23 de out. de 2013

Review: The Blacklist, 01x05 – The Courier

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

A linha entre o bom pulp e o mau pulp em um thriller como The Blacklist é tão tênue que a série de Jon Bokenkamp estava fadada a tropeçar nos seus limites em algum momento de sua trajetória. Caso a trama tenha vida longa, o que é provável em vista dos números de audiência, “The Courier” é o protótipo de como todos os seus episódios ruins vão ser. Difícil apontar dedos para algum culpado que não o roteirista John C. Kelley, no entanto, cujo currículo inclui episódios de House M.D. e NCIS, mas que parece não entender que, para um capítulo de The Blacklist realmente funcionar, é preciso que os lados sério e divertido da série funcionem sem atrapalhar um ao outro.

Há um estudo continuado de personagem em “The Courier” que satisfaz: as cenas estrelando Red e a Agente Keen sozinhos em cena ainda são as que melhor representam a virtude da série – a química entre Spader e Boone é tão grande que atropela até os diálogos menos inspirados, e aqui ganhamos duas cenas daquelas preciosas entre os dois, demarcando um conflito separado do centro da trama que, dessa vez, parece até mais interessante do que ele. Por outro lado, o blacklister da semana, encarnado por Robert Knepper (yes!), é um criminoso de aluguel incapaz de sentir dor, que fez um trato com dois chefões do crime para sequestrar e entregar nas mãos de um deles um analista da NSA com acesso a diversos segredos de Estado.

Knepper faz um trabalho genuinamente incômodo, como de costume, e o roteiro até se esforça para desenvolvê-lo como um vilão digno de Red e da série, o que em parte dá certo. O problema é que o script de Kelley segue a tradição de The Blacklist de lidar bem com os personagens, mas tudo o que insere de novidade no conceito da série não funciona. Seja o retrato do Agente Ressler (Diego Klattenhoff) como um homem dedicado ao seu trabalho e sem relações interpessoais meramente humanas, seja as improváveis peripécias dos agente do FBI ao lado de Red, tudo que é particular desse episódio se desenvolve “do lado errado do pulp”.

The Blacklist ainda tem qualidades que a redimem, mas é muito mais digna de atenção quando as deixa trabalhar ao lado dos elementos de auto-referência sem para isso diminuir seus valores de produção. Nesse equilíbrio entre o sofisticado e o franco, entre o dramático e o kitsch, é que a série precisa viver. “The Courier” tropeça em ambos os lados dessa corda bamba, e aterrisa sem nenhuma graça no final dela.

Observações adicionais:

- Apesar do tratamento meio tosco, o drama de Elizabeth com o marido parece que finalmente vai chegar a um desfecho, uma vez que o moço descobriu que a esposa encontrou sua arma/passaportes falsos/dinheiro no assoalho da casa. Esperemos que um roteirista mais sensível ao funcionamento da série dê um bom fechamento a tudo isso.

*** (3/5)

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Próxima The Blacklist: 01x06 – Gina Zanetakos (28/10)

Caio

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