16 de out. de 2013

Review: Sleepy Hollow, 01x05 – John Doe

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

E o segundo cavaleiro chegou para a festa, meu povo! Na metade de uma temporada prevista para 12 episódios, Sleepy Hollow resolveu tomar controle de sua mitologia e fazer as coisas se moverem em “John Doe”. Outro elemento que volta à discussão temática da série é o arco de “peixe fora d’água” do personagem de Ichabod, depois de algumas semanas focadas nos conflitos da Tenente Mills. Adicione a isso um caso da semana muito bem elaborado, a adição de mais um vilão para a já povoada galeria da série, e uma pitada de discussão teológica moral, e você tem um episódio lotado. Dito isso, é notável como “John Doe” tem poucos momentos em que isso transparece.

Ajuda que a trama envolvendo Mills e a irmã seja posta para descansar por uma semana, enquanto a personagem de Lyndie Greenwood presumidamente cumpre pena na prisão, aguardando a ajuda da irmã para poder ser libertada. Não só o roteiro de Melissa Blake (Ghost Whisperer) encontra novas maneiras de explorar a personagem com a ajuda de Nicole Beharie, que tem arquivado interpretação digna de Emmy, como sobra tempo para colocar o Ichabod de Tom Mison no mesmo nível de desenvolvimento pessoal. Outra falha que o script da moça corrige é que a abertura dessa semana não é tão travada e longa quanto a das investidas anteriores da série, indo bem mais direto ao assunto, e arquivando assim um pouco mais de momentum narrativo.

Vamos a trama: quando um garoto (Matthew Lintz) aparece nos arredores de Sleepy Hollow com uma doença estranha que escurece suas veias e falando inglês medieval, Ichabod e Mills são colocados na frente de investigação e acabam descobrindo que ele vem da primeira colônia inglesa nos EUA, a ilha de Roanoke, cujos habitantes desapareceram sem nenhuma explicão no final do século XVI. Na mitologia de Sleepy Hollow, esse desaparecimentos se deveu ao segundo Cavaleiro do Apocalipse, Pestilence, que colocou sobre os colonos uma doença incurável e obrigou-os a se esconderem (guiados pelo espírito de uma garotinha!) no meio de uma floresta em Sleepy Hollow, onde a comunidade permaneceu imutada nos últimos 400 anos. O problema é que agora que o garoto espalhou a doença para a cidade, Pestilence ameaça voltar a vida.

As justificativas e desdobramentos da trama tem uma marca de loucura tão distintamente Sleepy Hollow que fica difícil não se divertir, mesmo quando é tão improvável que o chefe de Mills fosse dar tanta liberdade para ela e Crane. No final das contas, poucas premissas de séries funcionam sem algum elemento de implausibilidade, e é preciso suspender um pouco da incredulidade ao assistir Sleepy Hollow. Ao mesmo tempo, o time de escritores da série parece pronto para começar a discutir alguns elementos sérios em torno da sua trama, não só com seus personagens principais, como também num escopo maior. Parece estranho, afinal, que só agora tenhamos nos feito a seguinte pergunta: no mundo tão povoado de demônios de Sleepy Hollow, existe algum Deus? A elegante resposta de “John Doe” parece ser que ele vive na crença cega de cada um de nós, seja no que for.

Observações adicionais:

- Da série “não coube no review”: Ichabod descobriu que o local onde Katrina está aprisionada é na verdade o purgatório. É legal ver o purgatório numa série de TV e ele não ser representado metaforicamente por uma ilha cheia de “sobreviventes” de um acidente aéreo. Só a boa e velha floresta enevoada em que as almas vagueiam até saber onde vão parar pelo resto da eternidade mesmo.

- Essa história de Morales ser o único desconfiado de Ichabod, ou que estranha o fato de um professor de história que diz ter 200 anos de idade ser o novo consultor da polícia de Sleepy Hollow, está estragando os prazeres da série. Aposto minha cabeça (ha ha) que isso vai acabar em um beco sem saída.

***** (4,5/5)

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Próximo Sleepy Hollow: 01x06 – The Sin Eater (21/10)

Caio

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