24 de set. de 2013

Estreia: Chuck Lorre acerta as notas (e tem Anna Faris pra ajudar!) na nova “Mom”

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Chuck Lorre é um caso para se estudar na televisão americana. Criador das duas sitcoms mais icônicas da atualidade (The Big Bang Theory e Two and a Half Men), esse nova-iorquino de 51 anos destaca-se no cenário em que se insere não só pela audiência exorbitante de suas criações, mas principalmente por conseguir incutir nelas qualidades sutis que as colocaram na vanguarda do formato, sem nunca fugir dele. Mom, a nova investida de Lorre na CBS, como suas outras séries, dá aos personagens uma direção e uma motivação tão claras que é impossível negar a solidez do trabalho de roteiro. Essas jornadas são conduzidas sem comprometer aquilo que esses personagens tem de mais fundamental: seus defeitos.

Christy (Anna Faris) é uma mãe solteira de dois filhos, a adolescente Violet (Sadie Calvano), que odeia a mãe e está começando a mostrar sinais de vida sexual ativa, e o caçula Roscoe (Blake Rosenthal). Trabalha em um restaurante, onde se envolve com seu superior Gabriel (Nathan Corddry, de Harry’s Law) mesmo o moço sendo casado com a filha do dono do estabelecimento Para completar, Christy é uma alcoólatra e party girl que informa em uma reunião do AAA que deve todos esses vícios a sua própria mãe, Bonnie (Allison Janney) – mas que está sóbria a mais de 100 dias. Claro, como essa é uma sitcom americana, a reunião que assistimos é justamente aquela em que Christy reencontra Bonnie, e a matriarca jura estar também caminhando nos trilhos agora.

Ao construir esse mundo bem amplo, com uma variedade de cenários bem interessante para uma sitcom (além da casa de Christy, do restaurante e da sala do AAA, vemos hoje a escola de Roscoe e um café onde mãe e filha tem a primeira conversa de reconciliação), Mom estabelece um padrão alto para seguir nos próximos episódios. A qualidade das piadas não é exatamente proporcional à da produção, mas é preciso admitir que o roteiro do piloto arranca algumas boas risadas (nossa preferida pessoal: “While other mothers were cooking dinner, you were cooking meth!” “Otherwise known as working!”), e a atuação de Anna Faris, por si só, transforma algumas mais fracas em bons momentos, vide qualquer diálogo entre Christy e os filhos (“Oh God, would you? That’d be awesome!”) e na verdade qualquer oportunidade em que a atriz tem a oportunidade de deixar escapar um pouco de sarcasmo.

Se é isso que faz Faris uma protagonista tão perfeita para Mom, Allison Janney é uma história completamente diferente. Enquanto a intérprete de Christy tira graça de sua própria performance, Janney faz um trabalho maravilhoso com o texto de Lorre e injeta tempo cômico e elegância a cada frase proferida por sua Bonnie. Tudo sem estragar a charmosa irremediação que impregna todos os personagens da sitcom, é claro. Sem tentar ser uma viagem de redenção, Mom reconhece que a dificuldade da convivência humana está justamente no fato de que não podemos mudar tudo em nós. O que Lorre sabe melhor do que ninguém, e esse pode ser o segredo de todo o seu sucesso, é que é muito mais divertido acompanhar personagens num formato tão engessado quanto a sitcom quando eles são maduros o bastante para aceitar suas imaturidades.

**** (4/5)

Pra quem gosta de: The Big Bang Theory, Two and a Half Men,The New Adventures of Old Christine, My Name is Earl, Raising Hope

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Próximo Mom: 01x02 – The Unstoppable March of Multi-Generational Dysfunction (30/09)

Caio

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