8 de out. de 2013

Review: The Blacklist, 01x03 – Wujing

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

“So, you went with grey?”. Eis que em sua terceira semana no ar a incansável The Blacklist resolve que sua historia maniqueista precisava de um pouco menos de pulp, e um pouco mais de paranóia contemporânea alimentada por barreiras morais bem menos definidas. Esse “Wujing” não é exatamente uma mudança de direção, mas sem dúvida é uma boa tentativa de ajustar o foco nos snapshots instantâneos que relacionam a trama ao mundo real. Se a introdução da agente da CIA interpretada por Parminder Nagra no episódio anterior prometia uma coadjuvante com personalidade, aqui fica claro que ela serve a ainda outro propósito: mostrar que os americanos não são tão inocentes assim.

O próximo nome na lista de Red surge por acaso, quando ele é contatado por Wujing, um criminoso high-tech chinês, que trabalha para o governo oriental eliminando espiões internacionais infiltrados no país. Ele consegue as identidades desses espiões através de mensagens interceptadas da CIA, mas quando se depara com um código que seus capangas não conseguem quebrar, pede ajuda a Red. É claro, ele faz questão de arrastar junto a agente Keen, a disfarçando como sua nova técnica de decodificação, enquanto um batalhão de agentes do FBI e da CIA se aglomeram na rua em frente ao esconderijo de Wujing esperando pela informação de quem será sua próxima vítima, quando… surpresa! A mensagem interceptada revela um engenheiro civil americano, parte de uma firma de alto escalão, contratado pela CIA para revelar os segredos do novo prédio chinês em território americano, no qual sua empresa está trabalhando.

Nagra é uma jogadora absurdamente valiosa no jogo de The Blacklist porque traz, afinal, esse senso de responsabilidade a série. Nem sempre está nos ombros dos criminosos a culpa por colocar em perigo civis inocentes, e poucas coisas resumem melhor essa inversão de valores, essa inserção da “área cinza” no ideario da série (e agora vocês já sabem porque eu escolhi a frase que abre esse review, yay!), do que a expressão de Nagra quando reconhece o nome da vítima de Wujing. Essa é também a primeira genuína surpresa que The Blacklist conseguiu aplicar no espectador, e a noção de a série é completamente self-aware de quais cartas tem na manga aumenta quando essa se torna também a primeira vez que os roteiristas se sentem no direito de comprar a aposta e blefar.

Talvez uma das grandes qualidades dessa série, no final das contas, seja o quão consciente é de suas próprias fraquezas e forças. “Wujing” aposta alto na atuação de Megan Boone, deixando James Spader com apenas alguns momentos naturalmente brilhantes (mas nunca forçados, quase orgânicos a história), e poucas apostas poderiam ser melhores: a moça entrega uma performance integralmente presente e viva, sem medo de posturas ou emoções que denotem fraqueza. Aos poucos, a Agente Keen vem se tornando a figura feminina mais frágil e resiliente, muitas vezes em um único take, da televisão americana. E faz toda a diferença tê-la no centro de The Blacklist, uma série que, de tanto se dar bem no lado da tensão e da diversão pulp, não poderia passar sem um elemento humano.

Observações adicionais:

- The Blacklist continua com a técnica de “mostrar tudo e não dizer nada sobre”, o que nos faz ganhar um novo vilão-misterioso essa semana, o Apple-Eating Man (estou antecipando o fandom, sim). O mistério em torno do marido de Liz se torna cada vez mais improvável, talvez principalmente porque Ryan Eggold (90210) não é capaz de parecer ameaçador ou secretivo de verdade.

- On the other hand, eu gosto da técnica de não deixar nada claro. Faz tudo parecer muito mais cheesy, como um grande jogo de Detetive. Lost me ganhou por isso.

***** (4,5/5)

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Próximo The Blacklist: 01x04 – The Stewmaker (14/10)

Caio

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