27 de nov. de 2013

Review: The Blacklist, 01x09 – Anslo Garrick, Part 1

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

“I’m gonna be around for the sequel”. Talvez seja só a minha leitura que é muito franca, mas The Blacklist é muito provavelmente a série mais aberta com o próprio público no mundo da televisão pós-Lost, em que as maquinações e intenções das narrativas televisivas se tornaram tão ou mais intrigantes e misteriosas do que os próprios desenvolvimentos da trama. Poucas foram as vezes nessa primeira temporada em que The Blacklist se achou no direito de blefar com o espectador, e todas as vezes que comprou essa aposta, a série se saiu bem. Na maior parte do tempo, no entanto, ela se safa de várias falhas de narrativa pelo simples motivo de não inspirar a uma complexidade tão intrinseca quanto a que The Following tentou alcançar, por exemplo. The Blacklist quer nos divertir, e nos mostrar cada vez mais desses dois protagonistas fenomenais que tem, e em boa parte do tempo isso é mais do que o bastante.

“Anslo Garrick, Part 1” faz muito bem em seguir essa tendência, indicando que mesmo os episódios especiais da série não tendem a almejar uma mudança nas regras do jogo. Quando muito, se trata de um realce de todos os riscos envolvidos em jogá-lo. Para começar, The Blacklist não abandona o pulp e acerta em cheio com o vilão da semana, o Anslo Garrick do título, interpretado por um Ritchie Coster (Luck, O Cavaleiro das Trevas) a beira da caricatura, com um dos olhos “cegado”, uma grande cicatriz no rosto e metade da boca paralisada. É o tipo de criminoso completamente irrealista, e ainda assim estranhamente ameaçador, que The Blacklist faz funcionar largamente ao seu favor, dando a ele alguns dos melhores diálogos do episódio e uma abundância de cenário para mastigar.

Garrick, ao que parece, é um velho inimigo de Red – que inclusive é o responsável pelo dano ao rosto do moço –, e um “extrator” profissional, o que torna fácil invadir o black site do FBI onde o personagem de James Spader estava após os federais receberem uma ameaça de morte contra ele. Num episódio mais puramente de ação e suspense do que qualquer um até agora, The Blacklist joga com seus protagonistas presos no prédio e tanto suas reações a essa situação extrema quanto seus inesperados aliados em campo. Red acaba preso com um Agente Ressler mutilado na perna, e Liz justa forças com o técnico Aram para desbloquear o sinal de comunicações que a equipe de Garrick anulou.

Mais importante que qualquer coisa, no entanto, é que Joe Carnahan está de volta à direção, emprestando a The Blacklist sua perícia visual e realçando um sentido de valor de produção que tem faltado nas últimas semanas. A câmera do diretor de A Última Cartada conjuga pequenas ousadias imagéticas que melhoram a experiência subjetiva do espectador no episódio com uma coesão e contundência visual que nenhum dos outros diretores que assumiram a série depois do piloto conseguiu manejar. Quem ganha com isso também é o elenco, que tem um pulso firme para guiá-los atraves da trama: James Spader está de volta a melhor forma, recitando diálogos longos e imbuindo Red de uma profundidade que não está no roteiro, e sim na sua atuação; Megan Boone supera o fato de que o episódio coloca Liz como uma heroína de ação completa de uma hora para a outra ao conseguir passar a estado de desespero que a personagem passa internamente ao realizar os atos mostrados em tela (que incluem dois assassinatos a sangue frio, pasmem!).

Os coadjuvantes, como é de costume, não ganham muito destaque. A performance de Diego Kattlehoff ganha força e profundidade nesse episódio, mas o tempo todo em que Red está preso com Ressler na caixa, o agente se torna mais interessante simplesmente porque está ali como um espelho para dizer algo sobre o personagem de James Spader. Em dois monólogos especialmente essenciais, The Blacklist se deixa dizer muita coisa sobre si mesma: o primeiro, enquanto Red realiza uma transfusão de sangue com Ressler, toca na questão da ambiguidade moral que é central para a série e admite que mesmo no mundo extremamente complexo declamado por Red, certos valores universais são mais humanos do que lógicos; o segundo joga uma nova luz sobre o personagem, dando dicas de que ele encara essa trama toda que estivemos a nove semanas como simplesmente uma forma de sobreviver. Num episódio com riscos tão altos, isso só realça a ação.

Observações adicionais:

- A série ainda aposta na coolness da própria premissa de ter James Spader em um colete a prova de balas e armado até os dentes.

***** (4,5/5)

The-Blacklist-Episode-9-Recap-and-Review-Anslo-Garrick-Part-1

Próximo The Blacklist: 01x10 – Anslo Garrick, Part 2 (02/12)

Caio

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