Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

Drake, Lorde e Goldfrapp são apenas três dos artistas que chegaram arrasando na nossa lista.

Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

29 de set. de 2011

Allen falando francês – mas ainda Allen – em “Meia-Noite em Paris”

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Quando Woody Allen retornou a seu tour pela Europa depois de nos dar um bem-vindo respiro de sua Nova York natal no ótimo Tudo Pode Dar Certo, um deleite do cinema alleniano em seu estado puro e um filme muito subestimado (ao menos se você me perguntar), minha reação não foi bem uma comemoração. Mas não me culpem: Vicky Cristina Barcelona não me causou a melhor das primeiras impressões, um filme que engrenava apenas quando Penélope Cruz estava em cena e que, sem ela, sentia falta de paixão para refletir o cenário que lhe envolvia. A conversa dessa vez, ainda bem, é muito diferente. Meia-Noite em Paris não é só cinema cartão-postal. Não é um filme com DNA francês, tampouco um filme sobre a França. Essencialmente um turista, aqui Allen não só demonstra fascinação pelo cenário, como também pega emprestado o abundante charme parisiense para condimentar uma história saborosa e bem-estruturada.

O roteirista americano Gil (Owen Wilson) está em Paris com a futura noiva Inez (Rachel McAdams), tentando terminar sua primeira novela, com a qual pretende deixar para trás a vida árdua de peão de Hollywood. Os dois discordam em quase tudo, e ela parece mais interessada em Paul (Michael Sheen), a parte masculina de um casal amigo dos dois, do que na crise criativa do marido. Acontece que, em um passeio noturno ligeiramente embriagado pela cidade, Gil, um cara obcecado pelo passado, e especialmente pelo passado daquelas ruas, é “recolhido” por um carro antigo e “transportado” para a Paris da década de 1920. Lá ele esbarra com figuras históricas, leva conversas produtivas com vários de seus ídolos (mais destacadamente F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway) e conhece a graciosíssima Adriana (Marion Cotillard). A fantasia de Allen, como não poderia deixar de ser, é aquela de pinceladas leves, que usa de um contexto muito realista e insere elementos do extraordinário quase ao acaso. É a fantasia que jamais perde-se no caminho para dizer algo sobre o mundo real.

E o que, afinal, Meia-Noite em Paris tem a dizer? No contexto particularíssimo em que Allen transita como escritor e diretor, como sempre fazendo do protagonista um retrato de sua própria personalidade verborrágica (ainda que a eficiente presença de Wilson a suavize dessa vez, muito providencialmente), Meia-Noite em Paris é um filme sobre a memória que criamos acerca de algo que, muitas vezes, nem pudemos viver. É um filme que não subestima a imaginação (e nem poderia), por vezes a apresenta de forma satirizada, mas acaba mesmo por celebrá-la sem perder a objetividade em um final realista o bastante, ainda que romântico. É o espaço que Paris dá ao Allen artista: o de ser gracioso e contundente, cômico e equilibrado, afetuoso e competente, numa simultaniedade que lhe é muito própria.

O elenco, como de costume, é estrelado. Além de Wilson, que realiza um amálgama interessante o seu próprio carisma abobado com a neurose de costume dos protagonistas allenianos, o grande destaque é Marion Cotillard, em outra de suas atuações extremamente sensíveis e expressivas. Allen e sua câmera perceptiva a fazem ainda mais bela, elegante, graciosa e multifacetada do que ela já se demonstrou em várias ocasiões anteriores. Em aparição rápida, Adrien Brody marca pelo timing cômico perfeito sem sua caricatura de Salvador Dalí. Adicione aí Kathy Bates e, claro, Carla Bruni. São três cenas rápidas as da primeira dama, ou seja: para atuar de verdade, essa ainda não foi sua grande chance.

Aqui, ela é um valioso adendo ao charme já nem um pouco deficiente dessa luminosa (ainda que norturna) incursão de Allen por Paris. A música de Cole Porter casa bem com essa atmosfera, e não é muito difícil concordar, no final da projeção, com as palavras do protagonista em certo momento do filme: Paris pode muito bem ser, de fato, o centro do universo.

Nota: 8,0

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Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris, Espanha/EUA, 2011)

Escrito e dirigido por Woody Allen…

Estrelando Owen Wilson, Rachel McAdams, Marion Cotillard, Michael Sheen, Alison Pill, Kathy Bates, Carla Bruni, Adrien Brody…

94 minutos

27 de set. de 2011

Mais Estranho que a Ficção – Das coisas extraordinárias.

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Nesses últimos tempos eu tenho aprendido a saborear o prazer de rever alguns filmes que me marcaram em um outro contexto e comprovar que, mesmo que eu tenha esquecido os motivos pelos quais me agarrei tanto a esses pedaços de ficção, ou mesmo que eu os compreenda melhor agora, no final das contas o que importa é a memória de cada espectador, e não do inconsciente coletivo do que “marcou ou cinema” ou toda essa baboseira de crítico. O filme é o que cada um de nós vê. Tudo isso para falar de Mais Estranho que a Ficção, e de como essa obra de 2006 dirigida pelo alemão Marc Forster (que teve prévias experiências brilhantes em A Última Ceia e Em Busca da Terra do Nunca) é capaz de atiçar a sensibilidade e reaver o prazer de ver, fazer e viver arte desse que vos fala.

Há algo de especial aqui, e talvez seja justamente por tratar de um personagem que, no final das contas, não é nada de especial. Harold Crick (Will Ferrell) é um auditor da Receita Federal ianque. Obcecado por números, ele mede sua vida nos mínimos detalhes: das vezes que passa a escova nos dentes pela manhã ao tempo que demora para realizar o nó na gravata. Harold é, como muitos de nós somos, um homem sufocado pela rotina, e acomodado nela. Não é que tenha medo de viver como deveria ou desejaria. Simplesmente escolhe não fazê-lo, porque é muito mais fácil. É, logo, uma surpresa ainda maior quando esse personagem começa a revelar suas nuances, trazidas a tona pela narração insistente que começa a ouvir das suas próprias ações. Harold está sendo narrado, e é por Karen Eiffel (Emma Thompson), uma escritora que tem o costume de matar os protagonistas de suas tragédias. Claro, Karen está sofrendo do famoso bloqueio de escritor.

Assim, combinando tão brilhantemente uma ideia extraordinária e um set de personagens tão resolutamente comuns, Mais Estranho que a Ficção faz jus a seu título. É uma fantasia passada em um contexto tão, tão realista, que é capaz de envolver, emocionar, entreter, fazer rir e refletir, tudo ao mesmo tempo.  A exemplo da própria jornada de Harold, é de um sabor tragicômico um tanto ímpar, que o roteiro do absurdamente genial Zach Helm faz questão de ressaltar. Junte esse trabalho único no nosso tempo a direção habilmente equilibrada, incrivelmente sensível de Marc Forster, e adicione um conjunto de atores extraordinários em seus papéis. Você tem um filme tecnicamente impressionante. E não me venha reclamar do final. Exatamente no momento em que parece que Zach vai se perder no caminho, como se perdeu tantas vezes a escritora de Emma Thompson, Mais Estranho que a Ficção encontra seu maior trunfo e sua maior mensagem: muito antes de ser sobre eliminar vidas, o ato de criar é sobre salvá-las.

Não me faça começar a falar sobre sutileza trágica escondida por trás do talento cômico de Will Ferrell, sobre a forma como Thompson é capaz de transmitir mais tribulações em um olhar do que muitos atores em filmes inteiros, ou mesmo acerca da maneira naturalíssima, adorável e brilhante com que Maggie Gyllenhaal passa na tela. São todos engrenagens essenciais para que, assim como tenta passar para seu espectador, esse filme se torne uma daquelas peças de cinema que falam alto demais para serem criticadas. Não, não se trata de um filme perfeito. Mas quem disse que algum filme um dia vai ser? É mais do que hora de deixar de lado certos preceitos críticos e começar a valorizar simplesmente o que nos move. Visto uma vez, duas, ou três. É simplesmente a natureza das coisas extraordinárias. Como nos adianta o próprio título de Mais Estranho que a Ficção, elas são mesmo muito difíceis de explicar.

Nota: 9,0

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Mais Estranho que a Ficção (Stranger Than Fiction, EUA, 2006)

Dirigido por Marc Forster…

Escrito por Zach Helm…

Estrelando Will Ferrell, Maggie Gyllenhaal, Emma Thompson, Dustin Hoffman, Queen Latifah, Tony Hale…

113 minutos

24 de set. de 2011

Fábio Christofoli #2 – Nosso direito.

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Recentemente fui ao Chile, mais precisamente a Santiago, onde me deparei com uma impressionante revolução. Uma revolução feita por jovens, com uma exigência nobre: o direito à educação. Por todos os lados eu via algum tipo de manifestação. Pichações, faixas, pessoas com camisetas, pessoas correndo como protesto (sim, tipo Forest Gump), pessoas entoando gritos. Infelizmente (ou felizmente) não me deparei com nenhuma passeata, mas sei que elas aconteciam. Mais impressionante foi ver os relatos na TV. Jovens há 2 semanas sem comer e bebendo o mínimo de água, jovens morrendo. Não vou entrar no mérito se algumas atitudes foram radicais ou não, só quero destacar a luta desses jovens pelo direito de serem educados. Pelo direito de receber algo que está na Constituição de qualquer país decente. Está na nossa, e o que temos? Escolas públicas com materiais da pior qualidade, com professores despreparados, recebendo uma miséria. Muitos deles perdem a vontade e o que nos sobra é uma educação, perdão pela palavra, de merda.

A Revolução Chilena me encantou não só pelos seus objetivos, mas pela mobilização. Os jovens de lá abdicaram de luxos, de vaidades e de passeios ao shopping para lutar pelo futuro. A educação exigida por eles nem é para eles. Uma reforma educacional não acontece da noite pro dia, eles estavam cientes disso, tanto que faziam questão de destacar que lutavam pelas próximas gerações. E era uma luta de diversas gerações, pois muitos adultos apoiavam. A própria mídia parecia apoiar, já que dava espaço para os jovens falarem – oi, você vê isso por aqui?

Eu invejei a coragem dos jovens chilenos, a consciência da sociedade chilena. Eu me inspirei e torci para que outras pessoas se inspirassem. Como a Revolução Francesa inspirou várias outras revoluções, a história poderia se repetir.

Também refleti sobre uma coisa: é um absurdo pagarmos pela educação. Um povo educado é um povo mais próspero, mais moderno, mais avançado. Pense. Quanto mais profissionais qualificados tivermos, frutos de uma boa educação, mais nosso país tende a crescer. É uma matemática simples, por que diabos não acontece? Por que temos que nos matar pra pagar uma faculdade? Por que nossos pais têm que abdicar de sonhos para realizar os nossos? É injusto demais. Deveríamos ser pagos pra estudar, pois o futuro do país depende do quanto estudamos, do quanto somos capazes. Os EUA estão vindo ao Brasil e oferecendo bolsas aos nossos estudantes, sabe qual é a exigência? Devolver a qualidade adquirida através de trabalho.

Estou cansado de ver professores desmotivados, alunos cada vez mais relapsos. Estou cansado de lutar todo mês para garantir a minha educação. Você também deveria estar. Juntos deveríamos fazer uma Revolução. Juntos deveríamos gritar em uma só voz “queremos educação”, como fizeram os chilenos. Nunca é tarde para mudar uma realidade, ainda mais quando ela é  tão injusta.

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Queremos que o governo proíba as escolas de lucrar com a educação. Se o dono de uma escola privada pode contratar um professor para quarenta alunos e lucar mais, porque vai contratar dois professores para a mesma quantidade de alunos? Especialmente se ninguém está fiscalizando a qualidade do Ensino”

(Camillo Ballesteros, lídes estudantil chileno)

22 de set. de 2011

iJunior #2 – Já me lembro da minha velhice

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Tenho notado ultimamente uma grande quantidade de jovens que acreditam não estarem aproveitando sua vida - fazem com grande naturalidade diversas pequenas lamentações, reflexões rápidas, com seus olhares distantes ao tocarem no assunto, passando a mão no cabelo, percorrendo toda a testa, cobrindo o rosto com um tom de "o que é que eu estou fazendo?" - o que me levou a refletir a respeito de o que é o ser humano satisfeito, e se um dia ele estaria bem consigo mesmo. Afinal, aparentemente nunca estamos contentes com o que fazemos.

Ou estudam de mais, ou saem de menos, ou namoram pouco, ou então querem se cortar e ver seu sangue escorrer para preencher algum vazio. Talvez seja falta de juízo juvenil, talvez seja falta de racionalidade. Afinal, se não gostamos do que somos, então por que não mudamos? Se não achamos suficiente então por que não corremos pelo que queremos?

Vivemos em uma geração onde os destemidos vivem, e os medrosos apenas empurram os anos com a barriga. Porque no final das contas o que mais tememos é a terrível frase “eu poderia ter aproveitado mais”. Com a única certeza da morte, a reflexão a respeito do tempo aproveitado aqui se complica a cada movimento do ponteiro do relógio. Planos são feitos, poucos completados, sonhos deixados de lado e a procrastinação tem tomado cada minuto nosso.

Não queremos um dia invejar os jovens, porque não devemos nunca perder nossa juventude. A velhice vem com a sua própria aceitação. Se você quiser, poderá morrer jovem, por mais que impossibilitado. Morrerá com espírito vivido, e sem arrependimentos, pensando em cada minuto aproveitado e não nos minutos desperdiçados.

Arriscar é necessário. A vida é como um abraço, quem o nega ou o aceita é você mesmo. Sendo ele apertado ou confortável, o que importa é usar de cada segundo pra si e para quem vale a pena. Quem decide o que é ou deixa de ser somos nós, então não deixe de viver pelo medo do futuro nem pelo arrependimento do passado, que nos atrapalham como fantasmas.

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Os anos podem enrugar a pele, mas é o desinteresse que enruga a alma.Você é tão jovem quanto a sua fé, tão velho quanto a sua dúvida; tão jovem quanto a sua autoconfiança, tão velho quanto o seu medo; tão jovem quanto a sua esperança, tão velho quanto o seu desespero”  (Douglas MacArthur)

20 de set. de 2011

Sobre… – Como não se fazer crítica

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Algumas vezes já eu me vi conversando com um dos meus melhores amigos sobre até que ponto a crítica é válida como forma de expressão ou formadora de opinião. Onde está o limite quando um crítico começa a desenhar as linhas que podem e provavelmente vão (embora não sejam talvez por definição feitas para isso) influenciar o pensamento de alguém sobre um livro, um filme, uma música, a política nacional ou internacional, a sociedade? O leque de temas de uma crítica é tão amplo e seu poder como força de expressão, quando nas mãos certas, é tão grande, que é preciso saber bem a medida de o que dizer e como dizer. Esse meu amigo, fique registrado de passagem, não acredita que a crítica traga qualquer benefício para quem a lê ou para quem a faz. Com todo o respeito a quaisquer opiniões, para mim a questão é simplesmente a de uma divisão entre o bom e o mau crítico.

show_avril_lavigne_brasil.jpg (300×396)E de que forma podemos defini-lo, essa figura tão rara nos dias de hoje, que é o bom crítico? Talvez seja mais fácil simplesmente indicar o que não fazer. Exemplo excelente do que fugir quando se escreve crítica está no trabalho de Alex Alves, o autor da coluna periódica Termômetro, do que é com certeza o maior site de notícias e opinião pop do nosso pais, o PopLine. A proposta de Alex não é nova: dar “notas” baseadas numa escala de temperatura para os mais recentes singles pop de artistas como Rihanna, Lady Gaga, Demi Lovato, Florence + The Machine… e Avril Lavigne. Não que as colunas anteriores tenham sido menos ultrajantes de alguma forma, mas usemos sua mais recente barbaridade, cometida contra o single “Wish You Were Here”, de Avril, como exemplo. A resenha é um amontoado de equívocos que denotam um crítico mal-informado, intolerante, fechado a possibilidades e dono de visão estreitamente pobre do mundo pop.

Vamos por partes. Só para começar, já no primeiro parágrafo o crítico realiza um comentário sobre a mudança de estilo pela qual Avril e sua carreira de uma década passaram. Segundo ele, a “Deusa dos revoltados mirins” que a canadense era em Let Go e Under My Skin, se tornou “mais-uma-loira-teen-de-brechó” em The Best Damn Thing e Goodbye Lullaby. Além da colocação sobre a nova fase da cantora ser desnecessariamente ofensiva, parece que o crítico se preocupa mais em parecer desagradavelmente espirituoso do que em tomar conhecimento que Avril tinha acabado de completar 18 anos a época do lançamento do seu primeiro álbum, e que agora é uma mulher de 27. Se tivesse permanecido “a Deus dos revoltados mirins”, Avril só denotaria ser uma artista controlada por sua própria gravadora. Quando uma artista amadurece, e muda com isso, ela está perdendo a credibilidade? O bom crítico foge do senso comum como o diabo foge da cruz.

Mais a frente no texto, Alves comenta perjorativamente sobre as “guitarras pseudo-punks” que ele diz serem uma espécie de cerne podre da discografia de Avril.  O bom crítico precisa sempre buscar uma visão relativizada das influências e subjetividades daquilo que analisa. Se o fizesse, Alvez talvez fosse capaz de reconhecer que Avril nunca clamou ser uma cantora punk. Entre os rótulos que se atrelaram a ela estão “punk pop”. Trata-se de só mais um rótulo para não começar a reconhecer que o uso de guitarras e uma composição visual baseada na cultura rocker não exclui a possibilidade de estarmos lidando, em Avril, com uma artista pop. A forma como ela marcou toda uma geração, a forma como sua imagem é hoje completamente atrelada a sua música, tudo a impôs isso. E se você me perguntar, ela se adaptou muito bem a essa função.

O erro derradeiro de Alves é também o mais grave que qualquer crítico pode cometer: adquirir tanta auto-confiança que é fácil tomar a opinião pessoal como uma verdade absoluta. Isso leva, é claro, a má informação. Nem sempre o crítico vai estar certo sobre algo, e nem sempre ele vai ter todos os ventos soprando a favor da opinião que ele quer expressar. Quando Alves tenta finalizar sua crítica dizendo que Avril “parece ter perdido o apelo com o público de todo o mundo”, ele desconsidera que, apesar de ser um  número modesto comparado aos de Let Go, o último álbum da canadense tem mais de 1 milhão e meio de cópias vendidas. E quando a sugere que desista “de vez de levar sua carreira artística a sério, como fez sua conterrânea Alanis Morissette”, Alves parece estar atrelando sucesso artístico com sucesso de vendas. O último álbum de Alanis, apesar dos números de fato nada impressionantes, se tornou um dos mais elogiados criticamente de toda a carreira da cantora.

Mesmo tipo de equívoco é cometido sem pudor por veículos de longo alcance entre o público. Em certa matéria, intitulada “Mau-gosto não se discute”, os críticos da revisa VEJA Sérgio Martins e Jerônimo Teixeira, ainda na época de Tik Tok, se apressam a julgar todo o ábum da artista pop Ke$ha como baseado em, sem rodeios, um tremendo mau-gosto. O trecho que salta aos olhos é o seguinte: “As demais canções de Animal, disco que já vendeu 152 000 cópias nos Estados Unidos na primeira semana de lançamento, não são diferentes: relatos de baladas, com muito álcool e sexo”. Aparentemente nenhum deles ouviu canções como Hungover, Your Love is My Drug e a própria Animal. É fácil distinguir, quando apenas se para por um segundo para ouvir o que há além do senso comum, da má informação e de todo o descaso que se dispensa a música pop hoje em dia, que não se trata simplesmente de um relato sobre festas. Trata-se de usar esse ambiente, o de toda uma geração, para se tornar a voz a falar por ela.

A mensagem de Ke$ha é a de conceder poder a si próprio, e aceitar o que se é sem nenhuma restrição. Não é a mesma que o The Runways passava, de seu jeito particular, trinta anos atrás? Não deixa de ser. E vocês sabem muito bem o apreço que os críticos hoje em dia têm pela banda de Joan Jett e companhia. É claro que o tempo é o melhor juiz. Mas não custa nada tentar prestar um pouco mais de atenção para não sermos um primeiro crivo tão ruim para tudo de bom que a cultura pop do nosso tempo tem nos dado.

O bom crítico é o que vê o defeito, mas que sabe como diminui-lo em função de uma visão aberta e de uma proposta válida. O bom crítico não ofende, não humilha. O bom crítico sabe o que está fazendo, e do que está falando, e se certifica de saber mesmo a cada passo do caminho. O bom crítico é o que se preocupa com o efeito que suas palavras vão ter, e que sempre almeja, acima de tudo, trazer algo de novo, e algo de bom, para o leitor. Infelizmente, os dois exemplos aí em cima estão mais preocupados mesmo em achar que sua opinião viciada e mente fechada são a verdade absoluta. Como se algo assim sequer existisse.

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Tendo vivido tanto, eu tive a experiência de ser obrigado, por mais informação ou por maior consideração, a mudar de opinião, mesmo em assuntos importantes, nos quais eu já pensei estar certo quando na verdade estava completamente errado”

(Benjamin Franklin)

16 de set. de 2011

Bebé Ribeiro #2 – Fácil de calçar… YES!

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A minha primeira paixão fashion não foi um vestido pink, nem um casaco de plush roxo, muito menos um sapatinho de salto igual ao da mamãe. Muito pelo contrário. Aos dois anos, já gritava aos ouvidos de minha mãe que queria o tênis que hoje é paixão mundial: O ALL STAR.

Assim como a calça jeans, a qual foi comentada pela Gabis Paganotto, um All Star acaba se tornando atemporal e democrático. É muito raro ver alguma pessoa que nunca usou. Que detesta? Menos ainda, por mais que toda regra tenha sua exceção.

Há vários estilos, modelos, cores, texturas e estampas para enlouquecer na hora das compras. Canos baixos, médios e longos. Sintético, jeans, lona, envernizado, paetês, glitter. Coloridos, metalizados, floridos, xadrez, listrados, estrelados, degradê, bicolores, multicolores, com ou sem cadarço. Enfim, milhares de opções lindas pra ninguém botar defeito, sem contar também o conforto e praticidade na hora da combinação.

Sou do tipo que uso sem vergonha nenhuma all stars com vestidos acompanhados de jaquetas de couro ou jeans, pra deixar um visual bem descontraído. Acho legal também ousar misturando jeans e peças de alfaiataria , como por exemplo: shorts jeans bem destroyed, camiseta de alguma banda de rock antiga (escolheria Queen ou AC/DC! haha), blazer estruturado de alguma cor diferente,vários anéis, rabo de cavalo na lateral meio bagunçadinho e pra finalizar um all star metalizado de cano médio. GLAM ROCK TOTAL!

Ainda terei um closet abarrotado desse tênis tão apaixonante e versátil. Por enquanto, contento-me com os meus e os do meu pai, outro ALL STAR lover, haha.

Beijinhos:*

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Estranho é gostar tanto do seu All Star azul/ Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras/ Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador/ Aperto o 12 que é o seu andar/ Não vejo a hora de te reencontrar” (Nando Reis em “All Star”)

15 de set. de 2011

GuiAndroid #2 – Outubro de Miley e Adele

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adele1[4]Na edição de outubro da Vogue Inglesa quem embeleza a capa com beleza exclusiva e talento de sobra é Adele. Pelo que sei Caio Coletti gosta muito de Adele assim como eu e até já fez um post aqui no O-Anagrama comentando e criticando de maneira muito favorável o albúm 21. Agora analisando a pessoa da capa com o nome da revista vemos o quê de revolucionário que trás esta capa. Nós sabemos que Adele é uma cantora que fala por si só com sua incrível voz e talento e a revista Vogue conseguiu demonstrar que Adele também é beleza física com olhos verdes que chamam a atenção, cabelos dourados como ouro e pele de pêssego. O rosto impecável de Adele na capa da Vogue é suficiente para rebater todas as críticas sobre seu peso e figurino, escolhido para o ensaio condizentemente com seu estilo, demonstrando que a sua simplicidade é bem aceita até pelos maiores nomes da moda. E sim, a Vogue é a revista que tem o poder e o peso para falar por todas as revistas, críticos e fotógrafos do mundo. Por fim, Adele mostra que beleza pode ser expressa tanto por talento como por um estilo próprio; que beleza, glamour e personalidade independem de tendências.

AYmCj8QCEAAZ3-n Inegavelmente não posso deixar de comentar e divulgar a capa de Outubro da revista Prestige de Hong Kong que dá espaço para Miley Cyrus dizer que ''Não é uma bad girl'' e que cresceu e tem potencial como modelo. Miley é uma garota do tipo ''faz tudo'' como cantora, atriz e até dançarina em seu palco e agora como capa da Prestige ela mostra que se tornou um mulherão e que para crescer certo sacrifícios são necessários, mas rapidamente vemos os benefícios. Com naturalidade, Miley veste o vestido pétalas de rosas que já foi usado por Beyoncé em uma sessão de fotos em Paris, com a cintura definida ressaltando seu corpo e longas pernas, praticamente transformando Miley em uma Angel.

Em fotos ousadas para as lentes do fotógrafo Darren Tieste, Miley deixa subentendido seu potencial como diva indomada, esbanjando classe, glamour e sensualidade nata. Está claro também que Miley pode vestir qualquer coisa, desde o seu estilo Boho até o mais moderno e atual e sua personalidade forte demonstra-se única mesmo por trás de várias perucas, roupas e maquiagens.

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“Não quero me ver grudada por toda parte. Se me oferecessem 10 milhões de libras, eu diria, ‘sai fora’. Até por que se eu fosse ser a garota-propaganda de alguma marca, seria de Coca-Cola normal” - Adele Adkins para a Vogue Inglesa de Outubro.

"Todos com 18 anos, exploram a sexualidade e as experiências, e tentam coisas novas. Para mim não há nenhuma razão para mudar isso. Você tem que ser verdadeiro consigo mesmo". - Miley Ray Cyrus para a Prestige - Hong Kong de Outubro.

13 de set. de 2011

Wild Fashion #5 – Nossos adorados jeans

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Olá fashionistas, que saudades de vocês.

Esse mês vamos dar adeus as malhas, sedas, tafetás, e dar um olá cheio de sorrisos ao JEANS.

Sim, o nosso queriidissimo jeans chegou pra arrasar nessa temporada,e não há preconceitos quanto a lavagem, forma ou peças.

Todos os jeans entram no guarda-roupa , valem os clean denim (aqueles mais comuns, nem claro nem escuros, lavagem simples), os quase brancos (perfeitos para peças como vestidos e jaquetas), folk tropical (aquele mais escuriinho e facilmente associados a peças com rasgos ou acid wash) ou ainda o navy blue (com listras ou lavangens que fazem o jeans parecer desbotado).

Mas claro que cada lavagem tem seu estilo e se aplica melhor a um certo tipo de peça.

O que vale mesmo é abusar do jeans, que por ser uma peça tão impar permite que nós abusemos dos acessórios (claro, coerentemente com o tipo de peça que você está usando), e das candy colors (laranja,amarelo,azul e suas variações mais frias).

Por isso usem e abusem do jeans nessa temporada queridinhos. E, precisando, estou sempre aqui.

Um beijo fashionistas de plantão, nos vemos mês que vem !

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Eu sou como qualquer outra mulher: um armário cheio de roupas, mas nada para vestir. Então eu visto jeans” (Cameron Diaz)

10 de set. de 2011

A arte apenas faz versos, só o coração é poeta.

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por Talita Rodrigues

Uma aula de literatura sobre Romantismo e tudo mudou para mim. Eu olhava para aquela maneira, tão distinta, de ver o mundo e no fundo, eu sabia das semelhanças. Ali, naquele lugar intenso, eu me encontrava. Ali, eu procurava respostas. O locus horrendus não me assustava. Eu só queria ser livre, deixar as coisas ruins e só depois voltar para a realidade.

Por diversas vezes eu tentei. Eu quis encontrar o amor, e vi a solidão. Quis achar o sucesso, e só tinha a decepção. Quis tocar o sol, mas a lua foi a única que eu pude ver. Eu quis entender, e tornei-me mais complexa, então. Eu nunca quis aquilo para mim; o pessimismo, o tédio, a dor. Você, atencioso leitor, deve estar se perguntando aonde eu quero chegar com linhas tão confusas assim. E essa, é exatamente a minha dúvida. Perceber e concluir o que eu tenho pensado, não é tarefa fácil. A linha entre meus pensamentos é tênue, flexível. 

Estou deixando de lado meu lado ultra-romântico. Cansei de toda essa intensidade, da fuga e da idealização para minha vida. Eu sei que essa não é a maneira correta de mudar o mundo, infelizmente. Vejo atitudes vazias, repletas de ódio e competição e nada posso fazer para mudá-las. E é por isso que fugir da verdade, às vezes, parece solucionar.

Meus dedos reproduzem fielmente, as imagens que passam por minha mente. Estranho. Quando dedico algumas horas à escrita, uma pergunta automática sempre toma forma e vem me encarar, intimista. Hoje, eu resolvi enfrentá-la. Ela sussurrou de leve, a dúvida mais cruel que já existiu: - Por que você faz isso? Para que expor suas emoções e deixar que elas te dominem?

Eu não soube por onde começar. Os pensamentos fugiram e aquela pergunta insolente martelava aqui dentro. Pensei nas vezes que desabafei e disse coisas não agradáveis, a troco de nada. Pensei nas lágrimas que caíram; longas, recheadas de incertezas. Pensei na dor. E no alívio que aquilo me trazia. A resposta veio, como o vento. Leve e gelado; impactante na sua forma sútil de trazer à tona o que eu escondi há algum tempo.

Assumo a intensidade e até exagero das minhas ideias, simplesmente pelo fato de que não posso deixá-las passar. E não as deixo ir porque quem vos escreve é meu coração. Aqui, ele é soberano. É inevitável, eu coloco meu sangue em tudo que faço. Com os textos, não seria diferente. 

Às vezes, tudo soa radical demais; ou superficial, não sei. Descrevo tudo ao meu redor e até agora, não sei se posso me orgulhar disso. Mais uma indagação e eu ficarei louca. Sei que a vida não me dará as melhores respostas, e eu não vou me conformar com isso, que fique bem claro.

Embrulhei os pedaços ultra-românticos e os joguei no em algum lugar do esquecimento. Quero, para mim; histórias intrigantes, reveladoras, mágicas. Comecei a escrever a liberdade, se assim puder chamá-la. Na verdade, quem começou foi ele, o coração. Sou apenas sua serva. Transformo os desejos dele em parágrafos e versos; alguns difíceis, outros bem confusos, confesso. Mas eles são apenas a tradução do que eu enxergo no cotidiano, das atitudes e irritações. E eu me entrego, dou voz e paixão à todos os sentimentos que só eu posso ver. Quanto ao coração, desejo que seus batimentos continuem convertendo tudo em poesia e assim; encontrando em detalhes, o motivo mais especial para sorrir.

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O pessimista se queixa do vento. O otimista espera que ele mude. O realista ajusta as velas” (William George Ward)

7 de set. de 2011

Hoje

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Por Caio Coletti

Hoje escrevo porque vi. Vi que tenho agido da forma errada, ou pelo menos que poderia estar agindo melhor. Vi que a questão nem sempre é o mundo me aceitar, mas sim eu mesmo aceitar o mundo. Vi que não mostro de mim mesmo o tanto que deveria, para as pessoas que poderia. Vi que me protejo demais do mundo e que, talvez justamente por isso, ele todo se afaste de mim, como o bom mensageiro se afasta de quem espera dele apenas notícias ruins. Vi que preciso mudar, e muito, e rápido, se quiser conseguir o que anseio.

Hoje escrevo porque senti. Senti culpa por ter feito algo que me faz ter nojo de mim mesmo. Senti inveja de quem entendeu melhor a vida do que eu pude, tem muito mais do que eu ouso querer. Senti ciúmes irracionais e incompreensíveis. Senti paixão em anestesia, pronta para acordar a qualquer sinal de vida, mas ainda dormindo, distante mas muito presente, em algum canto acessível de minha mente. Senti força para seguir em frente, e fraqueza perante o mundo que me afronta. Senti a alegria de quem vive a infância e a agonia de quem contempla a morte a acha fugazmente bela. Senti o início e o fim, e tudo o que há entre eles. Senti uma vida inteira.

Hoje escrevo porque pensei. E logo, diria Descartes, existi. E duvidei, de mim mesmo e dos outros, de olhares, palavras e intenções. Desconfiei de minha própria sombra. Hoje escrevo porque falhei. Mas também porque venci. Porque vivi. Mas também porque morri, mais um pouco, afogando-me devagar e dolorosamente dentro de mim mesmo. Porque sorri, por alguns instantes. E porque quis chorar, nessas últimas horas, por tudo o que não chorei na minha vida inteira. E escrevo então, principalmente e acima de tudo, porque não consegui.

Hoje escrevo porque posso, porque quero, porque amo e porque preciso. Hoje escrevo porque vivo, e talvez viva porque escrevo. Ou então não saberia para onde ir, daqui, e nada faria sentido. E hoje não escrevo mais, porque já batem as três da manhã, e o hoje de que falo não é mais hoje. É ontem. E o amanhã que espero para continuar sentindo tudo o que senti e para consertar um pouco do que vi, o amanhã que estou esperando para mudar, enfim, nem é mais amanhã. É hoje. Pois que hoje seja um novo (e lindo) dia, então. É tudo o que posso pedir.

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“…And I wanna believe you/ When you tell me that it’ll be okay/ Yeah, I try to believe you/ Not today, today, today, today, today…

Tomorrow it may change.”

(Avril Lavigne em “Tomorrow”)

6 de set. de 2011

Miss

Winners for this year's Binibining Pilipinas (Miss Philippines) beauty pageant react following their coronation at Manila's Quezon city early Sunday March 8, 2009 in the Philippines. They are, from left, Melody Gersbach, who will represent the Philippines in this year's Miss International, Pamela Bianca Manalo, who will represent the country in the Miss Universe, Marie Ann Umali, who will represent the country in the Miss World. (AP Photo/Bullit Marquez)

Por Caio Coletti

Ela fizera de tudo para chegar onde estava. O sorriso impecável, o andar insinuante e rígido na mesma medida, a proporção perfeita do corpo que havia custado uma vida de prazeres. Ela escolhera o sacrifício, e agora ali estava a sua recompensa. Brilhando em prateado e refletida em seus olhos secretamente ávidos, a coroa subiu milímetro por milímetro, em câmera lenta e flutuando como por mágica (ela jamais poderia ter olhos para a senhora de feição e sorriso plásticos que há algum custo tentava alcançar sua cabeça), até o lugar onde pertencia.

Ela sentiu o metal entrar pelo seu cabelo e tocar de leve o couro cabeludo. E pronto. Sua visão era borrada, surreal, difusa. E de repente ela se sentia como o alpinista que acaba de atingir o topo do Everest. A platéia deveria estar aplaudindo, mas seu rugido era pra ela como o do vento frio que tocava a pele fina e a mente cansada de quem topou o desafio e foi até o fim. Cada rosto que sorria para ela era uma parte daquela imensa, interminável paisagem que se estendia tão longe.

Longe. O mundo todo era longe demais para ela. Onde queria, no topo do mundo que tomara como seu, de repente ela só pensava em voltar. Ou o cachorro não traz de volta a bola depois de correr buscá-la? Ela sentia falta, tanto e de tanta coisa. E o pior não eram as saudades do que o tempo tinha levado. Isso é da vida. Mas ela sentia falta do que ela mesma escolhera deixar para trás. Do que negligenciara e de quem tratara errado porque estava ocupada demais tentando ser perfeita. Mas só pode ser perfeito o que não é vivente, e só pode ser amado o que o é. Eis a ironia da sua pequena tragédia: a miss, a vencedora, a admirável, sentia falta... de amor.

Ela não desfez o sorriso. Não desmediu as palavras. Não parou nem por um segundo para pensar no quão cansada estava. Ela não podia simplesmente parar. Se o fizesse, desmoronaria. Se olhasse para o abismo na beira do qual caminhava, se encarasse a altura do Everest ao qual subira, ela sabia que bastava um segundo para que simplesmente pulasse. Então ela seguia em frente, sem nem dar atenção a pergunta que lhe martelava a cabeça: “para onde?”.

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Nenhum objeto é tão lindo que, sob certa perspectiva, não se torne feio”

(Oscar Wilde, escritor irlandês)

5 de set. de 2011

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Caio Coletti

19 anos, Síndrome de Peter Pan (então nem mencione!), tenho um George Orwell matraqueando na minha cabeça e um Ray Bradbury preso bem forte no meu coração. Vou de Lady Gaga a Joni Mitchell em menos de 15 minutos. E uma das maiores sortes da minha vida foi poder reunir o bando de lindos, loucos e talentosos que segue aí embaixo.
(Itatiba, SP)

 

 

 

 

 

Andreas

Andreas Lieber

Andreas, meio interrupted. Aquela idade limbo de 19 anos, onde parece que nada anda mas tudo corre ao mesmo tempo. Moro na TARDIS e ia dizer que tenho a Florence no coração, mas... é melhor dizer que a tenho nos pulmões. Penso em três línguas, mas quase não falo em nenhuma - prefiro minha consciência que tem a voz do Neil Gaiman com pitacos da Amanda Palmer. Quando eu digo que minha vida é um buraco, todo mundo ri, mas eu faço Arqueologia e gosto dos meus bons buracos (rs). Como bem disse a Béatrice Martin: "É difícil esquecer do que sabemos, do que nos impregna a pele".
(Belo Horizonte, MG)

 



Sâmela

Sâmela Silva

Procrastinadora profissional, preguiçosa ao extremo e amante de filmes, séries e livros. Vive com a mente num mundo fictício e com o coração sofrendo por personagens. Escreve reviews de Parks and Recreation e, no fundo, sonha em ser Leslie Knope.
(São Pedro da Aldeia, RJ)



 

 

 

Gabryel

Gabryel Previtale

Estudante de jornalismo, 19, signo virgem, forte, corajoso e bom de bola, um dos bonitos da escola muito embora eu não fizesse questão. Ainda bem que eu sou brasileiro, tão teimoso, esperançoso, orgulhoso de ser pentacampeão.
(Valinhos, SP)

 

 

 

 

Gabis Paganotto

Gabis Paganotto

Gabis Paganotto é colunista de moda para O Anagrama, quando ela não se esquece disso. E se mantém na categoria humana de "bombril": tem mil e uma utilidades, para o que der e vier.Tem seus momentos Lana Del Rey, mas gosta mais de bancar a Lady Gaga mesmo!
(Itatiba, SP)

 

 

 

 

 

Rubens

Rubens Rodrigues

É estudante de Comunicação Social e cinéfilo de carteirinha (mesmo). Inclusive, assiste Titanic pelo menos uma vez por ano e sempre se emociona. Fã de séries desde Friends, acredita que é possível tirar um ensinamento pra vida de cada episódio que assiste.
(Fortaleza, CE)



 

 

 

 

 

 

Isa Bez

Isabela Bez

Isabela Bez é fascinada por moda e apaixonada por alta-costura. Mataria por um Chanel, mas não abandona uma pizza e um confortável moletom no domingo à noite.
(Itatiba, SP)




 

 



 

 

 




Amanda

Amanda Prates

Amanda Prates, 18 anos, estudante de Letras/Inglês. Poderia dizer que apenas verborragia, prolixidade e ambiguidade a definem, mas sente a necessidade de destacar sua paixão por livros, música e Glee. Aspirante a blogueira que finge acreditar saber bem escrever.
(Caetité, BA)

 

 










Thiago

Thiago Santos

Estudante de jornalismo que escreve reviews de seriados pr’O Anagrama, é tão viciado em séries que mais parece viver as que acompanha do que ser apenas um espectador. Fã incondicional de Harry Potter, adora ler (inclusive sagas).
(Campinas, SP)



 















Isabella Ribeiro

Isabella Ribeiro

Isabella Ribeiro tenta ser colunista de moda pr’O Anagrama mas como inventou de querer ser popstar e futura diva da Broadway divide seu tempo para escrever com aulas de teatro, canto e dança ( do street dance à dança cigana) Apaixonada por Maicu Jequiçu e pra alguns a cover itatibense da Beyoncé, queria ter uma zebra ou um camaleão de estimação e faz coleção de melissas.
(Itatiba, SP)







 

 

 

Marlon

Marlon Rosa

Publicitário formado, que se pudesse, provavelmente escolheria ter nascido em um outro mundo; um mundo de pessoas com seus super-poderes, uniformes, capas e codinomes. Ah é, e seria INCRÍVEL se esse mundo também possuísse girafas. Tem TOC em conseguir todo tipo de informação antes de qualquer pessoa.
(Campinas, SP)






 

 

 

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Ilson Junior

Junior por favor. 19 anos, estudante de Design Digital, com uma intensa e incondicional paixão por musica alternativa. Musica e Arte são minhas duas maiores paixões carnais. Sou desses que viajam acordado e gostariam de saber a resposta de tudo que não tem (inclusive do que não precisa ter). Sou alguém que não acredita estar sozinho no universo e muito menos numa unica existência. Posto sobre arte, design e musica e as vezes umas reflexões dessas de viagem de onibus.
(São Paulo, SP)







 

 

Vanessa

Vanessa Dias

Sou tão romântica. Tanto quanto uma rocha. Eu nunca mais vou beber. Talvez só mais um copo ou dois. Quero conhecer o mundo! Não quero sair nunca do conforto da minha casinha. Loiro. Moreno. Ruivo. Hoje vou de vestido florido. Amanhã quem sabe jaqueta e coturno. Moda. Música. Odeio ser assim, indecisa! Adoro a minha habilidade de me adaptar a diferentes situações. Vanessa Dias, geminiana, estudante de jornalismo.
(Jaguariúna, SP)

1 de set. de 2011

Guilherme Jales #1 – Trilhas-sonoras: da tela grande ao fone de ouvido.

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Costuma se atribuir a Nietzsche a frase: “Sem música, a vida seria um erro.” E sendo muitas vezes uma representação da vida, a sétima arte também precisa da música para ampliar seu impacto. Na era do cinema mudo, era comum a presença de um pianista tocando uma peça durante a exibição da película, e depois, o acréscimo de trilha instrumental no próprio filme.

Daí pode-se extrair um lado inteiro da indústria musical que é pouco lembrado: o de trilhas sonoras originais. A venda de Original Soundtracks (ou OSTs) começou no fim dos anos 40, com a trilha de Quando as Nuvens Passam, e se popularizou a partir da era dos LPs. Nos anos 50, musicais como Cantando na Chuva, My Fair Lady e Sete Noivas Para Sete Irmãos, ganhavam ainda mais alcance com a venda de discos com suas canções.

Tenho certeza que se alguém lhe perguntar que estilo de música você gosta, dificilmente lembrará dos temas instrumentais de filmes. Não porque seja uma forma de música inferior, mas pelo simples fato de que costumamos ouvir essas composições apenas durante o ato de assistir o filme.

Assim, trazemos algumas sugestões de trilhas muito boas que merecem ser ouvidas com atenção. Composições fascinantes que podem ser ouvidas no dia-a-dia, enquanto você trabalha ou estuda. Se você é do tipo de pessoa que gosta de ouvir música enquanto faz essas atividades, anote as sugestões.

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John Williams

Talvez o grande mago das trilhas sonoras seja este maestro americano, dono de 45 indicações ao Oscar e autor de alguns dos temas mais conhecidos do cinema hollywoodiano. Grande parceiro de Steven Spielberg, compôs os temas de clássicos como Tubarão, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Superman, E.T. e Jurassic Park bem como da trilogia Indiana Jones, dos três primeiros Harry Potter e de muitas outras obras.

Mas o que talvez seja a obra mais conhecida de John Williams é a trilha sonora da saga Star Wars. O tema principal impactante faz parte do imaginário popular e é uma das aberturas de filmes mais conhecidas do mundo. Ainda no primeiro filme temos também a faixa “Binary Sunset”, uma linda faixa que simboliza a esperança em superar as dificuldades. Na sequência Star Wars – O Império Contra Ataca, somos apresentados à Marcha Imperial: o tema do vilão Darth Vader.

O estilo de Williams remete à magia, ao encantamento, ao fantástico. Seja no espaço, no mar, na terra ou num universo alternativo, suas faixas transmitem um sentimento de força de espírito. Como se levasse o espectador/ouvinte a acreditar no que vê e, porque não, acreditar na vida.

Outras trilhas recomendadas: O Império do Sol, A Lista de Schindler, O Resgate do Soldado Ryan.

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Hans Zimmer

O alemão Hans Zimmer parece seguir um caminho alternativo ao de John Williams. Suas trilhas geralmente são mais soturnas, com um clima mais dark e pesado. Isso pode ser visto, por exemplo, nos temas de Batman – O Cavaleiro das Trevas e A Origem, que dão muito destaque para pesos e notas graves. Esse lado sombrio é talvez o fator mais presente da obra de Zimmer.

Por outro lado, sua obra também mostra grande versatilidade, apresentando temas bastante delicados, como em O Último Samurai, com um som tipicamente oriental, e principalmente em O Rei Leão, que lhe rendeu o Oscar e o Globo de Ouro com composições sublimes e explorando vocais e instrumentos africanos.

Outras trilhas recomendadas: Gladiador, Lágrimas do Sol, Piratas do Caribe.

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Michael Giacchino

Giacchino se apresenta como um potencial novo queridinho da América, e sucessor de John Williams. Começando como autor de temas de jogos (como o memorável jogo do Pato Donald Maui Mallard in Cold Shadow – procure e se surpreenda!), sua obra em Hollywood pode ser dividida em duas frentes: seus trabalhos com J.J. Abrams e suas trilhas sonoras para a Disney/Pixar.

Na última década deixou sua marca na TV com os temas de Alias, Lost e Fringe, e compôs temas divertidos e emocionantes para filmes como Os Incríveis, Ratatouille, Star Trek, Up e o recente Super 8.

Poderíamos estender aqui para muitos outros compositores, dos mais pop como o Daft Punk com seu brilhante trabalho em Tron Legacy até os mais eruditos, como Alexandre Desplat (de O Curioso Caso de Benjamin Button). Há um universo imenso de música aí fora, que você com certeza já ouviu uma vez. E que merece ser ouvido muitas e muitas vezes mais!

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Alguns meses atrás, enquanto eu me preparava para ir para Nova York, eu disse a um executivo de cinema sobre a minha intenção de incluir duas composições de Bach em uma trilha-sonora. Mas quando ele perguntou qual havia sido o último hit desse tal Bach, eu soube que não havia mais lugar para mim no cinema”

(Maurice Jarre, compositor de cinema, 1924-2009)