por Thiago Santos
(Tumblr)
The Following sem dúvida era uma das grandes apostas para 2013, o episódio piloto se mostrou consistente mesclando uma qualidade de filme e um ritmo muito interessante, somos apresentados ao grande vilão da série, o serial killer (e professor de literatura) Joe Carroll, que usa dos seus conhecimentos de professor em seus assassinatos e através disso inspira pessoas a seguir seu ideal assassino. Em contra partida temos Kevin Bacon como o herói imperfeito da série, o agente do FBI Ryan Hardy, que no passado investigando assassinatos conhece Carroll e só descobre depois que ele é o seu serial killer, além do drama por trás dos assassinatos a relação entre vilão e herói se torna mais estreita e pessoal, pois nasce uma relação entre Ryan e a esposa de Carroll durante o processo de separação. O episódio gira todo em torno de uma sobrevivente de um dos ataques de Carroll que era constantemente vigiada por dois seguidores do vilão que fingiam ser um casal gay, além disso, o serial killer ainda manda uma de suas seguidoras, Emma, infiltrada como babá em sua casa sequestrar seu próprio filho. No fim do episódio temos Carroll deixando claro que mesmo na prisão vai começar a “escrever” uma nova obra.
O segundo episódio trás o desenvolvimento de personagens secundários que tem ligações diretas com Carroll, seguidores determinados a ajudar a escrever esse livro através de mortes e casos que colocam Ryan Hardy como protagonista do jogo de Carroll. Conhecemos por intermédio de flashs do passado a história dos seguidores de Carroll, o primeiro contato deles com o vilão e sua fascinação por ele. Descobrimos mais sobre Emma (a babá) que na verdade é namorada de Jacob (até então membro do casal gay) e percebemos que existe interesse amoroso de Paul (outro membro do casal gay) por seu colega Jacob. Há a surpresa do nosso vilão quando seu plano não sai exatamente como o planejado, pois Ryan não matou uma de suas peças como Carroll esperava.
O terceiro episódio mantem muito bem a linha dramática e o mesmo ritmo que conquistam em The Following desde seu piloto, além de flashs do passado dos protagonistas temos flashs que mostram conflitos entre os próprios seguidores de Carroll como é o caso do até então “falso casal gay” Paul e Jacob. Somos apresentados também a Rick e Maggie, outro casal seguidor de Carroll, contudo até alguns minutos do final do episódio pensamos que Maggie é apenas uma vitima, até que ela mata um dos policias do FBI. Em contrapartida Ryan mata o parceiro de Maggie, mas ela consegue fugir. Nos minutos finais do episódio percebemos que o “falso” casal gay, Paul e Jacob não é tão falso assim, que eles de fato se envolveram.
O quarto episódio confesso que para mim foi um dos mais mornos apesar de ainda sim ser bom, conhecemos mais do passado de Ryan Hardy, seu alcoolismo, seu relacionamento com a ex-esposa de Carroll, Claire Matthews, e sobre sua irmã, única família que ele possui, que acaba sendo vítima da fugitiva e furiosa Maggie, que depois de perder o parceiro pelas mãos de Ryan decide sequestrar a irmã dele e fazê-la ver a morte do próprio irmão. Há a impressão de que pequeno Joey já está desconfiando dessas “férias” com sua babá (Emma) e Paul e Jacob. Aliás nesse episódio fica claro que Jacob enganou os outros seguidores de Carroll pois ele é o único que nunca matou ninguém e quando se vê em uma situação em que tem que matar ele falha. No fim das contas acaba surgindo de vez um triangulo amoroso na série envolvendo Jacob, Paul e Emma.
The Following sempre deixa um gosto de quero mais, desperta e prende o espectador. Acredito que de fato a série está cumprindo as expectativas de grande promessa de 2013 e espero que continue assim.
**** (4/5)
SEGUNDA OPINIÃO
The Following, ou a arte de fazer uma trama promissora virar uma série mediana
por Caio Coletti
(Twitter – Tumblr)
Com números de audiência fenomenais para uma série estreante, The Following é o assunto do momento entre os que acompanham o mundo da televisão. As quatro primeiras semanas do programa dividiram opiniões. Os críticos a tacham de clichê e mal-conduzida, com situações ridículas e procurando chocar só por chocar. Os espectadores, ou pelo menos a maioria deles, comprou a história de um serial killer que formou um culto em torno de si mesmo e está arrastando o policial que o prendeu, uma década atrás, para o meio do plano que construiu com esses acólitos psicóticos. Eu, pessoalmente, preciso admitir que a queda por histórias de serial killers faz de The Following uma série bastante compulsiva de se assistir, mas isso não me impede de reconhecer as sérias falhas que existem em sua concepção.
Para começar, uma parte das reclamações dos críticos é justificada. Os dois primeiros episódios de The Following são escritos pelo criador, Kevin Williamson, o homem por trás da série Pânico e por pérolas da TV como The Vampire Diaries e Dawson’s Creek. Essa sua nova investida televisiva ressoa aos trabalhos noventistas de terror do moço, mas sem o fator auto-referente e ligeiramente satírico de Pânico, por exemplo. A criação de personagem segue um procedimento parecido, fazendo de cada indivíduo uma peça no tabuleiro cheio de reviravoltas e sacadas espertas de Williamson, mas esquecendo-se que, quando não se faz dos personagens metralhadoras simbólicas de cultura pop, a mágica não funciona. The Following tropeça demais no fato de que, por boa parte dos quatro primeiros episódios, pouco nos importamos com as pessoas que estão diante da câmera.
O outro Kevin envolvido no projeto, por sua vez, é o que mantem a narrativa funcionando nesse começo de série. Bacon entra em cena na pele do ex-agente do FBI que é chamado de volta a ativa (provavelmente o começo de plot mais usado da história da narrativa moderna) quando o serial killer feito por James Purefoy escapa da cadeia. No primeiro episódio, o psicopata vai atrás da única vítima que escapou de suas garras na última vez, uma participação curta de Maggie Grace. Quando seu nêmesis encontra seu esconderijo, no entanto, ele se rende ao FBI, voltando ao encarceramento, mas deixando claro que tem um exército de acólitos, conseguidos na internet, do lado de fora. Esse grupo inclui, como personagens regulares, os três assassinos de Nico Tortorella, Adan Canto e Valorie Curry.
Não que o elenco coadjuvante seja ruim, mas Bacon está um nível acima de boa parte de seus companheiros de cena. Vale crédito a agente Parker de Annie Parisse, que os espectadores de Person of Interest devem reconhecer, e os esforços do trio de jovens escalados como os principais seguidores do culto do serial killer. Nenhum deles empresta vibração e vida ao seus respectivos personagens da mesma forma que Bacon faz com o protagonista, no entanto. Ele é na verdade a única razão realmente boa para se assistir os três primeiros episódios de The Following. O restante funciona a meia engrenagem, esbarrando sempre na insistência dos escritores (Williamson nos dois primeiros, Adam Armus & Kay Foster no terceiro) em colocar as reviravoltas por segundo acima do desenvolvimento dos seus personagens.
É no quarto episódio que as coisas parecem começar a caminhar para o lado positivo. Essa é uma narrativa mais delicada, que mexe com o passado dos personagens de uma forma mais sutil e mais significativa do que os três anteriores, e que dá tanto a Bacon quanto a Tortorella, Canto e Curry um material decente para trabalhar. É uma surpresa que esse episódio seja novamente escrito por Williamson, com a ajuda de Andrew Wilder (Criminal Minds), mas o que parece é que a série encontrou a fórmula que vai poder usar para estabilizar-se narrativamente. Se seguir esse caminho, The Following pode acabar sendo pelo menos uma parte da série que foi aclamada como “a melhor da temporada” pelo Washington Post. Como está, é um rascunho de ousadia da Fox, canal aberto americano, que parece mais preocupado em se vangloriar de exibir a série mais violenta da programação atual, do que em produzir a melhor.
*** (3/5)
Próximo The Following: 01x05 – The Siege (18/02)
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