5 de nov. de 2013

Review: American Horror Story Coven, ep. 4 – Fearful Pranks Ensue

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Para quem estava sentindo falta do lado bizarro, inesperado e da filosofia why not de American Horror Story nessa terceira temporada: bem-vindos de volta! “Fearful Pranks Ensue” é um episódio de equilíbrio delicado entre as duas vocações da série, contra-balanceando narrativa e trabalho de desenvolvimento de personagens com lances grotescos que recuperam a premissa da criação de Murphy e Falchuk como uma antologia dos terrores americanos. Tudo trabalho, obviamente, das mãos nada sutis de Jennifer Salt, que no ano passado nos deu a loucura tempestuosa de “Nor’Easter”, e agora resolve que está na hora de American Horror Story falar de zumbis. Why not?

Os mortos-vivos são obra da Marie Laveau de Angela Bassett, que mais uma vez rouba a cena com uma das cenas mais assustadoras, francamente gore e bizarras da série em todas as suas temporadas: num flashback para 1960, vemos um garoto negro sendo morto por um grupo de fazendeiros reacionários, e Laveau levanta os mortos para executarem sua vingança por ela. Mais tarde, o mesmo se repete quando Fiona corta a cabeça do escravo-minotauro Bastien e envia para Laveau, começando de fato a guerra que todos estavam esperando Coven retratar. O componente racial aparece aqui mais neutro do que nas últimas semanas, talvez porque o roteiro de Salt faça malabarismo com tantos conceitos do gênero que fica difícil passar alguma outra coisa através do filtro.

O que importa, porém, é que essa hora de American Horror Story é provavelmente a mais divertida da temporada até agora, e mesmo que seja a menos contundente, isso é mais uma evidência a favor dos episódios anteriores e menos contra este. Murphy e Falchuk não deixam Salt perder a meada da trama de Coven, colocando em xeque o prestígio de Fiona entre o conselho da bruxaria liderado por Myrtle (Frances Conroy, yes!), e aproveitando a ocasião para desvendar um pouco do passado de ambas as personagens e até do Spalding de Dennis O’Hare. Ao ser presenteado com uma participação mais destacada, aliás, o ator mostra todas as virtudes de sua performance muda em Coven, da enérgica linguagem corporal às torturadas expressões faciais.

O roteiro de Salt, naturalmente, deixa pontas soltas e nem sempre funciona no que se propõe, como é a prerrogativa de todos os scripts assinados pela moça. Para quem estava com saudades de se divertir com o absurdo em American Horror Story, no entanto, é um deleite particular, e um que não perde as vistas da história que Coven vem tentando contar. E ainda conta com um elenco mais do que capaz de segurar a unidade de seus personagens e narrativas: Jessica Lange, Sarah Paulson, Kathy Bates e Frances Conroy tem todas, além dos já citados aí em cima, seus momentos de puro brilhantismo. Enquanto for assim, não há nada de mal em rir um pouco de si mesmo, Sr. Murphy.

Observações adicionais:

- A perspectiva de Coven em relação ao sexo é o único foco temático com o qual eu ainda tenho algum problema. Mesmo que “Fearful Pranks Ensue” pegue um pouco mais leve no tema do que o episódio da semana passada, que pode ser interpretado como um ensaio sobre o desejo carnal se olhado da forma certa, ainda temos a revelação de o marido de Cordelia é um serial killer (ou se tornou um depois do feitiço ofídio da esposa?) que faz sexo com suas vítimas antes de matá-las. É reconfortante pensar que Murphy e Falchuk colocam essa perspectiva destrutiva em relação a expressão sexual porque é esse o papel que ela teve desde sempre no gênero do horror, mas continua sendo uma mensagem que era preferível não passar.

**** (4/5)

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Próximo American Horror Story Coven: ep. 5 – Burn, Witch. Burn!

Caio

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