16 de set. de 2013

Rock in Rio: Beyoncé, Florence, Justin Timberlake e mais no primeiro fim de semana!

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Espantar as más energias de sexta-feira 13 foi fácil com a primeira noite do Rock in Rio. A atração desse começo de festival ficou por conta de Beyoncé, que fez do show na Cidade do Rock apenas mais uma parada de sua turne Mrs Carter pelo Brasil (ontem, domingo, foi a vez do Estádio do Morumbi receber a diva). A pompa e a circunstância estavam garantidas: com trocas de roupa constantes e produção gigantesca, o setlist da moça incluiu desde hits do começo da carreira solo (“Crazy In Love” é e sempre vai ser uma preferida) até canções do último álbum, o moderadamente bem-sucedido – para os padrões inflados dela – 4 (“1+1” rendeu um dos momentos mais lindos do show).

Com muitos interlúdios, dançarinos, cenários e graçejos, a apresentação seguiu como um espetáculo impressionante, mas careceu de um pouco de momentum e garra no começo. As coisas esquentaram depois da bela setpiece de Beyoncé no piano, performando em um collant azul e preto com brilhantes a já citada “1+1”, e emendando com “Irreplaceable” e a maravilhosa “Love on Top”, que fizeram a plateia cantar.

No encore, com a roupa mais simples do show (shorts jeans e camiseta branca), a moça emendou “I Was Here” com um mashup de “I Will Always Love You” – sim, a da Whitney! – e a sua “Halo”. Desceu do palco, passou pelo corredor central que divide a plateia e cantou sem desafinar uma nota mesmo quando os fãs puxavam o braço de sua diva. A maior surpresa, no entanto, veio bem no final, quando Beyoncé anunciou: “Eu quero fazer algo especial para vocês”… e dançou ao som do hit do funk “Passinho do Volante”. Mais um momento antológico pra guardar do Rock in Rio.

Claro, quem esquentou o público para Beyoncé foi o DJ francês David Guetta, que destilou seus hits e colocou a Cidade do Rock para pular com as batidas mais criativas da atual música eletrônica. Teve “Titanium”, “Without You”, “Sexy Bitch”, “When Love Takes Over” e também remixes de Blur (“Song 2”), Calvin Harris (“I Need Your Love”) e Bruno Mars (“Locked Out of Heaven”).

Antes de Guetta teve a brasileríssima Ivete Sangalo, que comemorou oito participações no total nas várias edições do Rock in Rio ao redor do mundo. O show da baiana, como de costume, teve de tudo: de brincadeira com Beyoncé a cover de Tim Maia, incluindo os hits indispensáveis do repertório (de “Arerê” a “Dançando”) e até um delicioso coro de “Love of My Life”, música do Queen que marcou a apresentação da banda no Rock in Rio em 1985.

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FLORENCE-CORRENDINHO

O sábado foi dos indies. A estrela da noite, apesar dos dois shows badalados que a ladearam na programação, teve um só nome: Florence Welch. A ruiva britânica dominou a plateia gigantesca com sua energia toda diferente pelo lindíssimo show, correndo de ponta a ponta do palco da Cidade do Rock – e pelo corredor central também! – com seu vestido azul esvoaçante e elevando a voz as alturas sempre que as baladas etéreas do Florence + The Machine a exigiam. A voz colossal combinou com o festival, que recebeu a moça de braços abertos.

O setlist passeou com desenvoltura pelos dois discos da banda, Between Two Lungs (a queridinha “Cosmic Love” veio logo no começo do show, o hit “Dog Days Are Over” fechou com a energia em alta) e Ceremonials (os singles “What The Water Gave Me”, “Shake it Out”, “No Light No Light” e “Spectrum” mostraram Florence em sua melhor forma vocal). Ponto alto? O público cantando alto com a ruiva em “You’ve Got The Love”, cover de um clássico soul sessentista que Florence carimbou com sua voz no primeiro disco.

O sábado também teve os moços eletrônicos-metal-pop-arena-rock do Muse, uma das bandas que mais fogem de rótulos (deu pra perceber?) e mais empolgam ao vivo atualmente. No visceral show não faltaram os hits, como “Supermassive Black Hole”, “Madness” e “Uprising”. Teve também Matthew Bellamy no piano, com um megafone (!) arriscando cover da clássica “Feeling Good”, eternizada por Nina Simone. Show a parte, mesmo, é a produção do Muse, sempre psicodélica e iluminada (o bumbo do baterista, por exemplo, ascendia a cada pancada).

O 30 Seconds to Mars de Jared Leto completou a noite, com o vocalista-estrela até arriscando um passeio pela famosa tirolesa do Rock in Rio, que atravessa toda a plateia, no meio do show. O mega-hit “Closer to The Edge” quase pos a Cidade do Rock abaixo.

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O domingo teve três shows principais tão bons que fica difícil escolher um destaque só. Vamos por ordem, então: Jessie J entrou no palco mais cedo, talvez um pouco desacreditada entre os fãs de pop devido a campanha fraca do seu segundo álbum de estúdio, que sai oficialmente no próximo dia 23 de Setembro (essa é a deixa pra vocês deduzirem que na verdade o disco já está circulando pelos becos virtuais). A verdade é que a moça ainda é um estouro ao vivo. A energia inesgotável e muito positiva levantou o público, assim como a voz incrivelmente elástica e o repertório eclético.

O show incluiu um mashup de disco music, com direito a “Ain’t Nobody” de Shaka Khan e “Emotions” de Mariah Carey, que desaguou na deliciosa “Abracadabra”, do disco de estréia de Jessie. Logo em seguida, a britânica juntou “I Don’t Wanna Miss a Thing”, do Aerosmith, com a sua balada inspiracional “Who You Are”. Momento emocional que fisgou a plateia de vez, que a acompanhou nos hits “Laserlight” e “Wild” e no fechamento com “Domino”, em que Jessie passeou pela plateia, dando o microfone para vários fãs e brincando com muitos outros. Um dos melhores shows dessa edição do festival, sem dúvida nenhuma.

Depois de Jessie foi a vez da diva do R&B Alicia Keys. Com um hit carimbado em terras nacionais ainda no ano passado (“Girl on Fire”), a americana apresentou-se com a sua elegância e discrição de sempre. O destaque foi o tom sensual do show, que colocou a lindíssima “Unthinkable (I’m Ready)” com uma performance lânguida entre Alicia e um dançarino. “Try Sleeping With a Broken Heart”, outra pérola pouco apreciada do The Element of Freedom, entrou na dança também, enquanto “Fallin”, um dos hits clássicos da moça, ganhou a adição da brasileira Maria Gadú.

A coisa esquentou mesmo com a belíssima “Brand New Me”, uma das baladas de piano mais perfeitas da última década, emendada nas conhecidas “If I Ain’t Got You” e “No One”. “New Day” levou Alicia para a bateria, e lá ela ficou para cantar a canção-título de seu último álbum, Girl on Fire. O show fechou com a versão solo “Empire State of Mind”, cantada com um lindo vestido brilhante, originalmente lançada como um dueto com o rapper Jay-Z. Alicia é definitivamente um class act.

Por fim, quem fechou a noite foi o “presidente do pop”, Justin Timberlake. Em meio a a aclamação geral no Twitter, o moço entrou no palco com a aura de quem já tinha o público ganho. O mais legal no show do ex-NSYNC é que ele não faz questão de ser demagógico com o público ou falar português o tempo todo para receber gritos histéricos. O show de Justin é baseado no carisma, no talento e na música do artista, e em nada mais. A magia funciona tanto que colocou o público para pular tanto nos hits antigos (“Cry Me a River”, um ponto alto) quanto em faixas novas (“Take Back The Night”, uma favorita).

Sobrou tempo para covers deliciosos de “Need You Tonight”, do INXS, e “Shake Your Body”, do Jackson 5. As novas “Pusher Lover Girl”, “That Girl”, “Tunnel Vision”, “Let The Groove Get In”, “Suit & Tie” e “Mirrors” renderam as performances mais elaboradas, o que é natural uma vez que Justin está se preparando para fazer turnê dos dois volumes do The 20/20 Experience. Abundaram lembranças do Futuresex/Lovesounds, claro, desde a climática “SexyBack” até a perfeita “LoveStoned” e a balada “My Love”. Tudo com o tempero sexy, e o maior controle de palco, de um dos artistas mais completos de sua geração. Sem discussão.

Chegou aqui e ainda quer mais? Tudo bem, tem mais um destaque que a gente PRECISAVA fazer: no palco Sunset no mesmo domingo sensacional de Jessie, Alicia e Justin, a cantora Kimbra quebrou tudo com a ajuda do Olodum, mostrando que tem seus fãs fiéis aqui no Brasil e que é uma das artistas mais fantásticas de se ver ao vivo na atualidade. A energia, a voz e a eterna vontade de misturar ritmos e timbres é encantadora. Vale a pena, mesmo:


Caio

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