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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
“Luli didn’t pick up because we were busy”. Ocupado parece mesmo ser a definição perfeita para esse oitavo episódio de The Blacklist, que junta duas tramas fortes e bem construídas mas não parece acertar o ponto no jogo de equilibrar as duas em tela. Não dá para reclamar, no entanto, porque “General Ludd” ainda é uma das melhores, senão a melhor, entrada da primeira temporada do programa até agora. Se fosse possível fazer um review (ou assistir a um episódio) tendo como base apenas um pequeno checklist, o episódio passaria fácil no teste: acerta os alvos do pulp, da ressonância emocional e da contundência social, tudo concordando veementemente com as elaborações que os episódios anteriores fizeram com um pouco menos de habilidade.
O “caso da semana” envolve na verdade não só um indivíduo, mas um grupo: General Ludd é como se demonina uma corrente de protestos de rua e terrorismo ativista que visa virar de cabeça para baixo o “sistema opressor” do capitalismo selvagem americano. Claro que a coisa toda tem uma figura centralizadora de liderança, porque essa ainda é The Blacklist e nós ainda precisamos ter um vilão bem contornado. O Nathaniel Wolfe de Justin Kirk (conhecido por Weeds) aparece como o primeiro acerto em algumas semanas no campo dos bad guys da série: o ator empresta malícia ao personagem, mas é seu visual de cabelo descolorido e olhos azuis desbotados, mais o jeito como ele é escrito, com um passado nefasto que o influenciou aos atos do presente, que o fazem quase um bond-vilão, e esse é exatamente o ponto para essa série.
Se o pulp se alimenta do que é icônico e fixa na percepção do espectador por certos motivos, a subtrama “séria” da semana também quer ser memorável, mas prefere investir em um retrato amargo de um momento difícil na vida da Agente Keen. Quando conhecemos o pai da personagem, Sam (William Sadler em curta atuação digna de Emmy), fica difícil perceber até que ponto The Blacklist está blefando ou brincando com a crença dos fãs da série, desde muito cedo na temporada, de que Red seria o progenitor de Liz. Acontece que, esperta como é, a série não quer subestimar seu público, e usa dessa trama para desenvolver a relação entre os personagens de Spader e Boone, dando a ambos atores momentos de vulnerabilidade que eles expõem muito bem em tela.
No final das contas, descobrimos que Sam na verdade é pai adotivo de Liz, a acolhendo como sua quando a menina tinha os tenros 4 anos de idade. E, ainda por cima, parece que foi Red quem o escolheu para criar sua rebenta. Embora os motivos dessa tragédia familiar ainda estejam ocultos (e devam permanecer por um bom tempo), The Blacklist habilidosamente lida com o drama de seus personagens baseando-se em momentum – o que eles estão sentindo agora é mais importante do que o que isso significa para o esquema maior das coisas.
Com esses dois trunfos em forma de trama caminhando juntos, “General Ludd” facilmente se torna um dos mais inteligentes e bem-escritos episódios de The Blacklist. Ajuda também, é claro, que o roteiro não se apóie na “grande cena de ação da semana”. Nem todas as consequencias do orçamento curto de televisão são ruins, no final das contas.
Observações adicionais:
- Não coube no review abrir uma discussão sobre as morais da trama da semana, mas a impressão é que The Blacklist evitou brilhantemente um beco sem saída ao colocar Red se confrontando com Wolfe e lhe dando uma lição aguda e bem-humorada sobre agir de acordo com seus princípios.
- Num episódio cheio de participações especiais, temos também Andrew Dice Clay com oum cirurgião plástico de confiança de Red. A cena do ator, é claro, acaba desembocando em uma das incursões de humor com mais timing da série até hoje.
***** (4,5/5)
Próximo The Blacklist: 01x09 – Anslo Garrick (18/11)
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