ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
And they did it again! Cinco semanas depois do início da temporada, Person of Interest resolveu nos lembrar porque é uma das narrativas mais bem conduzidas e inteligentes da televisão americana no momento. Se encaminhando para um clímax de meio de temporada como no ano passado, a série alcança notas altas sem comprometer a estabilidade nesse “Razgovor”, um episódio que coloca foco em duas personagens que estavam se colocando até agora como coadjuvantes na trama da temporada. É um espaço muito bem-vindo para essas duas mulheres (as ficcionais e as reais) respirarem em cena, e o roteiro do veterano da série David Slack nos lembra porque elas eram tão interessantes para início de conversa.
Shaw está de volta como personagem – em oposição a “objeto de cena” – no episódio, tomando papel central na trama da semana e ganhando seu próprio flashback, mais ilustrativo do que estritamente necessário. O conflito incutido na personagem não é novo, mas funciona em Person porque se conecta tanto com o cerne da série, criando uma daquelas sinergias em que o desenvolvimento da personagem faz o espectador sentir como se ela pertencesse àquela história desde sempre. Este é um procedimento que salvou Lost por várias temporadas após as duas iniciais, explorando carne nova sem deixar os protagonistas ao relento. “Am I fired?”, Shaw pergunta em certo momento do episódio. “On the contrary, Ms. Shaw, I think you finally got the job”, responde Mr. Finch.
Ela se envolve com o caso de uma garota imigrante, Gen (a jovem e promissora Danielle Kotch), que se vê perseguida por traficantes russos quando eles percebem que a garota esteve vigiando-os através de um sistema analógico de fitas K7 instalado no subterrâneo do prédio onde mora. A genialidade do roteiro está em juntar essa trama principal, inicialmente previsível, com os desenvolvimentos mais recentes na caçada de Carter pelo chefe da HR. Ao descobrir que os russos respondem ao grupo de policiais corruptos, os caminhos de Shaw, Reese, Finch e Carter se cruzam e, além de aplicarem a indispensável virada de trama de Person, ainda encaminham a trama para um clímax arrepiante.
É preciso dizer que Sarah Shahi e Taraji Henson estão maravilhosas em seus papéis. A primeira cava seu lugar na série junto com a personagem, e se condiciona como uma das construções mais cuidadosamente adequadas de Person. Sua Shaw quase desalmada não é só um clássico estereótipo de frieza calculada que Shahi interpreta (em uma estranha e deliciosa contradição) com expressão emocionalmente transparente, como faz as vezes de panorâmica por uma geração que aprendeu a sentir através da tela – seja ela qual for.
Para mostrar que realmente não abandonou seus velhos preferidos, Person dá a Taraji Henson um monólogo destruidor na cena final, em que descobrimos que Carter sabia do jogo duplo do seu parceiro desde o primeiro momento. A atriz vira a mesa com um prazer quase sádico que faz o espectador se perguntar se Person não está habilmente desenhando um arco em que Carter se transformará exatamente naquilo que mais abomina. O que faria total sentido, dada a lógica cruel da série para com o mundo contemporâneo e tudo aquilo que ele nos obriga a fazer com nós mesmos. Nada é por acaso em Person of Interest.
Observações adicionais:
- We miss you, Fusco!
- On the other hand, Amy Acker faz uma aparição surpresa que levanta arrepios nos últimos segundos do episódio. Esperemos uma épica batalha entre Root e Shaw nas próximas semanas!
- Um episódio cheio de coolness! Shaw: “How much you know about chemistry?” Finch: “Enough”. E então um prédio vai pelos ares. É isso que acontece quando você dá a Michael Emerson a chance de ser Michael Emerson, o homem que pode transformar a maneira certa de pronunciar uma palavra no momento mais badass de uma série cheia deles.
***** (5/5)
Próximo Person of Interest: 03x06 – Mors Praematura (29/10)
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