forma inteligente com que a mesma usa sua indiscutivelmente espectacular voz: o refrão é apoteótico e repetido à exaustão, mas não soa como gritaria desproposital.

Lotus, o novo álbum da americana, está marcado para lançamento dia 13 de Novembro, e terá na tracklist uma parceria com Cee-Lo Green, jurado do The Voice americano ao lado de Christina, e uma faixa escrita por Sia Furler.

Review: O Yellowcard se reencontra em “Southern Air”.

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por Vanessa Dias
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Southern Air foi lançado em 14 de agosto, marcando definitivamente o retorno de Yellowcard após um hiato de dois anos (2008 – 2010). A banda já havia anunciado a sua volta com o álbum When You’re Through Thinking, Say Yes, lançado em novembro de 2010, mas o novo álbum parece ter determinado o retorno definitivo da banda. Com histórias mais íntimas e pessoais do vocalista Ryan Key, contribuições emotivas de Sean Mackin no violino – uma das marcas registradas de YC – e as batidas muito bem demarcadas por Longineu Parsons na parte da bateria, Southern Air foi considerado por muitos o melhor álbum já produzido pelo Yellowcard.
Faixas como “Awakening” – que faz a abertura do álbum – e a animada “Here I Am Alive” são algumas das melodias do novo disco que referenciam todo o trajeto da banda em seus altos e baixos. É só ouvir alguns segundos da voz de Key no pré-refrão de “Awakening” ("Sim, ainda sinto sua falta / E provavelmente sempre sentirei / Estou vivendo com um coração apertado que terei / Até eu encontrar a força que eu sei que está em algum lugar em meus ossos / Para puxar a cortina novamente e continuar com o show / Pelo menos você sabe que eu ainda me importo o suficiente para escrever.") para saber que a música demarca definitivamente a nova fase do grupo.
Em seu oitavo álbum, a banda continua com sua notável capacidade para mostrar uma variedade de sons em um mesmo trabalho – dos acústicos cheios de sentimento às pesadas batidas de punk-rock – sem perder sequer um fragmento de qualidade. “The Surface of The Sun” e “Rivertown Blues” são as faixas mais agressivas do álbum, contando com a presença em massa dos instrumentos – a última deixando em destaque um solo de guitarra de Ryan Key e uma parte de Parsons na bateria durante o pré-refrão. Ao extremo oposto, encontramos a acústica “Ten”. É o ápice emocional do álbum, onde Key oferece uma história intensa e sincera sobre uma criança perdida antes do nascimento. Escrita de forma surpreendentemente sincera e transparente e envolvida pelo som do violino de Mackin, a música é tão íntima que te faz enxergar claramente a história com os olhos do personagem, ficando difícil não perder o fôlego ou se emocionar. É sem dúvidas uma canção que merece ser ouvida e não meramente explicada.
Ryan afirmou que o tempo fora do Yellowcard inspirou bastante as letras escritas para o Southern Air, e seu tempo em casa com sua família desempenhou um grande papel nisso. Essa ideia fica bem explícita na faixa título, à voz de Key ao refrão: "Este ar do sul é tudo que eu preciso / Respira-lo e eu posso ver / Telas por trás dos meus olhos / Todas as cores da minha vida / Este ar do sul está em meus pulmões / E em cada palavra que eu já cantei / Parece que a única verdade que eu sei, este será sempre meu lar.”. Depois de todo o verão e a extravagância pop-punk que trouxera o álbum Ocean Avenue, e após nove anos de fracassos, sucessos, hiato e experiências, a banda hoje é capaz de cobrir sua música com o conhecimento, talento e a nova perspectiva adquirida ao longo de sua trajetória. Parece que os nativos de Jacksonville finalmente pousaram exatamente onde querem. Se depender dos fãs, com certeza sim.
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Southern Air Lançamento: 14 de Agosto de 2012.
Selo: Hopeless.
Produção: Neal Avron.
Duração: 39m24s.
Vanessa Dias escreve todo dia 29.

27 de set. de 2012

Estamos na fila: “Stoker”, com Nicole Kidman e Mia Wasikowska.

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por Caio Coletti
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“Eu sempre me perguntei porque nós temos filhos, e a conclusão a que eu cheguei é que queremos alguém para acertar no que erramos. Mas não eu. Pessoalmente falando, eu mal posso esperar para assistir a vida te fazendo em pedacinhos”. Com esse pequeno monólogo filmado em glorioso close, Nicole Kidman nos coloca no clima de Stoker, cujo primeiro trailer completo foi lançado ontem (dia 26).

O filme dirigido por Chan-wook Park, o visionário cineasta coreano de Oldboy, é um thriller escrito por Wenthworth Miller (ele mesmo, uma das estrelas de Prision Break) que conta com Kidman no que parece ser sua melhor forma, além de Mia Wasikowska (Alice, Jane Eyre) no papel de sua filha, o incauto – ou nem tanto – alvo da citação que encabeça o texto. Na trama, o marido de Kidman e pai de Mia morre em circunstâncias misteriosas, e um certo Tio Charlie (Matthew Goode, de Watchmen) passa a morar com as duas e se envolver tanto com a mãe quanto com a filha.

Com lançamento marcado para Março de 2013, o filme é a primeira investida americana de Park, vencedor duas vezes do prêmio do júri do Festival de Cannes, por Oldboy e Sede de Sangue.

24 de set. de 2012

Ke$ha: “Die Young” lançada e Warrior, o álbum novo, em Dezembro.

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por Caio Coletti
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“Die Young”, o aguardado novo single de Ke$ha, vazou algumas horas antes da estreia oficial no iTunes, que aconteceria hoje. A canção, co-escrita pela cantora e pelo vocalista do fun., Nate Ruess, e produzida por Dr. Luke, Cirkut e Benny Blanco, segue a lógica de um perfeito hit de verão, todo baseado nos sintetizadores e iniciando diretamente no refrão. Os versos tem Ke$ha destilando o melhor de seu rap à la “Tik Tok”.

Engano seria esperar que Warrior, o vindouro segundo álbum completo da moça (o Cannibal é classificado como um EP), vai ser mais do mesmo – ou o mesmo com um pouco mais. A tracklist da obra incluí parcerias com gente do naipe de Iggy Pop e Wayne Coyne, frontman dos Flaming Lips, uma das bandas de rock alternativo mais celebradas da história. Outra novidade é que uma das versões do álbum conterá um EP acústico, decisão talvez tomada após o surpreendente cover de "Don't Think Twice, It's All Right", gravado no ano passado pela cantora para um tributo a Bob Dylan.

Em uma brincadeira com os fãs, Ke$ha liberou antes do vazamento da canção um teaser em que ela aparece cantando no metrô de Tóquio, para o desespero dos que estão ao redor. Warrior está marcado para lançamento no dia 04 de Dezembro.

AV#13: As novidades que não podem passar em branco.

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I Am Harlequin é o pseudônimo da cantora, compositora, multiinstrumentista e produtora Anne Freier. Pouco se sabe sobre a alemã que tem ganhado notável atenção na cena do eletropop indie desde que lançou Craze, seu primeiro EP, em Março último. “Something Else” é o segundo videoclipe extraído da coleção de estúdio, sevrindo como sucessor para a mais sombria "Craze", faixa-título. Aqui, o sabor é mais pop, apostando nos synths e em um refrão que vai se agarrar a sua memória na primeira audição.

“Come Into My Head” é o quinto single do Vows, álbum de estreia de Kimbra, a ganhar videoclipe, e o primeiro do relançamento americano da obra, garantido após a explosão da parceria da neo-zelandesa com Gotye em “Somebody That I Used to Know”. Na produção, como de praxe, passamos a conhecer mais uma face de Kimbra: a de performer calorosa e por vezes descontrolada. Na pele da interna de um hospício que coloca médico e equipe em pânico, a moça mostra porque é uma das melhores artistas a surgir em algum tempo.

Misha B é uma das artistas mais empolgantes a surgir nos últimos anos. A moça de 20 anos recém-completados em Fevereiro último não é dotada só de voz cheia de alma e apelo, o que foi posto a teste quando alcançou as semi-finais da oitava temporada do X Factor britânico, mas também de espírito destemido para passear entre gêneros e influências. Depois do meio-Motown, meio-hip hop, meio dubstep de "Home Run", o segundo single da moça aposta pesado no soul. O álbum de estreia segue sem data.

Álbum do momento:

The 2nd Law (Muse)

Ouvir um álbum do Muse é garantia infalível de uma apoteose musical. Nesse The 2nd Law eles abusam de tudo o que tem ou podem pensar em ter nas mãos. Sexto álbum de estúdio da banda britânica, o lançamento que vazou semanas antes da data oficial (28 de Setembro) e traz arranjos de cordas, guitarras furiosas, o vocalista Matt Bellamy em sua melhor forma e uma novidade: além dos ocasionais sintetizadores que já estavam presentes em The Resistance, agora o Muse decidiu se arriscar no dubstep. A primeira parte da faixa título dividida em dois capítulos, “The 2nd Law – Unsustainable”, é um clássico instantaneo do gênero. A ótima “Follow Me” também pega carona na tendência, e o Muse se mostra desenvolto no mundo da música eletrônica. "Save Me" e "Liquid State" são composições do guitarrista Christopher Wolstenholme, mostrando que o talento compositivo (e vocal, já que o moço assume também os microfones de Bellamy) não pàra em um só integrante da banda. Os destaques, no entando, ficam para o single "Madness" e a faixa de abertura, "Supremacy".

Dá pra ouvir o álbum todo em stream aqui.

Próximos lançamentos:

◘  28 de Setembro – See You on The Ice (Carice van Houten) – Ouça: "Emily".

◘ 02 de Outubro – I’m Right Here (Chris Rene) – Ouça: "Young Homie".
                              Ghost EP (Sky Ferreira) – Ouça: "Everything is Embarassing".
                              Who Needs Who (Dark Dark Dark) – Ouça: "How it Went Down".

Notas de rodapé:

◘ Kat DeLuna postou (semanas depois da estreia oficial, no site de Ryan Seacrest) o videoclipe de "Wanna See You Dance (La La La)" noYouTube. A canção é o carro chefe de sua nova fase, do álbum ViVa Out Loud, ainda sem data de estreia.

◘ Patrick Wolf fez cover de "Born to Die", de Lana Del Rey, e postou o resultado no YouTube. O álbum novo do moço se chama Sundark and Riverlight, e sai dia 15 de Outubro.

◘ Yuna fez vídeo para a nova versão do seu single “Live Your Life”, agora contando com a participação do rapper Teophilus London. O clipe (veja aqui) contem imagens da turnê promorcional que a cantora malaia fez para seu álbum de estreia auto-intitulado.

God Save the QUEEN!

gstq-1-30Pablo Padin, vocalista, em show do God Save The Queen.

por Gabis Paganotto
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Rolou nessa ultima quinta-feira (20) em São Paulo, na casa de shows Cine Jóia, a apresentação da banda God Save The Queen. Pra quem não conhece o trabalho, ela é responsável por um dos maiores covers e tributos à banda Queen existentes no mundo hoje. Essa é a quinta vez que a banda se apresenta no Brasil, sempre arrastando os grandes fãs do original Queen para seus shows. Após presenciar o show de quinta feira entendi o porque de tamanho alvoroço por uma banda cover. O vocalista da banda formada em 1998, Pablo Padin, é a personificação de corpo e alma do saudoso Freddie Mercury. A incorporação vai dos trejeitos da lenda Mercury, com seus movimentos sempre bem marcados e agressivos, aos figurinos (como a jaqueta de golas levantadas), e o mais impressionante: a voz. O vocalista comanda todo o show com sua própria voz (ou uma voz que foi roubada do túmulo de Freddie,pois não há explicação pra tamanha semelhança). Em alguns momentos que se fechavam os olhos , era possível se transportar para os anos 70 e se sentir em um show inglês do Queen. A semelhança do vocalista com o único e original Freddie Mercury realmente é impressionante. O guitarrista também não deixa por menos: Francisco Calgaro tem os mesmos cabelos, potencial de se tornar um grande guitarrista como Brian May. A banda ainda é formada por Matiaz Albornos (bateria) e Ezequiel Tibaldo (baixo). O que deixou a desejar um pouco foi o local. O Cine Jóia era um cinema na década de 60 e esse ano foi transformada numa casa de shows, porém o palco ficou muitíssimo pequeno para tamanha apresentação da banda.

O público se emocionou várias vezes, na música “Bohemian Rhapsody”, por exemplo, e “Love of My Life” foi um chororô só. Já em “I Want to Break Free” (música na qual o vocalista se caracterizou como mulher no videoclipe, com direito a seios e tudo), a plateia foi dominada por delírios de risos e gritos de “gostoso” para o vocalista da banda. O real Queen era formado por Freddie Mercury nos vocais , Brian May na guitarra, John Deacon nos baixos e Roger Taylor na bateria. A banda se formou em 1971 e pelos integrantes tão característicos e músicas suavemente agressivas conquistou multidões e até teve uma passagem pelo Brasil em 1981. Porém teve seu fim com a morte por AIDS do vocalista da banda em 1991. O público que conseguiu acompanhar o original Queen, como o Alexandre Pinheiro, de 44 anos, só teve a dizer uma coisa quando eu perguntei o que o Queen representava para ele e como era a sensação de ainda ter um pedacinho de Freddie conosco: “ O Queen representa todo o lado rebelde e ao mesmo tempo doce de uma geração que pôde se deliciar com a melhor época da música, do rock em especial. Ter alguém que ainda deixa isso vivo é surreal” (frase um pouco alterada devido aos termos que ele usou hahahaha). A noite mágica e saudosista contou ainda com hits como “Under Pressure”, “We Will Rock You”, e terminou com o belíssimo “We Are The Champions”, e literalmente o God Save The Queen são campeões que trabalham pra não deixar o suprassumo da música no ostracismo.

O Queen vem atravessando gerações (eu mesma tenho uma tia que me passou essa paixão ardente por Queen), e se ainda houverem trabalhos pra manter isso vivo, ainda teremos a esperanças de ter gerações futuras que sabem o que de fato é ROCK’N ROLL!

God-Save-The-Queen-PoA-RockBox-2011-04Pablo Padin (vocais) e Ezequiel Tibaldo (baixo) em show do God Save The Queen.

The Voice Brasil: no novo programa da Globo, cantores são escolhidos só pela voz.

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por Gabryel Previtale
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O novo reality show, The Voice Brasil, que estreou na Rede Globo no dia 23, irá ser transmitido todo domingo após a Temperatura Máxima e antes dos jogos de futebol. É a versão brasileira do já existente e famoso The Voice (que tem versões nos EUA, Inglaterra e vários outros países), que se baseia em um programa que procura eleger a melhor voz. Assim, os concorrentes vão e fazem suas apresentações em torno de 1 minuto e meio mostrando toda sua competência e cativando o júri, que ficam em poltronas viradas de costas para o palco onde o candidato canta. A missão destes jurados é recrutar 12 cantores cada um, para formar seus “times de artistas” e assim treinar e evoluir os mesmos durante a competição. Quando um jurado/treinador ouve e se interessa pela voz do cantor, ele pode apertar um botão a sua frente e aí sim a cadeira se vira para o palco e ele tem a oportunidade de assistir a performance por completo, livre de estereótipos ou pré julgamentos pelo visual do artista analisado e até mesmo histórias emotivas por trás das apresentações.O interessante deste programa de sucesso é, se um só jurado apertar o tal botão, o candidato passa a ser do time dele imediatamente, porém, se mais de um técnico se interessar pela mesma voz, o participante que deve escolher seu “tutor”, que tem como tradição nos reality shows serem artistas famosos que entendem de música no geral (arranjo, melodia, canto e etc). No caso do Brasil a Rede Globo escolheu Cláudia Leitte, Lulu Santos, Carlinhos Brown e Daniel (sertanejo), enquanto a versão americana tem Adam Levine (vocalista do Maroon 5), Christina Aguilera, Blake Shelton e Cee Lo Green como técnicos. Neste caso os famosos que tem de usar um discurso que mereça a escolha de seu pupilo e o deixe treinar para a competição. Mas se termina a canção e nenhum treinador aperta o botão, o concorrente é eliminado.

O programa que teve origem na Holanda se difere muito dos outros realities de mesmo tema, como Ídolos na Record, pois ele não tem as famosas cenas engraçadas ou de vergonha alheia, quando um possível cantor se dispõe a passar por vexames nos palcos e acontece aquele clima de constrangimento entre os participantes e jurados. Esse trabalho árduo ficou por conta da produção, que selecionou pelo Brasil os cantores que irão disputar, sendo eles 90% cantores profissionais. Como não são inexperientes, nem estão dispostos a se submeter ao ridículo, os concorrentes são elogiados mesmo quando não são selecionados. É fácil quem termina a canção sem ser selecionado receber incentivo dos técnicos, que por vezes lamentam não ter apertado o botão depois que suas cadeiras se viram. Como no caso que ocorreu com o índio Yuri, morador da Aldeia Jatobá, em Tangará da Serra. "Estou muito orgulhoso de estar na sua frente e arrependido de não ter batido", disse Carlinhos Brown. "Somos dois", exclamou Daniel. "Três", emendou Claudia Leitte.

Vale lembrar que o nível dos participantes é realmente muito bom, entretanto não é a mesma coisa que o programa americano, começando pela técnica vocal, onde os americanos por sua vez nascem cantando em igrejas e etc. Aqui a coisa rola mais pelo lado “banquinho e violão” seguindo a lógica da história musical brasileira (a bossa-nova), levando em conta a interpretação e paixão por cantar. Sobre os jurados, Carlinhos Brown e Lulu Santos trazem coerência e diversão, são inteligentes e parecem ter algo para agregar de verdade aos participantes. Já Daniel possui muito carisma, mas parece um pouco perdido nos comentários e inseguro nas avaliações quando a voz do candidato não é tão potente e evidentemente boa (quanto melhor a voz, mais fácil de ser treinada).

E, por fim, Cláudia Leitte parece ser o erro do programa. Ótima cantora, mas mesmo assim sem embasamento nas criticas, falas totalmente fora de contexto, sem nexo, e parece que irá produzir várias cenas de constrangimento para as tardes de domingo. Começando com “eu pensei que fosse uma moça”, para um participante. Ela até chegou a pedir para que o garoto ficasse virando de lado como se fosse frango assado pra tentar encontrar volumes e entender qual era o sexo dele. “Eu sou garoto, Claudinha”, disse o rapaz, e foi publicado em um site de notícias.

Outro ponto decisivo na qualidade da franquia brasileira é o dinheiro aplicado. Todos sabem que, nos EUA, esse tipo de competição rende audiências inacreditáveis, e por este motivos são bancados com milhões de dólares. Aqui no Brasil nem tanto, e conseqüentemente a verba gasta é bem menor (digamos que o salário da Aguilera bancaria um episódio daqui e sobraria, já que a diva recebe 225 mil dólares por hora analisando os participantes de lá).

O primeiro dos quatro episódios que compõem a primeira etapa terminou com 11 selecionados. Brown, que apertou o botão para mais participantes, é o que tem o maior número de integrantes na equipe: quatro - dois dos quais só ele quis. No balanço geral, Daniel parece ter saído na frente, com as vozes mais marcantes. Duas das melhores candidatas do dia (Alma e Liah Soares) haviam sido escolhidas por todos os técnicos e quiseram trabalhar com o sertanejo. Claudia Leitte também tem dois membros do time (um selecionado só por ela e outro que disputou com Brown), e Lulu está com três afilhados, entre os quais apenas um foi unanimidade entre os técnicos.

Resumindo, a estréia emplacou 16 pontos no IBOPE para Rede Globo, um caso raro aos domingos, já que a média de outras emissoras é bem menor. Boninho como sempre apostando nas redes sociais, “bombou” no Twitter durante muito tempo várias frases relacionadas ao programa, que foram os assuntos tópicos da rede no Brasil, e também os tweets aparecem durante os episódios do reality. E por essa fama virtual, a escolha do apresentador Tiago Leifert, que possui mais de 1 milhão de seguidores e parece bem animado com o começo da temporada, afirmou não abandonar o jornalismo e voltar para o futebol em Dezembro. A Globo parece confiante com a estréia e já deixou escapar que haverá outras temporadas do The Voice Brasil. Agora é acompanhar para ver o que trará e o que será descoberto de talentos aqui no nosso The Voice.

Confira a formação das equipes até o momento:

Daniel: Liah Soares, do Pará; Alma Thomas, dos Estados Unidos.
Claudia Leitte: Marllon Breno, do Maranhão; Marianna Eis, do Rio de Janeiro.
Carlinhos Brown: Bruno & Camila (são uma dupla, mas contam como uma voz apenas), de São Paulo; Karol Cândido, do Rio de Janeiro; Ellen Oléria, de Brasília; Mayara Prado, de Goiânia.
Lulu Santos: Gabriel Levan, do Rio Grande do Sul; Gustavo Fagundes, do Rio de Janeiro, e Greicy Schwendner, de Santa Catarina.

Gabryel Previtale escreve todo dia 24.

20 de set. de 2012

Vamos falar sobre NY Fashion Week.

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por Isabela Bez
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Enquanto os desfiles mais emocionantes ficam em Londres, Milão e Paris, Nova York tem o dom de parar o mundo com sua semana de moda, conectando todos os apaixonados pela mesma. É assim que a Grande Maçã ficou um pouco mais lotada de pessoas do que normalmente, já que todos queriam estar lá, e a maioria estava.

Diante de dezenas de desfiles por dia, até quem não passou por lá para acompanhar tudo ao vivo sofreu pela quantidade de informação que chegou a cada segundo. Eu sofri.

E o que guardei disso? O amor por todas as roupas maravilhosas que todos os estilistas maravilhosos nos mostraram em cada desfile. O curioso é que os conceitos das roupas foram os mesmos do SPFW, que aconteceu três meses atrás, mas pensados de uma maneira diferente. Cada estilista propôs a mesma tendência, mas de diferentes pontos de vista. E é essa a magia da coisa.

Então foi assim que escolhi os melhores pensamentos diferentes que estilistas tiveram em torno de cada tendência. Entendeu? Então acompanha:

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A temporada é a de primavera verão 2013, mas o que mais se viu foi o branco e o preto, tanto juntos como separados. Eles marcaram presença em praticamente todos os desfiles, e em grande quantidade. Quando estavam juntos, uma cor clarinha era adicionada, como algo nude ou amarelo. Quando sozinhos, eram looks monocromáticos.

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E os monocromáticos também são coloridos!

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O vermelho serviu de ponto estratégico, para dar um up no look, como numa jaqueta, ou num sapato…

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Por mais que soe estranho, as bermudas estão aí. De couro, de tecidos leves, jeans ou coloridos: a escolha é sua.

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O paletó foi adotado para complementar o look, sendo normalmente básico e simples.

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Listras verticais gordas e médias foram a paixão de alguns estilistas, como Rachel Zoe e Tommy Hilfiger.

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Abuse das estampas! Desde as florais até as leopard prints.

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A Osklen se destacou por adotar paisagens como estampa em suas roupas. Não é uma novidade, mas a marca a trouxe com mais seriedade, o que deixa ainda mais interessante.

Percebam a versatilidade de cada look em ter mais de uma tendência. O mix de tendências é tendência. Só tome cuidado para não abusar.

É verão, mas a mulher definitivamente está mais sofisticada e chique. Os looks, mesmo com sobreposições e cores vivas, são simples e arrumadinhos.

E não se esqueça: a NY Fashion Week acabou, mas as semanas de moda ainda estão por aí. Continue de olho nos desfiles, e aguarde mais novidades.

Isabela Bez escreve todos os dias 06 e 21.

19 de set. de 2012

Review: Uma vida sob pressão em “It’s Kind of a Funny Story”.

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por Caio Coletti
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Em certo momento de It’s Kind of a Funny Story (no Brasil, Se Enlouquecer Não se Apaixone), o protagonista Craig (Keir Gilchrist, de United States of Tara) toma o microfone e canta “Under Pressure”, canção do Queen que praticamente sintetiza o motivo de ele se encontrar onde está. Quando o encontramos no começo do filme, o garoto de 16 anos está tendo pensamentos suicidas, e resolve se internar na ala psiquiátrica de um hospital. Entre esquizofrênicos, paranóicos e gente como Bobby (Zach Galifianakis), que parece absolutamente sã, Craig percebe que seu problema está mesmo dentro de sua cabeça: ele vive uma vida que não queria viver.

Não é dificil se identificar com isso. Viver sob pressão é uma das características mais fortes de uma certa fase de nossas vidas em que somos obrigados a realizar a transição da adolescência para a fase adulta. Uma fase que normalmente vem acompanhada por uma série de responsabilidades e, muitas vezes, imposições dos pais e de outras pessoas em nossa vida que acabam nos levando a carregar uma vida diferente daquela pela qual realmente ansiamos. It’s Kind of a Funny Story tem uma mensagem bastante simples, mas absolutamente oportuna e válida: faça o que você quiser fazer enquanto você puder fazer. Não se deixe levar pelo terror de saber do que o mundo é feito. Ele não é de todo mal.

Não dá pra negar que a força de It’s Kind of a Funny Story está muito mais em sua trama do que em sua condução, portanto o crédito primário precisa ir para o autor do romance homônimo, que deu origem à produção. Ned Vizzini baseou a história de seu segundo livro, publicado em 2006, na sua própria experiência de breve hospitalização em uma ala psiquiátrica, dois anos antes. É de uma notável e nada forçada sensibilidade para com seus personagens que Vizzini tira a força da historia: às vezes, as pessoas que ele cria dentro do hospital parecem muito mais sãs, e fazer muito mais sentido, do que as pessoas de fora. O roteiro e a direção do casal Anna Boden e Ryan Fleck (Half Nelson) parece fazer um bom trabalho transportando esse espírito para o cinema.

Outro alicerce fundamental do filme é Keir Gilchrist e sua atuação como Craig. O jovem de 20 anos (18 à época do filme), que constrói carreira na TV e no cinema desde 2003, está no controle do personagem o tempo todo. Seu nervosismo, sua ansiedade e sua linguagem corporal pouco ajustada são medidas calculadas e perfeitamente executadas de uma atuação mais pensada do que parece. Ele se comporta, aqui, como um Jesse Eisenberg mais adorável, e a proposta funciona: é fácil gostar de Craig na atuação de Keir. Zach Galifianakis, por sua vez, surpreende como Bobby. Sua versão do personagem é a um único tempo esngraçada da forma que o ator já provou saber ser, e tocante de uma maneira que nunca pudemos observar em suas atuações anteriores. Galifianakis é intenso, transpira verdade e sabe usar os olhos com destreza que poucos atores tem hoje em dia.

Em certo momento, It’s Kind of a Funny Story sentencia, parafraseando uma canção de Bob Dylan: “Aqueles que não estão ocupados nascendo, estão ocupados morrendo”. Apesar das razões pelas quais Craig é internado, este filme não é sobre ter vontade de morrer. Este sobre ter vontade de nascer.

**** (4/5)

 

Se Enlouquecer, Não se Apaixone (It’s Kind of a Funny Story, EUA, 2010)
Direção: Anna Boden e Ryan Fleck.
Roteiro: Anna Boden e Ryan Fleck, baseados na novela de Ned Vizzini.
Elenco: Keir Gilchrist, Zach Galifianakis, Emma Roberts, Viola Davis, Jeremy Davies.
101 minutos.

Primeiras impressões l 10 livros que te prendem logo no começo.

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por Andreas Lieber
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Conheço gente que julga livro pela capa (ahem, quem nunca?), pela história na sinopse, pelo autor e sua foto lá atrás e conheço até quem vai lá ao final do livro lê o último parágrafo para saber como tudo acaba. O que eu nunca vejo muito por aí são pessoas correndo para as primeiras linhas (geralmente todo mundo abre em alguma página aleatória do livro pra ver em quantas a história anda) pra saber como tudo começa.

Os primeiros parágrafos de uma história reservam aquela mágica que te envolve e leva pra um lugar especial que só vai se tornando mais real conforme você vai lendo o livro, sem dizer que alguns te instigam infinitamente e há outros que a gente só sossega quando está voltando pra casa com o livro nas mãos. Ou vai dizer que se você abrisse um livro e lesse “Lolita, light of my fire, fire of my loins” (“Lolita, luz de minha vida, labaredas em minha carne”) como no clássico Lolita de Vladimir Nabokov ou ainda “O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, nº. 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado” do (dispensável apresentações) Harry Potter e a Pedra Filosofal de J. K. Rowling, não ficaria louquinho para saber pra que rumos a história vai?

Conversei com alguns amigos e leitores assíduos e escolhemos 10 livros que te pegam de jeito logo no primeiro parágrafo e como eles influenciam nossas vidas.

The Perks of Being a Wallflower

"Querido amigo,

Estou escrevendo porque ela disse que você me ouviria e entenderia, e não tentou dormir com aquela pessoa naquela festa, embora pudesse ter feito isso. Por favor, não tente descobrir quem ela é, porque você poderá descobrir quem eu sou, e eu não gostaria que fizesse isso. Chamarei as pessoas por nomes diferentes ou darei um nome qualquer porque não quero que descubram quem sou eu. Não estou mandando um endereço para resposta pela mesma razão. E não há nada de ruim nisso. É sério.

Só preciso saber que existe alguém que ouve e entende, e não tenta dormir com as pessoas, mesmo que tenha oportunidade. Preciso saber que essas pessoas existem.

Acho que, de todas as pessoas, você entenderá, porque acho que você, entre todos os outros, está vivo e aprecia o que isso significa. Pelo menos eu espero que seja assim, porque os outros procuram por você em busca de força e amizade, e é tudo muito simples. Pelo menos foi o que eu soube.

Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim."

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Em The Perks of Being a Wallflower (As Vantagens de Ser Invisível), Stephen Chbosky faz sua estreia literária em um livro profundamente íntimo e cheio de metalinguagem. O livro retrata o primeiro ano de Charlie no high school, suas inseguranças, descobertas, primeiros amigos, sexo e drogas. Fugindo do estereotipado cenário americano de cheeleaders loiras + atletas + nerds descriminados, Chbosky nos introduz a um mundo inteiramente nosso; enquanto lemos o livro. Fazemos parte do universo acanhado de Charlie. Nós nos sentimos infinitos.

O livro, um romance epistolar, é escrito na forma de cartas que Charlie manda a um anônimo; Stephen, no entanto, escreve de um jeito tão intrinsecamente ligado ao leitor, que nós nos tornamos esse anônimo, como dá pra perceber no começo do livro. Quem nunca quis encontrar uma pessoa que te ouviria e entenderia e que não tentaria dormir com aquela outra pessoa? Juntamente com Sam e Patrick, seus dois novos melhores amigos, Charlie é introduzido a um mundo repleto de possibilidades e mudanças, passando por labirintos e descobertas. Chbosky retrata a homossexualidade, o sexo, a felicidade e os anos de adolescência, enfim, nossos tempos dourados, de um jeito tão pessoal, mas tão universal ao mesmo tempo, que o leitor não tem alternativa a não ser viver aquilo tudo. Como Charlie fala em uma de suas cartas: “É estranho porque às vezes eu leio um livro e acho que eu sou uma das pessoas no livro.”.

O filme estreia nos Estados Unidos dia 21 (amanhã), contando com Logan Lerman (Charlie), Emma Watson (Sam) e Ezra Miller (Patrick) no elenco, além de nomes como Nina Dobrev, Paul Rudd, Dylan McDermott e Kate Walsh.

 

Looking For Alaska

"Cento e trinta e seis dias antes

Uma semana antes de eu deixar minha família, a Flórida e o resto da minha vidinha medíocre para ir para o internato no Alabama, minha mãe insistiu em me dar uma festa de despedida. Dizer que eu não estava esperando muita coisa seria subestimar o fato. Embora estivesse sendo mais ou menos forçado a convidar todos os meus ‘colegas’, ou seja, aquela gentinha da aula de teatro e os geeks de Inglês com quem eu me sentava no cavernoso refeitório da escola por necessidade social, eu sabia que eles não iriam aparecer.”

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Looking for Alaska (Quem é Você, Alasca?) de John Green conta a história de Miles Halter, um garoto viciado em “últimas palavras”. Ele é capaz de citar uma quantidade incrível do que várias pessoas falaram em seus momentos finais. Particularmente influenciado pelas de François Rabelais: “Eu vou procurar um Grande Talvez”, Miles parte para uma escola interna no Alabama.

O livro é dividido em duas partes: Antes e Depois, e seus “capítulos” são os dias que faltam para o acontecimento divisor de águas e os que se sucederam desde então. Encontramos Miles no começo do livro em sua fracassada festa de despedida, ansioso para ir embora e percebemos que esperar pelo melhor é sempre importante. Ao chegar a Culver Creek, o internato, Miles se torna amigo de Chip Martin, seu colego de quarto, mais conhecido por Colonel, e se apaixona pela misteriosa Alaska, que possui uma coleção de livros não lidos e o introduz ao “labirinto” de Gabriel García Márquez. Green nos leva à alucinante viagem de Miles juntamente com seus primeiros amigos, primeira garota e um monte de últimas palavras, nos mostrando que o futuro é incerto, mas alcançável.

It’s Kind of a Funny Story

“É tão difícil de falar quando você quer se matar. Isso, mais do que tudo, não é uma reclamação mental e sim uma coisa física mesmo, é realmente difícil abrir sua boca e fazer as palavras saírem. Elas não vêm coerentes e interligadas ao seu cérebro do mesmo jeito que as palavras de pessoas normais vêm; elas saem em pedaços, como saídas de um triturador de gelo; você se enrola nelas quando chegam aos seus lábios. Então você só fica calado.”

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Craig Gilner é seu adolescente nova iorquino de sempre: sofre pressão em casa para entrar em uma renomada escola de negócios, deseja a namorada do melhor amigo, ama desenhar e... sofre de depressão. Em seu primeiro romance, Ned Vizzini mergulha de cabeça no mundo da depressão ao internar seu personagem em uma ala psiquiátrica de um hospital perto de sua casa, contando, em partes, uma história autobiográfica.

No começo da história, ao perceber que ele deseja se matar, Craig se acha impossibilitado de fazer as tarefas mais simples, como falar (quem nunca se engasgou com as palavras e achou melhor ficar quieto?), ir ao banheiro e até desenhar seus mapas. Diante de tal situação, ele se interna em um hospital e convive por cinco dias com as figuras mais inusitadas que se possa imaginar, entre elas Noelle, por quem Craig se apaixona e tem problemas com objetos afiados (ela estava lá para se recuperar de três cortes no rosto, feitos com uma tesoura). Durante esses cinco dias, Craig se redescobre e aprende que falar o que ele realmente quer para a vida é algo importante para a sua sanidade. Ele sai da ala psiquiátrica sabendo que é mais importante falar e fazer do que guardar tudo em sua cabeça.

The Virgin Suicides

“Na manhã em que a última filha dos Lisbon decidiu-se também pelo suicídio – foi Mary dessa vez, e soníferos, como Thereza -, os dois paramédicos chegaram a casa sabendo exatamente onde ficavam a gaveta das facas, o forno, e a viga no porão à qual era possível atar uma corda. Saíram da ambulância, como sempre andando mais devagar do que gostaríamos, e o gordo disse entre dentes: ‘Isso não é TV, gente, mais rápido não dá’. Carregava o pesado equipamento cardíaco e o respirador, passando pelos arbustos que haviam crescido de forma monstruosa, pisando o gramado transbordante que fora liso e imaculado treze meses antes, quando os problemas começaram.”

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Jeffrey Eugenides aborda um tema controverso em seu romance de estreia, The Virgin Suicides (As Virgens Suicidas): o suicídio. Narrando o último ano de vida das irmãs Lisbon – Cecilia, Lux, Bonnie, Mary e Therese – o autor usa uma abordagem e narração pouco usuais: a primeira pessoa do plural. O caso é contado por um grupo de amigos que mora na mesma rua da casa dos Lisbon e presenciou todo o curso de ações que levou a decisão das irmãs. A primeira foi Cecilia, aos 13 anos e sem motivo aparente; desde então seus pais, extremamente religiosos, passaram a cercar as garotas com uma proteção excessiva, resultando em um quadro de depressão e desapego da realidade.

O livro é uma retrospectiva de acontecimentos em uma visão não linear, logo no primeiro parágrafo sabemos o fim trágico das cinco garotas e somos instigados a nos perguntar: quem são essas virgens suicidas? Por que elas se mataram? Como elas se mataram? Eugenides envereda no universo feminino e masculino ao mesmo tempo, com uma abordagem estonteante, você se pega perguntando o porquê de alguém cometer tal ação. Desconstruindo os últimos treze meses de vida das Lisbon, os garotos tentam encontrar respostas não só sobre o suicídio, mas sobre quem realmente eram as irmãs, como proferido por um dos garotos sobre Cecilia: “O que temos aqui é uma sonhadora, alguém completamente fora da realidade. Quando ela pulou, provavelmente achou que voaria”. O filme foi adaptado ao cinema em 2001 por Sofia Coppola, estrelando Kirsten Dunst como Lux (na minha opinião, Coppola/Dunst deveria ser uma parceria como Burton/Depp).

Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children

“Eu tinha acabado de aceitar que minha vida seria ordinária quando coisas extraordinárias começaram a acontecer. Isso tudo veio como um choque terrível e, como tudo que te muda para sempre, dividiu minha vida em duas partes: antes e depois. Como muitas das coisas extraordinárias que estavam por vir, isso também envolvia meu avô, Abraham Portman.”

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Miss Peregrine’s Home For Peculiar Children (sem título em português ainda, mas algo como “Lar da Senhorita Peregrine para Crianças Peculiares”) é uma mistura perfeita de suspense e romance. Como o início já diz, a vida de Jacob Portman sofre uma reviravolta quando ele encontra a casa do avô, Abraham, revirada e bagunçada e o encontra semimorto no bosque do lado de fora, sussurrando: “Encontre o pássaro. No loop. Do outro lado do túmulo do velho. Três de setembro de 1940. Emerson – a carta, diga a eles o que aconteceu, Jacob.”, e logo em seguida se deparando com algo meio homem meio monstro.

A partir desse evento, coisas extraordinárias começam a acontecer na vida de Jacob, como por exemplo a descoberta de uma caixa cheia de fotografias estranhas na casa do avô (o livro, inclusive, traz essas fotografias, e algumas delas podem ser vistas aqui) e uma carta da tal Miss Peregrine falando sobre uma ilha em Wales em um livro velho. Tomado por um espírito aventureiro e pela vontade de realizar o desejo de seu avô, Jacob parte para a ilha e, após acontecimentos nada menos estranhos e extraordinários, encontra uma passagem para o orfanato, apenas para descobrir... coisas mais estranhas ainda. Miss Peregrine comanda um orfanato para crianças peculiares (que voam, ressuscitam os mortos, tem abelhas dentro do corpo etc) e que elas vivem em um loop temporal e são perseguidas pelos hollows, os monstros que atacaram Jacob na casa de seu avô. O menino acaba se apaixonando por uma “peculiar”, Emma, e se vê entrelaçado nessa história, fazendo cada vez mais e mais parte desse mundo.

Através da jornada de Jacob, percebemos o quanto é importante nunca parar de esperar o melhor, de acreditar que o mundo ainda guarda um cantinho mágico.

Mau Começo

“Se vocês se interessam por histórias com final feliz, é melhor ler algum outro livro. Vou avisando, porque este é um livro que não tem de jeito nenhum um final feliz, como também não tem de jeito nenhum um começo feliz, e em que os acontecimentos felizes no miolo da história são pouquíssimos. E isso porque momentos felizes não são o que mais encontramos na vida dos três jovens Baudelaire cuja história está aqui contada. Violet, Klaus e Sunny Baudelaire eram crianças inteligentes, encantadoras e desembaraçadas, com feições bonitas, mas com uma falta de sorte fora do comum, que atraía toda espécie de infortúnio, sofrimento e desespero. Lamento ter que dizer isso a vocês, mas o enredo é assim, fazer o que?”

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Desventuras em Série é uma coleção de 13 livros do autor Daniel Handler, que escreve sob o pseudônimo de Lemony Snicket. Nesse primeiro livro conhecemos e acompanhamos as desventuras e desgraças na vida dos três órfãos Baudelaire: Violet, Klaus e Sunny, que perdem seus pais e sua casa em um incêndio muito suspeito e vão parar sob os cuidados de um tio distante, Conde Olaf, que se mostra um verdadeiro crápula que só se interessa pela fortuna das crianças.

“É interessante que no começo do primeiro livro o autor já declara a sua “intenção” quanto aos personagens, sabe? Nós já sabemos que eles vão sofrer e mesmo assim decidimos acompanhar; durante os livros há um constante lembrete desse fato, mas mesmo assim não paramos, a escrita dele [Lemony Snicket] é muito contagiante. Ao longo dos livros essa maré de azar não muda, embora uma mudança no comportamento dos personagens seja notada, a ambivalência dos Baudelaire diante de algumas situações muda, é quando percebemos que eles amadureceram.”, disse Zaba Lieber.

A História de Fernão Capelo Gaivota

“Era de manhã e o novo Sol cintilava nas rugas de um mar calmo. A dois quilômetros da costa, um barco de pesca acariciava a água. Subitamente, os gritos do Bando da Alimentação relampejaram no ar e despertaram um bando de mil gaivotas, que se lançou precipitadamente na luta pelos pedacinhos de comida. Amanhecia um novo dia de trabalho.

Mas lá ao fundo, sozinho, longe do barco e da costa, Fernão Capelo Gaivota treinava. A trinta metros da superfície azul brilhante, baixou os seus pés com membranas, levantou o bico e tentou a todo custo manter suas asas numa dolorosa curva. A curva fazia com que voasse devagar, e então sua velocidade diminuiu até que o vento não fosse mais que um ligeiro sopro, e o oceano como que tivesse parado, abaixo dele. Cerrou os olhos para se concentrar melhor, susteve a respiração e forçou... só... mais... um... centímetro... de... curva... Mas as penas levantaram-se em turbilhão, atrapalhou-se e caiu."

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Na história de Richard Bach, o jovem Fernão Capelo Gaivota, uma gaivota, se encontra perante uma sociedade de gaivotas acostumadas a voar por voar. Elas encaram o voo apenas como um movimento e como um modo de arrumar comida, um comodismo que incomoda Fernão. De espírito livre e aventureiro, essa gaivota percebe que há mais no ato de voar: representa liberdade, aprendizagem, é o modo que ele encontra de se expressar. Durante a história, Fernão deixa sua comunidade e sai em busca de outra, onde poderia compartilhar seu amor pelo voo e aprender que isso, acima de tudo, é quem ele é.

“É uma história tão linda, de uma gaivota, Fernão, e ele é uma gaivota que vai contra a ordem das gaivotas, entendeu? Todos voam por alimento e ele voa pelo prazer de voar. Eu acho que esse livro... ele me emociona todas as vezes que eu leio e é um livro que pra mim fala de sonho, de tirar prazer no que você faz, acho que no final isso é muito raro hoje em dia.”, comentou Caio Coletti.

Orgulho e Preconceito

"É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de esposa."

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Orgulho e Preconceito é, talvez, um dos livros do século XIX que ainda exercem maior fascínio nos leitores da atualidade. Nele acompanhamos a jovem Elizabeth Bennet, uma das cinco filhas do Sr. e Sra. Bennet, que procura alcançar o amor, a felicidade, a educação e o casamento em uma sociedade repleta de regras e etiquetas. Ao se aproximar do Sr. Darcy, novo morador de uma mansão vizinha, e de seu amigo Sr. Bingley (aquele ruivo adorável), Elizabeth e toda sua família passam por uma revolução social e emocional. Casamentos, amores, paixões secretas, a chance de uma ascensão social e muitos bailes permeiam essa história (não só) de amor e a tornam imortal.

De acordo com Fernanda Carvalho: “Orgulho e Preconceito é uma história tão... eterna, sabe? Acho que o mais fascinante é o modo como a Elizabeth e o Sr. Darcy agem na presença um do outro, como dá pra gente perceber o amor nascendo aos poucos e se tornando forte, mesmo entre duas pessoas tão orgulhosas, eles literalmente dão nome ao livro. Ele é tão adequado para todas as épocas porque, no fundo, todos nós ainda queremos encontrar um amor como o deles, sem contar que aquela era uma época, no mínimo, intrigante de se viver”.

Anna e o Beijo Francês

"Isto é tudo o que sei sobre a França: Madeline, Amélie e Moulin Rouge. A Torre Eiffel e o Arco do Triunfo também, embora eu não saiba qual a verdadeira função de nenhum dos dois. Napoleão, Maria Antonieta e vários reis chamados Louis. Também não estou certa do que eles fizeram, mas acho que tem alguma coisa a ver com a Revolução Francesa, que tem algo a ver com o Dia da Bastilha. O museu de arte chama-se Louvre, tem o formato de uma pirâmide, e a Mona Lisa vive lá junto com a estátua da mulher sem braços. E tem cafés e bistrôs - ou qualquer nome que eles dão a estes - em cada esquina. E mímicos. A comida é supostamente boa, as pessoas bebem muito vinho e fumam muitos cigarros."

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Anna e o Beijo Francês, da americana Stephanie Perkins, acompanha a vida de... surpresa, Anna, uma típica adolescente americana que está animada para o último ano do high school e só pensa em sair com sua melhor amiga, Bridgette, flertar com garotos e andar por Atlanta. Sua vida sofre uma reviravolta, no entanto, quando seu pai a manda para um internato em Paris, na França, por um ano. Mas o que poderia ser apenas um ano forçado em um país desconhecido, sem amigos e em uma escola nova para o último ano se torna uma divertida aventura quando Anna começa a se apaixonar por Éttiene St. Clair, um francês charmosão que, infelizmente, tem namorada, o que só vai tornar as coisas mais complicadas ainda. Será que Anna consegue seu beijo francês?

Anna e o Beijo Francês é um livro bem ‘romance adolescente’ mesmo, desses que fazem seu coração acelerar e tudo o mais, perfeitos pra deixar a gente com aquela cara boba, eu adoro. A autora transformou tudo em um charme quando adicionou Paris à história, fiquei com muita vontade de ir pra França depois que li, antes só pensava em Inglaterra, mas ela descreve Paris de um jeito tão legal, não tem como não querer conhecer.”, Hyasmim Oliveira contou.

Ilha do Medo (Paciente 67)

“Dos diários do doutor Lester Sheehan

3 de maio de 1993

Faz muitos anos que não vejo a ilha. Da última vez, eu a vi do barco de um amigo que se aventurou no anteporto; avistei-a ao longe, para além do porto interior, envolta numa bruma estival, mancha de tinta no céu, deixada por alguma mão descuidada.

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Faz mais de duas décadas que não ponho o pé lá, mas Emily diz (às vezes brincando, às vezes não) que não sabe ao certo se saí mesmo de lá. Certa vez ela me disse que o tempo, para mim, não passa de uma série de marca-livros que uso para saltar para frente e para trás no texto de minha vida, voltando repetidas vezes aos acontecimentos que fizeram de mim, aos olhos dos colegas mais perspicazes, um caso clássico de melancolia.

Emily deve ter razão. Ela quase sempre tem razão”.

Ilha do Medo (antes do lançamento do filme publicado aqui no Brasil como Paciente 67) é um thriller literário que narra a história de Edward Daniels, um delegado da polícia americana que vai para o Shutter Island Ashecliff Hospital (um hospital onde estão presos alguns criminosos “barra pesada”) investigar o desaparecimento de uma de suas pacientes e ao chegar ao local, Daniels descobre que os médicos praticam métodos nada ortodoxos em seus pacientes e se recusam a falar sobre isso. Quando uma tempestade assola a ilha e vários detentos conseguem escapar, Edward se vê em uma complicada situação, sem comunicação e impossibilitado de ir embora, tendo tudo agravado com acontecimentos estranhos que começam a acontecer ao seu redor, ligando seu presente na ilha com um passado sombrio que ele preferiria não lembrar.

Clara Montanhez comenta que “Diferentemente do filme, o prólogo do livro começa com o report de um médico (doutor Lester Sheehan) sobre o estado de um paciente chamado Andrew Laeddis, pulando logo em seguida para o primeiro capítulo, com o delegado Daniels indo para a ilha. Então fica aquela coisa meio no ar, mas que te impulsiona a ler pra descobrir quem é esse paciente e o que está acontecendo na ilha. O livro é cheio de reviravoltas também, realmente te prende”.

Andreas Lieber escreve todo dia 20.

18 de set. de 2012

God save the FASHION queen!

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por Bebé Ribeiro
(My Petit Closet)

Queridos e queridas! Depois de um tempinho sem dar as caras por aqui (vida de artista não é fácil, hahaha) retornei para contar um pouco sobre a trajetória da minha designer favorita: Vivienne Westwood.

A musa inglesa do punk fashion nascida em 8 de abril de 1941 revolucionou a moda e deu uma nova cara ao movimento. De família de classe média, sua mãe trabalhava em uma fábrica de algodão e o pai pertencia a uma família de fabricantes de calçados. Aos 17 anos de idade saiu de sua cidade natal, Glossop, e mudou-se para Londres. Lá começou a dar aulas de inglês e conheceu seu primeiro marido, Derek Westwood, com quem teve um filho.

Estudou por pouco tempo moda na Faculdade de Arte de Harrow, mas não acreditava que uma pessoa como ela pudesse viver no mundo da arte. Influenciada pelo clima rebelde da década de 1960, decidiu se divorciar. Logo depois, conheceu seu futuro sócio, Malcolm McLaren, casou-se pela segunda vez e teve outro filho.

A relação profissional entre Vivienne e Malcolm fez com que, em 1971, inspirados pelo rock dos anos 50 fundassem sua primeira loja, a Let it Rock. A ex-professora começou então a criar suas próprias peças, inspirando-se nos que vivem à margem da sociedade: negros e rockers. Em 1972, a loja passou a se chamar "Too Fast to Live, Too Young to Die". A ousadia de suas roupas começou a se destacar em peças de couro, t-shirts com estampas eróticas, africanas, entre outras.

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Com a polêmica criada, eles chegaram a ter problemas com a justiça e, em reação, o nome da loja mudou novamente, agora para "Sex", onde suas t-shirts ganharam ainda mais ousadia com mensagens mais explícitas, além de venderem objetos sadomasoquistas. Nesse período, a borracha tornou-se a principal matéria-prima de suas criações.

Vivienne Westwood se apresentava com roupas de couro, t-shirts rasgadas (as "catalyst-shirts") e acessórios feitos de correntes e cadeados. A partir daí, nasce o conceito de vestir punk. O trabalho do casal começou realmente a se difundir quando Vivienne criou um modelo novo, feito de borracha e vinil vermelhos. Além disso, Malcolm era o produtor da banda punk mais influente da época, os Sex Pistols, vestidos pela estilista. Daí o fato de ser chamada de estilista punk até hoje. Ela mesma afirma: "Na época, não me via como estilista. Procurávamos motivos de rebelião para provocar. O resultado dessa procura foi a estética punk".

Em 1981, Westwood mostrou sua primeira coleção seminal em Londres, intitulada Pirata. Criou uma fragrância (Boudoir), deu cara nova às famosas sandálias de plástico Melissa e nunca mais parou de produzir tendências e novidades. Destaque para a linha de alta joalheria feita em colaboração com a Palladium Alliance, com peças que misturam símbolos pagãos e metais raros.

Mesmo sendo uma das estilistas mais importantes do século – Vivienne ganhou o prêmio como designer do ano da Grã-Bretanha em 1990 e 1991, além de ter sido nomeada membro de honra da Royal College of Art – “Dame Westwood” combate como uma rebelde o consumismo exagerado. Chegou a declarar em 2007: “Se você tem dinheiro para comprar roupas, compre-as de mim. Mas não compre muito.” Ainda assim consegue manter quatro linhas sob sua direção: a semi-couture Gold Label, a prêt-à-porter Red Label, a masculina Westwood Man e a diffusion Anglomania. Westwood não segue regras, cria as suas imposições.

Constantemente busca inspiração e transita pelo submundo, mas as causas politicamente corretas são sempre seu foco, como os manifestos que escreve para alertar o mundo sobre as mudanças climáticas e a devastação da Amazônia. E hoje o preto, o vermelho e as peças destroyed, tão características de sua moda, dividem a cena com acessórios com mensagens como “respeite o planeta”. Atualmente, ela veste estrelas como Kate Winslet, Pamela Anderson, Alice Dellal, entre outras. Dotada de muita personalidade e um talento natural para os negócios, Vivenne soube sustentar sua marca como ninguém e até hoje é símbolo de rebeldia, estilo e atitude.

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Bebé Ribeiro escreve todo dia 19.

Lana Del Rey: “Blue Velvet” para a H&M e a Paradise Edition do Born to Die.

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Foi liberada hoje (dia 18) a versão completa da campanha da H&M, marca multinacional de roupas, estrelada por Lana Del Rey. No vídeo, com pouco menos de dois minutos, a cantora nos apresenta o seu cover de “Blue Velvet”, canção clássica de 1963, originialmente bravada por Bobby Vinton. Com tal título, a produção decidiu-se por homenagear o cineasta David Lynch, que dirigiu um Blue Velvet em 1986. Os elementos da filmografia do diretor circundam Lana enquanto ela aparece como uma diva da era do rádio, ora cantando, ora passando por uma sessão de hipnose.

O cover que embala a campanha publicitária pode ser ouvido na íntegra, e será incluído no relançamento do primeiro álbum da cantora, o Born to Die: Paradise Edition. Com lançamento previsto para novembro, a reedição deve vir com pelo menos seis novas faixas, entre as quais há burburinhos de estarem as já vazadas "Serial Killer", "Summer of Sam" e "Body Electric".

O vídeo promocional para a H&M pode ser visto aí embaixo, e as fotos da moça para a marca estão disponíveis aqui.

17 de set. de 2012

Review: Thiago Pethit está em clima de cabaré em seu novo Estrela Decadente.

capa do álbum

por Amanda Prates
(Twitter - Blog "I Enjoy, And You?")

Sim, no Brasil ainda existem pessoas que fazem música diferente. E sim, eles representam a nova geração de cantores independentes que tem tentado renovar e reinventar a música brasileira, com composições que expõem suas próprias emoções “de forma verdadeira e confessional”. Marcelo Jeneci, Mallu Magalhães, Tiê, Tulipa Ruiz... Aqui, Thiago Pethit é quem está em questão. Tendo iniciado sua carreira em 2008, com o lançamento do EP independente (assim como os outros dois álbuns) Em Outro Lugar, Pethit só ganhou reconhecimento no meio musical em 2010, com seu primeiro álbum de estúdio Berlim, Texas. Produzido por Yury Kalil Alaia (Cidadão Instigado), o disco é composto por cinco faixas em inglês, cinco em português e uma em francês, uma das características principais da música de Pethit. Nele, o paulistano de 28 anos fundamenta-se por suas veias teatrais e resgata o universo vaudeville, influenciado por Tom Waits, Kurt Weill e Leonard Cohen, e a cena underground dos anos 60 e 70, para tentar renovar a linguagem da música indie-pop.

Em Estrela Decadente, seu segundo álbum de estúdio, Thiago Pethit, antes extremamente melancólico, intimista e acústico, agora combina melancolia e escuridão. O disco, produzido por Kassin (Caetano Veloso, Gal Costa), revela o lado “transgressor” do músico e compositor. A imagem de bom-moço presente no álbum anterior dá lugar ao agressivo e questionador. Berlim, Texas é calcado pela leveza do violão e pela suave voz do rapaz, Estrela Decadente traz a sonoridade questionadora e intelectual dos anos 60 e a presença amena do rock. "No primeiro disco, queria que as pessoas ouvissem minhas histórias, por isso a supervalorização da voz e das letras. Agora, quero que se sintam dentro delas. Mas as pessoas não precisam entender a história por inteiro, pois é um trabalho mais sensitivo", revela Thiago.

Nove faixas compõem o disco lançado em agosto e disponibilizado para download gratuito no site do cantor, sendo que oito delas são de autoria própria e uma versão de Bertolt Brecht e Kurt Weill. Pethit conta com a participação de nomes como Mallu Magalhães, Cida Moreira e um coro admirável. A faixa que abre o disco, “Pas de Deux”, primeiro e único single (até o momento), ganhou clipe há pouco mais de um mês, e num clima esfumaçado é basicamente fundamentado por coreografias de atores-dançarinos num palco de teatro, no qual a atriz Laura Neiva dubla a voz de Thiago na música, e com características sonoras dos cabarés dos anos 20 e 30. A produção é assinada por Vera Egito e Renata Chebel e considerada de alto nível.

A faixa que se segue, “Moon”, é, talvez, a mais bem elaborada de todo o trabalho. Pethit não poupa o uso de guitarras, pianos e batidas animadas. É a primeira das muitas bilíngues, com o refrão cantado em falsete por Thiago que diz: “It might be soon, my heart changes with the moon”, e é a composição que melhor resume a mudança assumida pelo cantor nesse novo disco. “Dandy Darling”, de letra boba, por mais pessoal que seja, resume alguns erros do músico, mas que logo é salva por “Perto do Fim”, canção sessentista e também bilíngue, conta com a participação ilustre de Mallu Magalhães e já começa clamando: “We´ve been in hotel rooms before/I know much more than you can think of”. Quando perguntado, em uma entrevista, as razões pelas quais o levaram a escolher Mallu para compor parte da interpretação da faixa em questão, Thiago respondeu que a escolha foi algo muito conceitual, pois ao conceber o álbum, ele pensou muito na imagem de Marianne Faithfull (ilustre cantora britânica, que obteve sucesso nos anos 60) e viu em Mallu Magalhães a “encarnação da musa dos Rolling Stones”.

“So Long, New Love”, canção já conhecida, por compor comercial publicitário, é uma balada em inglês, que incorpora elementos sombrios e características do surf music com a sonoridade dos arranjos de 1960 de Phil Spector, tendo um belo coro formado por Camila Lordy, Marcio Arantes, Vitor Patalano e Pedro Penna, que aparece novamente na sétima faixa, “Haunted Love”. A faixa-título, bem rock dos anos 60, começa exigindo “Deixe-me só com o meu choro/Deixe-me só com a minha dor”, e revela o caráter melancólico assumido pelo próprio Pethit, bem característico a Nora Ney. Percebe-se uma narrativa de tom cômico, que brinca com a história de uma superstar em declínio e que, ao mesmo tempo, parece ser uma espécie de carta suicida.

O lado sombrio e obscuro de Thiago Pethit aparece mais aguçado em “Devil in Me”, e fala sobre a correlação e mistura entre paixão e loucura. A letra composta em parceria com Hélio Flanders, tem coro formado por Camila Lordy e Pedro Penna e é quase uma ode ao diabo, reforçada pela guitarra de Thiago Penna. A canção, cantada em sua maioria em inglês, se encerra com o único trecho em português “Eu vendi minha alma pra saber que o diabo sou eu”. “Surabaya Johnny” encerra brilhantemente o disco, e se destaca pelo piano de tachinha e o melotron de Camila Lordy e a guitarra de Pedro Penna. A track é um clássico de Bertolt Brecht e Kurt Weill, composta para o musical da Broadway, Happy End, de 1929, que conta com a participação de Cida Moreira. "A Cida entrou nesse disco para representar a loucura dos cabarés", explica o músico.

Poucas faixas, porém bem elaboradas. Uma mistura de algumas referências e influências de Thiago Pethit e que representa a mudança em termos de “atitude musical” assumida pelo compositor. É o lado ingênuo e doce de Berlim, Texas que dá lugar ao agressivo e que infringe as regras, perceptível de imediato na capa, características como o batom preto borrado e, ao canto da boca, um cigarro. Sem dúvidas, Estrela Decadente foi a “jogada de mestre” mais bem sucedida de Thiago Pethit que, deixando um pouco de lado os “descuidos” deste álbum, tem tudo para se tornar um dos músicos, cantores e compositores de maior destaque mundial, se já não o for, já que é alvo de tantas boas críticas da mídia.

***** (4,5/5)

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Estrela Decadente
Lançamento: 20 de Agosto de 2012.
Selo: Independente.
Produção: Kassin.
Duração: 31m50s.

Amanda Prates escreve todo dia 18.