25 de jul. de 2012

Review: “Um Método Perigoso” + “Há Tanto Tempo que Te Amo”.

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Um Método Perigoso (A Dangerous Method, Inglaterra/Alemanha/Canadá/Suíça, 2011)
Direção: David Cronenberg.
Roteiro: Christopher Hampton, baseado no livro de John Kerr.
Elenco: Keira Knightley, Viggo Mortensen, Michael Fassbender, Vincent Cassel.
99 minutos.

Talvez, se fosse uma abordagem cômica da história que conta, Um Método Perigoso pudesse usar o slogan “Freud não explica”. O filme de David Cronenberg retrata a relação entre o pai da psicanálise, aqui interpretado por um excelente Viggo Mortensen (que bate ponto em todos os filmes do diretor desde Marcas da Violência, em 2005), e um de seus primeiros seguidores, e futuro rival, o suíço Carl Jung (Michael Fassbender). O terceiro elemento do “menage a trois intelectual” ao qual o review do filme no The Independent se refere é Sabina Spielrein (Keira Knightley), que começa como uma paciente histérica do Dr. Jung e se torna sua amante, a primeira prova viva da eficiência da “cura pela fala”, e, aos poucos, também uma psicóloga respeitada.

Mas Um Método Perigoso não é sobre procedimentos psicoanalíticos. É sobre como três mentes distintas encontram seus próprios caminhos na vida. O roteiro de Christopher Hampton (Desejo e Reparação) baseado em uma peça de sua própria autoria e em um livro de John Kerr, sabe ser sensível e incisivo na aproximação de temas centrais para a discussão inicial dessa ciência, como a sexualidade (especialmente aquela pautada por tendências masoquistas), e Cronenberg e sua encenação cruamente sofisticada mostram aqui surpreendente leveza. Do trio principal, o destaque vai para Mortensen, em atuação fluída e detalhista, enquanto Knightley mostra saber sair do papel da heroína ingenue e Fassbender é eficientemente discreto. Um Método Perigoso, como todo bom filme, não dá as respostas. Só nos faz levantar as perguntas.

 **** (3,5/5)

Há Tanto Tempo que Te Amo (Il y a longtemps que je t’aime, França/Alemanha, 2008)
Direção e roteiro: Philippe Claudel.
Elenco: Kristin Scott Thomas, Elsa Zylberstein, Serge Hazanavicious.
 117 minutos.

Lá se vão dezesseis anos desde que Kristin Scott Thomas recebeu sua única indicação ao Oscar, como Melhor Atriz por O Paciente Inglês. A inglesa de 51 anos, que aos 19 se mudou para Paris, tem sido mais bem acolhida pelo cinema francês que pelo britânico (ou pelo americano), especialmente depois de Há Tanto Tempo que Te Amo, que a rendeu nomeação ao Globo de Ouro e, para muitos, deveria tê-la levado também ao prêmio da Academia. É seguro dizer que se trata de uma injustiça a atuação de Thomas ter sido ignorada em 2009 e, em retrospecto, talvez sua performance seja até mais digna do prêmio do que a de Kate Winslet, que levou a estatueta por O Leitor.

Ela é a alma e a razão de existir desse filme de estreia de Philippe Claudel. O diretor e roteirista faz um trabalho brilhante na condução da história das irmãs Juliette (Thomas) e Léa (Elsa Zylberstein, também em ótima atuação). A primeira passou os últimos 15 anos na prisão, e vai morar com a irmã, o cunhado e as duas sobrinhas enquanto tenta se reintegrar ao mundo. Entregar mais alguma coisa seria estragar a emoção que permeia o filme. Claudel lida com a trama de forma progressiva, acompanhando sua protagonista: no início lacônico e frio, Há Tanto Tempo que Te Amo aos poucos mostra suas lágrimas. E, especialmente, seus sorrisos. E é na expressão abatida, por vezes até derrotada e constantemente distante de Thomas, que surgem os mais belos deles.

***** (4,5/5)

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