9 de ago. de 2013

Review: Suspense angustiante (e alguns clichês) em “Chamada de Emergência”

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O diretor Brad Anderson é uma espécie rara em Hollywood: é o tipo que se estabeleceu como um cineasta de gênero depois de uma carreira fundada sob as atenções do cinema indie. O moço já passou pelo horror sobrenatural no aclamado Session 9, criou um delírio dramático no igualmente bem-visto O Operário, e dirigiu dois outros thrillers, sendo que a única escorregada foi o último, Mistério da Rua 7, de 2010. Depois de uma temporada atuando na televisão, Anderson está de volta em Hollywood para nos lembrar como realizar um suspense de dar nos nervos de verdade: Chamada de Emergência é quase sufocante, e é justamente disso que tira sua maior qualidade.

O roteirista Richard D’Ovidio, no entanto, não tem os melhores créditos no currículo (o terror adolescente 13 Fantasmas e a ação de Steven Seagal Rede de Corrupção), e Chamada de Emergência sofre quando o moço se volta para os clichês do gênero que desbrava, o que acontece em grande parte as custas do pobre Michael Eklund, de mãos atadas na pele de um vilão que funciona muito melhor como ameaça sem rosto do que como personagem. O tratamento do filme das perversões e distúrbios do assassino de Eklund, que sequestra a adolescente de Abigail Breslin, que por sua vez é atendida por Halle Berry quando disca o 911 (equivalente americano do nosso 190), é a parte mais fraca de um thriller para lá de competente em todos os outros campos.

O ponto forte, no caso, é o senso de verdadeira urgência que a direção de Anderson incute na história, auxiliado pela fotografia óbvia mas eficiente de Tom Yatsko e pelas atuações bem direcionadas das duas protagonistas. Elas são o centro nervoso de Chamada de Emergência, e esse é um filme com um centro nervoso pulsante e uma ambientação quase o tempo todo confinada, o que significa que em muitos momentos toda a tensão fica por conta das expressões e do diálogo entre as personagens das duas. Halle Berry, especialmente, é a salvadora do filme, carregando sua operadora de emergência com garra e dignidade, mesmo quando o roteiro escorrega em mais clichês no final. É ela que faz o polêmico desfecho da trama funcionar.

Chamada de Emergência é uma história de redenção e vingança, com uma premissa interessante o bastante para que suas falhas sejam meros obstáculos em uma corrida angustiante e envolvente. Como todo thriller deveria ser.

**** (3,5/5)

Halle Berry in TriStar Pictures thriller THE CALL.

Chamada de Emergência (The Call, EUA, 2013)
Direção: Brad Anderson
Roteiro: Richard D’Ovidio
Elenco: Halle Berry, Abigail Breslin, Morris Chestnut, Michael Eklund, Michael Imperioli
94 minutos

Caio

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