ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
Em sua segunda semana, Under The Dome foge da “maldição do segundo episódio”, que muitas séries utilizam como um complemento do piloto, e não se acanha em desenvolver de verdade a trama. Esse é um passo decisivo e que mostra pulso firme do developer Brian Vaughan, especialmente considerando-se que essa é uma série baseada em um livro que, mesmo com suas 1000 páginas, limita um pouco a expectativa de longevidade da trama. Mas é também a decisão certa, e o desenrolar dos segredos de Chester’s Mill avança tão organicamente com a jornada dos personagens que é preciso dar crédito a Stephen King por uma construção de narrativa tão “natural”.
Claro, não dá para não mencionar também o trabalho de adaptação de Rick Cleveland, veterano de séries como Legit e House of Cards, que desenha um roteiro seguro e inteligente no tratamento dos personagens. As múltiplas histórias de Under The Dome aqui convergem no momento em que a casa do antigo xerife (morto no final do piloto) pega fogo. Com o corpo de bombeiros preso do outro lado do domo, os cidadãos de Chester’s precisam encontrar um jeito de parar o fogo por si mesmos. Enquanto isso, o episódio dá mais destaque para a trama que acabou soando mais fraca no episódio anterior: com a ajuda da direção de Jack Bender, o cativeiro que Junior (Alexander Koch) impõe a Angie (Britt Robertson) ganha tanto contornos de terror – this is Stephen King, after all – quanto traços mais afetuosos. O que não funcionava no piloto, passa a funcionar aqui.
Outros desenvolvimentos importantes incluem Julia (a cada vez mais cativante Rachelle Lafrevre) se tornando a repórter não-oficial das notícias do outro lado do domo, que ela capta com a ajuda da dupla dinâmica do rádio local de Chester’s (“that sounds alien” “that sounds like Bjork”). Conhecemos só um novo personagem importante: o Reverendo da cidade, interpretado com prazer quase sádico por Ned Bellamy, que descobrimos estar envolvido na operação corrupta misteriosa comandada pelo homem forte da cidade, Big Jim Rennie (Dean Norris). Under The Dome se arranja para manter os mistérios e tramas múltiplas, dar material para cada um de seus atores trabalhar, consertar tudo que não exatamente funcionou no roteiro e sumarizar o estado de espírito do confinamento sob o domo. Tudo em 44 minutos. Isso é o que chamamos de televisão de qualidade, ladies and gentlemen.
***** (5/5)
Próximo Under The Dome: 01x03 – Manhunt (08 de Julho)
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