por Caio Coletti
(Twitter – Tumblr)
ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
The Americans pode ser uma das melhores coisas em exibição na televisão americana no momento. E isso com só três episódios lançados até agora. “Gregory”, a mais recente investida da série, mostra que sua grande virtude está em explorar a situação única dos Jennings e ao mesmo tempo retratá-los como um casal com problemas parecidos com os de qualquer outro. O episódio começa com duas cenas brilhantes: em uma, Phillip joga squash com o vizinho do casal, o agente Beeman do FBI; em outra, ele come com a filha Paige em um café. Ambas colocam subtextos deliciosamente tensos nos diálogos, e ainda vemos Phillip preocupado com o fato de a filha estar lendo uma revista com conselhos sobre relacionamentos.
Esses pequenos detalhes criam a fundação de The Americans, mas “Gregory” apresenta também a mais sólida e mais bem escrita trama de espionagem da série (e, a bem da verdade, da televisão americana, em um bom tempo): o ex-parceiro do casal, Robert, que vimos ser esfaqueado no primeiro episódio, deixou para trás uma esposa e um filho, sobre os quais não havia informado nem os Jennings nem o escritório da KGB. As coisas ficam perigosas quando o time do FBI comandado por Beeman pega o rastro de Robert e também descobre a moça e o bebê, enquanto os Jennings tem ela em custódia em um lugar supostamente seguro. Outro dos deleites de The Americans é observar o jogo por vezes sujo, mas invariavelmente engenhoso, da espionagem lo-tech dos anos 80.
O ponto essencial de “Gregory”, como o título indica, no entanto, é que para essa missão os Jennings precisam da ajuda do personagem-título (excelente atuação de Derek Luke), um americano recrutado por Elizabeth anos atrás, e com o qual ela aparentemente teve um longo caso no decorrer dos últimos 20 anos. É interessante que The Americans aborde uma das questões que mais intrigou durante seus dois episódios anteriores: no “Pilot”, vemos que Elizabeth seduziu um agente do FBI para conseguir informações; em “The Clock”, foi a vez de Phillip se engraçar com a esposa do Ministro da Defesa americano; agora, a série ataca o ponto da infidelidade quando ela não é essencial para a atividade do casal. Ela mostra mais uma disfunção na vida fabricada dos Jennings, mas o roteiro de Joel Fields (Rizoli & Isles) aplica aqui uma profundidade a essa questão que não havia sido experimentada para a série. E que pode ser um caminho fabuloso a se seguir.
Em uma última nota, Keri Russell finalmente encontra o momento certo para brilhar de verdade como Elizabeth aqui. Enquanto seu parceiro de cena John Rhys vem mostrando desde o primeiro episódio uma construção de personagem nervosa e brilhantemente eficiente, ela escolheu manter a discrição, e talvez por isso sua cena final nesse “Gregory” seja tão tocante. A química inegável entre ela e Rhys pode render uma improvável nova adição a lisata de casais memoráveis da televisão.
***** (5/5)
Próximo The Americans: 01x04 – In Control (20/02)
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