3 de mar. de 2010

Appetite for Destruction (1987)

álbuns (nunk excl)Appetite Guns (1)

***** (5/5)

21 de Julho de 1987. O maior hit do ano é “Livin’ on a Prayer” do Bon Jovi, o U2 acaba de dar seu primeiro passo rumo ao estrelado definitivo com o lançamento de The Joshua Tree, o lendário Bob Seger recebe sua estrela no Hollywood Walk of Fame, e Aretha Franklin se torna a primeira a primeira mulher a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame. Nesse contexto meio mistro de estilos novos e antigos, surge nas lojas um disco que se pretende como um resgate das tradições do rock clássico, mas oscila entre estilos com elegância e personalidade própria. O público em geral, meio que desacostumado a receber uma grande novidade, naturalmente se perguntou: quem são esses caras que se colocam como caveiras na capa do disco? Esse era Appetite for Destruction e o nome dos caras meio malucos, como você deve saber, era Guns N Roses.

Histórico para metaleitos e críticos, fãs e entendidos, o disco de estréia da banda de Axl, Slash e companhia traz a energia e as influências que fazem da personalidade do Guns algo tão diferente de tudo a sua volta. É absorvendo tendências sem nunca sair de seu habitát que o grupo faz a receita do sucesso, sempre procurando surpreender na levada das músicas e na variedade instrumental que compõe suas melhores canções. É uma banda enérgica, selvagem, instintiva, e ainda assim exala premeditação e cuidado com os detalhes. Uma oposição punjante que se materializa a mais pura perfeição em Rocket Queen, a faixa final do álbum, sintetizadora de todas as influências e particularidades da banda. Para um álbum tão brilhante, um encerramento a altura. Não é sempre que se vê um trabalho tão perfeitamente casual e tão milimetricamente planejado.

Os hits:

Welcome to The Jungle Letra Rose. Música Slash, Rose, Stardlin, McKagan.

Ser a faixa de abertura de um disco de estréia histórico é uma responsabilidade e tanto, mas a canção composta por Axl na ocasião de sua chegada a Seattle ao lado de Slash tira o título de letra. Selvagem, rápida, pesada, criativa e explosiva, a música abre com energia e excelência um disco tão brilhantemente casual quanto cuidadosamente premedidato. Uma selva, sim (a canção é puro rock n’ roll com a estréia da guitarra sempre inesperada de Slash), mas uma bem ordenada.

Nightrain Letra McKagan, Rose. Música Stradlin, McKagan, Rose, Slash.

Pode não parecer, mais o Guns é cria dos 1980 e deixa o contexto em que cresceu a mostra nessa excelente quarta faixa do álbum, que empresa muito da sonoridade típica do rock oitentista para as guitarras que permeiam o contagiante refrão. A letra, nascida de uma noite de farra da banda, regada a “Night Train”, não é nenhum primor, mas a música ganha pontos por destacar o trabalho de Slash, do baterista Steven Adler, e de dar nova dimensão a voz de alto alcance de Axl.

Paradise City Letra Rose, McKagan. Música McKagan, Slash, Rose, Stardlin.

O hino de metal perfeito. Apesar de toda a fama de “Welcome to The Jungle”, a verdade é que tal título pertence mesmo a essa sexta faixa do álbum de estréia da banda, muito mais equilibrada e “temperada” que a que abre a setlist de Appetite. Usando de sintetizadores para criar um refrão contagiante e destilando veneno crítico na letra cheia de controvérsias sobre a corrupção da San Francisco oitentista, a banda brilha como o grupo de músicos completos e talentosos que são.

Sweet Child O’ Mine Letra Rose. Música Rose, Slash, Stradlin.

Gostar de música é uma coisa, ser músico é outra completamente diferente. Composta em cinco minutos e marcada por um riff que Slash usava como “brincadeira” nas sessões de aquecimento, a nona faixa do disco mostra sinceridade e sofisticação, com Axl cantando sobre uma ex-namorada e a banda se divertindo com o instrumental mais inteligente do disco. Cinco minutos. Foi o bastante para criar uma canção que continua no inconsciente coletivo, mesmo vinte anos depois.

A outsider:

Think About You Letra Stradlin. Música Stradlin.

Fundador da banda ao lado de Axl, o guitarrista-base Izzy Stradlin compõe e assume o solo dessa pequena pérola descompromissada. Construída como uma balada-rock e ajeitada ao estilo particular da banda, a canção é uma delícia de se ouvir, com o ritmo alucinante mantido quase do início ao fim e a letra bem-contruída soando bem na voz de Axl. Não deixa de ser peculiar ouvir o Guns em suas primeiras investidas românticas. Sem deixar o rock n’ roll para trás, é claro.

A derrapada:

Mr. Brownstone Letra Stradlin. Música Stradlin, Slash.

Fazendo referência a dependência de drogas da banda (especialmente de Stradlin e Slash, os dois guitarristas), a letra esperta ganhou uma leitura mixada de rock e rap que viria a inspirar bandas como Red Hot Chilli Peppers e Rage Against the Machine. A virtuosidade instrumental da banda está aqui, mas o vocal de de Axl não consegue brilhar na estranha mistura e o clima meio descompromissado da melodia compromete a mensagem irônica da letra. Enfim, um descaminho.

Appetite Guns (2)

Your daddy works in porno/ Now that mommy’s not around/ She used to love her heroin/ But now she’s underground/ So you stay out late at night/ And do your coke for free/ Driving your friends crazy/ With your life’s insanity.

Well, well, well, you just can’t tell/ Well, well, well, my Michelle”

(Axl Rose em “My Michelle”)

5 comentários:

Thiago Nardi disse...

Esse álbum é foda pra caralho!

Mateus Souza disse...

Nunca fui muito fã do Guns, talvez pela grande antipatia que sinto por Axl. Mas reconheço que nesse disco estão músicas muito boas. Meu irmão é um grande fã de Slash!

Abraço.
Cinema para Desocupados

Rodrigo disse...

Caio,

sensacional o review sobre esse album que pra mim é o definitivo da banda!! Mesmo com a mega exposição que a banda alcançou com os albuns USE YOUR ILLUSION, nada representa melhor o Guns do que o APPETITE.
Faltou comentar sobre "It's So Easy" que tb é um clássico!!!

òtimo post!!!!

abçs

Rodz

Babi Leão disse...

Gosto muito do instrumental do Guns, mas das letras, nem tanto ...

Gostei do texto Caioo !


Abraçoo !

Rubens Rodrigues disse...

Quando eu fazia parte da rádio da escola, "Sweet Child O’ Mine" era a música mais pedida ao lado dos hits da Gaga e da Pitty.