Na coletiva de imprensa de Gatsby, da esquerda para a direita: Tobey Maguire, Baz Luhrmann, Carey Mulligan e Leonardo DiCaprio
por Caio Coletti
O primeiro dia de Cannes 2013 teve de tudo: estreias aguardadíssimas, anúncios inesperados e até uma surpresa sul-americana. Mas tudo começou com O Grande Gatsby, é claro, exibido pela manhã antes mesmo da grande abertura do Festival, que ocorreu em grande estilo ontem (15) a noite. A recepção um pouco fria do público ao filme de Baz Luhrmann não casou muito com a estreia meteórica (US$ 50 milhões em um final de semana) do filme nos EUA.
O diretor, em entrevista ao site brasileiro UOL, reafirmou a relevância atual de seu filme: “O periódo moderno que conhecemos hoje começou nos anos 1920, que o livro retrata (…). Então, essa história do Gatsby poderia acontecer hoje. Wall Street ainda tem corrupção, está fora de controle e temos essas festas, a decadência”. Para DiCaprio, Gatsby é sobre “a tragédia desse americano em anos de opulência”. O filme estreia no dia 07 de Junho no Brasil.
O júri de Cannes 2013, da esquerda para a direita: Lynne Ramsay, Ang Lee, Steven Spielberg, Nicole Kidman, Daniel Auteuil, Vidya Balan, Christoph Waltz, Maomi Kawasi e Christian Mungiu
A sempre diplomática coletiva de imprensa com o Juri da seleção oficial de Cannes não fugiu do script em 2013, embora abrilhantada pelo carisma de alguns de seus integrantes. O grande astro do ano, o presidente do juri, Steven Spielberg, comentou com franqueza e maturidade sobre ter concorrido apenas uma vez (com Louca Escapada, em 1974) a Palma de Ouro: “Isso é normal. Não podemos comparar maçãs com laranjas; filmes feitos para atrair o máximo possível de espectadores aos cinemas com filmes que mudam a sua maneira de ver a si mesmos, os outros, a vida”.
O diretor taiwanês Ang Lee e Spielberg trocaram elogios: “Eu o idolatro, o vejo como herói. Não sei como ele me vê”, disse o vencedor do Oscar por Brokeback Mountain. “Eu idolatro As Aventuras de Pi, portanto também idolatro você”, Spielberg retribuiu. O sempre charmoso Christoph Waltz, dono de dois Oscar de coadjuvante (Bastardos Inglórios e Django Livre), arrematou o clima do evento com uma comparação graciosa: “Uma boa psicanálise é a combinação entre um bom analista e um bom paciente. Da mesma maneira, seremos a combinação entre bons filmes com o nosso trabalho de juri. Terei a chance de discutir com essas oito pessoas maravilhosas, vindas de todo o mundo”.
Primeiro filme a ser exibido pela Seleção Oficial e, portanto, primeiro concorrente a Palma de Ouro visto pelo júri, Heli, filme mexicano, é o único representante latino-americano na disputa esse ano. Como Cannes não é Cannes sem um pouco de polêmica, a ultraviolência do diretor Amat Escalante, que já ganhou prêmio na mostra Un Certain Regard com Sangre, de 2005, dividiu opiniões. Houve jornalistas que deixaram a sala durante a exibição, especialmente após uma cena em que um animal de estimação é sufocado até a morte na frente de sua dona, uma criança. O diretor se defendeu: “Quando filmo esses atos de violência, não estou tentando impressionar, e sim traduzir a tristeza desses atos”.
Embora não participe de nenhum dos filmes em exibição nessa edição do Festival, Scarlett Johansson é sempre o centro das atenções por onde passa. Escalada para o novo filme de Jon Favreau, Chef, ao lado do próprio Robert Downey Jr com quem contracenou em Homem de Ferro 2 e Os Vingadores, a moça aproveitou todo o fuss da imprensa em Cannes para anunciar que, veja só, tem planos para estrear na direção em breve. E o projeto não carece de pedigree: trata-se da adaptação de Travessia de Verão, romance de Truman Capote publicado anos anos 90 sobre uma menina de classe alta na Nova York pós-Segunda Guerra. A única experiencia da ScarJo na direção é o custa These Vagabond Shoes, estrelado por Kevin Bacon, de 2009.
Emma Watson na mira dos fotógrafos na coletiva de The Bling Ring
As coletivas de imprensa da mostra Un Certain Regard poucas vezes são tão badaladas quanto a de The Bling Ring, novo filme de Sofia Coppola estrelado por Emma Watson. Assumindo o posto de uma das obras mais esperadas de todo o Festival, o filme jovem da filha de Francis Ford sobre uma gangue de garotas que rouba casa de celebridades teve gente ficando de fora da sessão graças a super-lotação. Graciosa como sempre, Miss Watson respondeu brilhantemente as perguntar sobre sua fase Harry Potter: “Essa fase já parece tão distante para mim, já se passaram três ou quatro anos. Mas ao mesmo tempo é tão presente ainda. Não quero fugir do meu passado, mas estou feliz de poder fazer novos papéis e trabalhar com gente nova”. Uma resposta elegantíssima.
A diretora Sofia Coppola, por sua vez, contou que quis narrar uma história simples e doce ao mesmo tempo que não deixou de lado a crítica a sociedade consumista e a obsessão dessas jovens pela fama: “A história toda aconteceu há dez anos, mas diz muito sobre a nossa cultura hoje. Los Angeles é o epicentro da cultura americana. Sempre me interessei por personagens que estão em busca da sua própria identidade, e de alguma forma perdem a inocência nessa busca”. The Bling Ring estreia dia 12 de Julho no Brasil.
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