8 de jul. de 2013

Review: Family Tree, SEASON FINALE (01x08 – Cowboys)

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Muito se foi dito sobre Family Tree ser uma série sobre “encarar os próprios medos”, e em certa medida um pouco dessa conclusão da primeira temporada confirma a teoria. A jornada do protagonista tem muito a dizer sobre a coragem necessária para (re)encontrar a si mesmo na vida, assim como a da quase co-protagonista Bea. A luta de Tom contra o medo de gatos é apenas uma pequena parte desse tema, que se estende a um escopo maior, e é incrível como nas últimas oito semanas, quase sem que os espectadores percebam, Tom se tornou uma pessoa diferente. O homem que se encolhia em seus arrependimentos nos primeiros momentos da temporada encontrou, no desbravamento da história de sua família, um meio para reencontrar o mundo, e deixar o mundo reencontrá-lo.

Chris O’Dowd é parte importante nesse processo, e não é exagero dizer que sua performance central é digna de lembrança nos próximos Emmy. Ele entende e dá sua visão ao personagem de maneira certeira e sutil, evitando brilhantemente os exageros e contruindo um protagonista que é simpático ao público da forma que todos os personagens de Christopher Guest costumam ser: em suas neuroses e defeitos extrapolados, ele se parece muito conosco. Esse foi e ainda é o grande trunfo de Family Tree: a visão mordaz dos maneirismos de Tom, Bea, Pete e todos os membros bizarros da família que o protagonista encontra pelo caminho não os faz menores, porque Guest equilibra esses retratos com momentos que nos dizem que essas pessoas tem “o coração no lugar certo”, para usar uma expressão batida.

Nesse último episódio da temporada, “Cowboys”, temos conclusões mais simbólicas do que concretas. Tom conhece a história de seu antepassado ator de faroestes, Tumbleweed Tim, que teve a carreira derrubada por escândalos antes de poder entrar no mundo dos filmes falados; enquanto isso, o relacionamento dele com a adorável Ally dá a série o seu quase cruel cliffhanger, quando ela pede a Tom que fique nos EUA com ela ao invés de voltar para Londres com Bea e Pete. Por falar nos dois, eles tem uma aventura própria quando a moça perde o amado boneco, Monk, em uma caminhada por Venice Beach, o que leva Tom e Ally a correrem ao seu socorro. Nina Conti tem a oportunidade de jogar a carta do desespero, e faz isso muito bem, enquanto Guest nos mostra porque valeu a pena todo o trabalho da série em transformar Monk não só em um dispositivo cômico e uma forma de estudo de personagem, mas uma “entidade” própria, embutida de personalidade e tanto arco de desenvolvimento quanto os humanos.

Ah, e a gente também tem o mesmo Monk “dando em cima” do personagem do próprio Guest, enquanto o hilário personagem de Fred Willard tem a oportunidade de nos mostrar que é mais do que uma caricatura. Quando Tom diz que vai sentir falta dessa multidão de loucos criada por Guest, ele não fala só por si mesmo: dependendo do rumo que Family Tree vai tomar na próxima temporada, nós também vamos.

***** (5/5) – nota do episódio
***** (4,5/5) – nota da temporada

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Caio

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