por Andreas Lieber
(Tumblr)
ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
Há uma regra mútua e implícita em Doctor Who que segue mais ou menos a linha de: “Don’t mess with the TARDIS and the TARDIS won’t mess with you.”. Ao mexer com a TARDIS, você mexe com o tempo, e ao mexer com o tempo… bem, todo mundo sabe que isso não dá muito certo. Em “Journey to the Centre of the TARDIS”, o décimo episódio da sétima temporada de Doctor Who, alguns espertinhos fazem exatamente isso. Vindo de um episódio altamente bem estruturado e brilhantemente escrito e digirido, a série essa semana nos entrega um roteiro sutilmente (ou não) emocional e cheio, mas muito cheio de referências.
Com a nova fase de Doctor Who, e eu digo desde 2005, a visão da série tem se voltado mais para o caráter do Doctor, e não tanto para a sua personalidade, já definida ao longo desses cinquenta anos. Com isso em vista, conhecemos mais sobre os obscuros recantos da mente do último Gallifreyan e, claro, essa análise não seria completa sem um estudo sobre a TARDIS. Em um episódio da temporada passada, escrito magnificamente por Neil Gaiman (American Gods), a TARDIS assume uma forma humana por um curto período de tempo e podemos explorar sua relação com o Doctor.
No episódio dessa semana, temos mais uma vez as camêras voltadas para a melhor nave espacial de todos os universos. Em uma tentativa de aproximar Clara e a TARDIS, o Doctor resolve desligar os escudos da nave afim de que sua companion consiga pilotá-la. No entanto, um grupo de “catadores de lixo valioso” que circula o espaço prende a TARDIS em seu campo magnético e causa um enorme breakdown na mesma. Com Clara presa do lado de dentro e sendo perseguida por bizarras criaturas de olhos vermelhos e pele queimada, o Doctor embarca para os confins de sua nave, com a ajuda da outra tripulação, para salvá-la.
Doctor com a “árvore da vida” da TARDIS, seu mecanismo de construção absoluto
Ao andar pelos corredores infinitos da TARDIS, Clara se depara com a famosa piscina da nave (saudades, primeira aparição de Matt como Doctor!), passa por uma sala que, com certeza, matou todos os fãs: ela encontra o berço de Melody Pond, a TARDIS de brinquedo de Amy Pond, a lupa de Donna (aah, Donna!) e o guarda-chuva que a própria Clara usa em seu passado esquecido, no especial de Natal, escutamos as vozes do 9º Doctor, do 10º, da Rose, Donna, Martha, Amy, Rory, River! Vemos o Eye of Harmony, engolido por Rose em sua fase “Bad Wolf”… um mundo de referências em 44 minutos. Entrando mais fundo em seus milhares de quartos, Clara acaba em uma biblioteca e descobre o livro sobre a Time War, lendo em seu conteúdo o nome do Doctor. Sim, o nome do Doctor!
Em um episódio habilidosamente emocional, Clara e o Doctor formam uma ligação importantíssima para o desenvolvimento da história dessa companion, uma ligação de confiança e amizade, mesmo que com um “mad man in a blue box!”. Quando alguém da outra tripulação tenta roubar um dos componentes da TARDIS, ela se mostra vingativa e astuta, assim como o seu dono, mas revela seu lado gentil ao tentar proteger Clara. Mesmo sendo a primeira companion com um certo nível de impaciência com a nave, elas se entendem quando necessário.
Restabelecendo um fixed point in time que é capaz de salvá-los e que permite à TARDIS uma reconstrução no passado, ficamos com a lembraça do Heart of TARDIS em migalhas e a dúvida que ainda assombra o Doctor: “quem é Clara Oswin?”. Moffat disse que eles já se encontraram mais de três vezes e que a revelação de sua verdadeira natureza deixará todos de queixo caído até a próxima temporada. Veremos.
4,5/5(*****)
Próximo Doctor Who: 01x11 – The Crimson Horror (04/05)
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