ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
Andy Samberg, californinano de 35 anos, está na ativa no mundo da comédia americana desde 1999. Como 90% dos comediantes ianques, ganhou projeção ao fazer parte do programa de sketches Saturday Night Live, no qual esteve entre 2005 e 2012. Nesse período, fez nome aparecendo como coadjuvante em comédias de cinema como Eu te Amo, Cara, Amizade Colorida e Qual é o Seu Número?. Também como a maioria dos comediantes americanos, o período pós-SNL de Andy é um pouco tenso, uma vez que só pequena parte dos egressos do programa conseguem emplacar carreira seja na televisão ou no cinema. Brooklyn Nine Nine, porém, mostra que o moço pode muito bem ser um desses poucos bem afortunados.
A comédia de Michael Schur, um dos criadores de Parks and Recreation (aqui em parceria com Daniel J. Goor, que esteve na equipe do late show de Conan O’Brien por 5 anos), mostra no piloto exibido ontem (17) na Fox que tem cartas o bastante na manga para, se quiser, entregar uma ótima primeira temporada. O quanto da comédia depende da nossa familiaridade com os personagens é uma discussão aberta, e talvez por isso nem todas as piadas funcionem tão bem quanto poderiam nesse primeiro episódio, mas o potencial está aqui, não dá para negar. É preciso entender também que a série optou por uma linguagem ágil que toma muito cuidado para não descambar para o frenesi, um equilíbrio bem arquivado pela dupla de diretores responsável por Anjos da Lei e Tá Chovendo Hamburger. É uma estretégia que limita os dividendos recolhidos nesses primeiros 20 minutos, mas pode garantir a longevidade da série se o público comprar a ideia.
Somos introduzidos aqui a uma galeria de personagens unidos por seu local de trabalho, que está sofrendo um momento de transformação: a chegada do novo Capitão Holt (Andre Braugher, em decisão de casting brilhante) mexe com a zona de conforto do detetive-estrela do precinto 99 do Brooklyn, Jake Peralta (Samberg), acostumado a um ambiente em que seu comportamento um pouco infantil é permitido. Peralta tem uma relação de amor e ódio com a Detetive Amy Santiago (Melissa Fumero, vinda direto do novelão One Life to Live), uma policial certinha com quem disputa número de prisões. Também no precinto estão o Sargento Jeffords (Terry Crews), que depois do nascimento de suas filhas quer se manter longe da ação; a durona Meghan (Stephanie Beatriz, excelente); o patético adorável Charles (Joe Lo Truglio); e a bizarra Gina (Chelsea Peretti, provavelmente a melhor coisa nesse piloto).
O pobre Terry Crews, cujo talento para comédia é mais do que provado e adorado por qualquer um familiarizado com Everybody Hates Chris, é servido com as piadas mais frias nesses primeiros 20 minutos, assim como as de Joe Lo Truglio como Charles soam um pouco requentadas. Ambos os personagens são melhores quando interagem com outros, mais especificamente Crews com Braugher e Lo Truglio com Beatriz, e isso não deixa de ser um bom sinal: significa que a série chegou ao estágio de produção com uma quantidade significativa de trabalho de personagem já desenvolvido. A ambição de Brooklyn Nine-Nine também não atrapalha, misturando uma comédia de local de trabalho com uma sátira de ação que ao mesmo tempo não despreza as regras do gênero.
Bem polida, com bons personagens e uma perspectiva de comédia interessante, a nova série de Andy Samberg (que parece pronto para entregar uma performance das mais carismáticas) tem toda a prerrogativa para ser uma das melhores comédias da temporada.
**** (4/5)
Pra quem gosta de: Reno 911!, The Office, 30 Rock, Spin City.
Próximo Brooklyn Nine-Nine: 01x02 – The Tagger (24/09)
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