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31 de mai. de 2014

Review: A ficção científica de-um-truque-só de “No Limite do Amanhã”

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por Caio Coletti

É preciso que uma coisa fique bem clara: não acredite nas críticas por aí que vendem No Limite do Amanhã como uma tentativa sem sal de fazer ficção científica distópica, o gênero da moda, com um twist temporal de trama. Se há algo que o novo filme de Doug Liman (A Identidade Bourne, Jumper, Sr. e Sra. Smith) faz é entreter, e o roteiro baseado na novela do japonês Hiroshi Sakurazaka sem dúvida tira o melhor proveito do tal “twist temporal” da trama, procurando surpreender e envolver o espectador no ritmo da narrativa. Além de ser um blockbuster competente, portanto, No Limite do Amanhã é um blockbuster inventivo. Não no sentido de ter muitos truques na manga, mas de saber usar os poucos que tem para sustentar duas horas de boa ficção científica.

A trama acompanha Cage (Tom Cruise), um sargento de funções burocráticas do exército americano que, ao se ver improvavelmente na frente de batalha contra um inimigo alienígena que, no futuro do filme, já tomou boa parte da Europa, acaba preso em um time loop: revive os dois últimos dias, de sua chegada na base até o catastrófico enfrentamento com o inimigo nas praias da Normandia, repetidamente. E é essa brincadeira conceitual que dá propulsão ao script assinado por Christopher McQuarrie (Jack Reacher) e os irmãos Jez & John-Henry Butterworth (Jogo de Poder), basicamente. Ajudados pela linguagem ágil do diretor Liman, uma escolha acertadíssima para o filme, e do editor James Herbert (Sherlock Holmes), os três roteiristas transformam essa ficção científica de-um-truque-só em uma experiência intrigante de storytelling.

Ajuda, é claro, que os personagens sejam cativantes, que os diálogos carreguem um humor afinado, e que o elenco entre no clima da trama. Chamar No Limite do Amanhã de “Feitiço do Tempo sem as piadas” não é só pouco lisonjeiro, como também inexato. Apesar de emprestar o preceito temporal da comédia oitentista estrelada por Bil Murray, o filme de Liman consegue conquistar o espectador também por méritos próprios. O sargento Cage de Tom Cruise é um protagonista não só simpático, como interessante – ao invés de torturado como a maioria dos personagens principais dessas ficções distópicas (incluindo o papel do próprio Cruise em Oblivion), Cage é um escorregadio burocrata, cheio de lábia e carisma, que muda sutilmente conforme a situação ao seu redor evoluí. É uma jornada diferente da enfrentada pela maioria dos heróis hollywoodianos, e nada melhor do que ter Tom Cruise, um dos astros americanos mais dispostos a assumir riscos, interpretando-o.

Não vamos fingir que a química entre Cruise e Blunt funciona bem – de fato, as duas atuações são melhores quando não existe a insinuação de uma trama romântica entre os dois personagens –, mas ver Blunt em tela é sempre um prazer, com seu olhar astuto e sua presença de cena ao mesmo tempo imponente e dinâmica. No Limite do Amanhã até se dá ao trabalho de criar uma conexão crível entre seus dois protagonistas, e em certa medida o esforço dá ótimos resultados. É o romance obrigatório que não funciona, talvez pelas poucas faíscas existentes no contato entre os dois, talvez pela própria natureza da história. Afinal, não dá para desconsiderar que, enquanto o personagem de Cruise cria uma familiaridade com a moça, ela continua tendo-o como um desconhecido.

Com um roteiro “redondinho”, que é tão interessante quanto instintivo de se acompanhar, e todos esses outros fatores trabalhando ao seu favor, No Limite do Amanhã ainda conta com efeitos e fotografia gloriosos. As câmeras comandadas por Dion Beebe (Oscar por Memórias de uma Gueixa) fazem uso plasticamente perfeito do 3D (reparem nas cenas de diálogo, não só nas batalhas!) e a equipe de conceituação dos efeitos visuais merece muitos elogios pela concepção dos aliens e de seu Ômega, criaturas fragmentadas e fugidias ao plano registrado pela câmera – ao contrário da maioria dos extra-terrestres retratados por Hollywood, eles parecem realmente de outro planeta.

No Limite do Amanhã pode não ser o melhor nem o mais equilibrado filme do ano, mas com certeza é um produto incomum para os grandes estúdios hollywoodianos, e só isso já pesa muito em seu favor.

✰✰✰✰ (4/5)

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No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow, EUA/Austrália, 2014)
Direção: Doug Liman
Roteiro: Christopher McQuarrie, Jez Butterworth, John-Henry Butterworth, baseados na novela de Hiroshi Sakurazaka
Elenco: Tom Cruise, Emily Blunt, Brendan Gleeson, Bill Paxton, Noah Taylor
113 minutos

28 de mai. de 2014

Você precisa conhecer: Um pé em Amsterdã, um em Nashville – o country do The Common Linnets

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por Caio Coletti

Falando sobre de Nashville, centro de todo o imenso mercado country dos EUA, os integrantes do duo The Common Linnets não titubeiam: é como uma segunda casa. E, de acordo com Waylon, o moço da dupla, a cidade americana é onde “meu coração musical está”. Interessante ouvir isso de dois nativos da Holanda, país pelo qual competiram no Eurovision 2014, alcançando o segundo lugar com a canção “Calm After the Storm” (abaixo). Mas é só ouvir um pouco do som dos dois para entender essa identificação.

O The Common Linnets faz country em seus próprios termos, e com seus próprios objetivos. A linda Ilsa de Lange não é só uma das vocalistas, como também idealizadora do projeto. Com carreira musical ultra-bem-sucedida na Holanda desde 1998 e uma das mais conhecidas representantes do country do lado de lá de Greenwich, a moça se juntou com Waylon para dar um pontapé inicial no The Common Linnets como um empreendimento, muito mais do que uma banda. Ilsa repete em qualquer oportunidade que o projeto pretende ser uma “plataforma” para todos os artistas holandeses que desejarem fazer country e ganhar reconhecimento por isso. Sendo assim, é razoável esperar que Ilsa e Waylon, que também tem carreiras solo para sustentar, não sejam os únicos integrantes do Linnets.

A participação no Eurovision rendeu ao projeto uma visibilidade gigantesca no continente. Apesar de quase não ser noticiado por aqui (a edição de 2014 virou notícia só por premiar uma drag queen barbada, Conchita Wurst, com o primeiro lugar), o festival anual é um dos maiores acontecimentos musicais da Europa. Lançado em 09 de Maio último, o álbum de estreia do The Common Linnets alcançou o topo das paradas na Holanda natal, mas se destacou também na Áustria, Alemanha, Bélgica, Suiça e Inglatrerra. “Calm After the Storm” entrou até para o Top 10 de singles britânico. “Still Loving After You” (abaixo) também se destacou nas paradas.

O nome da banda, segundo contam Ilsa e Waylon, veio da mente do designer Rens Dekker, amigo da dupla (que inclusive se conhece desde a infância, sintam a fofura!) que, além de sugerir o nome, desenhou a linda arte da capa do álbum de estreia do duo. “Common Linnet” é, na verdade, o nome em inglês de uma espécie de pássaro que no Brasil chamamos de “pintarroxo” (esse aqui) e que, na Holanda, é usado para designar os habitantes de uma região do país superpovoada desses animais. Não por coincidência, tanto Ilsa quanto Waylon nasceram por lá, o que faz deles songbirds (passarinhos cantantes) daquela região.

Aí embaixo selecionamos três músicas em especial que AMAMOS do álbum de estreia do duo. Vem ouvir com a gente e entrar na vibe desse country com sabor de frio e Leste europeu. Se você gostar, o álbum inteiro está disponível no canal do Youtube.

Pra quem gosta de: Lady Antebellum, The Band Perry, Delta Rae, Laura Marling, Armistice, Couer de Pirate

25 de mai. de 2014

The Americans, 2x13: Echo [SEASON FINALE]

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Poucos episódios de televisão nessa ou em qualquer temporada que esses olhos tenham testemunhado são capazes de cutucar tão fundo a ferida da hipocrisia que existe em cada um de nós quanto “Echo”, o season finale de The Americans. Claro, é um testemunho a absoluta maestria narrativa dos responsáveis pela série que, mesmo com uns poucos episódios vacilantes pelo caminho, a trama tenha chegado ao final intacta em relação a tudo o que queria dizer e mostrar. Há uma amargura em “Echo”, uma tensão que é muito mais do que de expectativa pelos destinos dos personagens – é existencial. No último de seus fabulosos 13 episódios dessa temporada, The Americans nos faz uma pergunta que deveria ser inquietante para qualquer um: você abriria mão do que ama pelo amor de uma ideia?

O mais excepcional, sem dúvidas, é quanto esse questionamento sempre esteve no âmago da série, esperando para explodir das águas sempre calmas, mas sempre a ponto de ebulição, de The Americans. Com seu retrato exato e (conforme a temporada passou) cada vez mais impiedoso das mentiras e encenações, e do preço alto que elas cobravam na ilusão de estabilidade e autenticidade meramente humana dos personagens, a série sempre esteve caminhando para esse limite, esse “ponto de quebra”, em que as cortinas fecham e o teatro tem que acabar. “Echo” se coloca em frente a esse confronto, mas deixa que as paredes caiam silenciosamente ao fundo, bem à moda de The Americans, para desfazer o cenário cuidadosamente construído por seus protagonistas.

Surpreendentemente, o episódio segue duas linhas narrativas paralelas, que em momento algum se entrelaçam. De um lado temos Stan, uma guilt-trip ambulante enquanto contempla a decisão que precisa tomar – trair seu país e entregar para os russos o programa de computador que seria responsável pela tecnologia stealth, ou perder Nina de vez, uma vez que a moça será mandada de volta para Moscou, aguardar julgamento (e provável execução) por traição. De uma forma, o dilema de Stan também é entre amor e ideias, e a escolha que ele faz é muito mais fria e menos sentida do que as dos Jennings, também. Esse é o jeito que The Americans encontrou para equilibrar seu jogo moral – Stan sente por Nina, e o episódio faz questão de nos colocar diretamente em sua perspectiva (trabalho perfeito do diretor Daniel Sackheim ao inserir subjetividades no mundo sempre frio da série), mas não é dúvida que passa pelo rosto do fabuloso Noah Emmerich, e sim remorso.

Já o casal protagonista passa por um verdadeiro inferno: tudo começa com a morte de Fred (John Carroll Lynch, we’ll miss you!), que completa a missão dada a ele pelos Jennings, mas não sobrevive ao processo; depois, a notícia de que Larrick não está mais na Nicarágua chega aos ouvidos dos dois e eles são obrigados a se locomover para observar Jared (Owen Campbell, em atuação espetacular) de perto – quando encontram-se com o menino, no entanto, e com Larrick, The Americans aplica a maior reviravolta de trama que já ousou aplicar e faz o garoto confessar o crime do assassinato da família, e que vem sendo um agente da KGB há algum tempo. A cena como é escrita por Joe Weisberg e Joel Fields, e atuada por Campbell, é poderosa não só pelo fato de choque, mas pelo que representa: a confissão final de Jared, observado por Elizabeth e Phillip, faz com que os dois olhem diretamente nos olhos da sordidez de comprometer aquilo que se ama por uma ideia (de “trabalhar por algo maior que eles” e nesse processo perder a noção de todo o resto que é considerado “menor”).

As engrenagens de The Americans são tão perfeitas que até a trama de Paige, envolvida com a Igreja durante toda essa temporada, faz sentido. Além de ser uma oportunidade de mostrar que a personagem de Holly Taylor tem uma personalidade parecida com a de Elizabeth, com uma retidão moral e uma paixão pela ideia de sacrifício, trazer a discussão religiosa para dentro da casa dos Jennings é mostrar o quão messiânica é a missão que eles foram colocados naquela terra estranha para cumprir. Num perturbador círculo vicioso de pecado e mentira, “Echo” termina com um diálogo matador desferido por Keri Russell e uma reação aterradora de Matthew Rhys. O que a Mãe Rússia esquece de levar em conta, é claro, é que esses agentes-Messias colocados em terras inimigas são apenas e meramente humanos, e o sacrifício talvez peça deles muito mais do que eles podem oferecer.

The Americans não responde à pergunta que nos faz durante o episódio, aquela que eu destaquei no primeiro parágrafo. E talvez justamente por não responder é que o episódio seja tão inquietante, tão incômodo. Cruelmente, “Echo” se limita a observar que, quando se ama uma ideia acima de qualquer coisa, tudo o mais que se ama se torna refém dela.

Observações adicionais:

- For God’s sake! Eu espero que o Emmy, cujas indicações serão anunciadas no próximo dia 10 de Julho, reconheça, se não a própria série em Melhor Série Dramática, pelo menos Keri Russell como Melhor Atriz na mesma categoria.

- Para quem queria saber, a música usada na cena antes dos créditos iniciais é “Twilight Zone”, do Golden Earring.

✰✰✰✰✰ (5/5)

THE AMERICANS -- "Echo" -- Episode 13 (Airs Wenesday, May 21, 10:00 PM e/p) Pictured: Lee Tergersen as Andrew Larrick. CR. Patrick Harbron/FX

A terceira temporada de The Americans está confirmada pela FX!

Dossiê Cannes 2014: Quem ganhou, quem fez polêmica, quem foi aplaudido e vaiado

Cannes DianaNicole Kidman e Tim Roth, a Grace Kelly e o Príncipe Ranier de Grace of Monaco

por Caio Coletti

Filme de abertura: Grace of Monaco, de Olivier Dahan

O comentário mais gentil que se ouviria em Cannes sobre Grace of Monaco, filme de abertura do Festival desse ano, seria que, de tão ruim, o filme poderia ter um futuro como clássico kitsch. A trajetória da cinebiografia, rótulo que Nicole e o diretor Olivier Dahan (Piaf – Um Hino ao Amor) rejeitam com convicção, não ocorreu sem obstáculos pelo caminho: os descendentes da princesa Grace, incluindo a filha mais nova, Stephanie, expressaram repúdio pelo filme, e o diretor brigou com os produtores, os irmãos Weinstein, pelo corte final do longa. Acerca desse último boato o cineasta foi incisivo: “Só existe uma versão do filme e Harvey [Weinstein] vai lançar essa versão. Se houver alguma mudança a fazer, faremos juntos”, disse na coletiva após a exibição do filme para a crítica.

A polêmica com a família real de Mônaco foi tratada com tato por Nicole, que é 12 anos mais velha do que a princesa Grace seria na época retratada pelo filme: “Fico triste que a família de Grace tenha rejeitado o filme. Não tivemos malícia em relação a eles. Esta é uma ficção, não é uma biopic; precisamos tomar algumas licenças dramáticas. São seus pais retratados na tela, entendo que eles estejam buscando uma proteção de privacidade. Mas quero que eles saibam que minha performance foi feita com muito amor”, esclareceu ela. A estrela ainda revelou que hoje não vê o trabalho como o centro de sua vida, e que entende a decisão de Grace de deixar o cinema pela família (“Quando você tem filhos, descobre que é capaz de morrer por alguém. E quando você tem isso, todas as suas perspectivas mudam”).

Segundo o IMDb, a estreia de Grace of Monaco no Brasil está marcada só para 01 de Janeiro de 2015.

Captura de tela inteira 25052014 213801.bmpQuentin Tarantino, Nuri Bilge Ceylan, Uma Thurman, Timothy Spall e Bruce Wagner

Palma de Ouro: Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan

Terceiro ano seguido em que a Palma de Ouro sai para um país fora do eixo EUA-Inglaterra, o grande vencedor da premiação esse ano foi o turco Nuri Bilge Ceylan, de 55 anos, que venceu pela primeira vez após quatro seleções anteriores para a disputa. Conhecido por filmes como Distante, Era uma Vez na Anatólia e 3 Macacos, o diretor trouxe à Cannes dessa vez uma épica meditação sobre a natureza humana e partes dela com o egocentrismo e manipulação. São 3 horas e 15 de filme, duração que, segundo a presidente do júri Jane Campion, meteu medo na plateia, mas a maestria de Ceylan acabou se revelando conquistadora: “O filme tem um ritmo tão bonito que me envolveu, eu podia ficar mais tempo ali. É como uma história de Tchecov, com os personagens se torturando o tempo todo”, afirmou.

A cerimônia de premiação apresentada por Quentin Tarantino e Uma Thurman (em comemoração aos 20 anos da Palma de Ouro de Pulp Fiction), laureou ainda o britânico Timothy Spall, conhecido como o Rabicho da saga Harry Potter, como Melhor Ator pelo papel-título de Mr. Turner, filme de Mike Leigh sobre um dos precursores do impressionismo nas artes plásticas. O título de Melhor Atriz ficou com Julianne Moore, a atriz atormentada por fantasmas do passado e do presente no irônico Maps to the Stars, de David Cronenberg, um dos filmes mais controversos de Cannes 2014 (vide o topless no tapete vermelho) – o roteirista do filme, Bruce Wagner, recebeu o prêmio pela atriz, que não estava mais na França.

Melhor Diretor: Bennet Miller, por Foxcatcher (EUA) - TRAILER
Melhor Roteiro: Oleg Negin e Andrey Zvyagintsev, por Leviathan (Rússia) – TRAILER
Prêmio do Júri: Xavier Dolan, por Mommy (Canadá)
Cámera D’Or (para cineastas estreantes): Marie Amachoukeli-Barsacq, Claire Burger e Samuel Theis, por Party Girl (França)

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Un Certain Regard: O Sal da Terra, de Wim Wenders

Uma co-produção Brasil, França e Itália, documentário sobre a vida de um brasileiro notável, foi a grande vencedora da mostra paralela Un Certain Regard, sempre a mais concorrida de Cannes depois da seleção principal. O Sal da Terra era um projeto de Juliano Ribeiro Salgado, filho do lendário fotógrafo jornalístico Sebastião Salgado, que chamou o diretor alemão Wim Wenders (O Homem Urso, Asas do Desejo) para ajudá-lo a montar uma homenagem em forma de filme para o trabalho do pai. O resultado encantou o júri presidido pelo cineasta argentino Pablo Trapero, que concedeu o prêmio Especial do Júri ao filme, já garantido para distribuição americana e brasileira.

O prêmio principal da mostra ficou, no entanto, com White God, filme húngaro que chocou a plateia ao apresentar cenas violentas de ataques de cachorros selvagens no centro de Budapeste. O diretor Kornél Mundruczó já concorreu a Palma de Ouro duas vezes, mas esse é o primeiro prêmio que leva para casa. Os atores principais do filme, os cães gêmeos Luke e Body, ganharam a “Palma Dog”, brincadeira que premia os cachorros mais expressivos de Cannes. Party Girl acumulou, junto com a Camera D’Or, o prêmio de melhor direção da Un Certain Regard. O ator australiano Davil Gulpilil ganhou o troféu de melhor atuação pelo papel de um aborígene em Charlie’s Country.

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O quê mais teve?

  • Teve Quentin Tarantino comemorando 20 anos da vitória de Pulp Fiction na corrida pela Palma de Ouro e deixando os fãs eufóricos ao dizer que está pensando em filmar The Hateful Eight, projeto que abandonou em Janeiro após o vazamento de um rascunho do roteiro.
  • Teve Ken Loach, um dos diretores preferidos de Cannes (são 12 seleções para a Palma de Ouro e uma vitória, por Ventos da Liberdade), desistindo de se aposentar após ver seu último filme, Jimmy’s Hall (TRAILER), ser ovacionado pelo público.
  • Teve Michel Hazanavicious (O Artista), Ryan Gosling e Ryan Reynolds tendo seus filmes recebidos com gelidez pela crítica do Festival. Hazanavicious apresentou The Search (TRAILER), Gosling estreou na direção com Lost River (TRAILER) e Reynolds levou o thriller The Captive (TRAILER).
  • Teve Steve Carell sendo o primeiro cotado para o Oscar de Melhor Ator do ano que vem pela atuação em Foxcatcher, na pele de um bilionário obsessivo.

19 de mai. de 2014

Suburgatory 3x13: Stiiiiiiill Horny [SERIES FINALE]

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Durante os dois anos em que estive fazendo reviews de Suburgatory para O Anagrama, a comédia da ABC mostrou-se uma das séries mais surpreendentemente difíceis de se discutir. Existe um tom muito específico à Suburgatory que é difícil de traduzir em palavras, e isso é só testemunha da genialidade da série de Emily Kapnek em seus melhores momentos. Não é só esse sabor agridoce de mezzo comédia cartunesca, mezzo drama familiar, não é só a ambiguidade moral de amar e odiar todos os seus personagens ao mesmo tempo (ou amá-los mais completamente por reconhecer seus defeitos, talvez). Durante os três anos em que esteve no ar, Suburgatory conteve uma mágica dentro de si que só fica mais clara nesse series finale.

É verdade que “Stiiiiiiill Horny” não é o último episódio que Kapnek e os outros escritores estavam esperando, mesmo porque a notícia do cancelamento da série os obrigou a correr um pouco com a trama. Se esse finale guarda em si um senso de completude é sinal de que esses personagens estavam solidamente construídos – basta pensar um pouco para entender que isso é muito mais importante do que tempo para fechar a trama, uma vez que a natureza da narrativa por si só impede um fechamento “redondinho” (histórias sempre tem para onde continuar quando deixam a tela). Dito isso, é notável como o roteiro de Andrew Guest, em sua décima e última colaboração com a série, entende a jornada desses personagens e as dá um desenrolar perfeitamente adequado.

Depois do casamento de Lisa e Malik, acompanhamos o novo casal de adaptado à vida em matrimônio, num pequeno conflito que é resolvido com agilidade, simplicidade e inteligência (três qualidades que sempre brilharam em Suburgartory). Ao mesmo tempo, George remói sua noite com a ex, Dallas, e tenta descobrir se quer reatar o relacionamento com ela ou não – e a mesma dúvida acomete a personagem de Cheryl Hines. Por fim, Tessa descobre-se sem amigos e tenta se juntar a um clube de tricô, mas não percebe que está fazendo isso tudo, e esteve fazendo muitas outras coisas por um bom tempo, porque ainda não superou Ryan.

Os “finais” dados a esses dois casais principais são interessantes, e dizem muito sobre os paralelos que Suburgatory desenhou, em sua trajetória através das temporadas, entre as relações pai-e-filho e as relações românticas. Há muito de impulsividade no beijo de Tessa e Ryan que fecha “Stiiiiiiill Horny”, e há uma amargura na discussão entre George e Dallas que sela o relacionamento dos dois de maneira que parece (e vai acabar sendo) definitiva. Um dos grandes temas silenciosos de Suburgatory pode ter sido conflito de gerações, afinal – ou melhor, o conflito que a experiência naturalmente provoca ao sentimento à flor da pele da juventude. Até isso a série precisa relativizar, no entanto, e nos coloca um episódio final estrelado por quatro velhinhas que se dizem, orgulhosamente, “ainda safadas”.

Por falar em relativizar, Suburgatory entra no rol de série que foi capaz de chegar ao outro lado desse processo, e a linda canção entoada por Jeremy Sisto em certa parte do episódio é exemplar disso. Encarnada na personagem de Dallas, Suburgatory conseguiu nos mostrar que futilidade e superficialidade são meras questões de escolha, mesmo quando um ambiente tenta te forçar a isso – e mais, que até as pessoas mais inócuas podem ter qualidades que faltas nas mais profundas. Bastante maduro para uma série que terminou com dois adolescentes se despindo no meio da rua, não?

Observações adicionais:

- Suburgatory pode ter acabado, mas Emily Kapnek estreia série nova, intitulada Selfie, na próxima fall season. Já estamos ansiosos!

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

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18 de mai. de 2014

The Americans 2x12: Operation Chronicle

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

The Americans é uma das melhores séries no ar atualmente, ponto. A diferença da trama criada por Joe Weisberg para uma Breaking Bad ou uma Game of Thrones é que The Americans não sente a necessidade de alardear sua qualidade da maneira gritante com que essas e outras grandes séries da atualidade fazem (ou faziam). Há algo de muito mais quieto, muito mais discreto, e muito mais integral na forma como The Americans é excelente – com seus valores de produção apuradíssimos (mas sem luxo ou extravagância), suas atuações espetaculares (mas que colocam o ego do personagem acima do ego do ator) e seus múltiplos temas interconectados em uma narrativa muito coesa, a série do FX não faz barulho sobre suas grandes reviravoltas nem pretende criar ícones pop de seus personagens. Essencialmente, The Americans é tão boa porque se preocupa apenas em contar uma história da melhor maneira possível.

“Operation Chronicle” faz essa prerrogativa ser evidente de uma forma que não era desde o começo da temporada, no igualmente excepcional “Comrades”. Talvez o grande responsável por isso seja o próprio Joe Weisberg, que assina o roteiro desse penúltimo episódio da temporada ao lado de Joel Fields, co-produtor e co-developer da série. Com o conhecimento essencial que Weisberg tem de sua própria criação, o episódio nos mostra a sutileza de The Americans em pleno funcionamento, movendo a trama adiante com delicadeza e cadência impecáveis enquanto assistimos um desenrolar emocional tão ou até mais importante do que o político. Os intermináveis paralelos entre os personagens, suas relações uns com os outros e o diálogo entre esses dois “âmbitos” da trama estão de volta, assim como a preocupação de não isolar os personagens nesse mundo conceitual.

A câmera de Andrew Bernstein (Elementary) auxilia e muito nesse sentido, retomando as tomadas de longe e sublinhando elementos de cena e a forma como a trama dialoga com eles o tempo todo. “Operation Chronicle” é, como a própria The Americans, uma história que acontece em função e por consequência do ambiente em que se desenrola – e quando a série procura reconhecer isso melhor o resultado é um episódio muito mais rico em contexto e envolvimento do espectador.

A série se prepara para o season finale com sua trama em múltiplas frentes: com a ameaça de Larrick se aproximando, Elizabeth corre contra o tempo para tirar Jared, o filhos dos agentes soviéticos mortos no episódio da estreia, do país – mas o episódio nos deixa com uma arrepiante cena que mostra o personagem de Lee Tergesen mais perto do que gostaríamos de seu alvo; ao mesmo tempo, os Jennings são chamados à ação para roubar amostras da pintura de aviões responsável pelo efeito stealth, e para isso dependem de Fred (John Carroll Lynch), de cuja lealdade eles ainda duvidam; por fim, Nina e a KGB armam uma encenação para convencer o agente Beeman a conseguir acesso ao programa de computador que os soviéticos precisam para completar o projeto stealth.

Como é a própria missão de um pré-season finale, “Operation Chronicle” faz mais jogar possibilidades interessantes no ar (o dilema moral de Beeman, o medo de Nina, as infinitas incertezas de Elizabeth e Phillip) do que resolvê-las. Isoladamente, no entanto, continua sendo um retrato instantâneo e extremamente eficiente do mundo particular de The Americans, e de toda a qualidade humana que, essencialmente, faz parte dele.

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

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Próximo The Americans: 2x13 – Echo (21/05) [SEASON FINALE]

17 de mai. de 2014

Review: O espetáculo e a derrocada de “Godzilla”

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por Caio Coletti

Na edição do mês passado da revista Rolling Stone Brasil, uma pequena matéria publicada sobre Godzilla destacava que o diretor Gareth Edwards teve como norte durante a produção encontrar “a jornada emocional dentro de um desastre natural” (leia a matéria completa aqui). É compreensível que se tenha esperado mesmo do diretor britânico uma abordagem como essa – seu único longa anterior, intitulado Monstros, é um suspense psicológico pós-apocalíptico que ganhou destaque por contornar problemas de orçamento e se concentrar nos personagens e na história que queria contar.

Parte de Godzilla também é assim, e não é que quando os monstros apareçam os humanos deixem de importar para o roteiro de Max Borenstein (Swordswallowers and Thin Men) – é que o autor do script elimina de forma sumária, no meio do filme, o próprio elemento que conduz a tal “jornada emocional” e que estava, por pura força de magnetismo, puxando o trabalho do filme (as atuações, a direção, a condução da trama) no sentido de sublinhar essa jornada. O novo Godzilla corta laços com a versão americana anterior, de 1998, para colocar o monstrão como o “herói” da história, exercendo sua função de predador quando duas criaturas nascidas das experiências humanas com radioatividade ameaçam a vida na Terra.

No meio de tudo isso, acompanhamos Ford (Aaron Taylor-Johnson, meio perdido em um papel que não lhe cai bem), um desarmador de bombas do exército americano que se vê em meio à confusão quando vai à Tóquio resgatar o pai (Bryan Cranston). Os dois são sobreviventes de um desastre em uma usina nuclear, que matou a mãe de Ford, interpretada por Juliette Binoche em participação decepcionantemente pequena. A trama, que viaja do Japão para os EUA (passando por Honolulu e, é claro, San Francisco), acerta ao mostrar só o bastante de Godzilla e dos dois monstros que ele combate, mas não se afasta tanto do filme-de-desastre comum quanto o diretor Edwards quer nos fazer acreditar.

Isso quer dizer que a patriotada continua aqui, mesmo que disfarçada em mensagem anti-bélica, e que todas as boas atuações são obliteradas por um espetáculo absoluto de efeitos visuais, e pela de fato excelente construção de personagem... em se tratando dos monstros. Não é sempre que se vê um filme disposto a admitir que a disputa entre três gigantes radioativos é mais profundamente caracterizada que a relação entre seus personagens humanos. Isso não é de todo um defeito, como o leitor pode pensar. Godzilla pode ser um filme muito envolvente quando quer, e sem dúvida sabe como mexer com a excitação do espectador. Só não é, como alguns poderiam estar esperando, um drama pulsante dentro de um invólucro de doce pirotecnia. Isso já seria bom demais para ser verdade.

✰✰✰ (3/5)

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Godzilla (EUA/Japão, 2014)
Direção: Gareth Edwards
Roteiro: Max Borenstein
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, Ken Watanabe, David Strathairn, Juliette Binoche
123 minutos

Temporada 2014/15: As 5 novas séries, os cancelamentos e as renovações da CBS!

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por Caio Coletti

Com os últimos episódios da fall season de 2013/14 sendo exibidos, as emissoras americanas chegam naquele momento tenso em que precisam anunciar para os fiéis espectadores quais séries serão renovadas e canceladas, e quais pilotos produzidos foram escolhidos para virarem temporadas completas. Enfim, é hora de mostrar como vai ser a programação da emissora depois do período da mid-season, que vai até meados de Setembro.

A CBS fechou o calendário quarta-feira (14), liberando a agenda para a fall season. Uma das surpresas foi a reprovação do spin-off How I Met Your Dad, que provavelmente não verá a luz do dia. Aí embaixo você vê as vítimas, as renovadas e os previews:

Renovadas: 2 Broke Girls, Blue Bloods, CSI, Hawaii Five-0, Criminal Minds, Elementary, Mike & Molly, Mom, NCIS, NCIS: Los Angeles, Person of Interest, The Big Bang Theory, The Good Wife, The Mentalist, The Millers e Two and a Half Men

Canceladas: Bad Teacher, Friends With Better Lives, Hostages, How I Met Your Mother, Intelligence, The Crazy Ones

Madam Secretary

Na onda de Veep e House of Cards, a CBS aposta em sua própria estirpe de série política com Madam Secretary, criada a escrita por Barbara Hall (Judging Amy). Como é do feitio da emissora, a premissa se arruma como um drama tradicional episódico – ou seja, quase um procedural: acompanhamos o dia-a-dia da secretária de estado Téa Leoni (The Naked Truth, As Loucuras de Dick & Jane), que foi chamada para o cargo por sua abordagem franca e diferente dos problemas políticos, e pela habilidade testada e aprovada como analista da CIA.

Bebe Neurwith (Cheers), Geoffrey Arend (Body of Proof), Tim Daly (Wings, Private Practice) e Michael Aronov (The Americans) estão no elenco. Madam Secretary vai ao ar aos domingos, fazendo a ponte entre o 60 Minutes e The Good Wife.

NCIS: New Orleans

Nós últimos anos, enquanto CSI foi perdendo força com a finalização de seus spin-offs, NCIS foi ganhando espaço. A série original, que estreou em 2003, é hoje uma das mais assistidas da televisão americana, e o primeiro fruto da franquia, NCIS: Los Angeles, que estreou em 2009, também vai muito bem, obrigado. New Orleans é a nova aposta, trazendo para a televisão a terceira equipe responsável por investigar casos relacionados ao contingente militar americano – a localização na cidade litorânea se justifica por ser um destino popular entre os militares em licença.

New Orleans conta com Scott Bakula (Quantum Leap, Star Trek: Enterprise), Lucas Black (Velozes e Furiosos – Desafio em Tóquio), Zoe McLellan (JAG) e CCH Pounder (The Shield). O spin-off estreará nas terças-feiras, logo depois da série-matriz (empurrando NCIS: LA para liderar o horário de segunda-feira).

Scorpion

Nick Santora (Prison Break) assina o roteiro de Scorpion, novo thriller da CBS que traz uma premissa interessante: um hacker prodígio reúne em torno de si uma equipe de gênios que, de trabalhos clandestinos, passam a prestar serviço ao governo quando ameaças high-tech e complexas começam a surgir. O trailer eletrizante mostra que a produção de Alex Kurtzman e Roberto Orci (Transformers, Sleepy Hollow) pode render mais uma série bastante divertida com um espírito bem próprio.

O elenco é formado por Elyes Gabel (Casualty, Guerra Mundial Z) como o protagonista hacker, Eddie Kaye Thomas (Til Death) como o psicanalista do grupo, Jadyn Wong (Cosmopolis) como uma expert em mecânica e Ari Stidham (Huge) na pele de um gênio em matemática. Katherine McPhee (Smash) completa o time como uma garçonete que serve de ligação dessas pessoas excepcionais com o mundo real.

Scorpion vai ao ar às segundas-feiras, ao lado de NCIS: LA.

Stalker

Não bastando ser o responsável pelos maiores sucessos da FOX (The Following) e da CW (The Vampire Diaries), Kevin Williamson agora quer dominar a CBS com esse suspense pesadão sobre uma detetive que trabalha em casos de stalking. Lidar com obsessões românticas que levam a violência, abuso virtual e perversidades compulsivas em geral não é fácil para a protagonista de Maggie Q (Nikita), que tira sua determinação para resolver os casos de uma experiência própria – e traumática.

No elenco também estão Dylan McDermott (American Horror Story), Victor Rasuk (How to Make it in America) e Mariana Klaveno (Devious Maids). Stalker vai ao ar as quartas-feiras, formando bloco temático com Criminal Minds.

The McCarthys

O sucesso de comédias com temas familiares (as únicas comédias estreantes que a CBS não cancelou esse ano foram The Millers e Mom) levou à emissora a encomendar essa criação de Brian Gallivan (Are You There, Chelsea?) para uma temporada completa. A trama acompanha uma família extremamente unida –a  ponto de morar em uma mesma rua – que divide uma paixão pelo esporte. O único que não se encaixa nesse padrão é o protagonista interpretado pelo estreante Tyler Ritter, um homem gay que fica entre aceitar um emprego que lhe fará mudar de cidade ou continuar perto de seus familiares.

Larie Metcalf (Roseanne) e Jack McGee (Rescue Me) são os pais do protagonista, e Jimmy Dunn, Joey McIntire (da boy-band New Kids on the Block) e Karen Coleman (The Newsroom) interpretam seus três irmãos. The McCarthys vai ao ar às quintas-feiras.

Midseason – começo ou meio de 2015

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Battle Creek: Nova série de Vince Gillian, o celebrado criador de Breaking Bad, em parceria com David Shore (House), a nova série de detetives da CBS apresenta o conflito de personalidades entre Russ Agnew (Dean Winters, Rescue Me) e Milton Chamerlain (Josh Duhamel, Transformers). O primeiro é um veterano da cidade de Battle Creek, cujo departamento de polícia é abalado quando o segundo, agente do FBI, chega para montar um posto do bureau no seu território. Janet McTeer (The White Queen) e Kal Penn (House) estão no elenco.

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CSI: Cyber: Com o final dos spin-offs Miami e NY, a franquia CSI corria o risco de seguir apenas com sua série original, que já conta 14 temporadas, se não fosse a vontade da CBS de mantê-la viva a todos os custos. Cyber é a resposta para essa vontade, estrelando Patricia Arquette (Medium) como uma detetive especializada em crimes cometidos na dark web e suas ramificações no mundo real. Torrey DeVitto (Pretty Little Liars), Gil Belows (Ally McBeal) e Cheyenne Jackson (30 Rock) estão no elenco.

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The Odd Couple: Remake de um clássico setentista (que por sua vez era baseado em uma série de filmes dos anos 60), The Odd Couple nos apresenta Feliz (Thomas Lennon, Sean Saves the World), um obsessivo por limpeza que, depois do divórcio, recebe em sua casa um amigo de faculdade, Oscar (Matthew Perry, o próprio Chandler), também recém-separado, mas consideravelmente mais “relaxado” quanto a organização. O conflito entre os dois, que rendeu 114 episódios à mesma CBS nos anos 70, é o combustível da série.

16 de mai. de 2014

Person of Interest 3x23: Deus Ex Machina [SEASON FINALE]

Person of Interest

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Em certo momento de “Deus Ex Machina”, este que vos fala, preciso confessar, teve a clara impressão de que Person of Interest estava dobrando-se mais à vontade da emissora de televisão aberta onde é veiculado, e deixando uma certa identidade moral para trás, como resultado. Isso aconteceu por volta dos 35 minutos, quando o plano maléfico do bond-vilão Greer foi revelado para Finch e Collier, e a atuação um tanto histriônica de John Nolan entrou no caminho para tornar tudo mais cheesy do que deveria (não me levem a mal, Nolan tem sido um ás na manga para Person, mas o texto nessa cena em especial não ajudou). A verdade é que eu precisava de tempo, porque assim que “Deus Ex Machina” entrou para os créditos finais ficou mais do que claro que Person não estava se curvando diante das convenções da CBS – estava se curvando diante das vontades de sua própria narrativa.

Em retrospecto, existe uma certa quebra de inocência no momento em que Collier descobre que foi manipulado pela Decima durante todo o tempo em que achou fazer parte de um movimento revolucionário pró-privacidade. O esforço de nos mostrar o passado do personagem e sua trajetória dentro do movimento nos últimos dois episódios recompensou no sentido de fazer a performance de Leslie Odom Jr. soar mais encorpada, e construir um elo de simpatia entre o espectador e Collier. Durante boa parte de “Deus Ex Machina”, Person passa por momentos de pura angústia moral durante o julgamento aberto promovido por Vigilance contra as forças do governo responsáveis pela máquina de Finch (e por Samaritan, agora). O confronto de Collier com cada um desses personagens é marcante e complexo, e isso não é diminuído pela frieza revelada por Greer – pelo contrário, o vilão é uma ferramenta essencial para que as entrelinhas morais permaneçam tão sutis quanto deveriam ser.

É preciso destacar no episódio a atuação de Camryn Mainheim e o confronto de sua personagem, Control, com o Peter Collier de Odom Jr. No roteiro de Greg Plageman e David Slack, ambos veteranos da série, o confronto entre essas duas forças de storytelling é memorável porque demonstra a forma como ambos os lados da discussão da privacidade e paranoia no século XXI podem ter seus defensores apaixonados e suas convicções de ferro. É quase como uma prévia do duelo de titãs (para usar uma metáfora mitológica das que Person tanto gosta) que veremos no quarto ano – ou não, visto que os roteiristas tem um comichão por surpreender seus espectadores.

Aliás, ao juntar Plageman e Slack para redigir o finale da temporada, Person soube pesar muito bem as forças que tinha em mãos: ambos são parte da equipe que concebe os episódios semanalmente, Plageman assinou o capítulo de estreia (“Liberty”), e Slack foi creditado como autor, entre outros, de “Root Path” e “Razgovor”, focados em Root e Shaw, respectivamente. Trazer o primeiro para o finale significa ter uma visão direta de como ele se conecta com o episódio de estreia da temporada, e portanto dotá-lo de maior poder de conclusão (mesmo que haja uma ponta evidentemente solta para puxar o quarto ano); trazer o segundo significa reconhecer a importância que os coadjuvantes adquiriram, e apurar uma relação mais próxima com os personagens num episódio que naufragaria sem o impacto emocional que atinge nas cenas finais.

“Deus Ex Machina” é um finale tão excelente justamente porque conserva a capacidade essencial de Person of Interest: a de jogar a própria premissa de cabeça para baixo e não ter medo de precisar lidar com ela no futuro. Em Person, nós nunca voltamos à estaca zero, e isso faz sentido absoluto na arte de contar histórias. Como o voice-over de Root cita no finalzinho: “The whole point of Pandora’s Box is that once you’ve opened it, you can’t close it again”.

✰✰✰✰✰ (5/5)

Person of Interest

Person of Interest está confirmada para uma quarta temporada!

15 de mai. de 2014

Temporada 2014/15: As 4 novas séries, os cancelamentos e as renovações da FOX!

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por Caio Coletti

Com os últimos episódios da fall season de 2013/14 sendo exibidos, as emissoras americanas chegam naquele momento tenso em que precisam anunciar para os fiéis espectadores quais séries serão renovadas e canceladas, e quais pilotos produzidos foram escolhidos para virarem temporadas completas. Enfim, é hora de mostrar como vai ser a programação da emissora depois do período da mid-season, que vai até meados de Setembro.

A FOX fechou o calendário segunda-feira (12), liberando a agenda para a fall season. O número de cancelamentos em relação à NBC e ABC é notavelmente menor. Aí embaixo você vê as vítimas, as renovadas e os previews:

Renovadas: American Idol, Bob’s Burgers, Bones, Brooklyn Nine-Nine, Family Guy, New Girl, Os Simpsons, Sleepy Hollow, The Following, The Mindy Project

Canceladas: Almost Human, Dads, Enlisted, Raising Hope, Rake, Surviving Jack, The X Factor

Gotham

A franquia Batman está em um momento crucial de sua trajetória, passando por mais uma das muitas transições e reconstruções de sua história. Com a conclusão da trilogia de Christopher Nolan, Batman vs. Superman vai testar a popularidade do Morcego em 2016. Enquanto isso, Gotham pretende deixar o nome de Bruce Wayne em alta ao mostrar a infância do garoto logo após perder os pais. O personagem principal da série de Bruno Heller (The Mentalist, Rome), no entanto, é o Comissário Gordon, então apenas um rookie que forma um laço de amizade com Bruce à época do assassinato dos Wayne.

Vários personagens conhecidos estão confirmados na série: além Ben McKenzie (The O.C.) como Gordon e o jovem David Mazouz (Touch) como Bruce, teremos Sean Pertwee (Dog Soldiers) como Alfred, Donal Logue (Sons of Anarchy) como Harvey Bullock (o “novo” Duas-Caras), a novata Camren Bicondova como Selina Kyle (a futura Mulher Gato), Erin Richards (Breaking In) como Barbara Gordon,  Robin Taylor (Aprovados) como o jovem que um dia se tornará o Pinguim, e Cory Michael Smith – também estreante – como Edward Nygma (o Charada). Para completar, Jada Pinkett Smith (Hawthorne) encarna a chefona do crime em Gotham.

Gotham irá ao ar as segundas-feiras, formando uma noite temática com Sleepy Hollow.

Gracepoint

O sucesso britânico Broadchurch chega aos EUA com um conceito reformulado para minissérie limitada, e traz o protagonista da versão original, David Tennant (Doctor Who), para seu primeiro grande papel na televisão americana. Além de Tennant, Gracepoint empresta da sua versão inglesa o showrunner Chris Chibnall, que conduz a minissérie ao lado de Dan Futterman (In Therapy), e o diretor James Strong. A trama segue o Detetive Carver (Tennant), que chega à minúscula cidade-título para investigar o assassinato de um garoto, que acaba envolvendo toda a cidade em um frenesi de tensão.

O elenco conta com Anna Gunn (Breaking Bad), Michael Peña (As Torres Gêmeas), Virginia Kull (Boardwalk Empire), Nick Nolte (Luck), Jacki Weaver (O Lado Bom da Vida), Kevin Zegers (Os Instrumentos Mortais) e Jessica Lucas (Cloverfield). Gracepoint terá 10 episódios e vai ao ar às quintas-feiras.

Mulaney

Egresso do Saturday Night Live que preferiu tentar segurar uma série sozinho antes de migrar para o cinema, John Mulaney pode ser muito mais espero do que parece. O formato de sitcom tradicional explicitado pelo trailer mostra que Mulaney, a série, tem suas boas jogadas, emulando estilos dos anos 90 (a referência óbvia é Seinfeld, é claro) ao mostrar a vida de um comediante de stand-up que é contratado um um astro de TV como assistente, e precisa equilibrar o novo trabalho com o tempo dedicado aos amigos/colegas de quarto, tudo em plena Nova York (é claro).

No elenco estão Martin Short (Primetime Glick) como o tal astro de TV com ego proporcional a sua fama, Nasim Pedrad (outrea egressa do SNL) e o estreante Seaton Smith como os colegas de quarto de Mulaney, Zack Pearlman (The Inbetweeners) como um amigo inconveniente, e Elliott Gould (Onze Homens e Um Segredo) como o vizinho gay para quem o protagonista pede conselhos.

Mulaney vai ao ar aos domingos, com Brooklyn Nine-Nine e todo o bloco de animações da FOX.

Red Band Society

Essa produção de Steven Spielberg é baseada em Polseres Vermelles, uma série espanhola queridinha dos críticos de TV. A história acompanha um grupo de crianças e adolescentes internados por vários motivos em um hospital de Los Angeles, onde se unem em torno da “sociedade das pulseiras vermelhas”, uma espécie de grupo de apoio através do qual eles podem conversar sobre suas doenças e suas vidas no hospital. A FOX está vendendo a série, que é narrada por um garoto em coma (Griffin Gluck, Back in the Game), como um “drama de high school” num ambiente diferente.

No elenco estão Octavia Spencer (Histórias Cruzadas) como uma enfermeira linha-dura, Dave Annabelle (Brothers & Sisters) como o médico responsável por supervisionar os casos das crianças, e os jovens Charlie Rowe (Os Piratas do Rock), Brian Bradley (o Astro, competidor do The X Factor americano), Ciara Bravo (Big Time Rush),  Nolan Sotillo (Prom) e Zoe Levin (O Verão da Minha Vida). A escritora principal da série é Margaret Nagle (Boardwalk Empire).

Red Band Society vai ao ar às quartas-feiras.

Além dessas quatro séries que estreiam já em Setembro, a FOX tem outras seis engatilhadas para a mid-season, ou seja, para o início/meio de 2015 (nenhuma delas tem data definida ainda). É o caso de Wayward Pines, minissérie de suspense de M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido), que depois de uma série de fracassos no cinema resolveu se voltar para a TV. A trama acompanha um policial (Matt Dillon) que acorda na misteriosa cidade-título, povoada por personagens grotescos e da qual, aparentemente, é impossível sair.

Além de Dillon, o elenco conta com Carla Gugino (Pequenos Espiões, Political Animals), Melissa Leo (O Lutador), Terrence Howard (Homem de Ferro), Toby Jones (O Nevoeiro, The Girl), Reed Diamond (Franklin & Bash), Shannyn Sossamon (Mistresses) e Juliette Lewis (Assassinos por Natureza).

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Backstrom: Mais um para a lista de investigadores irascíveis (e meio cômicos) da TV americana, Backstrom tem a vantagem de ser inspirado em uma série de novelas policiais de um escritor sueco, e ter Rainn Wilson (The Office) escalado para o papel. Na pele do detetive anti-social e xenófobo, ele tem ao seu lado em campo a otimista Nicole Gravely (Genevieve Angelson, House of Lies), o Sargento John Almond (Dennis Haybert, 24 Horas), o investigador forense Frank Moto (Kristoffer Polaha, Ringer) e a assistente civil Nadia Paquet (Beatrice Rosen, O Cavaleiro das Trevas). Thomas Dekker, o John Connor de The Sarah Connor Chronicles, completa o elenco. Veja o trailer!

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Empire: A nova série da dupla de diretor e roteirista Lee Daniels e Danny Strong (Preciosa, O Mordomo da Casa Branca) é a história de um magnata do hip hop (Terrence Howard de novo!) que procura entre seus três filhos o sucessor. O mais novo (o novato Bryshere Gray) é um playboy mimado com talento para a música e fome de fama; o do meio (Jussie Smollett, O Anjo da Guarda) é um cantor de soul sensível – e gay, o que envergonha o pai preconceituoso; e o mais velho (Trai Byers, 90210) é um gênio corporativo e ambicioso. Taraji P. Henson (Person of Interest) e Gabourey Sidibe (American Horror Story) completam o elenco. Veja o trailer!

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Hyeroglyph: Obra de Travis Beacham (Pacific Rim), esse drama da FOX explora o mundo do Antigo Egito através da história de Ambrose (Max Brown, Beauty and the Beast), um ladrão que é tirado da prisão por ordens do faraó (Reece Ritchie, Prince of Persia), a fim de perseguir e recuperar um pergaminho roubado, o misterioso Book of Thresholds. Condola Rashad (Smash), Caroline Ford (Pânico no Lago), John Rhys-Davies (o Gimli de Senhor dos Anéis) e Kelsey Chaw (One Three Hill) estão no elenco. Veja o trailer!

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The Last Man on Earth: Nós d’O Anagrama amamos a FOX porque ela escolhe os projetos mais arriscados da TV aberta americana. Simples assim. The Last Man on Earth é a aposta louca do canal nessa temporada, comprando a ideia de Will Forte (SNL, Nebraska), que escreve e estrela essa comédia sobre, bom, o último homem do planeta. A série retrata o dia-a-dia de Phil Miller, único sobrevivente de um evento não-especificado, enquanto ele viaja pelos EUA na busca de algum outro ser humano. Veja o (genial) trailer!

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Weird Loners: Única aposta da FOX que ainda não tem trailer divulgado, Weird Loners junta quatro personagens que prometem ser adoráveis – Caryn (Becki Newton, Ugly Betty) é o tipo de mulher que se apaixona pelo primeiro cara que vê na rua; Zara (a estreante Meera Khumbhani) é um espírito livre que vive quebrando corações; Stosh (Zachary Knighton, Happy Endings) é um cafajeste que acaba de ser chutado do emprego em Wall Street; e Eric (Nate Torrence, Hello Ladies) é o um doce esquisitão. Os quatro se mudam para um prédio no Queens, e suas vidas românticas se entrelaçam.

The Blacklist 1x22: Berlin: Conclusion [SEASON FINALE]

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ATENÇÂO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

The Blacklist não é uma série perfeita. Sendo bem sincero, é um produto nato da televisão aberta americana, com todos os defeitos que vem com essa prerrogativa. “Berlin: Conclusion”, justamente por ser o season finale da trama, deixa muito expostas as fragilidades desse primeiro ano da série, ao mesmo tempo que mostra que esses erros podem ter sido acidentes de percurso no trabalho de roteiristas que, alternativamente, fazem um trabalho fabuloso. No final do dia, sejam quais forem seus problemas (o pouco desenvolvimento dos coadjuvantes é um ponto crítico), The Blacklist ainda tem uma ótima história para contar, e sabe muito bem como conta-la.

Assinado por quatro escritores essenciais para essa primeira temporada (o criador Jon Bokenkamp com o parceiro John Eisendrath, mais a dupla Lukas Reiter e J.R. Orci), “Berlin: Conclusion” é ótimo exatamente por não tentar amarrar todas as pontas e embrulhar a trama em um papel de presente encimado por um laço vermelho. É um finale mais do que apropriado para uma série que sempre tirou grande vantagem de saber o que e quando revelar, e o que e quando esconder. The Blacklist tem plena consciência de que, enquanto tiver segredos e mistérios entre seus personagens, terá também material para torna-los interessantes e coloca-los em conflito. E a série é exponencialmente mais empolgante com isso.

Durante o episódio acompanhamos os momentos intensos após a queda do avião que levou Berlin e vários outros criminosos para solo americano. Enquanto o FBI tenta capturar os últimos fugitivos e desvendar quem, nessa história toda, é o grande vilão pelo qual procuram, os agentes de Berlin começam uma caçada pelos membros da força-tarefa encarregada dos blacklisters. A primeira vítima desse jogo de gato e rato montado pelo episódio é a Agente Malik, que morre com pouco mais de dez minutos de episódio. A corrida dos dois lados desse embate é excitante, mas é preciso dizer que o pouco investimento de The Blacklist em seus personagens secundários faz o impacto do finale se diluir (a propósito, b’bye Parminder Nagra, we’ll miss you!).

Como de costume nos roteiros de Bokenkamp e Eisendrath, o material dispensado a James Spader e Megan Boone é excelente, e ambos se tornam ainda melhores quando estão contracenando (apesar de Spader ter momentos brilhantes ao lado de Alan Alda também). É impressionante a forma como as cenas entre Liz e Red, meros diálogos, podem ser a espinha dorsal de uma série essencialmente pulp, e essencialmente de ação, como The Blacklist. Num episódio que tem até história de origem para o grande vilão introduzido, numa das concepções mais kitsch e deliciosas do time de escritores da série, o coração de The Blacklist ainda está no lugar certo – e isso já é algo a mais que uma boa parte da programação da TV americana.

Observações adicionais:

- A agenda de The Blacklist para a próxima fall season inclui uma mudança de horário: a primeira metade da segunda temporada vai ao ar às segundas-feiras, como se costume, mas a segunda metade vai passar às terças.

✰✰✰✰ (4/5)

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The Blacklist está confirmada para segunda temporada!

14 de mai. de 2014

Temporada 2014/15: As 6 novas séries, os cancelamentos e as renovações da ABC

ABC ID 2013

por Caio Coletti

Com os últimos episódios da fall season de 2013/14 sendo exibidos, as emissoras americanas chegam naquele momento tenso em que precisam anunciar para os fiéis espectadores quais séries serão renovadas e canceladas, e quais pilotos produzidos foram escolhidos para virarem temporadas completas. Enfim, é hora de mostrar como vai ser a programação da emissora depois do período da mid-season, que vai até meados de Setembro.

A ABC fechou o calendário ontem (14), liberando a agenda para a fall season. Aí embaixo você vê as vítimas, as renovadas e os previews:

Renovadas: Castle,, Grey’s Anatomy, Last Man Standing, Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D., Modern Family, Nashville, Once Upon a Time, Resurrection, Revenge, Scandal, The Goldbergs, The Middle

Canceladas: The Assets, Back in the Game, Betrayal, Killer Women, Lucky 7, Mind Games, Mixology, The Neighbors, Once Upon a Time in Wonderland, Suburgatory, Supen Fun Night, Trophy Wife

Black-ish

Principal aposta cômica da ABC para esse ano, logo depois de uma fall season um tanto desastrosa nesse campo (só uma das séries de comédia estreantes da emissora foi renovada para segundo ano), Black-ish é o projeto de estimação de Anthony Anderson (Guys With Kids) e Laurence Fishburne (Hannibal). A figura central da série é Anderson, que encarna um homem negro se aproximando da meia-idade que percebe, após seu filho mais velho pedir por um bar mitzvah, que sua família perdeu a conexão com as raízes negras americanas.

Enquanto Fishburne interpreta o pai de Anderson (fãs de Hannibal, não se alarmem – ainda não está confirmada a saída do ator da série), Tracee Ellis Ross (Girlfriends) faz o papel da esposa, e os quatro filhos são interpretados por jovens atores quase estreantes – Marcus Scribner, Yara Shahidi, Marsai Martin e Miles Brown.

Black-ish vai ao ar nas quartas-feiras, no horário depois do ultra-hit Modern Family.

Cristela

Da comediante stand-up Cristela Alonzo e do produtor Kevin Hench (Last Man Standing) chega Cristela, sitcom que retrata uma mulher latina cujas grandes ambições entram em conflito com as ideias conservadoras da família. No sexto ano de sua faculdade de direito e com o primeiro estágio (não remunerado) começando, Cristela ainda precisa morar com a irmã (Terri Hovos, de Cold Case) e o marido desta (Carlos Ponce, vindo direto das novelas mexicanas).

O elenco ainda conta com Andrew Leads (Bones) e Sam McMurray (The Fosters, Scandal). Cristela vai ao ar às sextas-feiras, junto com a outra produção de Hench para a ABC.

Forever

O novo procedural da ABC chega com um toque de sobrenatural: o novo investigador esquisito para o já gigantesco rol da televisão americana é Henry Morgan (Ioan Gruffudd, o ex-Sr Fantástico), médico-legista de Nova York que se junta com a detetive de Alana De La Garza (Do No Harm) para resolver casos. Acontece que Morgan só topa tudo isso para tentar desvendar o mistério de sua própria imortalidade, que já dura 200 anos – cada vez que o Dr. Morgan morre, ele reaparece no litoral de Manhattan como se nada tivesse acontecido.

O veterano Judd Hirsch (Numb3rs) interpreta um taxista que é o único confidente de Morgan, enquanto Joel David Moore (Bones) aparece como o assistente do doutor no necrotério. Forever irá ao ar às terças-feiras, depois de Agents of S.H.I.E.L.D.

How to Get Away With Murder

Shonda Rhimes é uma das produtoras/escritoras/showrunners mais respeitadas da televisão americana no momento, tendo emplacado Grey’s Anatomy e Scandal simultaneamente no gosto do público e da crítica. How to Get Away With Murder promete trazer o clima de novelão sério para uma nova trama, compreendendo dessa vez uma sala de alunos de direito que, orientados pela professora de Viola Davis (Histórias Cruzadas), aprendem como livrar seus clientes de virtualmente qualquer acusação. Esse balé moral, o trailer promete, será marcado por muito sexo, mentiras e assassinato.

O ótimo elenco jovem inclui: Alfie Enoch (o Dino Thomas da série Harry Potter), Billy Brown (Hostages), Jack Falahee (Twisted), Katie Findlay (The Carrie Diaries), Aja Naomi King (Emily Owens M.D.), Matt McGorry (Orange is the New Black) e Liza Weil (Gilmore Girls).

How to Get Away With Murder ocupa o horário das quintas-feiras a noite, ao lado das duas outras séries de Rhimes. Programada para uma primeira temporada curta de 13 episódios, a série será substituída pela também estreante Secrets and Lies na midseason.

Manhattan Love Story

Jeff Lowell (Todas Contra John) é o idealizador dessa comédia que tira graça da narração em off dos pensamentos dos protagonistas, um homem e uma mulher que começam um romance em Nova York. Dana (Analeigh Tipton, de Hung e Meu Namorado é Um Zumbi) é uma recém-chegada à metrópole que logo é arranjada por uma amiga para um encontro às cegas com Peter (Jake McDorman, de Shameless). Apesar do resultado um tanto desastroso desse primeiro contato, os dois continuam se vendo pela insistência da tal amiga.

Jade Catta-Preta (Californication), Nicolas Wright (Accidentally on Purpose) e Kurt Fuller (Psych) também estão no elenco. Manhattan Love Story ocupará as terças-feiras ao lado de Selfie, na hora antes da exibição de Agents of S.H.I.E.L.D.

Selfie

Nessa fall season de 2014 temos dois astros britânicos de Doctor Who (em eras diferentes da série, mas whatever) chegando à televisão americana. Falaremos de David Tennant nos próximos dias, quando cobrirmos a fall season da FOX, mas Karen Gillian, que interpretou Amy Pond entre 2008 e 2013 na série inglesa, já chegou com sua Selfie. Criada por Emily Kapnek (Suburgatory), a série conta a história de uma garota fútil (Gillian) que, ao se apaixonar pelo chefe culto, aceita ser “doutrinada” por ele.

O trailer, que retrata a moça tendo aulas básicas de interação social, entre outras coisas, mostra que a química entre Gillian e John Cho (Star Trek, Sleepy Hollow) é surpreendentemente forte. O elenco ainda conta com Da’Vine Joy Randolph (Mother of George), Allyn Rachel (Weeds) e David Harewood (Homeland).

Selfie será exibida as terças-feiras, junto com Manhattan Love Story.

Além dessas seis séries com estreias certas para o início da fall season, a ABC tem outras seis engatilhadas. Quatro delas já tem horário e período definido para serem exibidas, como é o caso de Secrets and Lies. Barbie Kligman (Private Practice) comanda esse remake de uma série australiana, estrelado por Ryan Phillippe (Segundas Intenções) como um homem acusado do assassinato de um garoto, e Juliette Lewis (Assassinos por Natureza) na pele da detetive que o pressiona para confessar.

A série, que terá a temporada limitada a 10 episódios, irá ao ar às quintas-feiras no horário de How to Get Away With Murder, começando assim que o novo drama de Shonda Rhimes fechar sua season de 13 capítulos.

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American Crime: A criação de John Ridley (12 Anos de Escravidão) vai substituir Resurrection nos domingos quando a série encerrar sua segunda temporada. Timothy Hutton (Leverage) e Felicity Huffman (Desperate Housewives) estrelam como os pais de um garoto assassinado. Quando a polícia diz estar procurando por um motorista “hispânico” a partir do relato de testemunhas, o crime adquire um componente racial, explorado pelo roteiro de Ridley, que também dirige. Veja o trailer!

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Galavant: “Um conto-de-fadas cômico musical de proporções épicas” é a forma como a ABC descreve Galavant, criação de Dan Fogelman (Amor a Toda Prova, The Neighbors) que conta com letra e música de uma dupla premiada: Alan Menken (A Bela e a Fera) e Glenn Slater (Enrolados). A série, que vai ao ar durante o holiday break de Once Upon a Time, retratará a jornada do personagem título, um famoso guerreiro que precisa reconquistar sua amada das mãos de um maléfico (e ridículo) príncipe. Veja o trailer!

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Agent Carter: Mantido à sete chaves pelos executivos da Marvel, que aposta pela segunda vez na ABC para hospedar suas séries, Agent Carter é um spin-off de Capitão América focado na personagem de Hayley Atwell nos dois filmes do herói. Logo após a Segunda Guerra, Peggy se torna agente especial do SSR (Stategic Scientific Reserve), respondendo diretamente a Howard Stark. Apesar de todo o mistério, já sabemos que a primeira temporada vai ao ar durante o holiday break de Agents of S.H.I.E.L.D.

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The Whispers: Suspense sobrenatural estrelado por Lily Rabe (American Horror Story), The Whispers retrata uma ameaça à raça humana trazida por aliens que nos atacam de maneira inusitada: dominando a mente de crianças e convencendo-as a, entre outras coisas, matar os próprios pais. Milo Ventimiglia (Heroes), Barry Sloane (Revenge) e Brianna Brown (General Hospital) também estão no elenco. Veja o trailer!

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Fresh Off the Boat: Baseada no livro de memórias do famoso chef Eddie Huang, Fresh Off the Boat ganhou roteiro de Nahnatchka Khan (Don’t Trust the Bitch in Apartment 23), o que é garantia de piadas muito politicamente incorretas –mas também hilárias. O estreante Hudson Yang ficou com o papel principal, o do jovem Eddie que se muda de Chinatown para Orlando. Constance Wu (Stephanie Daley) e Randall Park (Larry Crowne) estão no elenco. Veja o trailer!