25 de fev. de 2013

Uma celebração às histórias que precisavam ter sido contadas no Oscar 2013

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Daniel Day-Lewis no palco ao receber a estatueta de Melhor Ator
por Amanda Prates
(Twitter - O Que Vi Por Aí)
Num ano em que já se tinha quase certeza de um favorito que dominaria a premiação, a Academia surpreendeu, o que há muito não fazia. Neste ano, a cerimônia decidiu homenagear os musicais, um gênero não muito valorizado, mas que vêm recebendo certa atenção desde a ousada aposta de Tom Hooper em adaptar o musical da Broadway da novela homônima de Victor Hugo para as telonas, Os Miseráveis. Catherine Zeta-Jones deu início representando o elenco de Chicago (vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2003 e o único desta década) com o número “All That Jazz”. A partir daí outras performances construíram a homenagem como “Suddenly”, pelo cast de Os Miseráveis, e “And I Am Telling You I’m Not Going”, por Jennifer Hudson do filme Dreamgirls. Diferente das edições passadas, a Academia, na noite de ontem (dia 24), resolveu prezar o melhor que uma produção pode oferecer: as histórias, em especial as que precisavam ser contadas.
A noite da 85ª edição do Oscar rendeu homenagens, participações pra lá de especiais, apresentações belíssimas e... uma performance de “We Saw Your Boobs” por Seth MacFarlane, com coreografia e até uma previsão do futuro pelo Capitão Kirk – o moço estaria destinado a ser o pior apresentador do Oscar de todos os tempos! O anfitrião da noite esbanjou ousadia e se mostrou mais eficiente que Billy Crystal, que se ateve a apenas boas piadas e a muito conservadorismo na edição passada. O diretor de Ted protagonizou shows musicais – um deles ao lado de Joseph Gordon-Levitt e Daniel Radcliffe – discursos inusitados e muita zombaria (sobrou até pro Abraham Lincoln!). Essa edição não teve a magia inspiradora da última, mas não deixou de surpreender com elementos ínfimos, mas tão essenciais que são as simples histórias.
Os vencedores
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Ben Affleck recebendo o prêmio de melhor filme por Argo
Já era sabido que Argo e Lincoln disputariam pelo maior destaque da noite, principalmente pelas principais categorias, mas, o que não se esperava era que As Aventuras de Pi, mesmo com suas 11 indicações e não muitas chances de levar as principais estatuetas, fosse ser a produção mais agraciada da noite. O diretor, Ang Lee garantiu ao longa os prêmios de Melhor Fotografia, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Trilha Sonora Original e... Melhor Diretor! Isso mesmo, Steven Spielberg não convenceu o suficiente a Academia! Não houve ousadia como no ano passado, mas Bem Affleck, que havia sido rejeitado da categoria Melhor Diretor, viu seu Argo vencendo a dura disputa com Lincoln, além de Melhor Montagem. Não se pode negar toda a complexidade e a ótima produção do longa, mas a Academia só soube reconhecer o filme que mais oferecia o elemento de exaltação que eles tanto almejam.
Amour, de Michael Haneke, nada surpreendeu ao ser anunciado como o Melhor Filme Estrangeiro, de fato merecedor, mas sem deixar de considerar as ótimas produções que concorreram na categoria. Com toda sua ousadia em narrar a caçada ao maior terrorista de todos os tempos, Bigelow viu o seu A Hora Mais Escura levar, ao lado de 007 – Operação Skyfall, a estatueta de Melhor Edição de Som. O fato de haver esse empate não foi surpresa para ninguém, já que outras duas produções levaram o mesmo prêmio outras cinco vezes em edições passadas. O filminho da Pixar, dirigido por Mark Andrews e Brenda Chapman, venceu a categoria Melhor Animação e surpreendeu, quando o favoritismo se dividia entre Frankenweenie e Detona Ralph.
A grande surpresa da noite, sem dúvidas, foi a nomeação de Christoph Waltz como Melhor Ator Coadjuvante por seu papel em Django Livre. O ator desbancou outro favorito, Tommy Lee Jones, e se mostrou emocionado diante do reconhecimento. Waltz repetiu sua incrível capacidade de magnetizar o espectador em suas representações com tanta maestria que foi capaz de atingir até a Academia. Ainda no clube dos agraciados, nenhum mistério rondava o Teatro Dolby no momento (em nenhum momento, melhor dizendo) em que seria anunciada a Melhor Atriz Coadjuvante do Ano. Anne Hathaway deu a Os Miseráveis a terceira estatueta (as primeiras foram Melhor Maquiagem e Melhor Edição de Som) e se consagrou um dos maiores nomes de sua geração do cinema.
Waltz e Hathaway podem ter arrancado aplausos sinceros da plateia, mas as atenções da noite se voltaram para um único nome: Jennifer Lawrence. Enquanto os atores ocupavam suas mentes com a tão sonhada estatueta, a moça só pensava em... comida! E esbanjou espontaneidade até no momento de receber a estatueta mais cobiçada da noite, a de Melhor Atriz (e não, não vamos falar sobre o tombo da moça). Narizes que se torceram com a nomeação à parte, Lawrence só provou que nem Emmanuelle Riva, em sua melhor forma, era capaz de compor um personagem tão intenso, sincero, comum e controverso como a Tiffany (Silver Linings Playbook), e convencer a Academia. Meryl Streep, “uma apresentadora que não precisa ser apresentada”, com seus discursos sempre tão inteligentes, anunciou um Daniel Day-Lewis emocionado como Melhor Ator. Day-Lewis, que havia levado outras duas estatuetas (o que o tornou o recordista nesta categoria), se pronunciou com o único discurso enternecedor e divertido da noite e, por mais duvidoso que possa parecer, se mostrou surpreso, mas não inconsciente de sua incrível maestria ao ser parte importante de uma história tão bem contada. E que venham mais indicações dignas como essas por aí!
Confira abaixo a lista de vencedores não citados no texto:
◘ Melhor Roteiro Original: Django Livre;
◘ Melhor Roteiro Adaptado: Argo;
◘ Melhor Canção Original: Skyfall - 007 - Operação Skyfall;
◘ Melhor Figurino: Anna Karenina;
◘ Melhor Documentário: Searching for Sugar Man;
◘ Melhor Curta de Documentário: Inocente;
◘ Melhor Edição: Argo;
◘ Melhor Direção de Arte: Lincoln;
◘ Melhor Curta de Animação: O Avião de Papel;
◘ Melhor Curta-metragem: Curfew.
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Daniel Day-Lewis, Jennifer Lawrence, Anne Hathway e Christoph Waltz posando com suas estatuetas

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