1 de fev. de 2013

Um casamento tão complexo quanto a Guerra Fria na nova série The Americans

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Com o episódio piloto exibido no último dia 30, The Americans é a aposta do canal americano FX para bater de frente com a uber-sucedida Homeland. Mas é uma aposta um pouco torta, também: a série criada Joseph Weisberg, em sua primeira investida nesse meio (ele escreveu episódios soltos de Damages e Falling Skies) parece querer partir do íntimo para o global, e não o contrário. Embora a situação dos personagens a que somos apresentados seja, sim, ditada por influências externas, a série está mais preocupada em saber o que essas influências causaram no relacionamento entre essas pessoas do que em avaliar o impacto que elas tem na situação geral.

Década de 80, Guerra Fria a plenos pulmões, Ronald Reagan na Casa Branca. Nesse cenário, conhecemos Elizabeth e Philip Jennings (Keri Russell e Matthew Rhys), que descobrimos serem operativos da KGB sob disfarce em terras americanas. Falando inglês perfeito e sem saber absolutamente nada da vida pregressa um do outro, eles foram colocados juntos quando ainda na Russia e vivem há quase duas décadas nos EUA, a fim de saber o que ocorre dentro das agências de inteligência americana.

The Americans, embora deixe claro que esses agentes não estão onde estão a toa, e tem missões a cumprir, faz questão de interligar os dois lados dessa história, traçando uns poucos paralelos únicos as histórias de vidas dessas pessoas, e outros muitos que podem ser considerados universais na forma como abordam o relacionamento entre os dois. O problema da vez é capturar e deportar um ex-KGB que debandou para o lado americano e tem ajudado o FBI. Acontece que o tal homem tem um passado com Elizabeth, e um agente do Bureau acaba de se mudar para casa a frente de onde os Jennings estabeleceram família (eles até tem dois filhos!).

Com um piloto de uma hora de duração, essa é uma série que não se apressa em montar o palco e mostrar ao espectador do que vai se tratar. De fato a estratégia quase parece ser deixar-nos no escuro até passados dez minutos do episódio, quando finalmente podemos entender o que estamos assistindo. E é uma premissa um tanto quanto ousada, deve-se dizer: uma produção americana que parece realmente se esforçar para não pintar o lado contrário de um conflito (nesse caso, a Rússia e os russos) como os viloes da história. Os Jennings são um casal complicado colocado em uma situação extraordinária (e que, aliás, tem treinamento para tal). Keri Russell (Felicity) e Mathew Rhys (Brothers & Sisters), não atores essencialmente de ação, começam fazendo um trabalho notavel na pele dos protagonistas.

Com direção equilibrada, que não força a barra para ser “suja”, “contemporânea” ou mesmo “classicista”, mas conta a história com eficiência, e um roteiro excepcionalmente bem amarrado para um piloto (há algumas cenas que soam pouco naturais, mas nada que não possa ser polido), The Americans promete ser um dos melhores thrillers políticos e, talvez até mais, um dos melhores dramas domésticos do ano.

**** (4/5)

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Próximo The Americans: 01x02 – The Clock (06/02)

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