ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
Na análise que fiz na semana passada do episódio de estreia da segunda temporada de The Newsroom, as possibilidades abertas pela trama maior esboçada por Aaron Sorkin eram tão amplas que ficou difícil enxergar as possíveis desvantagens que ela poderia trazer para a week-to-week basis da série. “The Genoa Tip”, embora não seja um mau episódio de forma alguma, mostra pelo menos um calcanhar de Aquiles dessa “nova The Newsroom”: com tantas tramas seguindo em paralelo e se estendendo por mais de um episódio, o impacto da trama particular semanal diminui, e o personagem que mais pesadamente se apoiar nela, também.
Quem sai perdendo dessa vez é Don, com quem, vamos ser sinceros, a série não tem ideia do que fazer a curto prazo (seu possível romance com Sloan é um bom prospecto para o futuro, mas ainda não está em primeiro plano): em “The Genoa Tip”, ele repentimanete se torna obcecado pelo caso de um presidiário acusado de matar um policial, prestes a enfrentar a injeção letal mesmo com graves dúvidas pairando sobre a legitimidade de seu julgamento. Sorkin não plantou nenhuma semente dessa trama em episódios anteriores, mesmo estando em posição perfeita para fazê-lo, com a liberdade temporal que The Newsroom lhe dá. Se nesse episódio ficássemos sabendo do caso e do envolvimento de Don, e daqui a uma ou duas semanas recebêssemos o desfecho dela, talvez seu impacto fosse maior. Em uma temporada toda sobre construir a cobertura jornalística (e a narrativa dramática) num espaço maior de tempo, Sorkin não pode se dar ao luxo de fazer nada tão instantaneamente.
As outras tramas nem-tão-paralelas seguem perfeitamente: nós já sabíamos que Maggie eventualmente iria para a África e enfrentaria um horror tão grande que a transformaria na mulher que vimos em breves cenas no piloto, e isso torna a sua tentativa de vender a história para Mackenzie ainda mais intrigante, uma vez que está em jogo também a descoberta do que levou a personagem de Allison Pill para lá; as aventuras continuadas de Jim na campanha de Mitt Romney ganham a adição da colega de profissão interpretada por Grace Gummer (irmã de Mamie Gummer, filha de Meryl Streep), em performance carismática; e apesar da indecisão de tom e do discurso um tanto anti-tecnológico de Sorkin, a trama de Neal perseguindo o Occupy Wall Street funciona quando confia no personagem e na própria importância dos acontecimentos a sua volta.
Por fim, a busca por algo concreto na história da Operação Genoa nos deixa descobrir que o grande bicho-papão da temporada é o caso de um crime de guerra supostamente cometido por um segmento do exército americano. Ainda temos a odisseia pessoal de Maggie, que é confrontada por sua melhor amiga quando esta assiste o vídeo do Youtube em que ela grita para um ônibus da Sex and The City tour que está apaixonada por Jim. The Newsroom está consistentemente lidando com essas histórias de personagem de forma mais madura e elaborada, estabelecendo motivações e desenhando diálogos que são colaterais para a trama concreta da série, e não paralelos. Só o que falta acertar, mesmo, é o equilibrio entre as tramas serializadas e as que duram só um episódio.
**** (4/5)
Próximo The Newsroom: 02x03 – Willie Pete (28/07)
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