ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
“This is gonna be a gas!”. Só para estabelecer uma tradição de iniciar todos os reviews de The Blacklist (sim, eu estou animado com essa série!) com um quote de Red, essa é a pequena frase que melhor define o episódio dessa semana. É um deleite ver que a série não deixou para trás a vontade de ser pulp: embora tenha dois outros lados funcionando bem ao seu favor, ainda é esse elemento o que melhor funciona aqui. The Blacklist em seus melhores momentos é um thriller criminoso cujo eventual maniqueismo funciona como um “conto de aviso”, e não como um defeito. Quando tudo acontece em um mundo tão fantasioso, ainda que em aspectos triviais imite o nosso, é mais fácil levar a narrativa como uma fábula e aproveitar a viagem. Essa é a base para todo filme de 007, por exemplo.
E sim, mais uma vez Red está certo, apesar da expressão antiquada (“gas” é o jeito dos americanos da geração passada de dizerem que vão se divertir muito): “The Freelancer” é um passeio de montanha-russa completo, que dá a James Spader espaço mais do que o suficiente para mastigar cada pedaço de cenário e ainda assim encontra tempo para ser um bom entretenimento de ação e, ainda, um drama baseado em pelo menos dois personagens bem sólidos. O problema de popular o mundo ao redor de Red e Liz com coadjuvantes mais interessantes é parcialmente remediado pela entrada dos dois guarda-costas exigidos pelo criminoso (o africano caladão que parece ser o melhor amigo de Red e a oriental perigosa com quem ele tem um relacionamento ambíguo) e da agente da CIA de Parminder Nagra, exalando intensidade. O mais bacana é que a série consegue introduzir personagens promissores, que vão mover a narrativa à frente, e ainda fazê-los divertidos.
A trama desse segundo episódio lida com mais uma dica de Red para o FBI, enquanto o Agente Cooper negocia com sua superior (a grande Jane Alexander, indicada a 4 Oscar) os termos do acordo do criminoso com o bureau. O bond-vilão da vez é um assassino de aluguel conhecido como The Freelancer, que disfarça todos os seus “trabalhos” como tragédias de proporção maior, apagando assim a presença de sua verdadeira vítima entre as casualidades. Uma fonte de Red garante que a próxima vítima é Floriana Campo (Isabella Rossellini, yes!), defensora dos direitos humanos que ficou conhecida por lutar contra o tráfico sexual de mulheres. Mas será que ela é tão inocente assim? (Uma dica: claro que não, e eu avisei sobre spoilers ali em cima!).
Nada é imprevisível em The Blacklist, mas é notável a habilidade da série em lidar com essas “revelações” sem blefar na cara do espectador. Nesse ponto, os roteiristas estão dando tantas dicas e piscadelas para o espectador sobre o fato de Red ser o verdadeiro pai de Liz que chega a ser divertido (“Fine. You can be my daughter”). Outro pró é que essa relação não explicitada faz tanto sentido na jornada desses personagens até agora que a série não precisa fazer muito a não ser deixar a história escrever-se sozinha. De forma similar, quando finalmente descobrimos a verdadeira natureza da personagem de Rossellini, a atriz está se divertindo tanto no papel de vilã desmascarada, o tom segurado pela série se estabeleceu como tão pulp, e a revelação faz tão bem para o arco menor que Liz enfrenta nesse episódio, que não sobra espaço para reclamar.
De mais em mais, Megan Boone continua fazendo um trabalho bem sólido, balançando com o roteiro, que lhe pede nessa semana uma Liz mais vulnerável; e a direção, embora tenha saído das mãos de Joe Carnahan, caiu nas de Jace Alexander (de extensa filmografia televisiva), e o moço mantem a série como um dos visuais mais surpreendentes e polidos da temporada. Em resumo: The Blacklist é, no momento, a melhor série da temporada de estreias da televisão aberta americana.
***** (5/5)
Próximo The Blacklist: 01x03 – Wujing (07/10)
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