por Caio Coletti
(@EcoCaio)
ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
Seis semanas desde o início da temporada, Bates Motel teve o cuidado e o bom gosto de não entregar o pote de ouro ao seu espectador logo no começo. É aqui que, além de qualquer projeção que o público possa ter feito, a série define o centro de sua premissa, o cerne de sua estrutura emocional e funcional: Bates é uma série sobre uma mulher que é levada a fazer coisas insanas para proteger o filho… de si mesmo. “The Truth” nos mostra isso explicitamente depois de seis semanas de quase sempre bem aproveitadas tensões e jogos psicologicos entre os personagens e com o espectador.
É incrível como essa série ganha o espírito do seu developer Carlton Cuse. A diferença do trabalho do moço aqui e do que ele desenvolveu em Lost é que, enquanto lá o equilíbrio entre tensão/suspense e revelações/respostas sempre pendeu bem mais para o primeiro lado, aqui o balanço é certeiro. Há de se admitir que Bates ainda sai perdendo para Lost no plano geral, mas isso é simplesmente porque atende mais as demandas do próprio público, que pede mais momentos grandiosos de choque e revelações do que sutis relações e equilíbrios entre os personagens. Enquanto a série souber fazer episódios como “The Truth” para comportar essas revelações, no entanto, não dá pra reclamar.
O novo episódio começa quase imediatamente de onde o ótimo “Ocean View” parou. Norma acaba de descobrir que o Deputy Shelby é na verdade parte de uma rede de prostituição de garotas asiáticas (ou algo do tipo), e convence Norman e Emma para deixar para procurar as autoridades no dia seguinte. Claro, o que ela quer é recuperar o cinto de Keith Summers, que ainda está na posse de Shelby, e ainda pode incriminá-la na morte do ex-proprietário do motel. É aí que entra Dylan, que, além de conseguir uma promoção no negócio do cartel de drogas por ter matado o assassino de seu ex-parceiro, resolve tomar o lugar de homem de ação da casa ao se comprometer a procurar o cinto e livrar Norma da culpa (o que, em última instância, consegue). A intenção dele, no entanto, é convencer Norman a deixar a casa da mãe e morar com ele.
Vemos pouco da Emma de Olivia Cooke aqui, o que é providencial em um episódio que não se daria bem com a interpretação essencialmente dramática da moça (que nós amamos, não nos entenda mal!). O centro do episódio está totalmente em Vera Farmiga, e ela mostra mais uma vez que, se seu nome for esquecido nas próximas indicações ao Emmy, uma injustiça gigantesca será perpetuada. A série deixa para o último momento possível a revelação que lhe dá o título, e embora ela não seja tão inesperada para os que estiveram prestando atenção nas últimas cinco semanas, o retrato que Farmiga faz de Norma trabalha afinadíssimo com a forma como a entendemos melhor depois de jogar essa luz nos eventos de antes e durante a série.
Sim, Norman matou o pai, e Freddie Higmore entrega mais uma de suas impressões sensacionais de Anthony Perkins na cena em que vemos isso acontecer (e também naquela em que ataca Shelby, na cozinha dos Bates). Aos 21 anos, o moço ainda é um dos atores mais promissores da atualidade. A grande questão que paira sobre Bates Motel agora é: já que sabemos que há algo errado com Norman – não que isso absolva Norma, aliás, apenas faz algumas de suas ações compreensíveis em um contexto –, o que a série guarda em longo prazo? Estávamos assistindo apenas um prólogo? Ou há mais jogos psicológicos vindo por aí?
**** (4/5)
Próximo Bates Motel: 01x07 – The Man in Number 9
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