9 de mar. de 2012

AV #1 – A suja, a pintura viva e outras coisinhas mais.

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por Caio Coletti

Primeiro, os esclarecimentos. Esse post marca a estreia, aqui n’O Anagrana, de uma nova sessão, batizada de AV. Trata-se de uma  coluna para suprir a sede de atualidade e novidade que hoje impera nos apreciadores de música do mundo todo. AV representa, claro, Audio-Visual. A ideia é, em todas as semanas de música do blog, trazer para vocês o que há de mais fino das novidades musicais, e isso incluí, é claro, os video-clipes, hoje extensão indispensável do repertório de todo artista. Mas também não deixar de mostrar as novidades em termos de novas canções liberadas pelo pessoal mais talentoso que se vê por aí. Enfim, aproveitem.

Pra começar bem, ninguém melhor do que o Florence + The Machine, provavelmente o nome que mais se tem falado no mundo pop ultimamente, e que lançou single e clipe novos nessa última semana. O faro impecável para escolher as músicas de trabalho ainda é o mesmo, e Never Let Me Go, o clipe (não lançado no YouTube, disponível apenas em alguns canais como o Bing.com e logo “copiado” para o Twitvid) é um belíssimo trabalho visual para completar uma canção que, por si só, já é uma das mais fortes e brilhantes dos últimos tempos. Florence aparece morena, vestida em trapos, encontrando-se com um amante em uma pista de hóquei abandonada, e parece performar uma externação de todas as sujeiras e angustias do próprio corpo, materializadas em água suja e viscosa, enquanto canta belamente que “os braços do oceano” a entregam (ou será ela que se entrega a eles?). Mais um trabalho estelar para acrescentar ao currículo da inglesa.

A escolha da artista pop neo-zelandesa Kimbra para a nova música de trabalho pode ter sido um pouco mais arriscada, mas ela também faz um trabalho interessante em “The Build Up”. Curto e simples, o clipe carrega um conceito interessante, jogando com a beleza plástica da cantora para torná-la em uma “pintura viva”. E é de fato instigante, combinado com a personalidade e o natural calor performático que Kimbra sempre apresentou (quem não a conhece, por favor assista Settle Down, Cameo Lover e especialmente Good Intent - o clipe e a primorosa rendição ao vivo), vê-la como a inquietação e a voz profunda por trás de uma figura aprisionada em formas e cores. E não somos assim todos nós, afinal? Kimbra é uma artista ascendente que, com toda a certeza, tem ainda muito a nos dizer.

Quem também deu sinal de vida essa semana (para a alegria de todo mundo com um bom ouvido) foi Norah Jones. E a deliciosa exploração musical da cantora, compositora, pianista e produtora continua depois de experimentar com instrumentais e composições mais voltadas para o soft-rock em seu último trabalho de estúdio, o primoroso The Fall. Dessa vez, ela se reúne com um dos grandes produtores do nosso século, Danger Mouse, responsável tanto pelo indie rock do The Black Keys quanto pelo electronic-soul recheado de referências do Gnarls Barkley. O resultado da mistura já rende uma canção deliciosa em “Happy Pills”, o primeiro single do álbum … Little Broken Hearts, marcado para lançamento em 1º de Maio próximo. Álbum que, aliás, promete ser um dos melhores do ano.

Há um motivo pelo qual Kris Allen ganhou o American Idol, e ainda que os fãs de Adam Lambert (o 2º colocado da competição, ele próprio amigo pessoal de Allen até hoje) proclamem com alguma razão a superioridade vocal de seu ídolo, é um crime dispensar o cantor de 26 anos sem ao menos dá-lo uma chance. “The Vision of Love” é o primeiro single do vindouro segundo álbum de Allen, e é também uma canção pop rock redondinha, feita nos moldes de quem entende do riscado. O estilo de composição remete a Ryan Tedder, mas o falsete de Allen é bem mais acertado. Ainda sem data anunciada, esse segundo álbum pode ser a definição para Kris, o momento em que ficaremos sabendo se ele vai para o grupo do limbo dos ex-Idol (alguém aí ainda se lembra de Lee DeWyze, por exemplo?) ou para o lado do colega de competição Lambert e de nomes como Kelly Clarkson e Jordin Sparks, que usaram bem a plataforma do programa. Eu já estou na torcida.

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Notas de rodapé:

- Ainda não dá pra formar opinião concreta, mas é bom ficar de olho em Neon Hitch, que lançou esses dias “F U Betta”, o clipe para o seu primeiro single. A voz não parece ruim, e para quem anda com saudades da Ke$ha, realmente é uma escolha válida.

- De olho também no The Golden Filter, duo de música eletrônica nova-iorquino, que tem feito dos singles e clipes do seu último álbum, intitulado Syndromes, uma viagem cinematográfica e até um pouco assustadora. A da vez é “Kill Me”, apoiada em uma das melhores peças de música que o grupo já produziu.

- Não que dê para entender, mas é sempre bom saber da última da Björk. O Biophilia acaba de produzir seu terceiro videoclipe, para “Hollow”, e o mote dos fenômenos naturais, aparentemente, agora viaja para dentro do próprio organismo humano.

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