Review: Dirty Computer (álbum e filme)

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Os 15 melhores álbuns de 2017

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Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

31 de jul. de 2012

Review: Duas visões do “Overexposed” do Maroon 5.

queen

“Overexposed”: O Maroon 5 não pode ousar sem deixar de ser o Maroon 5?

por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

O Overexposed abre com a guitarra reggae de James Valentine, e deságua na batida malevolente do baterista Matt Flynn para “One More Night”. Abrindo com um verso forte como “you and I go hard at each other like we’re going to war”, Levine entrega uma performance que não se perde em exageros, e que deixa brilhar exatamente o que boa parte da crítica tem dito que o álbum deixa de lado: o conjunto do Maroon 5. Quando o baixo funkeado de Mickey Madden entra na equação, já temos uma das alquimias pop mais espertas do ano, e uma “Give a Little More” com mais pedigree.

Em “Payphone”, são os teclados de PJ Morton que colorem o arranjo de batida simples e sintetizadores providos pelo produtor Benny Blanco. Blanco é o responsável, aliás, por essa guinada de direção da banda. Foi “Moves Like Jagger”, dueto com Christina Aguilera que impulsionou as vendas da versão deluxe do Hands All Over, cujos singles anteriores tinham feito sucesso modestíssimo para os padrões do Maroon 5, que motivou o quinteto de Los Angeles a trabalhar com compositores de fora da banda (o que não ocorreu em nenhum dos três álbuns anteriores) e a quebrar a barreira do pop rock funkeado no qual, vamos admitir, eles já estavam se desgastando.

A verdade é que, como ato pop que indiscutivelmente é, o Maroon 5 não pode se permitir uma restrição tão grande, e por tanto tempo, quanto a que caracterizou esses seus primeiros dez anos de carreira. Não me entenda mal: o Hands All Over é um álbum muito melhor do que se é dito por aí, mas novos ares são sempre bem vindos para uma banda pop. Vide “Lucky Strike”, primeira intervenção de Ryan Tedder no álbum. A guitarra de Valentine, que abre a faixa, as viradas de ritmo brilhantes de Matt Flynn e a peculiar malícia no vocal de Adam não deixam dúvida de que este é um trabalho da banda, mas agora eles não temem se arriscar em, por exemplo, uma quebra de ritmo dubstep, brilhantemente levada pelo vocalista (“hey, you’re taking all the pain away!/ You shake me like a earthqua-a-a-a-a-a-a-a-ake”). E o resultado é um hit nato.

“Love Somebody” pode provocar protestos por ser puramente synthpop, mas é uma balada que parece preencher o nicho de nova “Goodnight Goodnight”, missão na qual “Never Gonna Leave This Bed” falhou. A letra extremamente vulnerável (“I really wanna touch somebody/ I really wanna dance the night away/ I know we’re only half way there/ But you take me all the way, you take me all the way”) encontra Levine em um de seus melhores momentos interpretativos, quebrando as barreiras dos filtros de voz para brilhar para além dos sintetizadores de Tedder, colocados, diga-se de passagem, com infindável bom gosto. O vocalista também brilha no piano-e-voz de “Sad”, uma “Someone Like You” belamente melódica para o Maroon 5 chamar de sua.

Rápida em seus menos de três minutos, “Ladykiller” é um deleite que ecoa Michael Jackson no refrão, agraciado com uma exploração saborosa do falsete de Levine e com backing vocals deliciosamente insinuantes. Ainda há tempo para presentear James Valentine com seu único solo do álbum. Ele escolhe surpreender com um timbre de guitarra recortado e brilhantemente manipulado. Seu violão é o destaque de “Beautiful Goodbye”. A tradicional balada com tema de adeus que fecha todos os álbuns do Maroon 5 (na verdade só o segundo, It Won’t Be Soon Before Long, quebrou a tradição – o Songs About Jane teve “Sweetest Goodbye” e o Hands All Over, “Out of Goodbyes”) é também a faixa mais agridoce do Overexposed. Levine canta com um pouco de lamento e um pouco de otimismo, e o refrão é dono de melodia marcante.

“Tickets” é talvez a mais perfeita alquimia entre o Maroon 5 que estamos acostumados a ouvir e a quebra de barreiras que representa o Overexposed. Há uma passagem cantada por coral escolar, enquanto o baixo e bateria brincam com a batida funk da música no instrumental, e a canção tem uma letra que dispensa adjetivos (“stop messing with my mind, ‘cause you’ll never have my heart/ but your perfect little body m-m-makes me fall apart”). Logo em seguida, “Doin’ Dirt” é, sem rodeios e sem pedir desculpas por isso, uma canção disco. E de fato não é preciso pedir desculpas quando se compõe algo tão absurdamente divertido e prazeroso para os ouvidos. Os sintetizadores explodem em nostalgia disco, Levine parece se divertir tanto quanto o ouvinte nos vocais, e de repente toda a discussão em torno do Overexposed ser a “rendição” do Maroon 5 as exigências da indústria é ofuscada pelos reflexos da bola de discoteca. Como de costume, não há espaço para bobagens críticas quando se está ouvindo boa música.

***** (4,5/5)

Maroon 5: menos rock e mais pop.

por Gabryel Previtale
(TwitterTumblr)

Faz um pouco mais de um mês que a banda de sucesso internacional Maroon 5 lançou seu novo trabalho, o álbum Overexposed. Depois de quase dois anos sem lançar um disco, a banda pop rock veio mais pop do que nunca, como já era esperado por seus fãs depois do sucesso de “Moves Like Jagger”. A banda resolveu continuar com esta fórmula que lhe rendeu um ótimo single que foi tocado em vários países. Porém, o quarto trabalho da banda foi muito criticado, há quem diga que o grupo perdeu sua identidade e a intenção era emplacar outro novo single de sucesso, que faria assim um CD totalmente pop/dance/hip-hop sem se preocupar com a sua antiga base musical e com seus leais fãs que adoram a banda pelo misto de rock com pop, um rock dançante como a banda é conhecida. Segundo o guitarrista James Valentine, o nome do álbum surgiu devido ao fato da superexposição do seu vocalista, Adam Levine. Completou dizendo que seria um titulo engraçado para o novo trabalho.

O álbum realmente esta muito mais dançante. Vale apena lembrar que o tecladista Jesse Carmichael que é, junto com Adam Levine, o compositor dos maiores sucessos da banda, como “This Love” e “Sunday Morning“, por exemplo, resolveu tirar férias por tempo indeterminado e sua falta parece se destacar muito.

O novo cd no geral não perdeu sua identidade e só se modernizou e se adaptou aos novos sucessos da atualidade (talvez esse tenha sido o choque que muitos sofreram e criticaram o grupo). Existem sim ainda no álbum musicas bem estilo Maroon 5, como a faixa “One More Night”, que abre o disco e foi o mais recente single lançado. As primeiras faixas seguem essa linha dançante porém com alguma guitarra por trás com uma base bem produzida e arranjos guiados pela voz aguda de Adam, que nos fazem lembrar o real grupo por trás disso e sua “raiz musical”. Faixas que resgatam uma fase alegre e até provocante e sexy de Adam e da banda, e não há mal algum em se fazer um disco mais elevado em termos sentimentais. “Lucky Strike” é uma canção que deve ter atendido a maioria dos fãs da banda. Começa com alguns acordes de guitarra e depois se une com o eletrônico, mostrando de novo um arranjo bem pensado e elaborado, um pop rock sem ser “boate”. E para não perder o costume tem as faixas mais tristes que pesam nos agudos de Adam, como “Sad” e “Beautiful Goodbye”, que se encaixam no contexto das faixas escolhidas.

Em geral o álbum é muito bom e dançante, mas a banda comete alguns deslizes, infelizmente, como faixas que poderiam ter ficado fora da playlist por serem “fracas” ou músicas que abusaram do eletrônico e perderam qualquer vestígio da banda, onde só se ouve a voz do Adam e os efeitos dance. Como em “Tickets”, invadida pelo tecno, a faixa é boa, entretanto não parece ser da banda, sem acordes e pouco estruturada, dando impressão de música de casa noturna e não de uma banda de pop rock. Outra falha seria a canção “Love Somebody”, nutrida de batidas fortes e um refrão “chato”, um pouco inconveniente aos ouvidos. “Doin’ Dirt” é uma das minhas preferidas, mas há comentários da música remeter musicais de “temática gay”. Com essa faixa e “Fortune Teller”, parece que o grupo está tentando mudar o foco para conseguir mais fãs, atingindo aqueles que gostam de eletrônico também, mas creio eu que a banda já possui uma legião de adoradores bem distintos e não precisa desse tipo de abordagem.

Munido de faixas tão agradáveis e dançantes que fazem com que quem as ouve parecer que conhece o disco todo, este quarto disco teve deze­nas de pro­du­to­res envol­vi­dos e não pos­sui uma pro­posta única, apos­tando em diver­sos esti­los, inclu­sive com pita­das de reggae, R&B e dance. Funciona como se cada faixa pudesse se trans­for­mar em um single. Ao contrário do que muita gente disse, que o disco ia ser muito comercial e cair na monotonia, causou um impacto muito positivo e afável.

***** (4,5/5)

Overexposed
Lançamento: 26 de Junho de 2012.
Selo: A&M/Octane.
Produção: Benny Blanco, Sam Farrar, Shawn Kang, D.J. Kyrirakides, Mason “MdL” Levy, Adam Levine, Maroon 5, Max Martin, Noah “Mailbox” Passovoy, Matthew Rappold, J.R. Rotem, Sam Spiegel, Shellback, Ryan Tedder, James Valentine, Brian “Sweetwesty” West, Noel Zancanella, Marius Moga.
Duração: 42m19s.

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Notas (glossário):

Dupstep:
Tendência absoluta no mundo da música eletrônica atualmente, o estilo surgido em Londres se caracteriza basicamente por grandes quebras de ritmo, padrões de bateria reverberantes e fortes linhas de baixo. O expoente mais destacado do estilo hoje é Skrillex (ouça "Equinox (First of The Year)"), mas o dubstep tem forte influência também no último hit de Rihanna, "Where Have You Been".

Disco:
A disco music é um gênero de música pop que teve seu auge no final dos anos 70, tendo com ocaracterísticas os vocais produzidos com ecos, percussões de influência latina e o uso de instrumentos de sopro ao lado dos teclados e sintetizadores. A recentemente falecida Donna Summer é considerada uma das rainhas do gênero (vide"Bad Girls").

Perder para vencer.

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por Fabio Christofoli
(Clube do Camaleão)

É triste acompanhar as Olimpíadas sendo brasileiro.  E não pense que estou lamentando nossas medalhas perdidas, não mesmo. Lamento o espírito perdedor do brasileiro que acompanha os Jogos.

Falo daquele “torcedor” que presta atenção em determinados esportes apenas de 4 em 4 anos e mesmo assim sente-se no direito de reclamar dos erros cometidos por nossos atletas. Como se fosse um especialista. Como se fizesse parte daquilo. Indignado, ele chama o Diego Hypólito de “amarelão”. Cheio de razão, ele vai xingar a judoca Rafaela Silva no Twitter. Provavelmente vai perseguir todos aqueles que fracassarem. E pasme. Vai gostar disso. Vai adorar fazer isso, pois se trata de um perdedor.

Vencedor é aquele que entende que a base da vitória é a derrota. Que sabe que o erro alerta, conduz ao acerto se for apreciado, se for digerido de maneira sábia. Muitos brasileiros ignoram essa lição e por isso nosso país, apesar de todo potencial, não figura entre os primeiros colocados no ranking de medalhas.

O cara que se irrita com nossas derrotas, provavelmente não tem noção do esforço que esses atletas fizeram pra participar da disputa. Enquanto outros países INVESTEM PESADO na preparação para os Jogos, o Brasil vive uma realidade oposta. Aqui há pouco investimento, pouca estrutura, pouco incentivo. Muitos atletas PAGAM  para competir pelo país, mesmo sabendo que suas chances são pequenas.

Dentro desse contexto, nossos atletas deveriam receber aplausos pelo simples fato de estarem lá. Mas não. Recebem uma pressão absurda por vitórias.

E eu me pergunto o motivo, já arriscando uma resposta.

Acredito que essa pressão nasce na nossa crise de identidade cultural. Adoramos receber um elogio do exterior. Um aplauso estrangeiro. É por isso que ganhar medalhas se torna tão importante, por causa desse reconhecimento que virá de fora, pois precisamos disso para ter fé no que somos.

Há um desespero inexplicável por isso, que nos faz injusto com nós mesmos.

Essa necessidade nos prejudica, pois nos induz à injustiça, como no caso dos atletas que perdem. Isso desmotiva, enfraquece, nos faz menores. Nos faz buscar soluções rápidas e comuns. O cara que perdeu lá, de certa forma desbravou algo, deveria ser exemplo para próximas gerações. Mas é condenado e, se tiver sorte, será esquecido. Ou pra sempre lembrado por seu revés. O que nasce disso? Absolutamente nada.

Vamos celebrar a derrota e com ela deixar de sermos um povo perdedor. Como diz a letra do Los Hermanos: “Olha lá, quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar”.

Fabio Christofoli escreve todo último dia do mês.

30 de jul. de 2012

Hit EnQuadrado: “Lights”, Ellie Goulding.

queen

Vértice 1: As Influências

O synthpop é talvez o rótulo mais perto do adequado para “Lights”. O gênero teve seu auge de popularidade nos anos 80, mas suas origens estão no grupo japonês Yellow Magic Orchestra, que já no final da década anterior misturava orquestrações e pianos com baixo sintetizado e blips eletrônicos (vide "Filecracker", de 1979).

A influência da disco music e do rock progressivo completam a receita para o surgimento do synthpop na música ocidental. Em 1981, o sucesso dos britânicos do The Human League com o álbum Dare e o hit "Don't You Want Me" levou para o mainstream a música pop feita com base nos baixos, batidas e sintetizadores. Filhos dessa tendência são o Soft Cell com sua "Tainted Love" (que Rihanna sampleou para a sua “SOS”, vinte anos mais tarde), o Depeche Mode com sua coleção interminável de hits (de "Strangelove", em 1985, até "Precious", de 2006, o som da banda passou quase incólume pelas décadas) e a marca indelével do Pet Shop Boys na cultura pop (vide a clássica "It's a Sin").

Sem grande êxito já no final dos anos 80, o synthpop manteve-se enterrado até o início do século XXI, quando alguns artistas independentes, mais notadamente o Postal Service e sua excepcional "Such Great Heights", emprestaram características do gênero, mescladas a elementos acústicos próprios da música indie, e trouxeram atenção novamente a música feita pelos sintetizadores. Atualmente, quase todos os grandes atos pop se utilizam da influência do synthpop, por vezes com sombras da dance music européia ou do pop acústico. Ladytron ("Runaway"), La Roux ("I'm Not Your Toy") e Little Boots ("Earthquake") são exemplos recentes em que o synthpop se ouve mais claramente como influência.

Vértice 2: A Canção

“Lights” é uma composição pop tecnicamente dentro das regras. Bate em quase redondos 3m30s, e segue uma estrutura verso-refrão-verso2-refrão-refrão, com uma passagem de menor voltagem entre os dois últimos itens em que o instrumental brilha com a cantora repetindo a palavra “lights” em vocais modificados. Por outro lado, é composta em um tom pouco comum para uma canção pop (Sol sustenido menor, quando a maioria das canções nas paradas provavelmente terá tons que não passam nem perto dos sustenidos) e segue uma harmonia descendente, o que tampouco é usual.

A produção por conta de Richard Stannard (Kylie Minogue) e Ash Howes (Marina & The Diamonds) mantem o baixo e a batida em primeiro plano, com as intervenções eletrônicas colorindo a canção. Privilegiam também a voz de Ellie, que se estende aqui por duas oitavas. A performance da cantora foi elogiada, aqui, por “charmosamente tremular, mas nunca quebrar” nos momentos mais agudos.

Vértice 3: A Artista

Ellie só não está na posição de vanguarda de uma nova forma de fazer música pop porque sua música ainda não impactou o público como deve fazer. O Lights, seu álbum de estreia cujo primeiro lançamento data do início de 2010 (a edição especial, Bright Lights, da qual a faixa em questão nesse artigo foi escolhida como single, saiu em torno de um ano depois), é uma interessante proposta de fazer do elemento eletrônico uma adição criativa a baladas que parecem ter sua força no elemento acústico.

Na maioria as vezes, tal força motiz é o violão de Ellie, como no mezzo-hit e primeiro single "Guns and Horses". Algumas são baladas natas, como "The Writer", e outras realçam o elemento eletrônico e dance, como a excepcional "Everytime You Go". Com sua voz personalíssima e a destemida vontade de inovar que demonstrou em "Hanging On", primeira demonstração do novo álbum, Halcyon, com lançamento marcado para 8 de Outubro próximo, Ellie pode muito bem se tornar uma influência decisiva no rumo do pop moderno.

Vértice 4: O Impacto

“Lights” vendeu, até hoje (dia 30), dois milhões e meio de downloads legais apenas em terras americanas. Mas apenas em décima nona semana nas paradas de lá (sendo que a canção entrou na Billboard Hot 100 só quatro meses após seu lançamento como single), a canção atingiu o Top 40, ficando apenas atrás de Norah Jones (“Don’t Know Why”) e KT Tunstall (“Suddenly I See”) como o single de escalada mais lenta da história. E apenas em sua vigésima nona semana que “Lights” atingiu seu topo, na 4ª posição da Hot 100.

A visibilidade da cantora após as parcerias com Tinie Tempah (em "Wonderwoman") e Skrillex ("Summit"), duas estrelas, cada um a sua maneira, da música eletrônica moderna, e as performances do single nos programas de David Letterman e Ellen DeGeneres podem ter dado impulso a esse projetamento americano tardio de “Lights”.

Review: A viagem emocional de O Artista.

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por Caio Coletti
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O Artista não é um sucesso. Ou, ao menos, não para os padrões de Hollywood. A despeito de seu modesto orçamento de 15 milhões de dólares estimados (para os leigos: uma super-produção americana chega a bater nos 200 milhões de custo), a bilheteria mundial de 133 milhões não é um número que faça frente a blockbusters ou mesmo que possa fazer do resgate do cinema mudo ou preto-e-branco uma tendência (acredite, nenhum produtor hesitaria se a investida desse retorno). O Artista, apesar de suas cinco estatuetas no último Oscar e a revelia das dezenas de outras celebrações críticas e acadêmicas que recebeu, não vai mudar a indústria do cinema. Nem quer fazê-lo, na verdade. E talvez justamente por isso seja tão encantador.

Pode parecer óbvio, mas a mágica de O Artista reside no seguinte aspecto: o que o diretor Michel Hazanavicius propõe aqui é tão simples que deixa espaço para a criatividade e o trabalho de cada um dos nomes envolvidos no filme brilhar. Ao contrário de A Invenção de Hugo Cabret (que, diga-se, possui seus inegáveis méritos), não se trata de uma boa história que abre espaço e torna agradável a introdução de suas tecnologias. A forma de contar a história, aqui, não é um detalhe afora do processo: é parte dele. O diretor, que ganhou nome na França nos últimos seis anos, com duas adaptações de Agente 117, série de novelas popular no país, mostra-se um brilhante coordenador de talentos, e um detalhista. Sem seu cuidado peculiar a cada pequena ousadia e elemento que compõe O Artista, o filme fracassaria em seu objetivo.

E que objetivo, exatamente? Hazanavicius diz, na entrevista com o elenco e a equipe que aparece entre os extras do DVD brasileiro da obra, que sua intenção era transportar o espectador para a linguagem própria do cinema mudo, fazê-los redescobrir o encanto do seu ritmo, de sua encenação e de sua peculiar forma de nos deixar, mais intensamente, nos colocar na história. O diretor diz que o cinema mudo permite que o espectador construa sua própria experiencia, que portanto se torna, mais do que normalmente já é, única e intransferível de pessoa para pessoa. Eu, este escriba que vos fala, não posso lhe dizer, leitor, do que se trata, em seu cerne, O Artista. Porque o que emergiu de seus 100 minutos, para mim, pode surgir de outra forma para você.

Mas o filme segue George Valentin (Jean Dujardin), um astro da era dos filmes silenciosos que vê seu casamento e sua profissão ameaçados ao mesmo tempo com a quebra da Bolsa de Nova York e a chegada do som à sétima arte. Seu contraponto é Peppy Miller (Berenice Bejo), uma aspirante a atriz que encontra sua grande chance justamente com a introdução dos filmes falados. À dupla principal não se pode negar o brilhantismo de atuações absurdamente carismáticas. Dujardin é, como confirmam seus colegas de elenco na entrevista coletiva do DVD, para além do carisma de astro, um ator desses que sabem fazer da expressão um véu transparente para as emoções que pretende passar. Sua vitória no Oscar não foi à toa. Jean é magnético, versátil e brilhante. E sem dizer uma palavra.

***** (5/5)

O Artista (The Artist, França/Bélgica, 2011)
Direção e roteiro: Michel Hazanavicius.
Elenco: Jean Dujardin, Berenice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller, Missi Pyle, Malcolm McDowell.
100 minutos

John Mayer é um homem de todas as estações em “Queen of California”

queen

por Caio Coletti

“Queen of California”, o segundo single do Born and Raised, álbum de John Mayer lançado em Maio último (e 15º colocado na nossa lista de melhores do semestre, que você pode conferir completa aqui), ganhou clipe hoje (dia 30). O vídeo mostra Mayer em seu novo visual cowboy, andando continuamente enquanto a câmera o acompanha e o cenário muda de uma cidade chuvosa para uma floresta ensolarada, um backstage de um desfile de moda e um campo enevoado.

O single destaca-se por ser a faixa de abertura do álbum, escrita e co-produzida por Mayer em parceria com Don Was, baixista e produtor cujo currículo inclui Stone Temple Pilots, Iggy Pop, Ringo Starr e Ziggy Marley. A canção segue a proposta de Mayer de incorporar mais evidentemente as influências do country em seu trabalho, talvez até mais facilmente notadas aqui do que no primeiro single, "Shadow Days".

A performance comercial da investida tem sido impressionante: Born and Raised se tornou o primeiro álbum de Mayer a ficar mais de uma semana no topo de Billboard, e estreou vendendo 219 mil cópias.

27 de jul. de 2012

Uma breve introdução à Lola, o novo filme de Miley Cyrus.

lola

por GuiAndroid
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O novo filme de Liza Azuelos, remake do longa francês LOL – Laughing Out Loud, estrelado por Miley Cyrus, Demi Moore e Ashley Greene é basicamente a história que a maioria dos adolescentes já viveu, vive ou viverá: a paixão pelo melhor amigo e o descobrimento de novas experiências.

Lola (Miley Cyrus) é uma adolescente rebelde que namora Chad (George Finn), melhor amigo de Kyle (Douglas Booth), que é melhor amigo de Lola, porém ela descobre que Chad está traindo-a com sua maior inimiga Ashley (Ashley Greene), logo Lola passa a ver Kyle com outros olhos e a vê-lo como algo além de somente seu melhor amigo. A turma de Lola faz uma excursão para Paris, onde Lola e Kyle tem sua primeira relação, o que leva seu namoro a outro nível. Porém Lola se envolve em problemas com os pais, drogas e notas escolares; por fim, seus erros e problemas acabam por unir ainda mais Lola e sua mãe, que num primeiro momento se demonstra bastante imatura e inflexível.

Lola é um romance simples, porém empolgante do começo ao fim, tratando de temas bastante reais com pouca discrição mas de uma maneira que todos se identifiquem com as histórias e com os personagens. Uma vez que todo adolescente tem suas crises, devaneios e excessos, Lola consegue demonstrar essas intempéries da adolescência de maneira clara e bem-humorada. Talvez seja até difícil para mentes mais adultas compreenderem o filme e o levarem a sério, afinal, existe uma tendência natural do ser humano de esquecer os erros do passado sem dar muita importância aos valores que tais experiências acrescentaram em suas vidas.

Com uma trilha sonora bastante agradável e atual composta por Keane, Foster the People, Rock Mafia, Miley Cyrus, Jonathan Clay e The Rolling Stones, Lola é um filme ótimo para se ver e se ouvir.

Após várias alterações na data, o filme estreará nos cinemas brasileiros no dia 10 de Agosto.

GuiAndroid escreve nos dias 11 e 27.

26 de jul. de 2012

P!nk: clipe de “Blow Me (One Last Kiss)” e novidades do The Truth About Love.

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Quase um mês depois do vazamento de “Blow Me (One Last Kiss)” e a posterior confirmação da canção como o primeiro single de um vindouro novo álbum de P!nk, saiu hoje (dia 26) o videoclipe que acompanha a faixa. O vídeo, filmado em preto e branco e fotografia superexposta, mostra a cantora se afastando do companheiro, dançando com outra mulher, que se torna alvo de pedido de casamento do seu ex. Detalhar a vingança da cantora seria estragar a surpresa.

A canção, por sua vez, é escrita por P!nk e Greg Kurstin (Dido, Sia, Lily Allen), e ecoa momentos do Try This!, terceiro álbum da cantora, de 2003, e elementos que tornaram sucesso uma das canções inéditas da coletânea Greatest Hits… So Far!, “Raise Your Glass”. Não é o pedaço mais original de música do ano, mas ganha pontos por ter uma das melhores vozes (e forças compositivas) do pop, e saber brincar com a parafernália tecnologica sem exagero.

O novo álbum da americana, The Truth About Love, tem lançamento previsto para 18 de Setembro, e P!nk confirmou uma parceria com Lily Allen entre as faixas. A tracklist já foi divulgada, e pode ser vista aqui. Outra novidade é o vazamento de "The King is Dead But The Queen is Alive", uma b-side do álbum.

Cheryl é uma mulher de parar o trânsito (literalmente) em “Under The Sun”.

method

por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Depois de conseguir mais um single em primeiro lugar nas charts britânicas com “Call My Name”, primeira canção de trabalho do terceiro álbum solo, o A Million Lights, Cheryl (que não é mais Cole) aposta em “Under The Sun”. A faixa, que serve de abertura para o álbum, ganhou videoclipe hoje (dia 26), retratando a cantora como uma mulher fatal que passeia pelas ruas e pàra o trânsito, entre outros feitos, em um ambiente entre os anos 40 e 50.

O clipe é charmoso e bem encenado, e compensa uma canção que é eficientemente pop e bastante agradável, mas não tem real potencial de single. A composição da própria Cheryl e do também produtor Alex da Kid (Rihanna, B.o.B, Nicki Minaj), com seus sintetizadores abafados e corais no refrão, é uma adição deliciosa ao álbum, mas não promete ganhar projeção como “Call My Name”, que tinha Calvin Harris (“We Found Love”) no comando.

Algumas das faixas do álbum que talvez tivessem sido escolhas mais acertadas são "Screw You", "Love Killer" e até a bônus "Telescope".

25 de jul. de 2012

Review: “Um Método Perigoso” + “Há Tanto Tempo que Te Amo”.

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Um Método Perigoso (A Dangerous Method, Inglaterra/Alemanha/Canadá/Suíça, 2011)
Direção: David Cronenberg.
Roteiro: Christopher Hampton, baseado no livro de John Kerr.
Elenco: Keira Knightley, Viggo Mortensen, Michael Fassbender, Vincent Cassel.
99 minutos.

Talvez, se fosse uma abordagem cômica da história que conta, Um Método Perigoso pudesse usar o slogan “Freud não explica”. O filme de David Cronenberg retrata a relação entre o pai da psicanálise, aqui interpretado por um excelente Viggo Mortensen (que bate ponto em todos os filmes do diretor desde Marcas da Violência, em 2005), e um de seus primeiros seguidores, e futuro rival, o suíço Carl Jung (Michael Fassbender). O terceiro elemento do “menage a trois intelectual” ao qual o review do filme no The Independent se refere é Sabina Spielrein (Keira Knightley), que começa como uma paciente histérica do Dr. Jung e se torna sua amante, a primeira prova viva da eficiência da “cura pela fala”, e, aos poucos, também uma psicóloga respeitada.

Mas Um Método Perigoso não é sobre procedimentos psicoanalíticos. É sobre como três mentes distintas encontram seus próprios caminhos na vida. O roteiro de Christopher Hampton (Desejo e Reparação) baseado em uma peça de sua própria autoria e em um livro de John Kerr, sabe ser sensível e incisivo na aproximação de temas centrais para a discussão inicial dessa ciência, como a sexualidade (especialmente aquela pautada por tendências masoquistas), e Cronenberg e sua encenação cruamente sofisticada mostram aqui surpreendente leveza. Do trio principal, o destaque vai para Mortensen, em atuação fluída e detalhista, enquanto Knightley mostra saber sair do papel da heroína ingenue e Fassbender é eficientemente discreto. Um Método Perigoso, como todo bom filme, não dá as respostas. Só nos faz levantar as perguntas.

 **** (3,5/5)

Há Tanto Tempo que Te Amo (Il y a longtemps que je t’aime, França/Alemanha, 2008)
Direção e roteiro: Philippe Claudel.
Elenco: Kristin Scott Thomas, Elsa Zylberstein, Serge Hazanavicious.
 117 minutos.

Lá se vão dezesseis anos desde que Kristin Scott Thomas recebeu sua única indicação ao Oscar, como Melhor Atriz por O Paciente Inglês. A inglesa de 51 anos, que aos 19 se mudou para Paris, tem sido mais bem acolhida pelo cinema francês que pelo britânico (ou pelo americano), especialmente depois de Há Tanto Tempo que Te Amo, que a rendeu nomeação ao Globo de Ouro e, para muitos, deveria tê-la levado também ao prêmio da Academia. É seguro dizer que se trata de uma injustiça a atuação de Thomas ter sido ignorada em 2009 e, em retrospecto, talvez sua performance seja até mais digna do prêmio do que a de Kate Winslet, que levou a estatueta por O Leitor.

Ela é a alma e a razão de existir desse filme de estreia de Philippe Claudel. O diretor e roteirista faz um trabalho brilhante na condução da história das irmãs Juliette (Thomas) e Léa (Elsa Zylberstein, também em ótima atuação). A primeira passou os últimos 15 anos na prisão, e vai morar com a irmã, o cunhado e as duas sobrinhas enquanto tenta se reintegrar ao mundo. Entregar mais alguma coisa seria estragar a emoção que permeia o filme. Claudel lida com a trama de forma progressiva, acompanhando sua protagonista: no início lacônico e frio, Há Tanto Tempo que Te Amo aos poucos mostra suas lágrimas. E, especialmente, seus sorrisos. E é na expressão abatida, por vezes até derrotada e constantemente distante de Thomas, que surgem os mais belos deles.

***** (4,5/5)

AV#9: As novidades que não podem passar em branco.

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A inglesa Natasha Khan, que atende pelo nome artístico de Bat For Lashes, lança em Outubro próximo o terceiro álbum de estúdio da carreira. The Haunted Man, com previsão para o dia 15/10, chega três anos depois de Two Suns, cujo discreto hit "Daniel" deu um pouco mais de visibilidade à cantora e multiinstrumentista de 32 anos. “Laura” é o primeiro single dessa nova fase, com acompanhamento de piano e cordas para a voz cristalina da artista, enquanto o videoclipe a retrata no camarim e no palco de um teatro vazio.

Com um considerável empurrão do semi-compatriota Gotye, que a escolheu para um dueto no seu mega-hit “Somebody That I Used to Know”, a brilhante neozelandesa Kimbra conseguiu colocar seu álbum de estreia, o Vows, em solo americano, e lança agora o quarto single do mesmo. “Two Way Street” é de um sabor mais suave que a enérgica “Cameo Lover”, menos experimental que a nascida clássica "Settle Down" e com ritmação semelhante à deliciosa "Good Intent". No vídeo, Kimbra desfila beleza, atuação e estilo, sendo perseguida por um homem misterioso.

A islandesa Sóley não compartilha só a nacionalidade com a consagrada artista pop Björk. Tendo lançado seu primeiro álbum de estúdio, o We Sink, no ano passado, a cantora, compositora e pianista parece ter herdado também o gosto pelo sutil e friamente bizarro da conterrânea mais famosa. No videoclipe para a belíssima “Pretty Face”, Sóley usa e abusa de takes demorados em superfícies lisas, mas recompensa os aventurados com uma composição de beleza estranha, sóbria e um tanto mórbida, assim como sua música.

Álbum do momento:

The Soul Sessions Vol 2 (Joss Stone)

Com lançamento previsto para dia 23 último, o sexto álbum da carreira da cantora britântica vazou na internet semanas antes, dando aos fãs a oportunidade de ouvir essa “continuação” para a primeira aventura de estúdio de Joss, o álbum de covers The Soul Sessions de 2003. Com uma voz mais madura e faro apurado para os arranjos e o balanço entre o soul e o apelo pop rock, Joss cria aqui uma obra mais coesa e inteligente que a de nove anos atrás, cuja principal virtude era apresentar a voz excepcional da cantora para o mundo. A pérola contemporânea fica por conta de "The High Road", cover de uma canção do projeto Broken Bells, do produtor Danger Mouse. Mas as gemas de verdade são pescadas do soul e do blues antigo, como a belíssima "Then You Can Tell Me Goodbye" e o primeiro single "While You're Out Looking For Sugar".

Próximos lançamentos:

◘ 30 de Julho – Ashes (Kyla La Grange) – Ouça: "Walk Through Walls".

Notas de rodapé:

◘ O Niki & The Dove foi o convidado do último YouTube Presents, série de shows transmitidos ao vivo pelo site. O duo postou em seu canal oficial no site performances de "Tomorrow", "The Fox", "The Drummer" e "Mother Protect".

◘ O Keane rendeu clipe para a bonita balada "Black Rain", que se torna o quarto single do Strangeland, álbum mais recente da banda. No vídeo, um garoto passeia pela neblina em um cenário desolado de guerra.

◘ Marina & The Diamonds, frequentemente criticada em suas performances ao vivo, postou em seu canal do YouTube oficial a rendição de "Teen Idle", faixa do Electra Heart, de um show em uma casa nortuna de Londres.

◘ Haley Reinheart, vinda direto do American Idol 2011 e com o ótimo álbum de estreia Listen Up! lançado em Maio, solta a voz em uma performance ao vivo de "Hit The Ground Runnin'" postada no YouTube oficial da cantora.

◘ Melody Gardot, como sempre a epítome da elegância, gravou uma versão de “La Vie en Rose”, clássico da francesa Edith Piaf, para a marca de jóias Piaget. O cover ganhou clipe, que você pode assistir aqui.

24 de jul. de 2012

A moda e o modo de vida hippie.

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por Gabis Paganotto
(TwitterTumblr)

Bom, como eu já cansei de repetir ao longo desse um ano que ando escrevendo para O Anagrama, moda é mais do que apenas roupas e acessórios. Nosso dia a dia é moda.

Tentando lhes parecer um pouco mais inteligente do que sou a palavra moda tem o radical “mod” que significa modo. Ou seja, moda, é o nosso modo de pensar, de falar, de agir e de permitir que o meio interfira no modo como somos em um todo.

Hoje vou falar de uma moda, e de um modo de vida que conquistou cabeças e libertou pensamentos nos anos 70. O movimento Hippie.

O movimento prezava o “paz e amor”, e acima de tudo a utilização consciente e respeitosa de tudo que era natural.

Os hippies, como ficaram conhecidos os adeptos do movimento, utilizavam-se sempre de roupas largas que favoreciam o conforto e que não tinham como objetivo valorizar o corpo ou os pontos mais fortes dos mesmos, uma vez que pregavam que todos eram iguais. Dignos de amor e do direito de usufruir de tudo que a “Mãe natureza” oferecia.

Por todos seus conceitos e aproveitamento de recursos naturais o estilo hippie ficou conhecido por peças icônicas como coletes de couro, calças pantalona de boca larga ou boca de sino como são mais conhecidas (mais tarde adaptadas pro jeans), batas e rendas. A paleta de cores utilizadas era bem grande, ia desde cores bem vivas dos furgões até os tons pastéis das roupas que por serem geralmente feitas de tecidos simples, não tinham cores vibrantes.

Hoje temos ainda muitas influências do estilo hippie, como o novo “folk” que nada mais é que um hippie romântico por assim dizer. Porém o mais importante, o lema “Paz e amor!” parece que foi deixado para trás, uma pena.

Espero que tenham gostado. Beijos!

Gabis Paganotto escreve todo dia 24.

23 de jul. de 2012

Review: A Breve Segunda Vida de Bree Tanner.

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por Luís Adriano Lima
(Literatura e Cinema)

A menina estava enroscada como uma bola ao lado das chamas, os braços envolvendo as pernas. Era muito nova. Mais nova do que eu – parecia ter talvez 15 anos, o cabelo escuro e liso. Os olhos estavam focalizados em mim e as íris eram de um vermelho vivo e chocante. Muito mais brilhantes do que as de Riley, quase em fogo. Giravam loucamente, descontroladas. [...]
- Ela se rendeu – disse-me em voz baixa.
(MEYER, 2009, p. 404)

Crepúsculo (2005) é um romance lançado há sete anos e que definitivamente foi o grande momento pós-Harry Potter. Não que a escrita de Stephenie Meyer tanja a qualidade daquilo que J. K. Rowling produziu ao longo de 10 anos (1997-2007) – na verdade, está muito aquém da série de fantasia bastante madura escrita pela britânica. No entanto, de modo algum se pode negar que as personagens compostas por Meyer se popularizam de tal maneira que é impossível hoje em dia não saber quem são Isabella Swan ou Edward Cullen. Não que isso, claro, signifique apreciar ou depreciar a obra, mas a modernização do vampiro – objeto de paixão de alguns – provocou debates de proporções imensas, os quais não pudemos, querendo ou não, evitar de ouvir.

Mas o ponto dessa resenha é outro. É justamente a obra lançada em 2010, depois dos livros Lua Nova (2006), Eclipse (2007) e Amanhecer (2008), que aparentemente finalizaram a trajetória da protagonista humana, que permanece nessa natureza até meados do último romance, quando finalmente se torna vampira. A Breve Segunda Vida de Bree Tanner, como o próprio subtítulo sugere, se trata de um spin-off do terceiro livro, cujo grande momento é o embate provocado por Victoria, cujo namorado foi assassinado por Edward no primeiro volume, de quem ela gostaria de se vingar – na narrativa, a vampira cria um exército de vampiros recém-criados e, por isso, bastante fortes e descontrolados, induzindo-os através de Riley a atacar a família Cullen. Bree Tanner, que era uma moradora de rua esfomeada quando foi transformada em vampira, narra os acontecimentos anteriores aos eventos de Eclipse a partir do momento em que sai para a sua primeira caçada com Diego, outro vampiro jovem que passa também a desconfiar das intenções de Riley e da mulher – Victoria – ao criar aquele pequeno exército.

O trecho que citei logo na abertura desse texto aponta o momento no livro Eclipse no qual Bree nos é apresentada pela primeira vez, ainda sem nome, que só nos seria revelado duas páginas depois, quando Jane – uma dos Volturi – a indaga acerca de suas origens e, também, da sua identidade. O que há de surpreendente no livro em relação ao comportamento de Bree é que, como comentado por Edward e notado pelos outros Cullen, aquilo não era comum – que um vampiro recém-criado se rendesse e, como vêem, se esforçasse para se controlar. Não é spoiler dizer que Jane Volturi não perdoa Bree e a extermina, como, afinal, ditam as regras – o extermínio de Bree já havia sido lido três anos antes nas páginas do terceiro episódio da saga. O que interessa nesse novo romance são os momentos anteriores ao combate entre o grupo de Victoria e a família Cullen – também, não menos importante, surge aqui um romance entre Bree e Diego, dois personagens que dividem um momento significativo e, a partir disso, criam uma afinidade que eventualmente se aproxima de amor.

A parte boa desse romance é que, em apenas 190 páginas, menos que a metade da quantidade de páginas do livro do qual deriva, a escritora conseguiu escrever tudo aquilo que era relevante para a história. Aliás, poder-se-ia facilmente reduzir o número de páginas se fossem extraídas as tantas vezes que Bree Tanner, a narradora, se pergunta acerca de perguntas já feitas três ou quatro vezes anteriormente. O mais curioso é que não é apenas um efeito retórico no discurso – a personagem não repete sua pergunta para que o leitor compreenda o grau de preocupação que a perturba. Trata-se apenas de uma escrita prolixa que tenta a todo o momento justificar a densidade psicológica de uma personagem cujo intelecto definitivamente não está em paridade com suas atitudes.

Bree Tanner é uma personagem bastante simplista. Apesar de nos serem dadas algumas informações sobre ela – havia fugido da casa do pai, estando morando nas ruas, quando trocou sua vida por um hambúrguer –, temos uma constante sensação de que não sabemos nada sobre ela. Na verdade, apesar de estarmos ante a história de Bree, sendo, aliás, contada por ela mesma, acabamos pensando o tempo que toda a história é sobre ela, Bella. Lembrando, em tempo, que devemos sempre distinguir escritor/autor de narrador: se Meyer detém os direitos autorais, sendo, pois, a autora, é Bella, Jacob (no epílogo do terceiro livro e numa das partes do quarto) e Bree Tanner que são os narradores, havendo, portanto, necessidade de distingui-los em suas maneiras de narrar o que vêem – são, afinal, três personagens distintos! E, honestamente, não fosse por um ou outro momento, fica sempre a sensação de que A Breve Segunda Vida de Bree Tanner, em vez de um spin-off narrado por Bree Tanner, se trata de mais um episódio da saga Crepúsculo, narrado por Bella, como em todos os outros livros. Transcrevo abaixo o único momento que mais se faz notar que a personagem é uma, não a outra:

Era isso que Riley nos mandava fazer. Caçar a escória. Escolher os humanos de quem ninguém sentiria falta, aqueles que não estavam voltando para casa e para a família, os que não gerariam ocorrências de desaparecimento. [...] Desliguei meu cérebro. Era hora de caçar. [...] Sua [de Diego] aterrissagem foi silenciosa demais para chamar a atenção da prostituta chorona, da prostituta distraída ou do cafetão zangado. Saltei do telhado, atravessei a rua e aterrissei ao lado da loura que chorava. [...] Ela abriu a boca para gritar, as meus dentes dilaceraram sua traquéia antes que algum som pudesse ser emitido. [...] O sangue era morno e doce.
(idem, 2010, p. 18-20)

O trecho acima apresenta o momento divisor de águas, que é justamente aquele que transforma Bree, a outsider, em alguém com um companheiro com quem dividir alegrias e tristezas. É extremamente superficial o contato dos dois – apenas uma caçada –, mas isso parece suficiente para começar uma boa amizade, até amor, por que não? Naquela mesma noite, os dois passam a partilhar juras e prometem dar suporte sempre um ao outro. Houvesse um princípio de rejeição por qualquer um deles em relação ao outro, independentemente das razões, decerto o romance estabelecido seria idêntico ao de Bella e Edward. Aliás, cabe dizer o quanto as duas personagens – Bella e Bree – são bastante parecidas, a começar pelo modo como sempre parecem desajustadas e intrusas às circunstâncias. Seguem passagens, uma de “Crepúsculo”, outra do objeto resenhado.

Não era só fisicamente que eu não me adaptava. [...] Eu não me relaciono bem com as pessoas da minha idade. Talvez a verdade seja que eu não me relaciono bem com as pessoas, e ponto final. [...] Às vezes eu me perguntava se via as mesmas coisas que o resto do mundo.
(idem, 2008, p. 18)

Eu franzi a testa. A casa de Riley era o último lugar onde eu gostaria de passar o resto da noite. Não queria ver o rosto estúpido de Raoul nem ouvir os gritos e as brigas constantes. Não queria ter de ranger os dentes e me esconder atrás do Freaky Fred para as pessoas me deixarem em paz.
(idem, 2010, p. 28)

Acima, um exemplo do desajuste social e pessoal que as personagens vivem. Além disso, Bella com Edward e Bree com Diego, ambas vivem romances marginalizados – no caso de Bree, mesmo que tanto ela quanto seu par sejam da mesma natureza, é evidente que todos os personagens que o circunvizinham desprezariam o relacionamento, o que os obriga a manter a guarda perto dos outros, seja por autopreservação ou por preocupação com o outro. Ambas as protagonistas lutam contra um inimigo invisível – Bella nunca sabe o quanto de risco há para ela por conviver com vampiros e Bree, grosso modo, também, salvo o fato de que ela sabe que o inimigo verdadeiro (não o grupo de recém-criados, sempre em desavenças) se mantém escondido o tempo todo e parece planejar algo perigoso.

Poderia resultar em algo verdadeiramente interessante apresentar o ponto de vista de uma história pelas perspectivas de outras personagens. O “Efeito Rashomon” poderia ser magnificamente explorado nessa obra se, além de uma boa composição literária que não se alicerçasse em senso comum, Stephenie Meyer houvesse realmente se preocupado em criar personagens diferentes em situações que demandassem um desenvolvimento psicológico aprofundado delas. O que se vê, no entanto, é apenas toda a história da saga Crepúsculo confinada em 190 páginas, das quais 1/5 – as últimas 40 páginas, praticamente – se trata na verdade de uma releitura do episódio registrado anteriormente em Eclipse. Pode-se ler o livro tranquilamente em uma tarde e gastar cinco ou seis horas seguidas atento às páginas, sobretudo porque não há nenhuma dificuldade na digestão desse romance, que é tão superficial quanto nenhum outro título da série ainda havia conseguido ser. Talvez seu maior mérito seja “externo” à qualidade literária da obra – paguei apenas R$5 nesse título que, de brincadeira, daria de presente a um colega. No mais, carece de estrutura adequada para que se faça notar como uma boa leitura.

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Luís Adriano Lima escreve todo dia 23.

22 de jul. de 2012

Review: Os novos ares com aromas familiares de “Drive”.

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por Caio Coletti
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Em sua resenha de Drive (intitulada “Centrífuga de referências”), a crítica Neusa Barbosa, da Revista Bravo, se referiu ao primeiro filme americano do dinamarquês Nicolas Winding Refn como uma combinação de “estilos tão diversos quanto os de Clint Eastwood e Tarantino”. É uma colocação intrigante, uma vez que a própria resenhista da Bravo, em seu texto, insiste que Refn, com essa sua estreia hollywoodiana, “renovou o gênero do thriller”. É possível renovar, e mais, inovar, tendo referências tão claras e explícitas de feitos cinematográficos já realizados? Drive tem um pouco do Tarantino de Pulp Fiction, sim, e talvez uma pitada do Eastwood de Gran Torino, mas é essencialmente uma experiência cinematográfica própria.

O diretor Refn, cuja única produção a dar as caras no Brasil até hoje havia sido Medo X, de 2003, parece realizar dois filmes em um, mas é isso que o roteiro de Hossein Amini (Branca de Neve e o Caçador) exige em sua adaptação do livro de James Sallis. No início, observamos um suspense com lances espertos e um drama suburbano bastante eficiente. O protagonista sem nome de Ryan Gosling (que esteve em outro dos melhores filmes do ano passado, o injustamente relegado Tudo Pelo Poder) se divide entre três ocupações em Los Angeles: motorista-dublê de cenas de ação, mecânico, e motorista de fuga contratado para assaltos e furtos. Ele se envolve com Irene (Carey Mulligan), mas precisa ajudar Standard (Oscar Isaac), marido da moça, quando este sai da cadeia e precisa pagar algumas dívidas que deixou. Caso não pague o que deve, não só ele, mas também sua familia – logo, Irene e o filho – será punida. Desnecessário dizer que as coisas não saem muito bem.

É aí que a explosão do protagonista, com a situação com que tem que lidar, escancara um lado muito ambíguo de sua personalidade e o filme muda. Refn não faz questão de ser sutil nessa transição: ele põe em contraste, sem concessões, a vida lenta e a serenidade quase impossível de seu protagonista com a violência e a intensidade de seu arco de revelação. Mas é nessa “descoberta” que ele e principalmente Gosling fazem sua parte. Nos detalhes e nos olhares fixos é que Refn e o diretor de fotografia Newton Thomas Sigel (Frankie & Alice) registram com precisão e linguagem clássica a atuação brilhantemente discreta de Gosling. Ele emerge no personagem e parece o tempo todo um tanto desligado da realidade, mostranho um ou dois sorrisos, deixando os olhos aguçarem-se em dois ou três momentos, mas encontrando uma maneira de ser absurdamente expressivo nessa sua intepretação “vazia”. É o trabalho de um dos mais brilhantes jovens atores da atualidade.

Os coadjuvantes fazem um trabalho decente, com destaque para a sempre bem-vinda presença de Carey Mulligan (Educação) com seu charme discreto e a doçura que lhe parece ser inerente. Você já viu o sangue jorrando em Pulp Fiction, e você já viu o herói improvável, real e calado em Gran Torino. Drive renova a roda do thriller urbano como gênero porque é, para além de uma trama que se desdobra com consequências que extrapolam a sua aparência inicial, um arco de descobrimento dramático dos bons, como a muito tempo não se via no gênero. Refn não é o entendedor da cultura pop e criador de diálogos brilhantes, ou o explorador da alma masculina e das dores do envelhecimento. É um artista próprio, que tem algo a dizer: por mais mal que tenhamos feito, como a trilha-sonora canta, podemos ser “um ser humano de verdade, e um herói de verdade”.

***** (4,5/5)

Drive
(EUA, 2011)
Direção: Nicolas Winding Refn.
Roteiro: Hossein Amini, baseado no livro de James Sallis.
Elenco: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston, Albert Brooks, Oscar Isaac.
Duração: 100 minutos.

21 de jul. de 2012

Moda reciclável.

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por Isabela Bez
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Enquanto revia alguns desfiles da década de 90, algo me chamou a atenção: o inverno Versace de 1994. Se olharmos 20 anos atrás, podemos ver que a moda é exatamente a mesma. Couro, botas acima dos joelhos, comprimento mini, roupas largas, recortes, estampas, mistura de tecidos… Até os cabelos continuam os mesmos. Até o bom e velho casaquinho de tweed, as luvas de couro, o cinto marcando as cinturas perfeitamente finas, a bolsa carteiro tão gloriada hoje em dia. O único detalhe que deu a falhar foi o saltinho das botas, mas os bicos finos delas as entregam novamente. Oras, é tudo a mesma coisa. Adicione uma qualidade HD e mude as modelos: ninguém irá notar a mínima diferença. Na verdade, quando a Kate Moss entra na passarela, parece que voltamos a 2012 de novo.

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É tão engraçado ver que as mesmas ideias futuristas da década de 90 são as nossas hoje em dia. E tudo parece tão novo no mundo da moda que às vezes nem percebemos. É claro, sabemos que a moda é antiga, e cada tendência é transformada para ser usada nos dias de hoje. Mas as roupas estão parecendo cada vez mais como cópias do passado do que recriações.

Afinal, os estilistas não estão aí para nos mostrarem algo original? Uma ideia nova? Algo que nos surpreenda a ponto de não nos contentarmos até que tenhamos aquela peça it no nosso guarda-roupa?

Por que ninguém consegue ser tão original como antes? Será que não existem mais ideias para serem criadas? Será que o ser humano chegou num ponto final? Eu duvido. E duvido mesmo.

2-2

Sim, é legal usar o que minha avó já usou um dia, mas até quando? Se hoje temos influências (e grandes) das décadas de 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80 e 90, o que acontecerá quando a nossa década de 20 chegar? Não haverá mais moda?

Do ponto de vista atual, onde vemos o futuro como algo totalmente fora do nosso comum, todas as pessoas irão usar a mesma cor, o mesmo tecido e o mesmo corte de roupa. Não é a coisa mais chata e sem sentido que você já ouviu falar?

Alguém consegue imaginar um mundo sem moda, sem arte, sem aquela sensação na barriga de quando uma nova tendência acaba de sair quentinha do forno? Pois é, eu não. Só espero que venha logo uma nova geração de mentes brilhantes que mudem essa mesmice. Porque, sim, nós amamos vestir o que Gianni Versace criou décadas atrás. É icônico, é glamouroso, é deslumbrante. Mas até quando?

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Isabela Bez escreve todo dia 21.

20 de jul. de 2012

Lana Del Rey passa “para o outro lado” em “Summertime Sadness”.

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por Caio Coletti
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Menos de um mês depois de “National Anthem”, Lana Del Rey liberou hoje (dia 20) no YouTube, após vazamento algumas horas mais cedo, o quinto videoclipe promocional do seu álbum de estreia, o Born to Die. “Summertime Sadness” carrega no tom sombrio ao contar a história de Lana e sua companheira (namorada? irmã?), que se vê às voltas com as lembranças da cantora quando esta comete suicídio.

A produção e a fotografia, sempre pontos fortes na videografia de Lana até aqui, são bastante elegantes e contemporâneas (em seu anacronismo trendy), enquanto a canção, uma das duas co-creditadas – em composição e produção – a Rick Nowels (a outra é “Dark Paradise”), cresce com o acompanhamento visual, amenizando os defeitos de suas batidas e ideias melódicas nem tão originais, mas bem trabalhadas.

O videoclipe de “Summertime Sadness” conta com direção de Kyle Newman (do filme cult Fanboys) e Spencer Susser, cuja estreia cinematográfica, Hesher, teve Joseph Gordon-Levitt e Natalie Portman no elenco.

Top 10 peças indispensáveis de um bom closet.

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por Bebé Ribeiro
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Meus queridíssimos leitores, quanto tempo! Como vocês estão? Espero que bem, óbvio! Eu não estou 100% pois essa mudança de tempo trouxe-me um resfriado que nem meus cachecóis, luvas, jaquetas e chapéus conseguiram ajudar a prevenir, então a coluna de hoje está meio que um ar dodói (mas relaxem que não passarei minha gripe a vocês, hahaha).

A edição de junho da Revista Elle elegeu os 10 itens que são indispensáveis para se ter um bom closet. Achei as escolhas super de acordo e resolvi trazer neste post os itens eleitos pela revista, muito bem escolhidos por sinal. Veja se você já tem algum ou a maioria deles, vamos lá?

JAQUETA DE COURO:

jaqueta-de-couro

Já se foi o tempo em que só rockstars,punks e derivados utilizavam a leather jacket para gritar ao mundo sua rebeldia. Ao longo do tempo, a jaqueta foi ganhando novas releituras, sem perder seu charme e rebeldia. Para as mais descoladas, há várias opções de cores e aplicações como spikes, e para as mais básicas, tons nudes e a tradicional black jacket. Não há como não ficar phyna com essa peça!

ESCARPIM

escarpimDesde que eu me conheço por Isabella Ribeiro minha mãe sempre me dizia: "Bella, Escarpim é essencial no guarda-roupa de uma mulher, marque isso que eu tô te falando". E mães, pra variar, sempre estão cobertas de razão, ainda mais quando se trata de uma mamis fashion como a minha, hahaha. Sexy, o sapato de bico fino e salto alto mostra seu dinamismo ao passear por diferentes estilos. Não à toa, agrada nove em cada dez mulheres (inclua minha mãe nessas nove). Para quem gosta de algo mais estilizado, os metalizados são perfeitos para as Cinderelas do século 21.

BLAZER TUXEDO

blazer-tuxedoDesde que Yves Saint Laurent deu sinal verde, o blazer em versão smoking é perfeito para looks boyish. A peça, que tem passe livre para festas e afins, recebe o mesmo status, ou seja, pode ser usada sobre um longo. O resultado é um look cool e claro, muito glam!

 

CLUTCH

clutchA queridinha bolsa de mão é um dos itens mais democráticos no quesito acessório. Provando que tamanho não é documento, as pequenas it-bags, em versão box ou envelope, fecham com produções casuais ou sofisticadas, podendo até levá-las ao trabalho.

 

CAMISA BRANCA

camisa-brancaMais uma peça do closet masculino para o nosso, a peça, marca registrada de mulheres sofisticadas, como Carolina Herrera, é uma figurinha carimbada de looks clássicos. Mas não só deles. A peça já passou por cenários rock'n roll, aliadas a destroyed jeans , tachas, muito couro ou então a franjas do folk style.

CALÇA DE ALFAIATARIA

calca-de-alfaiatariaFaz tempo que a peça deixou de ser uma exclusividade do closet das executivas. Com a onda minimalista que voltou a pairar na moda, a alfaiataria ressurge mais cool do que nunca, sem perder seus dois principais pilares: corte e caimento perfeitos. Shapes novos e tecidos nobres são responsáveis por levar as calças do escritório para as passarelas e as ruas.

PÉROLAS

perolasAcho que essa não é só a escolha da revista, mas a minha, da minha vó e de todas as mulheres que são apaixonadas pela delicadeza, elegância e classe. Imortalizado por Coco Chanel, o colar de pérolas NUNCA saiu de moda.Com o passar do tempo, a joia feita com a mais antiga das gemas passou a ser cada vez mais usada no dia a dia, completando a dupla jeans + T-shirt. As mais ousadas podem apostar em pérolas grandes ou nas negras, superchics.

LBD (Little Black Dress)

lbdQuem não se lembra do vestido assinado por Hubert de Givenchy e usado por Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo? O modelo é um exemplo claro do poder que um vestido preto pode ter. Peça fundamental do closet, encara looks do dia à noite, com os complementos certos, é claro.

SAPATILHA

sapatilhaA melhor escolha de todas since ever! Ela é confortável, versátil e chic. Com esses três adjetivos, a sapatilha ocupa o pódio entre os sapatos mais usados pelas mulheres. E também ganha destaque no quesito variedade: são muitas as versões, as cores e os materiais.

 

CARDIGÃ

cardigaMuito, MUITO, M-U-I-T-O amor essa peça ! Que casaco de vovó que nada! Nos anos 2000, o tricô levinho figura entre as peças mais usadas pelas meninas descoladas durante a temporada de inverno. Afinal, o casaquinho é ideal para criar diversas sobreposições. E os modelos deste inverno trazem boas surpresas: botões arrojados, bordados e tecidos metalizados.

Bebé Ribeiro escreve todo dia 19.

17 de jul. de 2012

Agora todos faz UÓ? Faz UÓ, faz UÓ!

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por Caio Coletti
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Foi lançado hoje (dia 17) a versão integral do videoclipe para “Faz UÓ”, o novo single da Banda UÓ, anunciado como o primeiro do álbum de estréia do trio goiano, intitulado Motel, que está previsto para Agosto. No clipe, os três integrantes da banda (Matheus Carrilho, Davi Sabbag e a transsex Candy Mel) ensinam um novo passo de dança. A investida para o mundo pop é certeira e calculada, como aprendeu-se a se esperar da banda.

A essa altura, é meio difícil não conhecer a Banda UÓ. Com o EP lançado no ano passado, Me Emoldurei de Presente Pra te Ter, e o hit absoluto "Shake de Amor", os goianos foram parar até no VMB. A mistura do eletrobrega com melodias de hits internacionais ("Foi Você Quem Trouxe" sampleia “I Wanna Know What Love Is”, cuja última regravação na voz de Mariah Carey foi sucesso incontestável) pegou de jeito o público jovem, e deu à banda a oportunidade de se aventurar em composições originais como "Rosa" e essa “Faz UÓ”.

As outras canções da banda são "O Gosto Amargo do Perfume", "Não Quero Saber" e "Louca Paixão" (as duas últimas com melodias baseadas em “Teenage Dream” de Katy Perry e “S&M” de Rihanna, respectivamente).

Você precisa conhecer: Alpine.

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

O Alpine é uma das bandas para se ficar de olho da nova safra do pop australiano. Fundada em 2009 e com um EP do ano seguinte intitulado Zurich, que produziu os singles "Heartlove" e "Villages" (cujo videoclipe brilhantemente produzido e fotografado garantiu a atenção do público indie), as canções do sexteto são baseadas em riffs de baixo fortes, intervenções de sintetizadores e uma mistura bem equilibrada de alt-rock e synthpop.

Os vocais das duas integrantes femininas do grupo remetem às músicas do Goldfrapp em seus momentos mais pop (o Head First e o Supernature, pra ser mais claro). Em novembro passado, o single "Hands" supreendeu o público com um dos videoclipes mais intrigantes do ano e uma sonoridade atmosférica e envolvente.

Agora é a vez de “Gasoline”, que vem com o anúncio de primeiro single do álbum de estreia da banda, o A is For Alpine, marcado para lançamento em 10 de Agosto. O clipe bizarro retrata a caçada por um Abominável Homem das Neves, enquanto a canção desfila uma letra que inclui o verso “há gasolina nos seus olhos, e fogo nos meus”.

16 de jul. de 2012

Review: Fuja das comparações com O Espetacular Homem-Aranha.

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por Caio Coletti
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Homem-Aranha, a primeira produção de 2002, foi um marco do gênero dos filmes de super-heróis. Junto com o X-Men de Bryan Singer, o filme dirigido por Sam Raimi e estrelado por Tobey Maguire ajudou a consolidar o nome da Marvel no meio cinematográfico e, com seus 821 milhões de dólares arrecadados na bilheteria mundial, provou que o público queria ver vigilantes mascarados numa tela de cinema. Para os fãs dos quadrinhos, o primeiro filme e suas duas continuações, apesar de serem distintamente marcados com o estilo e a identidade do diretor Sam Raimi e conterem diversas “adaptações” para o meio cinematográfico, capturaram também a essência familiar que é o diferencial do Homem-Aranha entre os personagens da Marvel, e retrataram um Peter Parker perfeitamente constrangedor e naturalmente tenso na pele de Maguire.

Ciclo fechado na trilogia de Raimi com Homem-Aranha 3, de 2007, que marcou 890 milhões de dólares mundialmente, é claro que não ia demorar para se falar em algum tipo de seguimento para a jornada do personagem no cinema. O Espetacular Homem-Aranha é um reboot que pega carona numa tendência dos quadrinhos mais contemporâneos (e, não por coincidência, também dos recentes filmes de super-heróis) de mesclar a realidade do personagem principal integralmente com a do público jovem. Na série especial de histórias Guerra Civil, Peter Parker é zombeteiro e encantado com as possibilidades do poder que tem nas mãos. Aqui, também. O Peter de Andrew Garfield (A Rede Social) ainda é o garoto que não é aceito nos círculos sociais mais elevados do colegial americano, mas é também, impreterivelmente, muito cool, e descaradamente mirado no público adolescente.

O vilão da vez é o Lagarto, que se torna uma ameaça quando o Dr. Curt Connors (Rhys Ifans, de Little Nicky, um pouco menos canastrão que o normal) resolve se tornar cobaia do próprio experimento de regeneração de membros e acaba se tornando uma espécie de réptil mutante com planos de espalhar sua “modificação genética” por toda Nova York. A origem do herói você, leitor, com certeza já conhece, então não vou desperdiçar linhas recontando história antiga. O roteiro de James Vanderbilt (Zodíaco), Alvin Sargent (que trabalhou nos dois filmes anteriores da série) e Steve Kloves (Harry Potter) mexe pouco nessa área, adicionando um tempero de mistério com o destaque dado ao paradeiro desconhecido dos pais de Peter, mas em geral se tornando por vezes até maçante nas suas obrigações como um “novo” filme de origem para o herói.

Nesses momentos maçantes, quem segura o filme é Andrew Garfield. O ator empresta leveza, naturalidade, profundidade e um carisma absurdo ao herói, provando que sem dúvida nenhuma tem os requisitos para se tornar astro da lista-A de Hollywood. Se depender dos 137 milhões arrecadados na primeira semana de exibição nos EUA, ele com certeza vai ter muitos holofotes sobre si. Aumentarão também as luzes colocadas sobre Emma Stone (Histórias Cruzadas, A Mentira), que entrega um retrato sensível de Gwen Stacy, numa colocação do roteiro que repara a inversão de Sam Raimi quanto a primeira namorada de Peter (na trilogia original, ao contrário dos quadrinhos, a Mary Jane de Kristen Dunst aparecia antes de Gwen, feita por Bryce Dallas no terceiro filme).

Do elenco coadjuvante, destaque para Martin Sheen, também um dos responsáveis por tornar interessante o início do filme no papel do Tio Ben, que tem destino semelhante ao interpretado por Cliff Robertson na trilogia de Raimi. Tia May é encarnada por Sally Field, a atriz de drama por excelência, em uma adorável encarnação de uma dona de casa ainda absolutamente bondosa e condescente, mas um tanto menos sábia e, talvez, um bocado mais frágil. Na direção, Marc Webb, que estreou em longas-metragens com o celebrado (um tanto exageradamente) 500 Dias com Ela faz um trabalho surpreendente. Ele adiciona leveza a encenação e sabe lidar perfeitamente com os grandes efeitos especiais e cenas de ação, balanceando drama, comédia e aventura com a mesma maestria de Raimi, mas inserindo essa receita irresistível em um contexto mais terrenamente contemporâneo.

Essa não é a hora, nem o lugar, para julgamentos. Não há parâmetros de comparação entre o filme de Webb e os filmes de Raimi. São abordagens diferentes de um mesmo personagem. Talvez Peter e sua história percam aqui um pouco da doçura, mas ganham em realismo e identificação. Um tipo de identificação diferente que a trilogia original proporcionou, mas ainda, identificação. E, no fim de um filme hollywoodiano que quer a principio te divertir e só isso, essa conexão como o espectador é algo extremamente valioso. E é um bônus.

**** (3,5/5)

The Amazing Spider-Man
(EUA, 2012)
Direção: Marc Webb.
Roteiro: James Vanderbilt, Alvin Sargent, Steve Kloves.
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Denis Leary, Sally Field, Martin Sheen.
Duração: 136m