1ª posição – Bright Lights (Ellie Goulding)
A fotografia do Bright Lights é (obviamente) em movimento, deixando os cabelos dela bem destacados sem estragos pelo movimento, e os efeitos de luz ou gotas d'agua na lente da câmera, com luzes mais fortes em certos pontos, destacando ainda mais o conceito de luz do álbum. Ellie realiza, nessa edição de luxo de seu primeiro álbum, um synthpop com pegada de cantora-compositora, como se a partir da base de uma balada essencialmente acústica se construísse uma estrutura eletrônica (muito bem pensada, por sinal, com a maioria das faixas sendo produzidas pelo artista eletrônico Frankmusic), usando o timbre único que tem para fazer algo diferente do cenário pop atual.
2ª posição – Biophilia (Björk)
O álbum da Bjork é um show de fotografia e arte digital, com uma composição excelente de equilíbrio e cores, desde o cabelo vermelho até as cores de outono da roupa ganhando o destaque necessário, causado também pelo fundo preto que pode nos levar a ter uma ideia de infinito. É também necessário destacar todo o movimento dos elementos, desde a liberdade do cabelo até os "rabiscos" brancos na imagem que parecem se mover harmoniosamente enquanto tudo é parado. É como ver tudo se mover lentamente, como em uma vinheta. O Biophilia compreende um conceito muito claro: a vida humana é uma reprodução das transformações e fenômenos da natureza. Assim, esse “movimento” que se pretendeu reproduzir na capa se estende à música e aos clipe dessa oitava era musical da cantora islandesa.
3ª posição – Little Broken Hearts (Norah Jones)
A capa do álbum da Norah é claramente algo bem artesanal, uma colagem em papel envelhecido e tipografia que relembra bem pôsteres ou cartazes antigos. Na verdade, trata-se de uma reprodução do pôster do filme Mudhoney, de Russ Meyer. Norah conta que avistou-o nas paredes do estúdio do produtor Danger Mouse, e pensou “isso é tão incrível, quero me parecer com ela”. O álbum é essencialmente calcado no fim de um relacionamento, aleternando amargura (a já clássica murder ballad “Miriam”) e maturidade (“Happy Pills”, “On The Road”, “Travellin’ On”) com a desenvoltura exata e típica de Norah. Não se deve abandonar a ideia de que as cores possam falar pelo nome do album: o vermelho, cor do sangue, o "rachar" do recorte podem intensificar ainda mais a ideia de coração quebrado.
4ª posição – Out of Frequency (The Asteroids Galaxy Tour)
A capa da banda também traz uma ideia de algo mais artesanal, nota-se a intenção de provocar uma "falsa" textura na arte pra provocar a ideia de papel, ou até de vários tipos de papeis sobrepostos, assim como cada prédio parece um recorte, tudo na capa se destaca individualmente na composição e as cores harmonizam entre si, dando uma ideia de algo alegre mesmo que com um tom de seriedade. A tipografia é simples e clara, formando uma base para a capa e intensificando o nome da banda e do album. O Asteroids é uma dessas pequenas revoluções musicais as quais ninguém dá a atenção merecida. A mistura de pop, soul e Motown (gravadora clássica dos anos 60) ganha um sabor todo novo nas mãos dos dinamarqueses, e esse segundo álbum é um aperfeiçoamento dessa fórmula. Vide "Heart Attack".
5ª posição – Strip Me (Natasha Bedingfield)
A capa da Natasha é basicamente um show de dinamismo e liberdade, a quantidade de elementos indo para todos os lados, voltando ou até circulando trazem uma ideia de liberdade, a qual é o ponto forte da musica que deu título ao album. A tipografia, de Art Decó, que leva o nome da cantora reforça todo esse movimento, enquanto a do nome do album é mais estático. O Strip Me é todinho, basicamente falando, uma declaração de independência das próprias amarras. Natasha canta, na faixa título, com seu tom de voz ligeiramente rouco e pitchy: “sou apenas uma voz em um milhão/ mas você não vai tirar isso de mim”. “Weightless” é toda sobre se sentir “livre do próprio peso”, e “No Mozart” brada a inutilidade de tentar ser perfeito. Talvez seja construído como uma utopia, mas Strip Me é um álbum irresistível.
6ª posição – Hold On ‘Till The Night (Greyson Chance)
O album do Greyson é, de primeira, uma composição tipografica, lembrando até cartazes all type com palavras que integram bem o album, como love, art, universe e etc, coisas que quem ouve nota de primeira. É como se o artista estivesse dentro do próprio album, das suas composições, ele e suas letras, mas não em um ambiente fechado, muito pelo contrario, até um tanto convidativo e espaçoso. Sentado num piano (quem acompanha o artista desde o começo sabe bem o quanto o piano foi marcante) com cortes de fundo que lembram um anoitecer. Pode ser visto como uma serenata, ou até como apenas um momento pra si, entre diversas outras analises pessoas de cada um. Destaque para a já clássica "Cheyenne" (que, antes de ser personagem de novela, era nome de música das melhores).
7ª posição – We Sink (Sóley)
A islandesa Soley faz música como se o fizesse para um espetáculo de circo decadente e empoeirado, como um lamento de quem já esteve no auge e agora se vê encarando a vida de verdade. A capa traz bem o que pode ser encontrado no album, seu tom envelhecido e até triste traz pra "fora do album" como o CD é com seus instrumentais de piano e seu ritmo muitas vezes sombrio, lembrando um ambiente abandonado, porém podendo ser trilha sonora de qualquer momento vivido, até de um dia de verão dependendo do que se pensa no momento. O nome traz a sensação de algo que foi aranhado numa parede já envelhecida, a arte que envolve seu rosto é triste e sombria, causando um momento de reflexão em qualquer um que mesmo que não ouça apenas note a capa. O destaque fica para "Pretty Face".
8ª posição – Vanbot (Vanbot)
O synthpop meio sedado da Vanbot é criação da DJ sueca (é claro) Ester Ideskog. Ao lançar seu primeiro disco, auto-intulado, a artista optou por uma aquarela representando seu rosto, uma criação que é explorada no clipe do single “Numb”, que mostra a cantora posando para um retrato enquanto um artista preenche a tela com uma reprodução da capa. Infelizmente, ao contrário de várias de suas companheiras do synthpop sueco, Vanbot tem sido pouco reconhecida no cenário internacional. A qualidade de seu trabalho certamente merece mais destaque.
9ª posição – Voluspa (Golden Filter)
Voluspa é um album impar, e ao meu ver nao há muito o que comentar. Ele é assim, misterioso por si mesmo, sem dizer muito. É como um ritual de amor a natureza, é como o destaque no meio do nada, é como o fogo na terra seca, traz diversas interpretações. Pode lembrar a capa de um filme, assim como a tipografia trás esta estabilidade e foco em tudo. A capa é linda como um misterio, é admirável por si mesma, como uma pedra preciosa perdida num campo rochoso. Musicalmente, pode ser que o ouvinte não aprecie todo o brilho dessa pedra preciosa em uma primeira audição, mas o cuidado melódico e o equilíbrio perfeito do apelo pop que o grupo traz para o cenário musical são de valor inestimável. Para ser fisgado de primeira, vá direto para "Solid Gold".
10ª posição – The Owls Are Not What They Seem (Sofia Talvik)
Na capa da Sofia parece que ela quer ser a coruja, como o nome do proprio album. Talvez das 10 capas essa seja a mais ligada ao seu título. Muito artistica e orgânica, carrega essa ideia de outono e de algo envelhecido, o que nos faz pensar nas musicas que estão nele, como por exemplo, ao ver todo esse ambiente é facil enxergar um circulo de amigos ali acampando e cantando ao som de um violão (como em “Circle of Friends”). The Owls é parte de um processo de evolução natural no som da cantora, que começou com canções mais básicas e acústicas, e hoje realiza uma música que combina elementos de folk clássico (soando como Joni Mitchell) com as investidas mais atuais – e pop – do gênero. É um belo trabalho que merecia ser mais ouvido.
(textos por iJunior e Caio Coletti)
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