4 de set. de 2013

Review: Under The Dome, 01x11 – Speak of The Devil

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Uma das grandes virtudes das narrativas de Stephen King é que nada em suas maquinações de trama é verdadeiramente universal, ou diz respeito a uma trama maior. Para King, a trama funciona a serviço dos personagens muito mais do que a serviço do público ou de si mesma. As reviravoltas, ações e reações, relacionamentos e dúvidas estão ali para provocar a mudança, para realçar uma característica ou contornar a definição geral desses seres humanos que o escritor constrói em tinta. O maior defeito dessa primeira temporada de Under The Dome, por outro lado, é que a mitologia da série se configurou aos poucos como incomodamente distanciada dos personagens. “Speak of The Devil”, 11ª de 13 entradas desse primeiro ano, ajuda a corrigir esse equívoco.

No par de semanas anteriores, a jornada de Angie, Norrie e Joe ao lado do mini-domo se tornou a própria definição desse problema: a partir do momento em que se aproximaram daquele ponto fundamental da mitologia da série, esses três personagens bem caracterizados viraram nomes sem rosto ou personalidade. A chegada de Junior ao grupo dos fissurados no mini-domo é uma das boas sacadas que muda isso, adicionando o conflito entre ele e Angie (pouquíssimas vezes mostrado com tanta eficiência quanto na cena em que o personagem de Alexander Koch decide voltar para casa) e encaminhando a trama em direção a perguntas que sem dúvida serão respondidas só pela metade no finale da temporada. Ajuda também que Koch esteja em ótima forma por boa parte de seu tempo em tela, levando a melhor até com o diálogo pouco inspirado que trava com Dean Norris antes desse se encaminhar para seu confronto definitivo com Max.

Se Joe e Norrie ainda não recuperaram o status de casal adorável que tinham alguns episódios atrás (esses roteiristas simplesmente esqueceram que os dois são um casal, ou que Norrie ainda tem uma mãe, aliás?), pelo menos um deles tem o que fazer nessa semana: Joe estava a caminho da casa de Julia quando a vê caída no chão da entrada de sua casa, recém-alvejada por Maxine, e acaba ajudando Barbie a levá-la até a clínica da cidade, onde o moço a salva com uma caneta, uma sacola plástica e alcool. Talvez seja só o fato de que ele nos salvou de algumas temporadas de Under The Dome sem Rachelle Lefevre, mas é mais fácil gostar de Barbie em “Speak of The Devil”. Os roteiristas merecem aplausos pelo trabalho sutil que vem fazendo com o personagem, virando-o de anti-herói bonitão-sarcástico para o ponto de apoio de toda a jornada narrativa da série.E Mike Vogel também faz um bom trabalho em segurar esse centro.

Essa semana isso ficou bem claro, especialmente depois de Big Jim conseguir virar a cidade toda contra Barbie (incluindo Linda, que toma um recorde de decisões estúpidas nesse episódio, pobre Natalie Martinez), colocando o personagem em uma luta solitária e épica de bem-contra-o-mal. Uma vez que Under The Dome foge sempre do maniqueismo (pode-se acusar a série de muita coisa, mas não disso), isso se desenha como uma possibilidade interessante, especialmente com o “quarteto do mini domo” tendo uma visão macabra de Big Jim sangrando e punhais afiados em suas mãos. Entre o pequeno campeonato de “quem é mais importante para o domo” que movimentou uma parte desse episódio, o que importa no final das contas é o que isso significa para cada um desses personagens, e não para nós, espectadores. Isso, sim, Under The Dome, é o espírito Stephen King que eu conheço.

***** (4,5/5)

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Próximo Under The Dome: 01x12 – Exigent Circumstances (09/09

Caio

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