Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

Drake, Lorde e Goldfrapp são apenas três dos artistas que chegaram arrasando na nossa lista.

Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

29 de abr. de 2015

Você precisa conhecer: depois de amadurecer diante dos fãs, Tori Kelly está pronta para o estrelato

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por Caio Coletti

Tori Kelly não sabe o que é o anonimato desde os 14 anos, quando começou a postar covers e vídeos de apresentações escolares no Youtube, com a ajuda dos pais. Antes mesmo disso (aos 12!), a moça havia conseguido contrato com uma gravadora, a Geffen Records – o arranjo não durou muito, e Tori só voltaria para o mundo da música mainstream em 2013, quando assinou com a Capitol Records. “Eu havia me queimado antes. Mas quando conheci esses caras, eu nunca havia me sentido daquele jeito. Eles eram fãs, e me entendiam”, diz ela, que é atual protegée de Ed Sheeran e Pharrell Williams, entre outros produtores que embarcaram na produção do álbum de estreia da cantora.

Mas comecemos do começo: Tori nasceu em 1992, na pequena cidade de Wildomar, na Califórnia (EUA). O pai tem raízes irlandesas, porto-riquenhas e jamaicanas, enquanto a mãe trouxe para a mistura suas descendências britânicas e germânicas. O resultado é o rosto bem peculiar de Tori, e é também uma educação musical bem variada – “Eu dou muito crédito aos meus pais por tocarem todo tipo de música para mim. Nenhum gênero era além dos limites”, diz ela. Kelly cresceu apaixonada por R&B, soul, rock e folk, tendo como principais referências artistas como Lauryn Hill, Crystal Lewis, John Mayer e Lenny Kravitz. O som baseado no violão/guitarra, mesmo com os adendos mais pop dos últimos singles, sem dúvida vem dessa afinidade, e a postura resoluta de cantora-compositora também. No álbum de estreia, Kelly co-assina todas as canções.

A breve passagem de Kelly pelo American Idol, em 2010 (ela não chegou aos shows ao vivo), angariou ainda mais fãs para a moça, que se tornaria um fenômeno do Youtube nos anos seguintes. “Não poderia ter sido melhor”, ela diz sobre a experiência. “Eu não estou ligada a eles de forma alguma, e eu ganhei exposição do mesmo jeito. Eu me tornei a ‘garota que não entrou’, e eu acho que isso fez as pessoas se interessarem por seguir minha jornada”. Depois do badaladíssimo cover de "Thinkin' Bout You", canção de Frank Ocean em que Tori canta acompanhada pela amiga Angie Girl, o público reunido em torno da cantora se tornou tão grande que o próximo passo lógico era, obviamente, o lançamento de material original. Para quem quiser ver mais da fase cover de Kelly, fizemos um compilado aí embaixo:

O primeiro EP de músicas originais de Kelly saiu em 2012, sob o título Handmade Songs. Escrito, gravado e produzido inteiramente dentro do quarto da cantora, o disco auto-lançado chegou ao Top 10 do iTunes no gênero pop. As boas vendas renderam notoriedade para Kelly, que foi chamada para compor e gravar "Fill a Heart" para uma campanha filantrópica em prol da alimentação de crianças carentes. O single levou a primeira mini-tour de Kelly, que passou por oito locais nos EUA e ainda virou matéria de destaque em revistas como a Teen Vogue, a Elle e a Glamour. O primeiro EP, assim como o single filantrópico, mostram o lado mais folk da sensibilidade de Kelly, baseados na habilidade da cantora com o violão e adicionando pequenas sutilezas de produção ao conjunto final.

Nossa preferida pessoal é "Confetti", mas dá pra ouvir o EP todo logo aí embaixo:

Depois de assinar com a Capitol, Kelly lançou o segundo EP, intitulado Foreword, e passou a aparecer ainda mais na mídia. Sobre a significância do título, que pode ser traduzido como “prefácio”, Kelly disse em entrevista a Elle: “Para mim, ele representa uma espécie de introdução a algo que vai acontecer depois – talvez um álbum. Ao mesmo tempo, parece que eu estou movendo adiante em relação ao que eu era antes como artista. Eu ainda estou me mantendo verdadeira ao meu som, mas algo sobre ele parece mais novo – mais como se eu estivesse pronta para fazer isso”. A confiança descrita por ela certamente mora nas misturas ousadas do Foreword, trazendo elementos do R&B do começo dos anos 2000 e deixando o folk um pouco de lado para colocar um verniz mais pop até em canções como “Paper Hearts” (abaixo), uma break-up song por excelência.

Toques melódicos sugerem que Kelly se inspira no trabalho retrô de artistas como Justin Timberlake, sem perder o som essencialmente Lauryn Hill que é sua marca registrada, e é possível perceber que, conforme os anos e os EPs se passaram, Kelly aprendeu a controlar e usar o potencial de sua voz, uma das mais doces, interessantes e sutilmente potentes que o pop ganhou nos últimos anos. A sensibilidade folk ainda está lá, lembrando os trabalhos de gente como Corinne Bailey Rae e Yael Naim, cantoras-compositoras por excelência que trouxeram para os anos 2000 um estilo que parecia ter sido morto junto com o século passado. O EP também rendeu os primeiros clipes para Kelly, que produziu visuais bem bacanas para “Paper Hearts” e “Dear No One” – você vê os vídeos aí embaixo, e escuta o EP na íntegra aqui.

A última novidade em termos de Tori Kelly é que o tão aguardado álbum de estreia finalmente vai sair. Está marcado para 23 de Junho, e se chamará Unbreakable Smile. Terá faixas em parceria com Ed Sheeran e com o rapper LL Cool J, além de produtores do primeiro time como Max Martin, Claude Kelly e Toby Gad trabalhando com a moça, que tem dedo na composição e produção de todas as faixas. O primeiro single, “Novody Love” (abaixo), mostra que o lado soul de Kelly ficou mais evidente durante a produção do álbum de estreia, o que não deixa de ser algo bacana, especialmente porque a voz da californiana fica livre para trilhar caminhos antes inexplorados. O mesmo acontece na faixa-título (também abaixo), que carrega batida contagiante e uma pegada mais autoral – mesmo porque Kelly assina a composição sozinha.

“É complicado porque eu nunca vou saber o que é ser Miley Cyrus ou qualquer um desses astros jovens que cresceram nos holofotes. Eu sempre tive minha carreira musical, e só. Eu sou feliz que isso não tenha acontecido comigo dessa forma (repentina), porque eu consegui crescer primeiro, e agora eu posso fazer o que eu quero sem ficar tentando limpar o passado”, ela confessou a revista Elle. Aguardamos ansiosos o que essa liberdade toda vai significar para uma Tori Kelly cuja popularidade – e talento – só fizeram crescer.

Pra quem gosta de: Lauryn Hill, Jessie J, Jewel, Dido, Justin Timberlake.

26 de abr. de 2015

Gotham 1x20: Under the Knife

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

John Stephens é um dos roteiristas mais habilidosos que Gotham encontrou no decorrer dessa primeira temporada. É bacana para quem acompanha uma série bem de perto ver como determinados escritores simplesmente se encaixam melhor no mundo criado pela trama, criando episódios que fluem com um entendimento daquele ambiente, daqueles personagens e das necessidades da storyline naquele momento, que nem sempre aparece no trabalho de outros roteiristas. Stephens, que anteriormente esteve em séries com tom mais soap, como Gossip Girl e The O.C., se provou uma combinação improvavelmente perfeita com Gotham, a começar por sua estreia em “The Balloonman” (review) o episódio que provou o quanto a série da FOX entendia o espírito do herói que tentava retratar. Ele seguiu assinando episódios ótimos como “The Mask” (review) e “The Fearsome Dr. Crane” (review), refinando a habilidade de criar uma Gotham não só pulp e divertida como, ao mesmo tempo, sombria e cheia de personagens genuinamente perigosos.

É esse mesmo sentimento que passa o espertamente intitulado “Under the Knife”, o episódio mais alucinantemente acelerado de Gotham até hoje, e também um dos mais contundentes em passar o sentimento agourento das storylines com as quais a série está lidando nessa primeira temporada, especialmente as de origem dos futuros vilões. Conforme o roteiro vai ligando os pontos da história prática, nos deixando cada vez mais perto do finale, Stephens aproveita a oportunidade para colocar Gotham no tom certo quanto à caracterização e a evolução de personagens como o Pinguim, o Charada e a Mulher-Gato (ou melhor, Oswald, Edward e Selina). O salto mais perceptível, é claro, é o do personagem de Cory Michael Smith, que finalmente se vê livre do papel limitado que a temporada havia lhe dado e agarra a oportunidade de explorar um lado menos caricaturesco da atuação. A cena em que Nygma esfaqueia o policial que machucou sua amada Miss Kringle é brilhante nos pequenos maneirismos obsessivos que empresta ao personagem (“Oh, dear…”), e Smith tira o melhor desse e de outros momentos mais sutis do episódio.

Embora o trabalho com o Pinguim tenha sido bem mais convincente no decorrer da temporada, o roteiro de “Under The Knife” devolve à ele, e ao excepcional Robin Lord Taylor, a possibilidade de mostrar um lado mais violento e visceral. Gotham acertou tanto na caracterização desse futuro vilão em especial que, quando o episódio dá ao ator a oportunidade de explorar cantos obscuros do personagem, é claro que ele é o grande roubador de cenas da série. A conversa entre ele, a mãe e Sal Maroni é excepcionalmente tensa, e a linguagem corporal de Taylor durante todo o episódio é um espetáculo à parte – a trama serve também para fortalecer as motivações do personagem, cuja jornada por matar Maroni, nesse fim de temporada, deve ganhar mais espaço nos próximos episódios. Stephens é um dos poucos roteiristas de Gotham que entendem que a relação de Oswald com a mãe é a primeira e principal orientadora de sua ambição desmedida, e que o elemento de caos controlado que ele representa é importante para que a série seja o retrato contundente que é de Gotham City.

“Under the Knife” também tira o melhor do conflito entre Bruce e Selina depois dessa última ter tomado a dianteira na ação (necessária) de matar Reggie no episódio anterior. A atitude da personagem de Camren Bicondova devolve o espírito brutal por trás de toda a relação complicada entre o Batman e a Mulher-Gato, e aos poucos a dinâmica entre os dois jovens atores começa a se parecer com aquela que conhecemos entre os dois personagens. É uma imitação pálida, mas há de se argumentar que é assim que deveria ser, visto que muitos anos separam esse Bruce e essa Selina daqueles que estrelam os quadrinhos e filmes da DC – o importante é a forma como o roteiro de Stephens desenvolve a ação dos dois perseguindo o traidor dentro da Wayne Enterprises, e em última instância conseguindo dar um passo fundamental nesse sentido, enquanto desenha em cores fortes a linha moral sob a qual Gotham se baseia. “Under the Knife”, de sua forma meio pulp, é uma condenação do ato de matar, separando vilões e mocinhos em Gotham City a partir desse ato, mas não se esquecendo de inserir certa ambivalência moral nas beiradas dessa afirmação.

É o melhor episódio que Gotham entrega em tempos, um dos mais bacanas e eletrizantes de toda a temporada, e um tremendo predecessor para os dois últimos capítulos do primeiro ano. Não é perfeito (os diálogos são mais do que um pouco on the nose, a trama policial mais uma vez vira plano de fundo), mas certamente deixa uma expectativa alta para o final da temporada.

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

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Próximo Gotham: 1x21 – The Anvil or the Hammer (27/04)

23 de abr. de 2015

The Americans 3x12/13: I Am Abassin Zadran/March 8, 1983 [Season Finale]

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ATENÇÃO: esses reviews contêm spoilers!

por Caio Coletti

3x12 – I Am Abassin Zadran

Se The Americans não fosse The Americans, a cena final de “I Am Abassin Zadran”, o penúltimo capítulo de uma temporada particularmente importante para a cronologia da história, seria totalmente diferente. Nas mãos habilidosas do diretor Christopher Misiano (Resurrection) e na abordagem estoica do roteiro de Peter Ackerman (3x04, “Dimebag” – review) e Stuart Zicherman (3x03, “Open House” – review), no entanto, o impacto do momento em que Phillip tira sua “fantasia” de Clark pela primeira vez para Martha é muito maior do que seria em outro contexto. A atuação expressiva da maravilhosa Alison Wright é parte importante desse efeito, mas mais ainda é a construção de “I Am Abassin Zadran” como um agoniante retrato das incertezas dos personagens da série, especialmente aqueles que cercam os protagonistas, e de como suas identidades são processos em formação. O choque de Martha, e a destruição sumária do personagem com o qual Phillip se apresentava habilidosamente para ela, é só mais um pedaço dessa construção.

Em certos momentos, o episódio se estrutura muito mais do ponto de vista dos coadjuvantes do que do casal protagonista. Apesar da ausência de Sandra Beeman e Nina, todos os outros recorrentes da temporada são explorados pelo roteiro, que lida principalmente com o doloroso processo de aceitação pelo qual Paige tem de passar para reconstruir sua identidade, uma vez que chega a conclusão de que seu passado familiar era provavelmente construído sobre uma fundação de mentiras. A jovem Holly Taylor está verdadeiramente afiada nas cenas em que interage com Keri Russell e Phillip Rhys, deixando os dois atores mais experientes comandarem o andamento da encenação enquanto se concentra na expressão desse estranhamento e essa raiva à flor da pele que Paige, compreensivelmente, está sentindo. A série também não perde o rumo da metáfora que mencionamos alguns reviews atrás, no sentido que essa storyline reflete em muitos sentidos a forma como descobrimos, em certo ponto na vida, que nossos pais não são as pessoas que pensamos que fossem, na nossa ingenuidade pueril.

Em pequenas doses, como fez durante toda a temporada, The Americans dá a dica de que a história estrelada por Lisa é significativamente uma história sobre tomar controle da própria identidade, e não deixar com que os outros (no caso, o marido da personagem, Maurice) lhe digam quem você é. É uma faca de dois gumes essa com a qual The Americans brinca, mas os roteiristas sabem que é – em nenhum momento perdem de vista o fato de que Elizabeth também entrou na vida de sua asset para manipulá-la. Por fim, o episódio usa uma construção simplista para mostrar que nem o todo-poderoso Arkady é formado só por determinações e certezas, e traz Margo Martindale de volta para uma maravilhosa cena em que ela contracena com Frank Langella. A química entre os veteranos atores é previsivelmente maravilhosa, mas mais bacana ainda é ver a série mergulhar mais fundo na psique desse personagem manipulador e, ao mesmo tempo, extremamente sensível, que nos apresentou.

O Gabriel de Langella não é só essa figura esquiva e perceptiva que monta uma fachada para seus agentes de campo e, no final das contas, só está interessado em cumprir os objetivos do Centro. Tanto ele quanto a implacável Claudia são soldados que enterram suas dúvidas mais essenciais sobre o trabalho de realizam por cima de uma camada endurecida de experiência, de quem aprendeu a não se fazer as perguntas que realmente cutucam o íntimo e a moralidade. The Americans se recusa a vilanizar esses dois personagens tanto quanto se recusa a vilanizar o Mujahideen que dá nome ao seu episódio, retratando sua ambiguidade moral com a mesma ótica cristalina, dura e comprometida com a qual encara todos os seus personagens. Num episódio intitulado “I Am Abassin Zadran”, é notável como The Americans parece querer nos mostrar o quão pouco sabemos de quem verdadeiramente somos.

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

THE AMERICANS -- "March 8, 1983" Episode 313 (Airs Wednesday, April 22, 10:00 PM e/p) Pictured: (l-r) Matthew Rhys as Philip Jennings, Holly Taylor as Paige Jennings, Keidrich Sellati as Henry Jennings, Keri Russell as Elizabeth Jennings. CR: Patrick Harbon/FX

3x13 – March 8, 1983

Em 08 de Março de 1983, o dia que aparece no título do season finale do terceiro ano de The Americans, o presidente americano Ronald Reagan deu o discurso mais polêmico de seus mandatos: se dirigindo aos frequentadores de uma Igreja, o ex-ator falou com veemência sobre como os argumentos contra a Guerra Fria esbarravam na ignorância dos princípios morais de bem e mal. Na visão de Reagan, a União Soviética era a própria representação das forças malignas no planeta, e o dever dos Estados Unidos, como nação temente a Deus (há muita ênfase, no discurso, no caráter ateu do regime comunista) e em busca da “verdadeira paz” (e não da ilusão de uma paz desarmada, nas palavras do próprio presidente), combater esse regime vil e bárbaro do outro lado do mundo. É curioso ler o discurso (vem também) hoje em dia e perceber quanta contradição existe nele, e como o conceito de liberdade, que o então presidente dizia abundante na América e rarefeito na União Soviética, na verdade só era aniquilado por valores e imposições diferentes nas duas nações.

“March 8, 1983” também entende isso muito bem, e não é por acaso que o episódio se estrutura como uma análise inteligentíssima da forma como todos nós buscamos pequenos espaços de liberdade em meio a um mundo (seja capitalista ou comunista) que não nos dá tanta. Talvez justamente por isso, o episódio também não é escrito como um season finale tradicionalmente seria, mesmo para os padrões de The Americans. Compará-lo com os finales das duas temporadas anteriores é constatar que ele é muito menos dado a conclusões e que amarra muito menos tramas em um todo coeso com os 12 episódios anteriores. Isso não significa, no entanto, que ele não seja notável em sua forma mais sutil – “March 8, 1983” é capaz de olhar para os temas da temporada que o precedeu e nos trazer uma nova visão sobre eles, culminando em um único ato que pode e vai virar de cabeça para baixo o mundo dos personagens a partir do quarto ano.

A terceira temporada de The Americans falou constante e eloquentemente sobre a influência que o passado exerce em nossas vidas, a forma como somos moldados por hábitos e comportamentos antigos, pela influência de nossos pais e do ambiente (geográfico ou cultural) em que fomos criados. No roteiro dos showrunners Joe Weisberg e Joel Fields, Elizabeth é colocada frente a frente com esse passado na forma de duas pequenas cenas que resumem de forma cruel, mas absurdamente eficiente, o encontro dela (e de Paige) com sua mãe doente. Keri Russell é a peça-chave aqui, obviamente, oferecendo para esse momento tão frágil da personagem um desempenho devastador, mudando a linguagem corporal que estamos acostumados a ver de Elizabeth e enchendo de remorso o rosto impassível no qual aprendemos a procurar meticulosamente traços de emoções. É doloroso ver nossa protagonista entrar em contato e, ao mesmo tempo, ter que se despedir desse passado que tanto a moldou – mas The Americans não tem rodeios, e sabe que a grande tragédia desse conceito abstrato (“o passado”) é que o tempo nos obriga a nos desprender dele.

É terrivelmente eficiente a forma como a série conecta esse tema à jornada de Phillip (Matthew Rhys entrega sua melhor atuação da temporada nesse finale), levando-o de volta ao salão de reuniões do seminário de auto-ajuda que frequentou, primeiramente, com Stan, e confrontando-o com Gabriel quanto a forma com a qual a “liberdade” que ele busca é essencialmente egoísta. “March 8, 1983” é um dos episódios de The Americans que são mais duros com as falhas de Phillip, quase sempre postas em segundo plano, mas é também é um dos que melhor entendem o personagem e sua eterna busca por se livrar das amarras das ordens da KGB e do turbilhão da Guerra Fria. A liberdade que Phillip busca, no final das contas, é uma liberdade de si mesmo, daquilo que está mais arraigado na sua identidade e na sua vida – há algo de ingênuo, de quase infantil, nesse desejo. The Americans não está pronto para glorificá-lo, tanto que coloca o irrepreensível Frank Langella para desferir duas palavras impiedosas para o personagem: “Grow up!”.

Para o Agente Beeman, que passou a temporada lutando com o próprio conceito de liberdade, as consequências são as mais concretas. O personagem de Noah Emmerich é uma tremenda contradição, temendo a liberação que o fim do seu casamento trouxe ao mesmo tempo em que não se comprometia completamente a ele, se irritando com a burocracia do FBI e agindo fora dela em busca de objetivos essencialmente egoístas. Na cabeça de Stan, é incompreensível que a instituição para a qual trabalha não se encarregue de desfazer por ele os erros que levaram ao maior remorso da sua vida (a prisão de Nina). “March 8, 1983” debocha um pouco dos conceitos de liberdade e opressão, e do argumento pró-guerra, do presidente Reagan, mas é impossível notar que o episódio também prescreve a seus personagens uma bela dose de realidade moral. Durante toda a duração do episódio, a impressão que fica é que The Americans decidiu que estava na hora dos seus protagonistas encararem que precisarão lidar, eles mesmos, com as consequências de seus atos. Mesmos que eles não tenham muita escolha quando recebem a ordem para perpetuá-los – o mundo é cruel desse jeito.

Finalizando com um tremendo cliffhanger (Paige contando ao Pastor Tim sobre a verdadeira nacionalidade dos seus pais), o terceiro ano de The Americans fecha trabalhos com um episódio narrativamente desafiador, deixando várias pontas soltas e ignorando as convenções televisivas estabelecidas para um season finale. Ao mesmo tempo, fica a impressão que “March 8, 1983” não é só mais um grande episódio de uma grande série, e sim a compleição, um pouco mais discreta do que estamos acostumados a ver, de um ciclo narrativo para o início de outro. Pode ser que seus personagens ainda tenham muito o que aprender, mas como narrativa The Americans já é maduro o bastante para finalizar sua temporada com o quieto brilhantismo com o qual a carregou de ponta a ponta.

✰✰✰✰✰ (5/5)

THE AMERICANS -- "March 8, 1983" Episode 313 (Airs Wednesday, April 22, 10:00 PM e/p) Pictured: Noah Emmerich as Stan Beeman. CR: Patrick Harbon/FX

The Americans está confirmada para quarta temporada!

21 de abr. de 2015

10 filmes que Cannes 2015 vai ver (e você também deveria)

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por Caio Coletti

Como acontece todo ano, sem falta, ficamos louquinhos com o listão de selecionados para o Festival de Cannes, que vai rolar nos próximos dias 13 a 24 de Maio, na Riviera francesa. E como é nossa tradição desde 2013, fizemos das tripas coração para comprimir a seleção awesome comandada pelos presidentes do júri Joel e Ethan Coen (diretores de Queime Depois de Ler, Onde os Fracos Não tem Vez e vários clássicos da cinematografia americana) em apenas 10 filmes essenciais. O mais bacana de compilar essa lista todos os anos é entrar em contato com as obras escolhidas de países e regiões do mundo que nem sempre recebem a devida atenção do circuito de cinema mainstream, e esperamos poder passar um pouquinho dessa abertura de horizontes pra vocês.

Vamos aos dados, então. Para começar, o pôster dessa que é a 68º edição do festival mais importante do mundo é esse aí em cima, estrelado pela maravilhosa da Ingrid Bergman, que todo mundo conhece por Casablanca e pelas colaborações com Alfred Hitchcock (Interlúdio e Quando Fala o Coração). Essa sueca ganhou três Oscar na carreira (número superado, entre as atrizes, só pela Katherine Hepburn), e faria 100 anos de vida no próximo dia 29 de Agosto. Infelizmente, Bergman morreu em 1982, aos 67 anos. Enquanto a homensagem do pôster vai merecidamente para ela, a escolha de dar a presidência do júri para os irmãos Coen consolida um caso de amor longo do festival com o cinema desses americanos – os dois já tiveram sete seleções para a competição principal, duas vitórias na corrida pela Palma de Ouro, e um prêmio de direção.

Nomes bem díspares de várias áreas do cinema completam o júri, como de costume: as atrizes Sophie Marceau (França), Sienna Miller (Inglaterra) e Rossy de Palma (Espanha), os diretores Guillermo Del Toro (México) e Xavier Dolan (Canadá), o ator Jake Gyllenhaal (EUA) e a compositora de trilhas-sonoras Rokia Taoré (Mali). No comando da mostra Un Certain Regard, mais concorrida das exibições paralelas à competição principal, a diva italiana Isabella Rossellini (Veludo Azul) criou uma seleção bastante fiel ao espírito da Un Certain Regard, cheia de cineastas independentes e possíveis surpresas.

Para manter nossa lista enxuta, acabamos cortando os filmes dessas mostras paralelas, mas vale a pena ficar de olho na Un Certain Regard. Também deixamos de fora, inclusive, algumas estreias aguardadas que estarão fora da competição principal, mas prometem fazer barulho: achamos que filmes como Irrational Man (o novo do Woody Allen), Inside Out (da Pixar), Mad Max: Fury Road e The Little Prince serão escolhas óbvias quando chegarem aos cinemas, e resolvemos focar em filmes importantes e que talvez não tenham ainda chamado a atenção do público. Vamos lá?

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La Tête Haute (Standing Tall)
Filme de abertura

La Tête Haute é o primeiro filme dirigido por uma mulher a ganhar a honra de ser a abertura do Festival de Cannes desde 1987 (na época, a festa começou com A Man in Love, de Diane Kurys). É também o primeiro filme francês a abrir o festival desde 2005 – boatos circulam que o manda-chuva de Cannes, Pierre Lascure, estava procurando por um filme mais low profile para abrir a 68º edição da festa, depois de uma série de filmes estrelados (Grace of Monaco, Gatsby, Moonrise Kingdom). A obra escolhida chega com o pedigree da diretora e atriz Emmanuelle Bercot, que estreou seu filme anterior, Ela Vai, no Festival de Berlim de 2008 – ambos são estrelados por Catherine Deneuve, a diva do cinema francês que ficou conhecida por aqui pela participação em Dançando no Escuro, de Lars Von Trier. Em La Tête Haute ela interpreta uma juiza que cuida do caso de uma delinquente infantil – o filme acompanha a garota protagonista entre os 6 e os 18 anos.

Il Racconto Dei Racconti (The Tale of Tales)
Competição pela Palma de Ouro

Nessa primeira escolha nossa da lista de “indicados” para a Palma de Ouro ficam claras duas tendências favorecidas pelos irmãos Coen: os filmes com inclinação bizarra e as aventuras de diretores estrangeiros no âmbito internacional (com filmes falados em inglês, em oposição a língua natal dos realizadores). The Tale of Tales é a estreia fora da Itália de Matteo Garrone, que fez muito marulho em 2008 com Gomorra, vencedor do prêmio do júri em Cannes e um dos filmes italianos mais falados dos últimos anos. O estilo bem particular que guiou aquele filme reaparece no trailer desse novo, estrelado por nomes de diversas nacionalidades como Salma Hayek (México), John C. Reilly (EUA), Toby Jones (Inglaterra) e Vincent Cassel (França). A história de fantasia, abordada de forma crua pelo diretor e com um design de produção belíssimo, se baseia em uma coleção de contos de fada famosa na Itália, o Pentamerone.

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The Lobster
Competição pela Palma de Ouro

Mais uma estreia estrangeira no cinema americano: Yorgos Lanthimos, um jovem diretor grego que ganhou aclamação crítica pelo seu incômodo Dente Canino (premiado na Un Certain Regard em 2009), estreia também na seleção principal de Cannes com The Lobster, estrelado por grandes nomes hollywoodianos como Colin Farrell, Léa Seydoux, Rachel Weisz, Ben Whishaw e John C. Reilly (de novo!). A trama do novo filme de Lanthimos é no mínimo curiosa: num futuro distópico, a humanidade desenvolveu um sistema em que, se as pessoas solteiras não encontrarem um parceiro ou parceira dentro de 45 dias depois de certo ponto na vida, elas são transformadas em animais e soltas na natureza. É isso mesmo, você não leu errado. Será que a visão de Lanthimos sob o gênero da ficção científica distópica vai ser tão incisiva e provocadora quanto seus filmes anteriores?

Carol
Competição pela Palma de Ouro

Primeiro de só dois diretores americanos da nossa lista, Todd Haynes é um dos cineastas mais celebrados das últimas décadas. Foi lembrado pelo Oscar pelo roteiro de Longe do Paraíso, foi indicado à Palma de Ouro por Velvet Goldmine e ainda dirigiu Não Estou Lá, que rendeu muitos aplausos da crítica e indicações a prêmios para seus atores. O retorno de Haynes ao cinema (ele esteve na TV com a minissérie Mildred Pierce em 2011) com Carol se qualificaria como um dos filmes “sérios” mais esperados do ano mesmo sem a seleção para a Palma de Ouro. Cate Blanchett volta a trabalhar com o diretor como a personagem-título, objeto de desejo da jovem interpretada por Rooney Mara, em plenos anos 50. Pior, a tal Carol interpretada por Blanchett é uma mulher casada.  O elenco ainda conta com Sarah Paulson, Kyle Chandler e Cory Michael Smith, e a história se baseia em uma novela de Patricia Highsmith intitulada O Preço do Sal.

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Louder Than Bombs
Competição pela Palma de Ouro

Vão contando: terceiro diretor estrangeiro expandindo fronteiras nacionais, e segundo a pular da Un Certain Regard para a competição principal de Cannes. O norueguês Joachim Trier esteve na mostra paralela em 2011, com o elogiado Oslo, 31 de Agosto, que o famoso crítico americano Roger Ebert elencou como um dos seus filmes preferidos daquele ano. Agora, ele comanda um elenco que inclui Isabelle Huppert (A Professora de Piano), Jesse Eisenberg, Rachel Broshanan, Amy Ryan, Gabriel Byrne e David Strathairn na história de uma celebrada fotógrafa francesa cuja vida vira de cabeça para baixo quando, durante a organização de uma retrospectiva de seu trabalho, um velho segredo é desenterrado e chega aos ouvidos de sua família. Elogiado por sua empatia para com os personagens e observação meticulosa das performances dos atores, esse é o tipo de história com a qual Trier é capaz de fazer maravilhas.

Umimachi Diary (Our Little Sister)
Competição pela Palma de Ouro

Escolhemos Umimachi Diary entre as duas entradas do cinema asiático para a competição pela Palma puramente por causa do pedigree do seu diretor: Hirokazu Kode-eda é um dos cineastas chineses contemporâneos mais celebrados pelos trabalhos dramáticos, especialmente o comovente Pais de Filhos, que venceu o prêmio de roteiro em Cannes em 2013. Baseado em um mangá super muito-sucedido por lá, o filme conta a história de três irmãs vivendo na parte rural do Japão que recebem uma quarta garota, mais nova, em sua casa. Vale destacar também Assassin, filme de artes marciais de Hou Hsiao Hsien (A Viagem do Balão Vermelho), que promete trazer visuais interessantes de época e o estilo particular do diretor múltiplas vezes nomeado para a competição principal de Cannes.

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The Sea of Trees
Competição pela Palma de Ouro

A floresta de Aokigahara (que, em chinês, significa “mar de árvores”) é conhecida como “a floresta do suicídio” por ser o segundo destino mais popular do mundo para pessoas que desejam se matar – perde só para a Golden Gate Bridge, em San Francisco. Anualmente, a polícia recupera mais de uma centena de corpos de lá, sem contar os que, segundo as próprias autoridades, “são achados por animais selvagens antes”. É nessa locação sombria que se passa o novo filme de Gus Van Sant, vencedor da Palma de Ouro em 2003 por Elefante e diretor de filmes como Gênio Indomável e Inquietos. Estrelado por Matthew McConaughey, Ken Watanabe, Naomi Watts e Jordan Gavaris, o filme conta a história de um americano que se perde na floresta, e conta com a ajuda de um japonês para achar a saída.

Macbeth
Competição pela Palma de Ouro

A última adaptação “séria” de Macbeth para a tela grande foi em 1948, acreditem ou não. Dirigida e estrelada por Orson Welles, aquela versão acabou se tornando a principal referência cinematográfica para um dos dramas mais famosos de Shakespeare (Ian McKellen e Patrick Stewart já interpretaram o personagem na TV). Para sua estreia no cinema americano, o australiano Justin Kurzel resolveu esticar a ambição e escalar o badalado Michael Fassbender para o papel-título, um duque escocês que, atiçado pela profecia de três bruxas, mata o rei para tomar seu lugar. Na pele da infame Lady Macbeth estará Marion Cotillard, enquanto David Thewlis e Elizabeth Debicki interpretam papéis secundários. Kurzel impressionou bastante com seu filme anterior, Snowtown (2011), que também foi exibido em Cannes, que chocou pela intensidade emocional e física, mas ganhou elogios rasgados da crítica.

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A Tale of Love and Darkness
Fora de competição

Há algum tempo uma atriz que vem mostrando controle criativo e independência na carreira, Natalie Portman finalmente estreia na direção de longas-metragens com A Tale of Love and Darkness, que será exibido em Cannes mesmo não estando na disputa pela Palma de Ouro. O filme é um projeto muito pessoal para a atriz, que nasceu em Jerusalém, Israel, em uma família judia – a história se baseia nas memórias de Amos Oz, um escritor, jornalista e ativista israelense que defende um Estado controlado por forças muçulmanas e judias para por fim à guerra em Israel. Natalie é a única grande estrela do filme, no papel da filha mais velha do escritor, Fania – ainda não está confirmado o nome do ator que interpretará o papel principal.

La Giovinezza (Youth)
Competição pela Palma de Ouro

Segundo filme em inglês do italiano Paolo Sorrentino, que venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por A Grande Beleza, em 2014. Lá em 2011, ele estreou no cinema americano comandando Sean Penn no excêntrico drama Aqui é o Meu Lugar, e embora não volte para Hollywood para comandar Youth, faz seus atores discursarem na língua inglesa. O protagonista é Michael Caine (yes!), um maestro aposentado que está passando férias num resort nos Alpes quando é chamado pela família real britânica para um último concerto. O dilema do personagem de Caine é refletido nos coadjuvantes interpretados pelo colorido e estrelado elenco: Paul Dano, Harvey Keitel, Rachel Weisz e Jane Fonda aparecem no filme. Sempre uma boa aposta, Sorrentino promete entregar mais um drama de ritmo bem peculiar, como mostra o trailer.

18 de abr. de 2015

Person of Interest 4x20: Terra Incognita

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

“Some things simply cannot be replaced” é o trechinho de diálogo, proferido por Finch para Reese, que precede a entrada em cena de um personagem de Person of Interest que não achávamos que íamos ver novamente. “Terra Incognita” traz Joss Carter de volta para o antepenúltimo episódio da temporada, e o tom que o roteiro de Erik Mountain (4x09, “The Devil You Know” – review) e Melissa Scrivner-Love (4x02, “Nautilus” – review) imprime ao episódio, e ao tratamento dessa nova aparição da personagem de Taraji P. Henson, é principalmente de reverência e reconhecimento àquilo que Carter representava dentro da estrutura de Person of Interest. Até quando deixou a série, na metade da temporada passada, a detetive preferida de todos os fãs de Person servia como a plataforma das pretensões mais humanas e profundamente emocionais do thriller da CBS – fosse na forma como refletia e contrastava parte da experiência de John como veterano de guerra, fosse na forma como, ao contrário de todos os outros personagens principais da série, Joss cultivava laços familiares e, só por isso, já tinha muito mais a perder.

No decorrer desse ambicioso quarto ano, Person se mostrou um excitante thriller de ficção científica, mas é em “Terra Incognita” que a série recupera essa dimensão terrena e humana que a faz verdadeiramente especial na forma como expõe o íntimo e as relações entre pessoas machucadas por vários aspectos desse novo mundo extrapolado em paranóia e vigilância que a série retrata de forma tão incisiva. É aqui que o mundo ultra-elaborado da trama encontra sua verdadeira ressonância com o espectador, seu verdadeiro discurso sobre conexão humana e a necessidade de deixar algumas pessoas ao nosso redor nos ver pelo que realmente somos. “Terra Incognita” é um episódio profundamente triste por vários motivos, nos lembrando da tragédia de Carter ao mesmo tempo em que nos coloca a frente da perda e da desesperança que o próprio Reese carrega consigo até hoje, direto de seu tempo no campo de guerra. É muito apropriado, inclusive, que o caso-da-semana retrate um jovem (Zachary Booth, de Damages) que foi acusado de assassinar a própria família, mas cujos dramas pessoais e clamores de inocência passaram sem ser ouvidos por sete longos anos.

“Terra Incognita” usa essa plataforma do caso-da-semana para falar também sobre mágoa e arrependimento, sobre os resíduos que um ato de rejeição pode deixar, sobre tempo e o quão pouco dele nós temos, sobre casualidade e intenção, sobre a crueldade desses conceitos tão humanos que nem mesmo a máquina de Finch consegue prevê-los. Com a ajuda inestimável da genial trilha-sonora de Ramin Djawadi, e da direção no ponto, cheia de mudanças de tons de fotografia e encenação, do britânico Alrick Riley (Perception), esse 20º episódio da temporada de Person discursa com uma eloquência insuspeita sobre tudo isso. Taraji Henson está superlativa em todos os sentidos, é claro, mas é na imponente representação que sua personagem traz para a série que “Terra Incognita” realmente triunfa. Carter é para Person uma âncora emocional absurdamente forte, e não só porque a chocante morte da personagem, uma temporada e meia atrás, ainda carrega um peso e tanto para os fãs – na verdade, essa força vem muito mais do que ela sempre representou.

O sentimento que fica depois dos intensos 44 minutos de “Terra Incognita” é que, em muitos sentidos, sem dúvida nenhuma, Finch está mesmo certo: certas coisas, certas pessoas e certos personagens são simplesmente insubstituíveis.

 Notinhas adicionais:

  • Só expandindo um pouquinho aquele trechinho sobre “nem mesmo a máquina de Finch consegue prevê-los”: a subtrama do episódio envolve o personagem de Michael Emerson, mais Root e Fusco, investigando um caso em que homens de Elias e da Brotherhood trocaram tiros dentro de uma lanchonete – e a grande questão é que a Machine não avisou nossos protagonistas sobre o acontecido. Em rápidas passagens, os personagens determinam que na verdade a fatalidade foi um caso de puro azar, uma vez que os homens da Brotherhood e de Elias apenas estavam, coincidentemente, no mesmo local.

✰✰✰✰✰ (5/5)

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Próximo Person of Interest: 4x21 – Asylum (28/04)

16 de abr. de 2015

Gotham 1x19: Beasts of Prey

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

De todos os 19 episódios que compõem até agora a temporada de estreia de Gotham, “Beasts of Prey” talvez seja o que melhor representa a natureza dos personagens que a série reuniu em seu elenco. Ao mesmo tempo, conforme a narrativa da temporada atinge um ponto crítico, com só três episódios restantes, o roteiro de Ken Woodruff (1x15, “The Scarecrow” – review) estrutura uma série de tramas que não atingem sua conclusão natural dentro do espaço confinado de 40 e tantos minutos de episódio, provavelmente porque ambicionam movimentar os acontecimentos dos momentos finais da temporada. “Beasts of Prey” é ao mesmo tempo um estudo perfeito de personagens e um episódio que “põe a mesa” e abre o jogo sobre o que Gotham está disposta a nos dar até o final desse primeiro ano. Essa combinação explosiva não ficaria bem em muitas séries, mas Gotham tem o espírito quadrinesco do seu material de origem para ajudar.

E a menção às HQs não vem de graça aqui, não: seja na multiplicidade de tramas e tons que consegue sustentar ou na direção iconoclasta de Eagle Egilsson (1x12, “What the Little Bird Told Him” – review), “Beasts of Prey” deve muito ao estilo narrativo das revistas em quadrinhos. De um lado, é um thriller de prisão com tons frios e toques bizarros, enquanto observamos Fish bolar seu plano de fuga da aterrorizante mansão do Dollmaker. De outro, uma história de caça ao serial killer filmada em tons luminosos e cheia de flashbacks, nos introduzindo ao vilão interpretado por Milo Ventimiglia (yes!), um assassino em série que é famoso por se vingar dos poucos policiais de Gotham que ousam investigar seus crimes. O caso do tal assassino, conhecido como The Ogre, chega a Gordon através do Comissário Loeb, que planejou se vingar do nosso protagonista pelos segredos desvelados no episódio anterior (lembram?) – a expressão furiosa de Bem McKenzie no final do episódio, quando descobre a tramoia, empolga mais para as últimas horas de Gotham do que qualquer outra coisa em “Beasts of Prey”.

Outras duas subtramas completam o pacote: a sombria detour de Bruce e Selina pelo submundo da metrópole em busca de Reggie, o traidor de esfaqueou Alfred dois episódios atrás; e a pequena saga do Pinguim em busca de um bom lugar para se vingar de Don Maroni. O mais bacana dessas duas tramas é como desenvolvem um pouco a narrativa da série – dando dicas e preparando o que está por vir – ao mesmo tempo em que exploram temas interessantes como a hesitação de Bruce ao matar Reggie (e a ação rápida de Selina no momento em que é preciso fazê-lo) e a importância que o personagem de Robin Lord Taylor dá aos símbolos de status e conexões emocionais dentro do mundo do crime, bem ao estilo O Poderoso Chefão. “Beasts of Prey” é um episódio bastante cínico em relação aos seus personagens, mostrando a forma como a maioria deles está o tempo todo espreitando para atacar os mais fracos ou mais fortes que eles. Alguns personagens simbólicos quebram ou invertem esse paradigma, mas eles são a exceção na Gotham City da produção da Fox.

Como a introdução do diabólico vilão interpretado com surpreendentes tons sombrios por Ventimiglia já adianta, aquele “algo podre” na metrópole mais famosa das HQs está muito mais presente em Gotham, a série, do que parece a primeira vista. Por mais que aposte no pulp, na abordagem visual estourada e nas atuações ultra-dramáticas, a trama do developer Bruno Heller entende muito bem a corrupção e a sujeira intrínsecas dessa cidade, e o efeito que ela tem nos homens que vivem nela.

✰✰✰✰ (4/5)

GOTHAM: Selina (Camren Bicondova, L)  and Bruce (David Mazouz, R) in the “Beasts of Prey” episode of GOTHAM airing Monday, April 13 (8:00-9:00 PM ET/PT) on FOX. ©2015 Fox Broadcasting Co. Cr: Jessica Miglio/FOX

Próximo Gotham: 1x20 – Under the Knife (20/04)

Você precisa conhecer: metade indie rock, metade synthpop – a mistura curiosa do Van Damsel

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por Caio Coletti

Antes de qualquer coisa, vale uma indicação: descobrimos os astros dessa nossa edição do “Você precisa conhecer”, os meninos do Van Damsel, através de um aplicativo maravilhoso chamado Choosic (App Store), quase literalmente o “Tinder da música”. Copiando na cara dura a interface do app de paquera, o Choosic primeiro pede para o usuário iniciante assinalar todos os gêneros que gostaria de ouvir, depois começa a puxar faixas do Soundcloud e deixa-nos ouvir o quanto quiser delas antes de escolher “gostar” ou “não gostar” da música. As canções “gostadas” ficam salvas numa playlist, e o Choosic armazena informações sobre nosso gosto musical para, cada vez mais, indicar os artistas certos. Bacana, né? Na prática é mais ainda.

Os quatro canadenses da foto acima são de uma cidadezinha pequena do país que nos deu Avril Lavigne, Alanis Morissette e Shania Twain (sim!), e estão na ativa desde 2013, quando vários singles lançados no Youtube da banda vinham com o anúncio de um álbum de estreia. Esse primeiro rascunho de disco foi para a gaveta, graças ao sentimento dos integrantes de que as músicas “não capturavam a identidade genuína” de cada um deles. Em entrevista para um site canadense de música, o lead man Sebastien Ste Marie confessa que retrabalhar o álbum de estreia foi um trabalho duro: “O álbum está começando a soar como algo que reflete de forma coesa nossas referências individuais – é rock e eletrônico, indie e pop, grande e dinâmico, processado e orgânico. Tem sido tão desafiador quanto recompensador observar esse proceso. Esperamos que o álbum saia entre o final do verão e o começo do outono”.

(Para os que também se confundem, o verão americano termina no final de Setembro.)

As músicas do Van Damsel de 2013 mostram uma sonoridade que lembra bastante o Two Door Cinema Club, e outras bandas de indie rock que faziam sucesso na época. A busca por melodias grudentas e a experimentação com linhas de baixo e percussão já indicava um espírito pop, mas a ambição do Van Damsel de tocar nesse mundo complicado da eletrônica ainda não havia aflorado. Vale a pena ouvir “What’s It Mean” (abaixo), o primeiro single lançado pelo quarteto, e a grandiosa "Occupy All Streets". Dessa época também são "Accepted Change", "Isotopes", "To the Country" e "Percy's Mount".

Já depois de arquivarem o projeto de primeiro álbum, os meninos lançaram o EP The Sunshine, Girl, até hoje o pedaço de música mais ouvido do quarteto. A faixa-título (abaixo), especialmente, angariou para o Van Damsel boa parte da pequena base de fãs que eles juntaram nesses anos de carreira – e merecidamente, porque a faixa é uma mistura deliciosa de timbres bem curiosos de guitarra, um teclado sintetizado que é precursor de todos os elementos eletrônicos que os trabalhos mais recentes da banda incorporam, e um refrão completamente pegajoso. Também do EP, que veio cheio de ecos na produção e clima praiano, vale destacar também o hino de veraneio "August" e "Communist", que ganhou clipe divertido no qual os integrantes da banda encarnam ícones da esquerda.

É no primeiro single do aguardado álbum de estreia, no entanto, que as coisas com o Van Damsel ficam verdadeiramente interessantes. “The Best of Everything” (abaixo) não é só, apropriadamente, a melhor coisa que o quarteto já produziu – é também uma guinada bem clara em relação à produção anterior da banda. Do começo começo com um sintetizador fantasmagórico até a mistura genial de riffs de guitarra com elementos eletrônicos que persiste em toda a música, o Van Damsel conseguiu transformar uma música mid-tempo, que é melodicamente construida de forma muito adequada ao passado rocker da banda, e transformar num potencial smash hit para uma geração que consome, ao mesmo tempo, Passion Pit e Ke$ha (ou Purity Ring, para os mais indies).

“Sempre foi aparente para a gente, desde o começo do processo de gravar demos, que essa música seria um single. Ela passou por um desenvolvimento extensivo desde que começamos a trabalhar nela, ainda em 2013, mas a sensação que ela passou, e o arranjo, sempre foi de single”, explicou o vocalista Ste Marie para o site canadense. “Nós estamos tentando construir uma ponte entre o sintético e orgânico com esse álbum, e estamos tentando fazer isso através de um processo de composição bastante envolvido, que nos faz analisar criticamente cada elemento das canções que escrevemos. Nós adquirimos mais conhecimento sobre o lado de produção da música. Podem esperar mais evolução sonora para esse novo álbum”. Com essas palavras, o Van Damsel definitivamente se estabelece como o nosso tipo de artista preferido: aquele que nunca pàra de mudar

13 de abr. de 2015

The Americans 3x11: One Day in the Life of Anton Baklanov

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Depois da intensa (emocionalmente, ao menos) intermissão de dois episódios importantes como “Do Mail Robots Dream of Electric Sheep?” e “Stingers” (review), The Americans está de volta aos temas nos quais sua terceira temporada se concentrou desde o começo – e não há nada de ruim nisso. “One Day in the Life of Anton Baklanov” é um olhar profundo sobre a forma como o passado assombra e influencia cada um dos personagens da trama da FX, e como nossa humanidade está muito condicionada às experiências que tivemos entes de chegar onde estamos. A dois capítulos do seu season finale, a série toma um episódio inteiro para o processo de calmamente analisar as situações desses personagens, e apresentar novas decisões tomadas por eles que são evidentemente influenciadas por suas experiências de vida. Em seu terceiro ano, The Americans já mostrou contundentemente seus protagonistas e coadjuvantes passando por tantas situações que arquivou um entendimento muito mais profundo dos seus atos do que a maioria das séries de TV costumeiramente arquivam.

O roteiro é assinado por Stephen Schiff (3x05, “Salang Pass” – review) e Tracy Wilson Scott (3x06, “Born Again” – review), dois talentos encontrados pela série nessa terceira temporada que se juntam para montar um dos scripts mais plenamente pensados e realizados da série. O título faz referência ao personagem de Michael Aronov, o cientista preso em instalações de KGB que Nina foi instruída a “seduzir” e investigar, uma vez que os soviéticos não estão satisfeitos com o trabalho do moço. Quando faz uma descoberta de caráter muito mais pessoal e emocional do que política, Nina escolhe manter para si o segredo daquele homem que é teoricamente seu alvo, mas que guarda muitas coisas em comum com ela para efetivamente sê-lo. Essa conjunção de vítimas do sistema é uma das mais belas formas que The Americans já encontrou para retratar a perda de identidade que uma guerra ideológica impõe ao ser humano – Annet Mahendru é especialmente expressiva no sentido de manter a humanidade de Nina mesmo quando ela é um peão num jogo de tabuleiro muito maior.

Em certa dimensão, “One Day in the Life of Anton Baklanov” usa a plataforma do passado de determinados personagens, que definem suas próprias identidades (o filho do personagem-título, a mãe doente de Elizabeth, o relacionamento de Martha com o defunto Agente Amador, etc), para mostrar vários processos de aproximação mais humanos do que aparentam. Acontece nas pequenas cenas que Elizabeth e Phillip dividem com Paige, conforme as perguntas da filha, gradualmente redescobrindo a identidade e a personalidade dos pais, começam a construir uma relação de compaixão e empatia complicada, mas inegável. Esse 11ª episódio da temporada trata de colocar tensão nas interações entre pais e filhos, mas também sugere com sutileza ímpar que, independente da decisão que Paige tomar sobre proteger ou não a identidade dos pais (ou concordar ou não com o trabalho que eles fazem), a descoberta da garota da vulnerabilidade dessas figuras decisivas em sua vida é muito mais complexa e moralmente ambígua do que parece.

Em termos de desenvolvimento de trama para o finale, garantidamente “One Day in the Life of Anton Baklanov” não vai muito longe. Phillip faz contato com Yousaf e descobre o nome de um dos enviados afegãos que conversarão com a CIA, Elizabeth experimenta alguma espécie de descoberta sexual enquanto seduz o gerente do hotel onde o tal enviado vai ser hospedado, Walter Taffet anda em círculos na investigação sobre o responsável pelo grampo no escritório de Gaad, e um desenvolvimento tenso na trama envolvendo Lisa mostra que a asset desenvolvida pela parte feminina do casal Jenning provavelmente vai ter um papel importante no finale. As cenas que estabelecem essas praticidades de trama, no entanto, são rápidas e certeiras, enquanto “One Day in the Life of Anton Baklanov” se demora, e com razão, sobre o estado emocional de seus personagens. The Americans, esperta como é, sabe que é ali que está seu pote de ouro.

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

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Próximo The Americans: 3x12 – I Am Abassin Zadran (15/04)

12 de abr. de 2015

Person of Interest 4x19: Search and Destroy

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

A cada temporada que passa, Person of Interest aprende a ter cada vez menos daqueles episódios que os mais veteranos da mania das séries de TV se acostumaram a chamar de filler. Mesmo com sua narrativa altamente serializada, as limitações de Person como um procedural da CBS aparecem em alguns momentos da temporada, especialmente com a (sempre excessiva) contagem de 22/23 episódios por temporada. É difícil segurar uma trama continuada por esse número de horas, especialmente quando quase sempre a emissora impõe a necessidade de um caso-da-semana por episódio – o resultado são alguns episódios que não acrescentam muito nem à narrativa maior da série, nem ao desenvolvimento de personagens. Nesse quarto ano, isso aconteceu em “Wingman” (4x03) e no recente “Skip” (4x18), e mesmo esses episódios sem os quais a série não perderia muito se destacaram da média televisiva, seja por seu trabalho com temas típicos de Person, seja pelo humor ou pelas atuações. Os outros 17 episódios que a série apresentou até agora foram absolutamente essenciais, de alguma forma, para a continuidade de quem acompanha a trama e os personagens – e é mais do que certo que os próximos três que fecham a temporada também serão.

Acima de qualquer coisa, essa característica mostra que Person se tornou absurdamente mais complexa com o passar dos anos, o que é absolutamente o que uma narrativa como essa, um thriller com toques policiais e de ficção científica, deveria fazer. Expandindo incansavelmente seu mundo e nos dando novos e complicados dilemas para internalizar, como espectadore, Person segue em ritmo alucinante com “Search and Destroy”, o episódio mais montanha-russa da série em muito tempo. Muita coisa acontece nessa 19ª entrada da temporada, e dá para ver no roteiro de Zak Schwartz (Covert Affairs) o esforço para tornar o caso-da-semana urgente para o espectador, mesmo antes de mostrar o papel que ele cumpre no desenho maior da trama. Aasif Mandvi (O Último Mestre do Ar) entrega uma atuação intensa como o CEO de uma grande companhia fabricante de um antivírus poderoso que tem sua vida destruída em poucas horas quando o Samaritan vaza registros pessoais provando que o executivo está roubando dinheiro de sua companhia.

Person joga um jogo esperto com o espectador, estruturando a primeira metade do episódio como uma tentativa de determinar a moralidade do seu número-da-semana e a veracidade daquilo que o Samaritan revelou para o mundo. O roteiro e o guest star Mandvi fazem um bom trabalho em manter essa ambiguidade e emprestar uma curiosidade febril ao personagem, mantendo o tom mesmo quando descobrimos que o executivo é inocente das acusações que lhe foram imputadas. “Search and Destroy”, apesar de mostrar a brutalidade e o cruel descaso do Samaritan com aqueles que ficam em seu caminho, não é um episódio em que o alvo do grande vilão da série sai impune. De certa forma, a personalidade e o individualismo da “vítima” nessa história de Person são o que levaram o homem ao destino nada feliz que o encontra no final do episódio.

“Search and Destroy” é um tremendo episódio de transição, que tem muito o que costurar na trama, e usa essa abundância de acontecimentos como uma vantagem. Deixando várias pontas soltas para que os últimos capítulos da temporada as amarrem, o roteiro trabalha junto com a direção dinâmica de Stephen Surjik para entregar a excelência de sempre que aprendemos a esperar de Person. A partir daqui, é só esperar que a série não deixe a peteca cair nas próximas três horas de conclusão.

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

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Próximo Person of interest: 4x20 – Terra Incognita (14/04)

Figuras carimbadas: 10 ótimos “guest stars” que já vimos em mais de uma série

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por Caio Coletti

Para os apreciadores realmente ávidos de séries de TV, algumas das categorias mais bacanas de se acompanhar nos Emmys são aquelas que premiam os atores e atrizes convidados. São quatro estatuetas que são distribuídas nesse filão, duas para homens e duas para mulheres (uma para os/as melhores em comédia, e outra para drama), e por lá passam desde os astros e estrelas de cinema que fizeram aparições especiais em títulos da televisão americana até os celebrados character actors da indústria. Esses últimos nomes, especialmente, ganham o carinho dos que acompanham uma grande quantidade de séries, uma vez que se tornam presenças familiares, mesmo que apareçam em apenas um par de episódios por série. Além de aparecerem recorrentemente na nossa rotina de seriadores, no entanto, o mais bacana é ver como esses profissionais injetam vida em tipos bem diferentes, provando sua versatilidade e valor.

Para reconhecer esse trabalho, portanto, relacionamos 10 dos nossos guest stars preferidos dos últimos anos. Vem com a gente:

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Wrenn Schmidt

Essa jovem ruiva chamou a nossa atenção primeiramente em The Americans, num papel que durou pouco, mas marcou muito a cronologia da devastadora segunda temporada do programa. Vê-la ressugir em nossas telas esse ano, em Person of Interest, um dos nossos thrillers preferidos, foi mais que um prazer: na pele da Dra. Iris Campbell, a jovem atriz mostrou muito mais dimensões e capacidade dramática do que na sua aparição anterior, ganhando de vez nossos corações e se mostrando uma intérprete com futuro garantido na televisão americana, se souber que caminhos trilhar. Estamos torcendo para Person usá-la cada vez mais e para Schmidt eventualmente ganhar um papel de destaque em alguma produção só sua.

Vimos em: The Americans (2014, 6 episódios); Person of Interest (2014-2015, 5 episódios)

Também esteve em: Law & Order (2006, 1 episódio); Mercy (2010, 1 episódio); Body of Proof (2011, 1 episódio); Blue Bloods (2012, 1 episódio); Boardwalk Empire (2012-2013, 10 episódios); Tyrant (2014, 4 episódios); Unforgettable (2014, 1 episódio)

No cinema: Fez a comédia O Idiota do Meu Irmão, em 2011, com Paul Rudd; e esteve também no thriller Preservation, do ano passado, em que interpreta uma médica anestesista que precisa proteger sua família quando ela, o marido e o filho são arrastados para um jogo doentio de caça e caçador.

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Denis O’Hare

Apesar de ser parte do elenco principal que se repete em diversas temporadas de American Horror Story, Denis O’Hare é um dos menos celebrados membros da trupe de Ryan Murphy. Uma pena, porque esse americano natural do Missouri coleciona uma quantidade impressionante de papéis na televisão americana desde sua estreia em 1993, em um episódio de O Jovem Indiana Jones. A indicação a Emmy pela atuação na primeira temporada de AHS, as duas lembranças no SAG Awards pelo trabalho dentro dos elencos de Milk e Clube de Compras Dallas e o Tony vencido em 2003 pela peça Take me Out ratificam a carreira brilhante do ator, que também vimos como um dos juízes recorrentes da celebrada The Good Wife.

Vimos em: American Horror Story (2011-2015, 38 episódios); The Good Wife (2009-2015, 8 episódios)

Também esteve em: O Jovem Indiana Jones (1993, 1 episódio); Law & Order (1993-2003, 4 episódios); CSI (2007, 1 episódio); Law & Order: Criminal Intent (2008, 1 episódio); Brothers & Sisters (2007-2009, 12 episódios); CSI: Miami (2009-2010, 3 episódios); True Blood (2010-2013, 20 episódios); Law & Order: Special Victims Unit (2000-2013, 2 episódios); Rake (2014, 1 episódio); Banshee (2015, 1 episódio)

No cinema: Além dos já citados Milk e Clube de Compras Dallas, O’Hare ganhou destaque pelo trabalho na comédia romântica A Proposta e no thriller Conduta de Risco; esteve também em O Juiz, J. Edgar, Duplicidade, Quarentena e Jogos do Poder, entre outros.

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Ana Gasteyer

O impulso para a fama dessa comediante (e cantora!) veio nos seis anos que ela passou no elenco do Saturday Night Live, entre 1996 e 2002. Desde então, ela construiu uma carreira sólida baseada em pequenos papéis em séries de TV, cômicas ou não, que ganharam e muito com a sua presença no elenco. Nossa memória mais bacana da Ana Gasteyer até hoje é como a boss ass bitch suburbana Sheila Shay de Suburgatory – série na qual, apesar de estar presente em quase todos os episódios, a atriz ainda era bastante coadjuvante. Os fãs das séries dramáticas devem lembrar-se dela como a juíza Patrice Lessner, que fazia os advogados adicionarem “in my opinion” a cada sentença proferida no tribunal em vários episódios de The Good Wife.

Vimos em: Suburgatory (2011-2014, 53 episódios); The Good Wife (2010-2014, 5 episódios); Girls (2015, 1 episódio)

Também esteve em: Seinfeld (1995, 1 episódio); Party of Five (1996, 1 episódio); Law & Order (1998, 1 episódio); Mad About You (1998, 1 episódio); 3rd Rock from the Sun (2000, 3 episódios); Frasier (2002, 1 episódio); Chuck (2010, 1 episódio); Curb Your Enthusiasm (2011, 2 episódios); The Mindy Project (2015, 1 episódio); The Goldbergs (2014-2015, 3 episódios)

No cinema: Você provavelmente se lembra dela como a mãe de Lindsay Lohan em Meninas Malvadas! Ela também exercitou seus dotes cômicos em Do Que as Mulheres Gostam, Esse é o Meu Garoto e, mais recentemente, em Segurança de Shopping 2.

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Jeremy Davies

É verdade que Davies só se voltou para as participações televisivas depois do sucesso como Daniel Faraday em Lost, papel que interpretou em três das seis temporadas do maior fenômeno televisivo da década passada. Antes, esse californiano de 46 anos levava a carreira cinematográfica com segurança, desde a estreia em 1994 com A Mão do Desejo, celebrado primeiro filme de David O. Russell, até participações em blockbusters como O Resgate do Soldado Ryan, Solaris e O Sobrevivente, além de papéis nos elogiados Dogville e Nell. De Lost para cá, no entanto, ele apareceu com personagens perturbados em Justified (que lhe garantiu um Emmy), Hannibal e Constantine, consolidando um começo de carreira brilhante para um character actor do futuro.

Vimos em: Lost (2008-2010, 33 episódios); Hannibal (2014, 2 episódios); Constantine (2014-2015, 2 episódios)

Também esteve em: Anos Incríveis (1992, 2 episódios), Melrose Place (1992, 1 episódio); Justified (2011-2015, 20 episódios)

No cinema: Como já adiantamos, Davies tem uma carreira cinematográfica relativamente extensa nos anos pré-Lost, mas e depois? A única aparição creditada do ator na tela grande desde 2007, por incrível que pareça, foi na dramédia adolescente Se Enlouquecer, Não se Apaixone (indicadíssima, inclusive).

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Mare Winningham

Dona de dois Emmys e outras cinco indicações, Mare Winningham não é só uma lenda viva da televisão americana, conhecida como a “rainha dos filmes para TV” nos anos 80/90, como é também a única indicada ao Oscar da nossa lista. Ela recebeu a honra em 1996, pela atuação como uma cantora de country em Georgia – nós apostamos que o fato de Winningham ser uma cantora country de verdade, com quatro álbuns lançados, ajudou. Das inúmeras participações da moça em série de TV, tanto antigas quanto da atualidade, vale destacar os dois papéis que desempenhou em American Horror Story: em Coven, ela fez a mãe do personagem de Evan Peters, que abusava sexualmente do filho; e em Freak Show ela entregou uma atuação destruidora como a irmã traiçoeira da pobre Pepper.

Vimos em: Torchwood (2011, 3 episódios); Under the Dome (2013, 2 episódios); American Horror Story (2013-2014, 2 episódios)

Também esteve em: Starsky and Hutch (1979, 1 episódio); Os Pássaros Feridos (1983, 2 episódios); Além da Imaginação (1986, 1 episóio); Mad About You (1997-1998, 2 episódios); Plantão Médico (1998-1999, 4 episódios); A Sete Palmos (2002, 1 episódio); Law & Order: Special Victims Unit (2003, 1 episódio); Grey’s Anatomy (2006-2007, 6 episódios); Boston Legal (2007, 2 episódios); CSI: New York (2009, 1 episódio); Arquivo Morto (2010, 1 episódio); 24 Horas (2010, 2 episódios); Criminal Minds (2010, 1 episódio); Mildred Pierce (2011, 5 episódios); Hatfields & McCoys (2012, 3 episódios); Hawaii Five-0 (2013, 1 episódio); The Affair (2014, 10 episódios)

No cinema: Além do filme que lhe rendeu a indicação ao Oscar, Winningham esteve recentemente nos dramas Philomena e Entre Irmãos, coadjuvando para nomes como Judi Dench, Natalie Portman e Jake Gyllenhaal. A fantasia Espelho, Espelho Meu também contou com a ilustre presença da atriz.

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Molly Shannon

Outra egressa do Saturday Night Live, onde ficou entre 1995 e 2001 (mais ou menos a mesma época da sua companheira de lista Ana Gasteyer), Molly Shannon é uma jogadora valiosa para qualquer série cômica que se preze. Foi indicada ao Emmy pela performance em Enlightened, e é conhecida do grande público também pelo papel em O Grinch (aquele mesmo, estrelado pelo Jim Carrey). Os tipos bem caricatos dos quais a atriz se aproxima podem não se prestar a um grande desenvolvimento de personagem, mas sempre funcionam como aquele elemento-surpresa do episódio, surpreendendo o espectador o tempo todo com as piadas. Foi esse tipo de performance que ela entregou em algumas das nossas comédias favoritas, como Raising Hope, Super Fun Night e Web Therapy.

Vimos em: 30 Rock (2007, 1 episódio); Web Therapy (2010, 3 episódios); Glee (2010, 2 episódios); Hannibal (2013, 1 episódio); Super Fun Night (2013, 1 episódio); Raising Hope (2013-2014, 2 episódios)

Também esteve em: Twin Peaks (1991, 1 episódio); Ellen (1994, 1 episódio); Seinfeld (1997, 1 episódio); Sex and the City (2002, 3 episódios); Will & Grace (1999-2004, 5 episódios); Scrubs (2004, 1 episódio); Pushing Daisies (2007, 1 episódio); The New Adventures of Old Christine (2009, 1 episódio); Up All Night (2011-2012, 2 episódios); Enlightened (2013, 4 episódios); The Middle (2011-2013, 2 episódios); Hannibal (2013, 1 episódio); Jessie (2013, 1 episódio); Getting On (2013, 3 episódios); The Spoils of Babylon (2014, 2 episódios); Benched (2014, 1 episódio); The Millers (2014-2015, 2 episódios); Mulaney (2015, 1 episódio)

No cinema: Além de O Grinch, Shannon participou de filmes cult como Felicidade, de Todd Solondz, Anti Herói-Americano, de Shari Berman & Robert Pulcini, e Maria Antonieta, de Sofia Coppola. No campo do cinema comercial, esteve em Professora Sem Classe, Todo Mundo em Pânico 4 e Máfia no Divã.

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Richard Kind

Apesar de ter conseguido vários papeis de destaque moderado no cinema desde a sua estreia, lá nos idos dos anos 1980, a casa de Richard Kind sempre foi na TV. Especialmente, é claro, depois do sucesso de seu personagem recorrente em Mad About You, que ele interpretou em 37 episódios da sitcom entre 1992 e 1999. O personagem rendeu a Kind a escalação para Spin City, uma das comédias mais bem-sucedidas (e, tristemente, mais esquecidas) dos anos 90, e a partir daí o flerte com a mídia televisiva se tornou definitivo. O meio cômico tem especial apreço por Kind, que de fato tem um timing incomparável, mas ele também apareceu bem em papeis sérios como em Law & Order: SVU, Luck e, mais recentemente, em Gotham, onde interpreta o prefeito da metrópole mais famosa das HQs.

Vimos em: Spin City (1996-2002, 145 episódios); The Good Wife (2013, 1 episódio); The Michael J. Fox Show (2014, 1 episódio); Glee (2014, 1 episódio); Gotham (2014, 6 episódios); Unbreakable Kimmy Schmidt (2015, 1 episódio)

Também esteve em: Mad About You (1992-1999, 37 episódios); Scrubs (2003-2004, 4 episódios), Stargate: Atlantis (2006, 2 episódios); Law & Order: Criminal Intent (2007, 1 episódio), Psych (2007, 1 episódio); Two and a Half Men (2007, 1 episódio); Curb Your Enthusiasm (2002-2009, 4 episódios); Leverage (2010, 2 episódios); Trauma (2010, 1 episódio); Burn Notice (2010, 3 episódios); Harry’s Law (2011, 1 episódio); Mr. Sunshine (2011, 2 episódios); Luck (2011-2012, 10 episódios); Law & Order: Special Victims Unit (2012, 1 episódio); Childrens Hospital (2013, 1 episódio); Drop Dead Diva (2013, 1 episódio); The Middle (2014, 1 episódio)

No cinema: Kind faz muitos trabalhos de dublagem, se destacando em filmes como Carros, Toy Story 3 e Selvagem. A presença física desse americano de New Jersey foi requisitada também pelos Irmãos Coen em Um Homem Sério, e por Ben Affleck em Argo.

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Susan Misner

A atuação sensível de Susan Misner como a esposa do agente do FBI Stan Beeman em The Americans sempre nos impressionou, especialmente nas raras e tocantes aparições que a personagem fez nessa ainda não-finalizada terceira temporada da trama. Mais bacana ainda foi descobrir que Misner, outra natural de New Jersey, é presença constante em várias outras produções da televisão americana atualmente – inclusive algumas que assistimos, e na qual ela tinha passado relativamente despercebida, principalmente Person of Interest. Desde então começamos a prestar mais atenção quando o nome de Misner aparecia na tela, seja como a esposa de Michael J. Fox em The Good Wife, seja como uma psicóloga perturbada em Gotham – nossa conclusão: essa linda arrasa em todos os papéis que se propõe a interpretar.

Vimos em: Fringe (2008, 1 episódio); Person of Interest (2011-2012, 5 episódios); The Following (2013, 1 episódio); Gotham (2014, 1 episódio); The Good Wife (2011-2015, 3 episódios); The Americans (2013-2015, 36 episódios)

Também esteve em: Sex and the City (2001, 1 episódio); CSI (2002, 1 episódio); Law & Order: Special Victims Unit (2002, 1 episódio); CSI: Miami (2004, 1 episódio); Desaparecidos (2004-2005, 2 episódios); Law & Order (2006, 1 episódio); Rescue Me (2006-2007, 4 episódios); Gossip Girl (2007, 4 episódios); Life on Mars (2008, 1 episódio); Law & Order: Criminal Intent (2001-2009, 3 episódios); Royal Pains (2009, 1 episódio); White Collar (2009, 1 episódio); NCIS (2010, 1 episódio); In Therapy (2010, 2 episódios); Blue Bloods (2013, 1 episódio); Nashville (2013, 5 episódios); Banshee (2015, 1 episódio)

No cinema: Misner apareceu em um papel coadjuvante em Chicago, até hoje sua participação mais reconhecida no cinema, mas também esteve em Alguém Tem que Ceder, Os Esquecidos, O Vigarista do Ano, Duas Semanas e Gigantesco.

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Mark Margolis

Mark Margolis é o ator mais veterano da nossa lista (76 anos), e também um dos mais versáteis. Apesar de aparecer primariamente em séries dramáticas, Margolis não se prende a um tipo de personagem e costuma abraçar com entusiasmo as personalidades diferentes de cada um. Bom exemplo são suas duas aparições mais recentes, em Gotham e Constantine, duas séries advindas dos quadrinhos da DC Comics – na primeira, ele interpretou um adivinho cego que se revela pai de um personagem importante para a mitologia do Batman, e sua personalidade cuidadosamente controlada contrasta com o charme kitsch e o exagero do mago Felix Faust de “Quid Pro Quo”, episódio de Constantine. Margolis foi indicado ao Emmy em 2012 pela atuação em Breaking Bad.

Vimos em: The Good Wife (2011, 1 episódio); Person of Interest (2011-2012, 3 episódios); American Horror Story (2012, 3 episódios); Constantine (2015, 1 episódio); Gotham (2015, 1 episódio)

Também esteve em: Kojak (1977, 1 episódio); Star Trek: The Next Generation (1990, 1 episódio); Law & Order (1992-2001, 3 episódios); O Desafio (2002, 1 episódio); Hack (2002, 4 episódios); Oz (1998-2003, 10 episódios); Sex and the City (2004, 1 episódio); Law & Order: Criminal Intent (2004, 1 episódio); Crossing Jordan (2005, 1 episódio); Californication (2007, 1 episódio); Blue Bloods (2011, 2 episódios); Mildred Pierce (2011, 2 episódios); Breaking Bad (2009-2011, 8 episódios); Law & Order: Special Victims Unit (2011, 1 episódio); Zero Hour (2013, 1 episódio); Elementary (2015, 1 episódio); 12 Monkeys (2015, 1 episódio)

No cinema: É um dos atores preferidos de Darren Aronofsky, aparecendo em Pi, Réquiem Para um Sonho, Fonte da Vida, O Lutador, Cisne Negro e até Noé, no qual dubla um dos gigantes de pedra. Margolis também trabalhou com Brian De Palma em Scarface e Ben Aflleck em Medo da Verdade.

"Beta" -- As Decima uses Samaritan’s feeds to hunt Reese and Shaw, Greer exploits Finch’s greatest weakness in an attempt to lure him out of hiding: his love for his former fiancée, Grace Hendricks, on PERSON OF INTEREST, Tuesday, April 29 (10:01-11:00 PM, ET/PT) on the CBS Television Network. Pictured: Carrie Preston Photo: John Paul Filo/CBS ©2014 CBS Broadcasting Inc. All Rights Reserved.

Carrie Preston

Preston forma um casal laureado de Emmys com o fenomenal Michael Emerson (Lost, Person of Interest), mas não fica atrás do esposo em termos de talento. Versátil, expressiva e visualmente marcante com seus cabelos quase sempre intensamente vermelhos, Preston levou seu Emmy para casa só em 2013, pela atuação em The Good Wife, em um papel que foi ganhando espaço e profundidade conforme as temporadas e participações especiais iam passando. Ela também ficou conhecida pelo trabalho em True Blood, até agora seu único trabalho como personagem regular na televisão – fica a torcida para que o talento de Preston logo a traga as mesmas oportunidades que o mundo da TV trouxe para o marido, e que o casal se torne ainda mais poderoso do que já é.

Vimos em: Spin City (1999, 1 episódio); Numb3rs (2005, 1 episódio); Arrested Development (2006, 1 episódio); Lost (2007, 1 episódio); The Following (2014, 3 episódios); Person of Interest (2012-2014, 6 episódios); The Good Wife (2010-2014, 13 episódios)

Também esteve em: Sex and the City (1999, 1 episódio); Wonderfalls (2004, 1 episódio); Law & Order: Criminal Intent (2003-2006, 3 episódios); Desperate Housewives (2007, 1 episódio); Private Practice (2009, 1 episódio); Law & Order: Special Victims Unit (2011, 1 episódio); Royal Pains (2012, 1 episódio); True Blood (2008-2014, 80 episódios); Getting On (2014, 1 episódio)

No cinema: Preston apareceu em O Casamento do Meu Melhor Amigo com Julia Roberts e Cameron Diaz, e também atuou em Código Para o Inferno, Lendas da Vida, Mulheres Perfeitas, Transamérica, Vicky Cristina Barcelona, Dúvida e Duplicidade.