17 de out. de 2013

Review: American Horror Story Coven, ep. 2 – Boy Parts

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

“In this whole wide wicked world, the only thing you have to be afraid of… is me”. Você não contesta uma frase dessas quando ela sai da boca de Jessica Lange, mostrando a que veio para a terceira temporada de American Horror Story nesse segundo episódio, intitulado galhardamente de “Boy Parts”. O piloto da semana passada mostrou que Coven tinha muitas cartas na manga, mas é quando Jessica entra no jogo de verdade que a força da narrativa da série se mostra. A atriz é o centro e a força propulsora da trama de “Boy Parts”, mais um episódio que se estrutura como um capítulo de uma longa narrativa ao invés de um segmento temático. Quando sua Fiona Goode entra em ação, destrinchando a histórica rivalidade entre Madame LaLaurie (Kathy Bates) e Marie Laveau (Angela Bassett), fica clara a estrutura de Coven como o conto de duas forças opostas entrando em choque entre si e com o mundo além delas.

Ficamos conhecendo o desfecho da história das personagens de Bates e Bassett em mais um longo flashback, que mostra como a bruxa negra se vingou da sádica aristocrata ao enforcar toda a sua família e dar a mulher o dom da imortalidade (só para enterrá-la viva no mesmo local de onde Fiona a retirou no final do episódio passado). Em sua busca pelo segredo da juventude eterna, no entanto, a Bruxa Suprema parece ter provocado duas forças impossíveis de conter que podem causar um conflito de proporções épicas.Talvez Coven não esteja mirando para o clímax espetacular que este que vos fala idealiza, mas de qualquer forma o prospecto de ver mais de Bassett como a Rainha do Vodoo sobrevivendo em tempos modernos já é o bastante para ficar ansioso pelos próximos episódios.

Além de Lange, portanto, o outro grande bônus de “Boy Parts” é que a atuação de Bassett é explorada muito mais do que no episódio de estréia. A atriz indicada ao Oscar pela cinebiografia Tina está mais do que disposta a jogar o jogo de Murphy e Falchuk no lado kitsch da trama, e se diverte a beça com a personagem. Bassett é feroz, desafiadora, provocativa e ótima em parecer realmente poderosa, uma melhor oponente para Lange do que qualquer ator em Asylum jamais pôde ser. Em um episódio que largamente lida com as coisas de maneira um tanto sóbria (embora jogue uma loucura ali e outra aqui – Stevie Nicks era uma bruxa! Ataques de crocodilos! O novo Frankenstein! – para não deixar a peteca cair, claro), Bassett é um gigantesco prazer de se assistir.

O importante mesmo é que “Boy Parts”, talvez o segundo episódio mais eficiente da fall season até agora, serve para colocar os ossos de uma estrutura narrativa em cima de toda a brincadeira mitológica/com a cultura pop de Coven. Inserir alguma coerência em torno da qual as loucuras que todos nós amamos podem acontecer à vontade é uma estratégia brilhante porque mantem o espectador atento e enriquece a série com temas até relativamente sutis, seja o uso do status quo como plataforma para ações egoístas ou o já citado retrato de uma comunidade despida de suas aparências. Como toda boa American Horror Story, no entanto, Coven é cada vez mais sobre a condição humana, e essa é uma base excelente para a construção de qualquer história que possa vir.

Observações adicionais:

- Sobre as loucurinhas citadas aí no meio dessa discussão conceitual toda: Stevie Nicks é a musa inspiradora da personagem de Lily Rabe, que descobrimos não estar morta (yes!), e ser uma hippie encantada com a natureza que pune caçadores de animais e ajuda Zoe a consertar seu namorado ressucitado.

- Sobre o namorado ressucitado, aliás, Evan Peters também está de volta, mas parece que não vai ter muitas falas para decorar nessa temporada. O ator é surpreendentemente bom na linguagem corporal muda como uma criatura de Frankenstein (trazida a vida por Zoe e Madison – a gente tá amando Emma Roberts nesse papel, by the way) compreensivelmente confusa e chorosa.

- Não menos importante em um episódio com muito plot, descobrimos que a Cordelia da estupenda Sarah Paulson tem um marido, quer ter um filho e é convencido por ele, que sabe de seus poderes mágicos, a usá-los para conseguir. Segue-se uma cena de sexo cheia de cobras, brilhantemente fotografada, porque why not.

- Para completar, Kathy Bates tem a chance de tentar humanizar a Madame LaLaurie, mas não dá para conceber a personagem como alguém de quem vamos gostar em futuros episódios. Dennis O’Hare ainda não teve nenhuma fala, embora suas rapidíssimas aparições sejam hilárias, e Frances Conroy nem deu as caras.

- Also, Jamie Brewer tem uma cena em que expulsa Kathy Bates do casarão da escola, e Gabourey Sidibe tem a chance de atuar de verdade (!) quando conhecemos a história de sua personagem. And this is a awesome week in American Horror Story, no less.

***** (5/5)

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Próximo American Horror Story Coven: Ep. 3 – The Replacements (23/10)

Caio

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