A nova fase de Eliza Doolittle estava se encaminhando brilhantemente até o lançamento do segundo single, “Let it Rain”, que ganhou clipe alguns dias atrás (nós destacamos o vídeo n’O Anagrama, aqui). A faixa que fechou a apresentação da cantora no último dia 05, no iTunes Festival, foge do estilo soul-retrô que marcou a primeira fase de sua carreira, mas isso não seria problema se ele fosse substituído por algo mais substancial do que a power ballad edificante que virou o arroz-e-feijão do pop. Nós somos totalmente a favor da moça mudar, evoluir e se tornar mais sofisticada, mas é preciso que ela evolua para algo, e não simplesmente se torne genérica.
O mesmo problema aparece em duas das novas canções que Eliza apresentou nos 45 minutos de show que serviram de ato de abertura para a dupla de hip hop Rizzle Kicks: “Walking on Water” e “In Your Hands”, que inclusive serve de faixa-título para o álbum que sai no próximo dia 14 de Outubro. Ambas são alegorias românticas estranhas e melodramáticas, com percussão em primeiro plano, arranjos de piano que nunca fogem do esperado e um sotaque soul diferente do que estamos acostumados a ver na cantora. De novo, a diferença não é o pecado, e sim a falta de personalidade do novo resultado.
Por outro lado, há bem mais motivos para comemorar, já que as outras quatro faixas do novo álbum apresentadas não decepcionaram: “Waste of Time” abriu o show com a entrada elegante da cantora em seu longo vermelho (e seus tênis de corrida, um toque que acertou em cheio no sentido de assegurar que essa ainda é a mesma Eliza de três anos atrás) e um show-off perfeito de sua voz gigantesca ao vivo. A baladinha doce no piano com sua bela melodia é a melhor faixa do novo álbum até agora, seguida de perto pela inédita “No Man Can”, essa sim uma balada soul que atinge as notas certas e encarna o espírito do gospel e da música negra americana.
Do In Your Hands também vem o primeiro single, o nostálgico e gostosinho “Big When I Was Little”, e “Back Packing”, um bem-vindo retorno do baixo funkeado e do refrão grudento e dançante para o repertório da moça. Esse clima casou bem com as performances animadas de singles do álbum anterior, incluindo uma versão piano-e-voz de “Rollerblades” e as contagiantes “Skinny Genes” e “Pack Up”. Para fechar a conta, a moça trouxe um piano para o palco e performou o seu hit ao lado do duo eletrônico Disclosure, “You & Me”.
Um show que combinou o charme singelo de Eliza, que sempre surpreende ao revelar a voz gigantesca que ela tem, e a ambição ampliada e bem polida do novo álbum. Se acertar na medida, esse pode ser um passo essencial na carreira da moça. Resta esperar.
Não achamos o show da moça no Youtube, mas dá pra ver, pra quem tem iTunes, aqui nesse link. É só ir em “line-up” e procurar o nome da Eliza.
Também no dia 05 entrou no palco a dupla de hip hop Rizzle Kicks, bastante popular em solo inglês, onde tem os hits “Down With The Trumpets”, “When I Was a Youngster” e “Lost Generation”, essa última do segundo álbum de estúdio, Roaring 20s, que chegou as lojas esse ano. São bem conhecidos também pela parceria com Olly Murs em “Heart Skips a Beat”.
Já no dia 06 foi a vez dos fãs de rock comemorarem com o show do Queens of The Stone Age, banda do veterano do gênero Josh Homme, conhecida fora do círculo de apreciadores por singles como “No One Knows” e “Make it Wit Chu”, além do dueto que o líder concedeu a Florence Welche no Florence + The Machine MTV Unplugged. Com um repertório que se estende pelos 15 anos de carreira, o Queens tem uma legião de fãs bem fiel que acompanhou o show na Roundhouse com a empolgação de sempre.
A agenda do dia 07 contava com os queridinhos do indie rock Phoenix, com a promissora nova banda Little Green Cars abrindo o show. Os donos de canções como “1901”, no entanto, cancelaram a apresentação devido a problemas de saúde do vocalista.
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