ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
Todo mundo ama Rebel Wilson. Essa jovem australiana conquistou Hollywood de assalto com o super-sucesso surpresa Missão Madrinha de Casamento em 2011, emplacando logo em seguida papéis no filme-coral O Que Esperar Quando Você Está Esperando e no hit musical A Escolha Perfeita. É com Super Fun Night, no entanto, que a moça mostra para a indústria americana suas habilidades em uma arena que já conquistou na Austrália natal: a televisão. Se o seu tipo de personagem não mudou muito nessa transição de mídias, o foco na sua figura, o controle criativo e a exigência em cima de sua performance elevam o nível de responsabilidade – e os riscos.
Rebel é o corpo e a alma de Super Fun Night. Não é só sua estrela, como a responsável por carregar quase todas as suas piadas (na maioria do tempo, os outros atores da série estão lá simplesmente como escada para ela), e também qualquer traço de exploração dramática dos personagens. “Anything For Love”, o primeiro episódio exibido da produção, mostra que essa centralização é tanto um triunfo quanto um problema. O lado bom é que Rebel é mais do que capaz de construir 20 minutos de boa comédia ao redor de si, e o lado ruim é que, com coadjuvantes tão pouco explorados, Super Fun Night ainda não se parece com uma série que valha a pena assistir, a longo prazo.
Não me entenda mal, caro leitor, talvez o que Wilson precise seja só de tempo. A ABC, emissora que acolheu seu programa, está em um momento de necessidade desesperada de audiência, e é natural que, ao escolher um piloto estrelado por uma das comediantes mais reconhecíveis da atualidade, os executivos queiram que ela esteja em virtualmente todos os lugares da narrativa. Talvez seja uma questão de ganhar a confiança da emissora ou mesmo de aprender a trabalhar os coadjuvantes sem tirar o holofote de si, mas Wilson é perfeitamente capaz de construir uma Super Fun Night melhor que a desse primeiro episódio. O que é dizer bastante, porque ele mesmo não passa nem perto de ruim.
Wilson interpreta Kimmie, uma recém-promovida advogada que está apaixonada por seu chefe, o charmoso britânico Richard (Kevin Bishop, o menininho de Os Muppets na Ilha do Tesouro!), e que estabelece uma nova tradição com suas amigas: todas as sextas a noite, está instituida a “super fun night”, quando as três garotas sairão para um lugar onde não iriam naturalmente. A aventura desse episódio é um piano club que permite que seus clientes cantem, uma oportunidade perfeita para Kimmie impressionar seu chefe, se não fosse pelo medo terrível de se apresentar em público que ela tem desde criança. As piadas de Wilson com a cultura jovem da “night out” são afiadíssimas, e a melhor parte desse “Anything For Love”.
Outro motivo para esperar que os coadjuvantes sejam mais bem desenvolvidos é o fato de que muita gente talentosa embarcou ao lado de Wilson nessa empreitada. As duas amigas de Kimmie, por exemplo, são as mais promissoras, encarnadas por Lauren Ash e Liza Sapira (conhecida dos fãs de Apartment 23). As duas são as únicas personagens secundárias que ganham algumas piadas solo, e Ash está só esperando a oportunidade de se tornar uma das coadjuvantes mais engraçadas da televisão americana. A pequena troca de diálogo entre Wilson e o amigo na vida real Matt Lucas também tem algum brilho, mas se há alguma representação do que ainda há de errado em Super Fun Night, ela está em Kate Jenkinson. Pescada de novelas americanas, a figura vilanesca da série é caricata de uma forma irritante, e tem um péssimo senso de comédia física.
Aos poucos, nas próximas semanas, é natural que Super Fun Night deixe de ser sobre Rebel para ser sobre sua premissa. Como 20 minutos isolados de comédia, “Anything For Love” é acima da média das estreias da atual fall season, mas precisa expandir sua abrangência para se tornar uma série de verdade.
Observações adicionais:
- “I thought a piano bar would be a safe place. It’s full of gay men”
- “Forget about Teri. She’s dead to us now” “Why? What did she do?” “She died”
- “All good… in the hood”
- “I’ve read about this” “Where?” “Right there on that flyer”
- “God, we went to school with a lot of italians”
- O número musical no final não exatamente funcionou, o que foi uma decepção, uma vez que todo o episódio deveria culminar nele.
**** (3,5/5)
Pra quem gosta de: Don’t Trust The Bitch in Apartment 23, Seinfeld, Please Like Me.
Próximo Super Fun Night: 01x02 (09/10)
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