***** (5/5)
21 de Julho de 1987. O maior hit do ano é “Livin’ on a Prayer” do Bon Jovi, o U2 acaba de dar seu primeiro passo rumo ao estrelado definitivo com o lançamento de The Joshua Tree, o lendário Bob Seger recebe sua estrela no Hollywood Walk of Fame, e Aretha Franklin se torna a primeira a primeira mulher a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame. Nesse contexto meio mistro de estilos novos e antigos, surge nas lojas um disco que se pretende como um resgate das tradições do rock clássico, mas oscila entre estilos com elegância e personalidade própria. O público em geral, meio que desacostumado a receber uma grande novidade, naturalmente se perguntou: quem são esses caras que se colocam como caveiras na capa do disco? Esse era Appetite for Destruction e o nome dos caras meio malucos, como você deve saber, era Guns N Roses.
Histórico para metaleitos e críticos, fãs e entendidos, o disco de estréia da banda de Axl, Slash e companhia traz a energia e as influências que fazem da personalidade do Guns algo tão diferente de tudo a sua volta. É absorvendo tendências sem nunca sair de seu habitát que o grupo faz a receita do sucesso, sempre procurando surpreender na levada das músicas e na variedade instrumental que compõe suas melhores canções. É uma banda enérgica, selvagem, instintiva, e ainda assim exala premeditação e cuidado com os detalhes. Uma oposição punjante que se materializa a mais pura perfeição em Rocket Queen, a faixa final do álbum, sintetizadora de todas as influências e particularidades da banda. Para um álbum tão brilhante, um encerramento a altura. Não é sempre que se vê um trabalho tão perfeitamente casual e tão milimetricamente planejado.
Os hits:
Welcome to The Jungle Letra Rose. Música Slash, Rose, Stardlin, McKagan.
Ser a faixa de abertura de um disco de estréia histórico é uma responsabilidade e tanto, mas a canção composta por Axl na ocasião de sua chegada a Seattle ao lado de Slash tira o título de letra. Selvagem, rápida, pesada, criativa e explosiva, a música abre com energia e excelência um disco tão brilhantemente casual quanto cuidadosamente premedidato. Uma selva, sim (a canção é puro rock n’ roll com a estréia da guitarra sempre inesperada de Slash), mas uma bem ordenada.
Nightrain Letra McKagan, Rose. Música Stradlin, McKagan, Rose, Slash.
Pode não parecer, mais o Guns é cria dos 1980 e deixa o contexto em que cresceu a mostra nessa excelente quarta faixa do álbum, que empresa muito da sonoridade típica do rock oitentista para as guitarras que permeiam o contagiante refrão. A letra, nascida de uma noite de farra da banda, regada a “Night Train”, não é nenhum primor, mas a música ganha pontos por destacar o trabalho de Slash, do baterista Steven Adler, e de dar nova dimensão a voz de alto alcance de Axl.
Paradise City Letra Rose, McKagan. Música McKagan, Slash, Rose, Stardlin.
O hino de metal perfeito. Apesar de toda a fama de “Welcome to The Jungle”, a verdade é que tal título pertence mesmo a essa sexta faixa do álbum de estréia da banda, muito mais equilibrada e “temperada” que a que abre a setlist de Appetite. Usando de sintetizadores para criar um refrão contagiante e destilando veneno crítico na letra cheia de controvérsias sobre a corrupção da San Francisco oitentista, a banda brilha como o grupo de músicos completos e talentosos que são.
Sweet Child O’ Mine Letra Rose. Música Rose, Slash, Stradlin.
Gostar de música é uma coisa, ser músico é outra completamente diferente. Composta em cinco minutos e marcada por um riff que Slash usava como “brincadeira” nas sessões de aquecimento, a nona faixa do disco mostra sinceridade e sofisticação, com Axl cantando sobre uma ex-namorada e a banda se divertindo com o instrumental mais inteligente do disco. Cinco minutos. Foi o bastante para criar uma canção que continua no inconsciente coletivo, mesmo vinte anos depois.
A outsider:
Think About You Letra Stradlin. Música Stradlin.
Fundador da banda ao lado de Axl, o guitarrista-base Izzy Stradlin compõe e assume o solo dessa pequena pérola descompromissada. Construída como uma balada-rock e ajeitada ao estilo particular da banda, a canção é uma delícia de se ouvir, com o ritmo alucinante mantido quase do início ao fim e a letra bem-contruída soando bem na voz de Axl. Não deixa de ser peculiar ouvir o Guns em suas primeiras investidas românticas. Sem deixar o rock n’ roll para trás, é claro.
A derrapada:
Mr. Brownstone Letra Stradlin. Música Stradlin, Slash.
Fazendo referência a dependência de drogas da banda (especialmente de Stradlin e Slash, os dois guitarristas), a letra esperta ganhou uma leitura mixada de rock e rap que viria a inspirar bandas como Red Hot Chilli Peppers e Rage Against the Machine. A virtuosidade instrumental da banda está aqui, mas o vocal de de Axl não consegue brilhar na estranha mistura e o clima meio descompromissado da melodia compromete a mensagem irônica da letra. Enfim, um descaminho.
“Your daddy works in porno/ Now that mommy’s not around/ She used to love her heroin/ But now she’s underground/ So you stay out late at night/ And do your coke for free/ Driving your friends crazy/ With your life’s insanity.
Well, well, well, you just can’t tell/ Well, well, well, my Michelle”
(Axl Rose em “My Michelle”)
5 comentários:
Esse álbum é foda pra caralho!
Nunca fui muito fã do Guns, talvez pela grande antipatia que sinto por Axl. Mas reconheço que nesse disco estão músicas muito boas. Meu irmão é um grande fã de Slash!
Abraço.
Cinema para Desocupados
Caio,
sensacional o review sobre esse album que pra mim é o definitivo da banda!! Mesmo com a mega exposição que a banda alcançou com os albuns USE YOUR ILLUSION, nada representa melhor o Guns do que o APPETITE.
Faltou comentar sobre "It's So Easy" que tb é um clássico!!!
òtimo post!!!!
abçs
Rodz
Gosto muito do instrumental do Guns, mas das letras, nem tanto ...
Gostei do texto Caioo !
Abraçoo !
Quando eu fazia parte da rádio da escola, "Sweet Child O’ Mine" era a música mais pedida ao lado dos hits da Gaga e da Pitty.
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